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4. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

4.2 Discussão

4.2.1 Categorias de Sentido

Ancorando-se na metodologia anteriormente detalhada, as narrativas apresentadas pelos participantes foram agrupados em dez categorias de sentido: (1) Motivos que levaram a opção e Expectativa em relação ao casamento; (2) Dificuldades Conjugais; (3) Definição de Papéis na Estrutura Familiar; (4) A Religião na Vida Conjugal; (5) Aspectos Motivadores à Participação na Equipe de Nossa Senhora; (6) Vida em Comunidade; (7) Intimidade Sexual na Perspectiva da Atuação no Movimento; (8) Realização Pessoal, Profissional e Conjugal; (9) Tripé - Família x Religião x Profissão; e (10) Valores Familiares.

A primeira categoria, conforme a tabela 1, evidencia alguns pontos de reflexão em relação aos fatores que impulsionaram a união conjugal dos casais em estudo.

Tabela 1: Motivos e Expectativa em relação ao Casamento

Primeira Categoria: Motivos que levaram à opção e Expectativa em relação ao casamento Narrativas

“Durante todo o tempo de nosso namoro planejávamos casar (...) nosso sonho era constituir uma família juntos”. “Lembramos que nessa época planejávamos ter 4 filhos”.

“A nosso ver, nos completamos, pois um é muito extrovertido, alegre, leva a vida e o outro retraído e sério”. “O amor, o desejo de construir uma família, a vontade de estarmos juntos o tempo todo”.

“O que nos motivou ao casamento foi o desejo de formarmos uma família baseada em princípios cristãos, embora tivéssemos raízes religiosas diferentes”.

“Os motivos que determinaram a nossa união foram a identidade de valores, morais, familiares e religiosos; o amor existente entre os dois”.

“O que nos motivou a ficar juntos foi termos os mesmos princípios, religião, famílias unidas e vários outros pontos em comum que acabaram por aumentar o amor”.

“A motivação maior da nossa união foi a minha gravidez”.

O desejo de constituir um casamento a partir do modelo tradicional de família, com um projeto de planejamento familiar previamente definido, em que os valores, regras e procedimentos são imaginados, pode ser destacado como um dos pontos que direcionaram esses casais à união conjugal conforme a tradição religiosa católica, que define o casamento como uma aliança que proporciona ao casal a constituição, entre si, de uma íntima comunidade de vida e de amor (Código Canônico, 1601).

Observa-se a vontade de estruturação de um novo sistema social (Minuchin, 1982), criando, dessa forma, uma fronteira em torno do casal, construindo, assim, um novo núcleo de apoio, proteção, limites e socialização dos elementos que o compõem. Nele, o casal, tem autonomia para substituir arranjos anteriores e instituir uma nova dinâmica estruturada a partir dos valores, hábitos, práticas e crenças transmitidas através de suas origens (Melo, 2011).

Outro ponto de ligação que se evidencia é o da compatibilidade de desejos pessoais. Nas narrativas, é possível perceber que a união conjugal foi motivada pelos pontos de identificação, em que ambos compactuam de valores e convicções semelhantes, gerando uma expectativa colaborativa. Isso leva a uma reflexão em torno do modelo familiar em questão. Se ambos buscam similaridades, é possível compreender que o foco é um modelo de família no qual “as fronteiras de identidades entre os dois sexos são fluidas e permeáveis, e deveres e privilégios são compartilhados” (FÉRES-CARNEIRO, 2004, p.39).

Assim, mesmo buscando uma união pautada no modelo tradicional nuclear, com o casamento como sendo “indissolúvel” (Féres-Carneiro, 2004), as estruturas de papéis estão se direcionando ao novo modelo de família, mais igualitário, colaborativo e participativo. Torna-se manifesto, portanto, uma situação de transição entre o velho e o novo, entre o tradicional e o contemporâneo. Corroborando, assim, a hipótese de Fleck & Wagner (2003), ao enfatizar que esse processo de transição não se apresenta com a mesma intensidade e proporção em todas as famílias.

