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Categoria 03: Subcategoria: Concepção, Valores e Representações

CAPÍTULO 4 – COTIDIANO ESCOLAR NA REVISTA BRASILEIRA DE

4.3. Categoria 03: Professores

4.3.2. Categoria 03: Subcategoria: Concepção, Valores e Representações

As 06 produções da Subcategoria: “Concepção, Valores e Representações” da categoria “Professores”, foram agrupadas por serem trabalhos que investigam concepções, valores e representação de docentes ligados a percepção do seu trabalho no cotidiano escolar. O quadro 26 mostra os textos agrupados nesta subcategoria.

Quadro 26: Relação das produções agrupadas na Subcategoria: Concepção, Valores e Representações.

Ano Volume/Número Título

1991 v. 72/n. 172 Análise epistemológica da visão de Ciência dos professores de Química e Física do município do Rio

de Janeiro.

1996 v. 77/n. 186 A imagem real e a imagem ideal do “Bom Aluno”. 2006 v. 87/n. 216 Representações de professores sobre o cotidiano

escolar.

2008 v. 89/n. 222 Fiandeiras do cotidiano: um alinhavo de saberes pessoais e profissionais nas tramas da educação. 2009 v. 90/n. 226 Representações sociais da avaliação da aprendizagem

em professores do ensino público fundamental de Niterói.

2014 v. 95/n. 240 Implantação e implementação do Proinfo no

município de Bataguassu, Mato do Grosso do Sul: o olhar dos profissionais da educação.

Fonte: Base nos dados coletados na RBEP.

Na pesquisa “Análise epistemológica da visão de Ciência dos professores de Química e Física do município do Rio de Janeiro”, realizada entre março e junho de 1990, o autor analisa o processo de ensino nas disciplinas de Química e Física. Buscando apresentar alternativas para a superação do contexto adverso em que se insere a educação científica no cotidiano de escolas do país. Como método, foi aplicado um questionário com dez questões objetivas. As primeiras questões abordaram temas relativos à atividade científica em geral e as outras buscaram avaliar como o legado filosófico influencia a transmissão de conceitos básicos nas disciplinas. Os resultados indicaram que à ciência tradicional norteia o trabalho docente. Para superar as situações adversas ao ensino, cabe aos docentes a tarefa de fornecer aos seus alunos os

instrumentos para consolidar tal apropriação, não de forma dogmática ou impositiva, sendo as aulas transformadas em atividades atrativas.

No artigo “A Imagem Real e a Imagem Ideal do “Bom Aluno””, a autora discute a representação social de “bom aluno”: de aluno “real” e aluno “ideal”, constituído por professores, alunos, pais e funcionários, no cotidiano escolar de três tipos de escola: a pública, a particular e a militar.

Considerando-se a relação entre cultura e representações, assinalada por autores como Moscovici (1978, 1989, 1994), Vala (1986, 1993) e Herzlich (1991), observa-se na pesquisa, quando se admite que a formação comum de conceitos e imagens do “bom aluno” se explique, entre outros fatores, por percepções, crenças e valores próprios de uma "cultura escolar" que, perpassando várias camadas sociais, supera também as diferenças de contexto das escolas, acentuadas (pela precariedade de recursos e situação econômica dos sujeitos) na escola pública, em condições significativamente inferiores, em relação à particular e à militar (RANGEL, 1996, p. 291).

A representação de “bom aluno” está associada a “esforço”, “empenho”, “bom comportamento”, “disciplina” e “dedicação”, que indica ser bem-sucedido na escola e em sua vida futura. A imagem do “bom aluno” como “crítico, questionador, participativo, contestador”, que demarcada na literatura da área consiste em um plano ideal, não se verificando na prática e na experiência concreta das ações cotidianas.

No Artigo “Representações de professores sobre o cotidiano escolar” a autora descreve a resistência dos professores a um processo de mudança no cotidiano de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental, no município de São Gonçalo no Rio de Janeiro. A pesquisa desenvolveu-se em período em que a escola, passava por uma série de transformações que visavam à democratização no âmbito escolar. As representações dos professores a respeito do professor, de seu comportamento, do aluno, das reuniões, do diretor, da escola e da educação, possibilitaram segundo os autores, construir um perfil da categoria docente: os que atribuem a outros professores a responsabilidade pelo processo educacional e as que se reconhecem como agentes do processo educacional. Praticamente, dois terço dos professores não se sentiam sujeitos do seu próprio trabalho, o que implicava em falta de iniciativa, apatia, indiferença em relação à educação e aos resultados do seu próprio trabalho.

