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QUADRO 26 SUB-CATEGORIAS/UNIDADES DE CONTEXTO (UC), UNIDADES DE REGISTO E UNIDADES DE ENUMERAÇÃO (UE) RELATIVAS AO CONHECIMENTO SOBRE O PRESERVATIVO MASCULINO

CAPÍTULO IV APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

QUADRO 26 SUB-CATEGORIAS/UNIDADES DE CONTEXTO (UC), UNIDADES DE REGISTO E UNIDADES DE ENUMERAÇÃO (UE) RELATIVAS AO CONHECIMENTO SOBRE O PRESERVATIVO MASCULINO

Sub-categ/UC Unidades de Registo UE

Mecanismo de ação

Serve para guardar o esperma que faz a mulher engravidar. (E01; E57) Fica tudo aí não deixando avançar para os ovários e entrarem lá. (E21) Impede que os espermatozoides passem. (E23; E68; E72; E73)

O preservativo masculino é de barreira. (E25; E32; E33)

[…] o líquido fica lá dentro. (E28; E30; E36; E45; E52; E53; E55; E56; E58; E61; E62) […] quando ele vai esporrar fica tudo guardado na camisinha. (E31)

Aquilo não permite que o espermatozoide entre para o corpo da mulher. (E34) Não deixa que o esperma saia. (E35; E39; E43; E67; E69; E70; E75)

[…] assim fica tudo na camisinha. (E38; E51)

Evita que o líquido entre na vagina da mulher, vai ficando na camisinha. (E41; E42;

E44; E49; E63; E65)

2 1 4 3 11 1 1 7 2 6 38 Modo de utilização

Tem-se de desdobrar/desenrolar aos poucos. (E03; E16; E33; E39; E44; E57; E74) É para usar quando começa a ereção. (E08; E11; E20; E53)

[…] quando retirar ter cuidado para o líquido não sair. (E11)

Aquilo encaixa lá e toca a andar [risos]. (E13)

Segura-se na pontinha e vai-se desenrolando [pausa]. (E20; E56; E58; E72) Tem de arregaçar, tipo meia. (E30)

Tem de ser colocado no pénis antes de iniciar a relação sexual. (E42; E43)

[…] só que tem de ser antes do momento [pausa]. (E75)

7 4 1 1 4 1 2 1 21 Precauções

Não se deve abrir a embalagem com os dentes, mas com a mão porque se pode estragar

[…] (E03)

[…] deve ser aberto com cuidado para não romper. (E16; E42; E45; E63)

É preciso ter atenção ao biquinho para não deixar entrar ar. (E12; E25; E27; E28; E30;

E35; E44; E61; E72; E75)

Quando se insere no pénis deve-se ter cuidado para não estoirar. (E12; E28; E33; E49;

E72)

Deve-se ver a embalagem e a data de validade […] (E25; E38; E49; E53)

[…] ver se não está furado ou rebentado. (E20; E25; E27) […] deve ser de uma marca boa, resistente, se não [pausa] (E20) […] no final tem que dar um nó. (E25)

Tem de ficar um espaço na pontinha para não romper. (E39)

[…] tem de ter cuidado para não rebentar ou furar […] (E43; E44; E68; E74; E75)

Deve-se ver se não sai durante o ato […] (E49; E63; E75) […] ver se o esperma está a sair. (E49)

Deve-se retirar logo, antes do pénis perder a ereção, para não verter. (E72)

1 4 10 5 4 3 1 1 1 5 3 1 1 40 Vantagens

Acho que pode evitar a gravidez indesejada […] (E04) Isso é o primeiro porque evita muita coisa […] (E06)

[…] não é só para prevenir a gravidez, mas para proteger de certas doenças. (E10; E18; E28; E30; E31; E35; E38; E45; E53; E55; E57; E60; E70; E74)

É bom para cuidar das doenças […] (E50)

1 1 14 1 17 Eficácia

Com isso é muito difícil de engravidar, mesmo estando no período fértil. (E38) É dos métodos mais fiáveis. (E69)

1 1

2

Desvantagens

O preservativo é um pouco arriscado…há muita gente a engravidar com camisinha.

(E07; E68)

Ele evita a gravidez se não rebentar […]. (E16; E28; E43)

[…] nem sempre isso é 100%, porque às vezes podem romper e engravidar. (E23; E30; E44)

Se furar não tem validade nenhuma, eu posso engravidar […]. (E35; E53)

[…] já ouvi dizer que rompe. (E55)

Protege se não tiver buraco [pausa] se não rasgar. (E58; E61; E62)

2 3 3 2 1 3 14 Efeitos indesejáveis

Alguns fazem alergia […]. (E13; E38)

Pode dar irritações, dependendo da marca. (E38; E54)

2 2

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As participantes relataram, essencialmente, as precauções no uso do preservativo masculino e a forma de o utilizar de modo a garantir a sua eficácia e o mecanismo de ação do método associado à barreira física que impede a entrada dos espermatozoides na vagina, resultados idênticos revelados em outros estudos (Almeida, 2005; Dias & Rocha, 2009).

Sobre as vantagens do preservativo masculino, 14 participantes referem-se em simultâneo à função contracetiva e à prevenção das IST; apenas 1 aborda o primeiro aspeto e outra o segundo; 1 participante apresentou uma resposta vaga sobre o assunto:

“[…] para evitar a gravidez é melhor proteger diferente.” (E50)

Face às 63 participantes que referiram ter conhecimento acerca do método, consideramos reduzido o número de respostas no domínio da prevenção da gravidez e da IST, ainda que tenha sido ligeiramente superior no que concerne ao preservativo feminino. A razão dessa superioridade pode dever-se ao facto de o preservativo masculino ser mais divulgado e usado do que o feminino.