A gravidez e a necessidade de sair do núcleo familiar de origem, por problemas familiares, também apareceram nas narrativas. A esses é possível

apontar a existência de fatores externos exercendo pressão na união. Neste caso, é preciso considerar o risco quanto à manutenção do casamento, dadas essas pressões. Esse aspecto remete à segunda categoria, conforme a tabela 2 a seguir.

Tabela 2: Dificuldades Conjugais

Segunda Categoria: Dificuldades Conjugais apresentadas pelos participantes Narrativas

“Inexperiência conjugal nos causou muitos problemas”. ”Muitas dificuldades financeiras e de projeção profissional”.

“Essas dificuldades, no lugar de nos afastar, fizeram com que nos uníssemos mais e isso solidificou nosso amor”.

“Não será qualquer dificuldade que fará o casal desistir do seu matrimônio”. “As maiores dificuldades são brigas do cotidiano e a rotina”.

“Não tivemos grandes dificuldades, pois fomos aos poucos, sem muitos atropelos, conquistando o que pretendíamos e nos adaptando às fases do casamento, da criação dos filhos, etc.”.

“As principais dificuldades enfrentadas pelo casal até agora foram: busca contínua de equilíbrio no relacionamento interpessoal do casal; compatibilização do tempo entre trabalho, educação dos filhos, convivência conjugal e familiar”.

“Problemas de saúde da esposa, que por sinal se submeteu a varias cirurgias inclusive cardíaca, e um problema de saúde do nosso filho menor quando o mesmo tinha 12 anos”.

“Dificuldades de adaptação da vida de casado, pois isso requer dar satisfação de nossos atos ao outro, o que nem sempre acontecia, principalmente por parte do homem; a distribuição de tarefas domésticas, pois os dois só chegavam à casa a noite, e isso também não acontecia, ficando sempre com a mulher, a questão financeira também serviu de desencontros, pois somos um seguro e outro mão aberta”.

“Financeira”.

As dificuldades são apresentadas na forma de problemas na relação ocasionados por inexperiência dos cônjuges; dificuldades financeiras, profissionais; brigas do cotidiano; rotina; problema de saúde na família; dificuldade em se adaptar à vida matrimonial; e dificuldade de equilibrar a relação interpessoal do casal, que precisa trabalhar, educar os filhos e vivenciar as demandas da relação conjugal.

Quanto à dificuldade de adaptação à vida matrimonial e quanto à inexperiência para o casamento, Féres-Carneiro & Ziviane (2009) apresentam as fases em que se dividem a instalação do casal, e a primeira delas é a necessidade de conhecer o “estranho íntimo”. Lidar com as individualidades, com os choques de valores, buscar o equilíbrio e ditar a nova dinâmica familiar pode ser uma tarefa árdua e, por isso, pode incitar problemas entre os recém-casados.

Para Diniz (2009) o casamento moderno remete à construção de uma nova família capaz de proporcionar felicidade, realização pessoal, cumplicidade e companheirismo aos membros que a constituem. Assim, perspectivas diferentes podem impulsionar conflitos de interesse.

Em outra perspectiva, esses problemas aparecem como forças de união, proporcionando maior solidificação, como, pelos participantes, foi denominado o “amor” que une o casal. Esse aspecto reforça o princípio de funcionamento da estrutura familiar como proteção psicossocial (Minuchin, 1982).

Quanto à terceira categoria, Definição de Papéis na Estrutura Familiar, narrativas referentes a ela são apresentadas na tabela 3 a seguir.

Tabela 3: Papéis e Estrutura Familiar

Terceira Categoria: Definição de Papéis na Estrutura Familiar Narrativas

“Somos parceiros e cúmplices, não tomamos decisões isoladas”. “Sempre combinamos nossas decisões em todos os âmbitos”.

“Somos uma família e, para que ela seja feliz, é necessária a cooperação de todos; como casal, não há salário dele e dela, e sim da família”.

”Somos um casal à moda antiga (...) homem como “chefe” de sua família. Dividimos as tarefas de casa e cooperamos um com o outro em nosso trabalho. Nossos filhos sabem que a autoridade de pai e mãe está acima de suas vontades, que nos devem respeito e amor; por outro lado, sabemos que devemos compreender cada fase de vida dos nossos filhos, respeitando suas escolhas e os apoiando em tudo que nos for possível”.