A autora detectou que os professores mais antigos possuíam a formação universitária abaixo da média da escola eram residentes no município de São Gonçalo. Os mais novos eram majoritariamente de fora do município, tinham formação universitária acima da média da escola e trabalhava no segundo turno.

Sobre o processo de mudança, houve na escola, uma discussão referente à prática de suspender ou de expulsar aluno como forma de disciplina, tendo em vista seu caráter de exclusão socioeconômica. Esta mudança foi apropriada como apaziguamento, ou seja, o aluno pode tudo. A tensão no cotidiano escolar chegou a tal ponto que se decidiu discutir um código de conduta para o aluno para que se chegasse a uma proposta. Essa foi aprovada pelos professores e referendada pelos alunos. O exemplo teve a finalidade de chamar para a cena a relação entre representações e práticas. No caso, a representação dos professores “outros”, que predominou na escola, sobre disciplina implicou em transferir responsabilidades. O processo de discussão vivido não foi suficiente para mudar esta representação. Com isso, a prática cotidiana se manteve, mesmo que o contexto aparentemente tivesse mudado.

No artigo “Fiandeiras do cotidiano: um alinhavo de saberes pessoais e profissionais nas tramas da educação”, a autora analisam as memórias de vida de 15 professores da Educação Básica, matriculados em um curso de formação continuada em Uberaba, Minas Gerais, no ano de 2004. Buscou-se examinar a concepção, a partir das memórias individuais e coletivas do que é ser criança e ser professor. Para tanto foi pedido aos alunos do curso para compartilharem as suas experiências. Assim, o trabalho foi proposto em busca de saberes experienciados onde ora são alunos e ora docentes procurando verificar de que modo essas experiências refletem em sua formação e no seu modo de ser professor no cotidiano escolar. O pressuposto é que os educadores são criados na praticidade do campo e da cidade, nas ruas, nas favelas, no dia-a-dia, no repassar de conhecimentos de pai para filho, do amigo para amigo, de irmão para irmão. Passando pela interação e integração de várias ciências, do saber popular e dos diálogos do dia-a-dia. As construções cotidianas são ligações de saberes, códigos, valores e relacionamentos entre os diferentes ambientes de aprendizagens. Os alunos e professores entenderam que são essas experiências que dão identidade a cada profissional e geram novos conhecimentos que possibilitam mudanças no fazer e no pensar cotidiano da sala de aula. Portanto, é a integração de práticas e saberes que regulam as atividades que se fazem presentes no exercício da profissão docente, consistindo em um alinhavo de conhecimentos pessoais e profissionais que define as tramas do cotidiano da educação.

No estudo “Representações sociais da avaliação da aprendizagem em professores do ensino público fundamental de Niterói” as autoras investigam as representações sociais de 84 professores de cinco escolas públicas do Ensino

Fundamental da rede pública municipal de Niterói em relação a avaliação da aprendizagem. Como métodos foram utilizados a tarefa de evocação livre e um questionário com perguntas fechadas e abertas. O estudo dessas representações, segundo as autoras, fornece elementos básicos para entender aspectos do cotidiano escolar indicando que a avaliação é percebida como necessário na escola, estando distante da ideia de aprovar ou reprovar o aluno, cujo sua finalidade real é a de reorganizar as práticas educacionais.

No artigo denominado “Implantação e implementação do Proinfo no município de Bataguassu, Mato do Grosso do Sul: o olhar dos profissionais da educação” os autores apresentam uma pesquisa desenvolvida nos anos de 2012 e 2013, cujo objetivo foi identificar e analisar a percepção dos professores de quatro escolas da rede estadual sobre a implantação e implementação do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo) na zona urbana do município. O estudo foi realizado por meio da revisão bibliográfica, aplicação de questionários aos professores regentes, análise de documentos do Estado de Mato Grosso do Sul e entrevista semi-estruturada com os professores das Salas de Tecnologia Educacional (STEs) das referidas escolas. Constatou-se que os professores reconhecem a importância das STEs no cotidiano escolar, mas também que há resistências às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) serem empregadas na nota, por parte de alguns educadores. Os resultados no cotidiano escolar mostram que há uma necessidade efetivas de formação dos docentes em serviço, para que as TICs sirvam como instrumentos para o processo de ensino- aprendizagem nas escolas de Bataguassu no Mato Grosso do Sul.

Como podemos verificar os textos agrupados nesta subcategoria “Os valores, as Concepções e as Representações” evidenciam que a integração das práticas docente com os saberes adquiridos cotidianamente e somada aos valores, concepções e representações pessoais, regulam o exercício da profissão, alinhavando e definindo em última instancia as tramas do cotidiano escolar.