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4. M ETODOLOGIA

4.2 Categorias de análise: atividade, consciência e processo grupal

At ividade, consciência e processo grupal são cat egor ias psicossociais da abordagem Sócio-Hist órica. Segundo essa perspect iva t eórica, “ as cat egorias de análise devem dar cont a de explicit ar, descrever e explicar o fenômeno est udado em sua t ot alidade” (AGUIAR, 2001, p. 95). M esmo recorrendo a um mét odo explicat ivo, devem os ponderar que o processo de conheciment o im plica em um exercício de aproximação do fenômeno a ser est udado. Como Konder (1981/ 1998) lembra “ est amos sem pre t rabalhando com t ot alidades de maior ou menor abrangência [...] e é muit o import ant e, t ambém, nunca esquecermos que a t ot alidade é apenas um moment o de um processo de t ot alização” (p.39).

No caso dessa pesquisa, o fenômeno em quest ão é descrever e analisar o processo de coordenação de equipes na Est rat égia Saúde da Família (ESF), sob a perspect iva dos profissionais que desempenham essa at ividade, t ant o no nível local - Unidades Básicas com Saúde da Família (UBSF) – como no nível cent ral - Secret aria M unicipal de Saúde (SM S), a fim de ident ificar os impact os de suas ações para const it uição de um t rabalho em equipe dent ro de uma perspect iva de t rabalho colet ivo.

Para apreensão dessa realidade lançamos mão das cat egorias at ividade e consciência, considerando sua int erdependência quando o est udo envolve o processo grupal (M ARTINS, 2003). M esmo no caso dessa pesquisa não se referir a análise propriament e de um processo grupal, t al cat egoria é nort eadora para a análise da at ividade de coordenação, assim sendo, a consciência é imprescindível. Desse modo, ent endemos que com essas t rês cat egorias é possível aproximarmos da explicação do fenôm eno na sua t ot alidade, sendo est e ainda permeado pelas cat egorias ont ológicas: t rabalho e cooperação.

Como já explicit ado na revisão t eórica, foi por meio do t rabalho ocorrido de maneira cooperat iva que se originaram as condições para a const it uição do ser humano, propiciando com isso, o desenvolviment o da linguagem . Resumidament e, podemos afirmar que a consciência é produt o da at ividade humana, a qual est abelece o modo como o sujeit o conhece o mundo, const it uindo sua forma de pensar, sent ir e agir. Dessa forma, “ é at ravés da at ividade ext erna, port ant o, que se criam as possibilidades de const rução da at ividade

int erna. Assim, é import ant e frisar que a at ividade de cada indivíduo é det erminada pela forma como a sociedade se organiza para o t rabalho” (AGUIAR, 2001, p. 98, 99).

Sendo assim, há que se considerar a priori a condição alienada do hom em (LANE, 1984/ 2004c). Nesse sent ido, a análise da consciência t ranscorre pelo processo de alienação, que descola o homem do seu cont ext o hist órico-cult ural, nat uralizando os fat os sociais, at é a divisão do t rabalho que “ une e separa (une porque separa, separa porque une) os homens ao mesmo t empo” (CODO, 1984/ 2004, p. 54). O aut or defende que “ est a dialét ica união- separação é fundament al para o processo de conscient ização45, assim como a relação homem-homem, homem-nat ureza” (p. 54).

Para esse t ipo de análise é indispensável envolver ainda pensament o e ação, mediados pela linguagem. “ O homem age produzindo e t ransformando seu ambient e e para t ant o ele pensa, planeja sua ação e depois de execut ada, ela é pensada, avaliada, det erm inando ações subseqüent es, e est e pensar se dá at ravés dos significados t ransmit idos pela linguagem aprendida” (LANE, 1984/ 2004b, p. 42, 43).

O pensar uma ação não significa, necessariament e, que o homem est eja agindo de maneira conscient e. Ele pode est ar reproduzindo a ideologia. Lane (1984/ 2004b) exemplificou essa sit uação, a de quando o indivíduo remet e a “ explicações do t ipo ‘é assim que deve ser, é assim que se faz’” (p. 43).