“Nós compartilhamos todas as responsabilidades. Hoje nós dois compartilhamos todos os aspectos e fazemos de tudo um pouco”.

“A esposa fica mais com as questões domésticas de organização da casa e o esposo é o provedor, responsável por mercado, feira, contas gerais da casa”.

“O papel da esposa como o esteio da família, equilibrando a educação e formação dos filhos com as atividades profissionais, trabalho dentro e fora de casa, além do cuidado do lar, do esposo. Do esposo como pai, provedor, na formação e na educação dos filhos, no cuidado da esposa”.

“Como elementos fundamentais na estrutura conjugal, onde ambos são responsáveis pelo crescimento um do outro, dos filhos, como também na busca da santificação”.

“Dividimos nossas responsabilidades domésticas e financeiras, procuramos respeitar a individualidade de cada um dos membros da família, inclusive a decisão espiritual”.

“A esposa funciona como esponja, absorve tudo, dá conta da vida doméstica, financeira e sentimental da família, pois é mais atenta a qualquer mudança de atitude dos membros da família; quanto ao esposo, é voltado ao suprimento do lar, de deixar todos satisfeitos, não deixando que falte conforto a todos”.

“A esposa ajuda financeiramente e fica responsável pela maior parte das tarefas domésticas, e o marido assume de fato as maiores responsabilidades financeiras e sempre ajuda nas tarefas de casa”.

Os papéis conjugais surgem sob diversas perspectivas, dentre elas aparece a de parceria entre as partes envolvidas, com decisões, tarefas direcionadas à educação dos filhos, aos afazeres domésticos e responsabilidades financeiras compartilhadas. Nesse sentido, Willi (1995) chama a atenção para a necessidade de redefinição de papéis na estrutura familiar para o desenvolvimento pessoal de cada cônjuge, reforçando, no entanto, a importância de criação de uma realidade compartilhada.

Ainda com o momento de transição entre velho e novo, alguns relatos apontam o funcionamento do lar em bases amplamente tradicionais, com papéis bem definidos, onde ao homem cabe a função de “chefe” da família e à mulher as questões mais direcionadas ao ambiente doméstico. Segundo Wagner & Cols. (2005), a divisão de tarefas domésticas ainda tende a seguir padrões relativamente tradicionais. Porém, socialmente, emerge um contexto de mudanças nos papéis de gênero, onde a mulher assume responsabilidades financeiras e o homem responsabilidades domésticas (Diniz, 2009).

Narrativas acerca da quarta categoria, A Religião na vida conjugal, são apresentadas na tabela 4 abaixo.

Tabela 4: Religião e Vida Conjugal

Quarta Categoria: A Religião na vida conjugal Narrativas

“Ela: já era dedicada à religião católica antes do casamento. Ele: Só depois de 5 anos de casado através do encontro do diálogo”.

“Da esposa foi desde a infância, com muita convicção e posicionamento, quanto ao marido, veio de família protestante, que acabou por não aderir a nenhuma religião, o casamento foi realizado no religioso, mas demorou cinco anos para ele se posicionar como católico, quando se decidiu foi de forma definitiva e firme, hoje ele se tornou o sustentáculo da fé em nossa casa”.

“Nos conhecemos no encontro de Jovens, em uma missa. A religião entrou em nossa vida comum desde como nos conhecemos”.

“Nós dois somos de famílias bem católicas, acostumados a ir à missa, rezar o terço, etc. desde crianças e continuamos com este firme pensamento”.

“Ambos somos católicos de família, fizemos primeira comunhão e crisma, o esposo foi até coroinha da igreja quando morava no interior. Através do Encontro de Casais com Cristo que fizemos há 15 anos atrás”.

“Nós dois somos de famílias católicas”.

“Ela sempre teve uma formação forte e atuante na Igreja. Ele não tinha uma religião definida. Mas, depois do namoro começou a frequentar e a se apaixonar pelas coisas de Deus”.

“Ela morava no interior do Piauí e, como toda cidade de interior do Brasil, traz consigo as tradições religiosas fundamentais para a uma formação cristã, a mesma herdou de seus pais essa formação. Ele desde a infância

também teve incentivo de seus pais para participar da Igreja, com catequese para a primeira eucaristia e etc.”. “Já éramos Católicos, por tradição familiar”.

