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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 Altas Habilidades ou Superdotação: onde estão esses alunos?

5.2.4 Categoria Formação e Capacitação sobre as Altas Habilidades ou

Essa categoria teve como foco verificar se os gestores da SEE-SP recebem formação e capacitação sobre as altas habilidades ou superdotação, uma vez que o conhecimento acerca da temática é um aspecto que pode corroborar para que haja direcionamentos assertivos quanto à orientação para a identificação e atendimentos no âmbito educacional para essa parcela

de alunos. Para compor essa categoria foram analisadas as questões 10 e 11 do instrumento de coleta de dados.

Assim, primeiramente, foi indagado aos participantes se são oferecidas capacitações sobre o tema pela SEE-SP para os gestores educacionais. Entre os respondentes 68,10% assinalaram positivamente, e 31,78% afirmaram que não.

O Gráfico 13 demonstra essas respostas.

GRÁFICO 13 - Oferta de Capacitação sobre Altas Habilidades ou Superdotação para Gestores

Fonte: Elaboração própria.

De acordo com o Gráfico 13 é possível verificar que a maior parte dos participantes sinalizou positivamente quanto à oferta de capacitação sobre altas habilidades ou superdotação. Desse modo, questionou-se na sequência sobre quantas capacitações o gestor já havia participado. Dentre os resultados obtidos, 27,24% dos respondentes afirmaram que não participaram de nenhuma capacitação, outros 27,24% apontaram que participaram de uma capacitação, ainda, 18,16% dos gestores evidenciaram que participaram de duas capacitações sobre o tema. Também, 27,24% não responderam a questão.

Esses dados podem ser vistos no Gráfico 14.

Sim Não

GRÁFICO 14 – Quantidade de Capacitações que os Gestores Participaram

Fonte: Elaboração própria.

Os dados obtidos e demonstrados no Gráfico 14 ilustram que uma grande parcela dos respondentes não participou de capacitações oferecidas pela rede estadual de ensino. Todavia, alguns dos participantes não responderam a essa questão, provavelmente por nunca terem participado de capacitações sobre o tema das altas habilidades ou superdotação.

Sob esse ponto de vista, a hipótese que se sugere é que somadas essas respostas torna-se evidente que a maior parcela dos gestores, ou seja, 54,48% dos participantes, não tiveram capacitações nessa área, muito embora anteriormente tenham respondido, na grande maioria, afirmativamente em relação à oferta de capacitação sobre o tema para gestores.

Na continuação, ainda dentro da mesma questão anterior, foi perguntado aos participantes de que forma foram realizadas as capacitações as quais participaram e se foram no modelo presencial ou à distância, considerando essa última, sobretudo, por haver a possibilidade de serem usados. Nos dias de hoje, recursos informacionais e de comunicação, a exemplo, das videoconferências, tornam possíveis uma abrangência ampliada dentro da SEE-SP, podendo atingir todas as diretorias de ensino do estado. Todavia, nenhum dos participantes mencionou o item à distância.

Tendo em vista que no questionário havia a indicação para os gestores continuarem a responder em caso afirmativo das questões anteriores, somente 45,4% do total dos participantes continuaram a responder as indagações a seguir.

Dessa maneira, todos os 45,4% dos gestores que responderam a questão sobre a forma de oferta da capacitação apontaram o modelo presencial. Dentre esses, 40,86% relataram

Uma Duas Nenhuma Não Respondeu

que a capacitação ofertada ocorreu na própria Diretoria de Ensino, e 4,54% que participaram de capacitação no CAPE.

Quando foi perguntado a esses gestores a respeito dos participantes da capacitação, 31,78% apontaram que se destinou a supervisores de ensino e diretores de escolas. Ainda, outros 9,08% afirmaram que a capacitação foi oferecida para supervisores de ensino, professores coordenadores e professores especialistas da Educação Especial. E, 4,54% mencionaram que a oferta foi para supervisores de ensino e PCNP; responsáveis pela Educação Especial das diretorias de ensino da SEE-SP.