Apesar das afirmações anteriores, apenas 2 participantes consideram o preservativo masculino muito seguro, sendo que 14 levantam a questão da sua reduzida eficácia associada ao facto de poder estar “furado” e ao risco de rompimento durante o coito. Sublinha-se ainda o testemunho:

“O do homem não é seguro porque o homem é malandro e pode furar de propósito.” (E57)

Porém, apesar da falta de confiança no preservativo masculino é o método mais usado pelas participantes.

Uma participante apresenta desconhecimento total acerca do mecanismo de ação do preservativo masculino afirmando que:

“Acho que o lubrificante dele [preservativo] é que impede a gravidez e doenças também.” (E54)

Duas apresentam um conhecimento incorreto sobre a forma de ser usado:

“Então, ele sopra o pacote [preservativo] para ver se está direito e mete.” (E15) “A camisinha [risos] tira-se da saqueta, põe-se aquela parte para baixo, estica-se para ver se o preservativo está rasgado.” (E64)

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Destaca-se outro testemunho por representar a resposta mais completa sobre o método: “A camisinha essa eu pratico. Coloca e pronto. Tem dois tamanhos e é preciso adequar para não se sentir apertado [risos]. Deve evitar que fure com as unhas ou os dentes e tem de colocar até ao final. Ele evita a gravidez deixando o esperma dentro dele. E também evita as doenças.” (E70)

Vários testemunhos revelam a dificuldade de os homens usarem o preservativo masculino: “A camisinha é o melhor de todos, só que com os nossos maridos deixa de usar.” (E10)

“Eu pôr a camisinha não sei. Eles é que põem. Eu já usei uma vez, mas não sei [como funciona]. Os nossos homens africanos não gostam disso.” (E17)

“A camisinha já ouvi, mas não sei como é. Nunca usei, ele [companheiro] não gosta.” (E29)

“Tem na Guiné, sim. Mas o meu marido nunca usou isso.” (E59)

A alusão à dificuldade de o homem aceitar o uso do preservativo, especialmente em relações duradoras, coaduna-se com os dados encontrados na literatura que relacionam a não utilização do preservativo à interferência na qualidade da relação sexual e, também, à inadequada perceção do risco e à suscetibilidade ao risco, aspetos ligados aos comportamentos sexuais (Almeida & Vilar, 2008; Gomes, 2010; Coutinho & Moleiro, 2017).

Para além disso, os dados epidemiológicos sobre a prática contracetiva nos países de origem das participantes espelham a diferença do uso do preservativo entre as mulheres solteiras e as que vivem em casal.

O testemunho de uma participante evidencia que também as mulheres podem não reconhecer a vantagem do preservativo:

“Parece estranho, mas eu nunca usei. Eu não gosto, é de plástico, é estranho. Quando namorei durante dois anos ele punha a camisinha e eu dizia «Nhá! não quero!», mas nessa altura eu não era responsável. Agora penso diferente.” (E64) Esta participante, com 19 anos à data da entrevista, iniciara a atividade sexual aos 16 anos de idade e teve “praí uns 5 parceiros sexuais”. O comportamento sexual de risco relatado salienta não só a falta de informação sobre o tema e a ideia de falsa perceção do risco e de suscetibilidade a ele, mas também a importância de se definirem estratégias de educação em contexto de saúde sexual e reprodutiva, de proximidade, sistematizadas e mantidas no tempo.

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Para outra participante o preservativo é um método pouco recomendável porque: “Dizem que camisinha tem doenças [risos]. Eu não sei [pausa].” (E47)

Conhecimento – Espermicida

As 3 participantes (E25, E51, E66) que referiram o espermicida como método contracetivo abordaram, essencialmente, a sua apresentação em forma de creme, não demonstrando qualquer outro conhecimento sobre o método.

Uma participante que se referiu ao momento da aplicação, fê-lo de forma incorreta: “É aplicado a seguir ao ato.” (E66)

De comum, estas participantes apresentam nível de escolaridade médio/elevado e significativo tempo de permanência em Portugal (entre 6 e 19 anos). Distinguem-nas a nacionalidade (santomense, cabo-verdiana, brasileira), a idade (22 anos, 39 anos, 47 anos) e a situação profissional (desempregada, doméstica, especialista das profissões intelectuais e científica), pelo que parece não se encontrar qualquer associação entre estas variáveis e o conhecimento sobre o espermicida.

Conhecimento – Contraceção de emergência

Das 3 participantes que referiram a contraceção de emergência (CE) como método contracetivo, 1 não tem qualquer informação sobre o mesmo, apesar de já o ter usado. As 2 participantes que explicam o método, abordam, exclusivamente, o período ideal de utilização após a relação sexual:

“Tem de se tomar até 24 a 48 horas depois.” (E69) “Sei que pode ser até 72 horas. (E70)

Destas, apenas uma utiliza o método fazendo-o por rotina: “[…

] tenho medo de engravidar […]. (E70)

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Estas duas participantes têm em comum a nacionalidade (brasileira), a idade (39 e 48 anos) e o tempo de permanência em Portugal (entre 12 e 19 anos).

Salienta-se o facto de o recurso ao uso da contraceção de emergência ser superior no Brasil face ao uso do método nos países africanos em análise, pelo que se esperava obter mais informações por parte das mulheres brasileiras.

Conhecimento – Coito interrompido

As 11 participantes referiram-se ao coito interrompido sobretudo no que respeita à sua descrição, sendo que apenas 4 reconhecem a reduzida fiabilidade deste método (Quadro 27).

QUADRO 27 - SUB-CATEGORIAS/UNIDADES DE CONTEXTO (UC), UNIDADES DE REGISTO E UNIDADES DE