Dest a forma o pensar ação/ não ação – agir/ não agir e repensar o feit o/ não feit o t raz em si cont radições que podem ser resolvidas at ravés de um a explicação, de um a just ificat iva que resolvidas at ravés de um a explicação, de uma just ificat iva que encerra o processo com uma elaboração ideológica. Porém se a cont radição é enfrent ada, é analisada crit icament e e é quest ionada no confront o com a realidade, o processo t em cont inuidade, onde cada ação é renovada e repensada, ampliando o âmbit o de análise e da própria ação, e t em com o conseqüência a conscient ização do indivíduo (LANE, 1984/ 2004b, p. 43, 44).

O processo de consciência envolve além do pensar a realidade e seus significados at ribuídos socialment e, o seu quest ionament o a fim de desenvolver ações diferenciadas,

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Geralm ent e, o t ermo conscient ização é ut ilizado no cont ext o da Educação, sobret udo, como uma cat egoria freireana que evidencia o processo de formação de um a consciência crít ica, sendo, port ant o, essa a sua finalidade. Ent ret ant o, na discussão aqui apresent ada, esse t ermo não assum e necessariament e t al conot ação, mas sim a do processo de consciência, ent endido t ant o com o possibilidade de produção como de t ransformação da realidade social.

que da mesma forma serão objet o do pensar. É desse moviment o imperat ivo que comport a a consciência de si, do grupo social e de classe, ent endidas como produt os hist óricos da sociedade, e o sujeit o como agent e da hist ória pessoal e social. Convém lembrar que esse processo de consciência desenvolve-se sob a det erminação das relações hist óricas, não cabendo apenas ao homem a decisão pela manut enção ou t ransformação da sociedade (LANE, 1981/ 1994).

Como rat ifica a célebre frase de M arx (1852/ 1978b), “ os homens fazem sua própria hist ória, mas não a fazem como querem ; não a fazem sob circunst âncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defront am diret ament e, legadas e t ransmit idas pelo passado” (p. 329).

O moviment o rumo ao desenvolviment o da consciência só pode ocorrer em colet ivo. “ Pela lut a, via ação, recompondo, recriando a at ividade at é o moment o em que pelo out ro homem reencont ra a si mesmo, at é que o exist ir colet ivo reencont re o sujeit o individual” (CODO, 1984/ 2004, p. 56).

O processo de t rabalho das equipes de saúde, geralment e, encont ra-se t ão fragment ado que os profissionais perdem de vist a o produt o do t rabalho colet ivo. Além do fat o de est e est ar, ideologicament e, arraigado pela represent ação de que t rabalhar em grupo/ equipe consist e em cada profissional desempenhar sua função t écnica isoladament e da dos demais e, dessa forma, os profissionais apropriam -se dessa const rução social sem fazer nenhum t ipo de quest ionament o.

É nesse cont ext o que a análise dos processos grupais advém como uma grande possibilidade de desvelar as ideologias, repensar a at ividade grupal, pois permit e à equipe conhecer os processos grupais ocorridos nas relações de t rabalho e sendo assim, “ se pode const ruir a equipe, sua capacidade de gerar crít ica e significados dist int os daqueles a que já nos acost umamos e que apenas reproduzem o jeit o conhecido de t rabalhar” (FORTUNA et al., 2005, p. 264).

Dent ro da vert ent e da Psicologia Social sob a perspect iva Sócio-Hist órica, acredit amos ser fundament al para o moviment o de superação do t rabalho em equipe fragment ado, a const rução da sua ident idade, o conheciment o das relações da at ividade

grupal, int erna e ext ernament e, bem como a explicit ação das relações de poder e sua forma de ut ilização.

Port ant o, t endo em vist a esses parâmet ros, a present e análise est á volt ada para a figura do coordenador da equipe, abrangendo sua at ividade de coordenação e processo de desenvolviment o de sua consciência em relação a essa ação, inserida em um e para um cont ext o m aior: o t rabalho em equipe.

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