Do mesmo modo, na mesma questão, ao se indagar quem ministrou a referida capacitação ofertada, todos os 40,86% dos gestores responderam que ficou a cargo do supervisor de ensino e PCNP responsáveis pela Educação Especial na DE, e, 4,54% responderam que a capacitação foi dada pela equipe técnica do CAPE.

A última questão do instrumento de coleta de dados perguntou aos respondentes como a capacitação oferecida aos gestores tem atingido os professores. O intuito desse questionamento foi compreender como ocorre o desdobramento de orientações e conhecimentos até chegar ao ponto fundamental, que é na sala de aula, para o professor, que está diretamente em contato com quem se destina as práticas educativas, ou seja, nesse caso com os alunos com altas habilidades ou superdotação. Essa questão foi respondida por 45,4% dos gestores participantes da pesquisa. Os resultados podem ser vistospor meio das subcategorias no Quadro 19.

QUADRO 19 - Apontamento dos Gestores sobre Capacitações para Professores

Respostas Participantes N

Professores Coordenadores multiplicam as capacitações recebidas na Diretoria de Ensino para os professores em Atividade de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC)

S2; S4; S5; S6; S7; S8 e S9. 7

As capacitações para professores na área das altas

habilidades ou superdotação são pouco significativas P7 1

Gestores e professores conhecem pouco da área P8 1

Professores não recebem capacitação sobre esse tema P10 1

São ofertados cursos de especialização pela EFAP S9 e S10 2

A partir dos dados apresentados no Quadro 19 torna-se possível inferir que a maior parte dos gestores, que responderam essa questão, sinalizou que as capacitações chegam até os professores por meio do professor coordenador de cada escola, o qual multiplica os conhecimentos e as informações recebidas nas capacitações na DE, em serviço, aos professores, em ATPC, nas suas unidades escolares.

Vale destacar, que o ATPC se destina à formação e orientação para os professores, sobretudo, a respeito das questões pedagógicas, direcionando práticas e diretrizes educativas, sobre os mais diversos aspectos e orientadas pelas políticas públicas educacionais.

Conforme visto na análise dos dados os participantes apontam a existência de capacitações sobre a temática das altas habilidades ou superdotação. Todavia, se observa ao longo desse estudo diversas lacunas no que diz respeito ao conhecimento dos participantes sobre aspectos fundamentais para transformar a política pública que respalda os direitos educacionais do aluno com altas habilidades ou superdotação, em ações reais para essa população escolar.

Sobre a garantia da implantação de políticas públicas eficientes para a determinação de ações e programas que concretizem, na prática, seus efeitos no atendimento educacional dos alunos com altas habilidades ou superdotação Pérez e Freitas (2014) mencionam que:

As leis, normas e documentos norteadores educacionais, então, determinam e asseguram o direito ao AEE dos estudantes com AH/SD, mas a sua execução e a sua aplicabilidade ficam comprometidas por diversos fatores: o atrelamento da oferta a uma demanda não aferida; a deficiente compreensão das realidades educacionais regionais; a circunscrição dos dispositivos exclusivamente ao âmbito educacional; o pouco conhecimento (ou mesmo desconhecimento) dessas leis, normas e documentos norteadores e das reais dificuldades e necessidades desses estudantes e o preconceito ideológico (PÉREZ; FREITAS, 2014, p. 630).

Alunos com altas habilidades ou superdotação são vistos, em senso comum, como pessoas que possuem uma aparente vantagem, o que não pode ser considerado verdadeiro, pois, conforme destaca Branches e Freitas (2011), deve ser construído um novo olhar sobre a educação desses alunos, a partir de uma formação teórica e prática, que possa repercutir nas salas de aula, identificando e valorizando o potencial dos alunos alto habilidosos ou superdotados.