“Aprendemos a nos escutar, perdoar, ter mais paciência com os erros um do outro”. “Diálogo a três (o casal e Cristo)”.

“Vivemos literalmente da providência de Deus que nada nos deixou faltar, enfrentamos 10 anos de desemprego dos dois lados, essa foi nossa grande prova, para percebermos que quem comanda nossa vida é Deus e Ele sustenta aqueles que Nele confiam”.

“O apoio espiritual e o senso de responsabilidade com a família e com os ensinamentos de Jesus faz toda diferença para enfrentarmos as dificuldades conjugais cotidianas”.

“Compreendemos mais as necessidades do outro, há um respeito maior porque observamos mais a Palavra de Deus em nossa atitudes”.

“A oração conjugal, a escuta da Palavra e a meditação. Gostamos muito de fazê-los junto. Quanto à repercussão, dentro da própria família, é muito grande, os parentes nos admiram pelo companheirismo, a cumplicidade e a espiritualidade que temos”.

“Lemos e meditamos diariamente o evangelho, rezamos juntos, estudamos o tema em equipe, participamos das missas de responsabilidade e mensal”.

“Dialogamos e nos fazemos propostas individuais de mudança de comportamento que venham a contribuir para a melhoria do relacionamento e a convivência conjugal e familiar”.

“Através do Encontro de Casais com Cristo – ECC, na paróquia onde morávamos depois de sete anos de casados. Depois fizemos o Cursilho de Cristandade que veio solidificar ainda mais a nossa fé”.

“Os casais da Equipes de Nossa Senhora têm o objetivo de buscar a santidade através da espiritualidade conjugal e, consequentemente, uma vida conjugal muito mais equilibrada, pois é alicerçada no amor de Deus”. “Principalmente no crescimento espiritual, na habitualidade em participar da Eucaristia, na Escuta e meditação da Palavra de Deus diariamente”.

“A religião, seja ela qual for, ajuda as pessoas a identificar o certo e o errado, dá ao homem o livre arbítrio de seguir o caminho que ele quer traçar, assumindo as consequências de seus atos.”

“As equipes nos preparam para a santidade matrimonial, com o apoio da equipe superamos com mais facilidade as dificuldades da vida, e temos consciência de nosso papel dentro da sociedade, na comunidade e na família”. “Ficamos mais próximos, muito companheiros, e a nossa espiritualidade é muito mais profunda e ativa”.

“O tema de estudo e o dever de sentar-se são bons porque trazem para dentro da vida do casal mais compreensão e tolerância na hora de resolver problemas”.

“O dever de sentar-se para nós é o que mais reflete na vida do casal, pois ajuda a resolver problemas com uma abordagem diferente e com solução mais fácil”.

O histórico religioso que se apresenta nos relatos direciona a duas situações. Em primeiro lugar estão os casais que já exerciam atividades religiosas antes do casamento, em segundo estão aqueles em que apenas um dos parceiros tinha um contexto de atuação religiosa anterior ao matrimônio e que em seguida o outro veio a aderir a essa vivência. Isso reforça o fato de questões religiosas

estarem ligadas a tradições culturais na família (Lopes, 2009), e que a família é uma das grandes responsáveis pela manutenção e reprodução da religião (Couto, 2001).

Em seguida, percebe-se que a atuação religiosa implica algumas questões pontuais no casamento. A busca por “viver o evangelho” pode tornar o casal mais aberto a mudanças comportamentais no sentido de manutenção do casamento, uma vez que, optando por seguir os preceitos da religião católica, o casamento é visto como indissolúvel.

As atividades proposta pelo movimento – Equipes de Nossa Senhora levam a uma maior adesão ao diálogo conjugal, por exemplo, os pontos concretos de esforços: “oração conjugal”, “dever de sentar-se” e “estudo do tema”. Todos mencionados com grande frequência pelos participantes como impulsionadores de um relacionamento com mais cumplicidade e espiritualidade.

Porém, não se pode afirmar que com a adesão ao movimento o casal tenha a garantia da não existência futura de uma separação. Ainda para manutenção do casamento é necessária muita energia dos que nele estão (Minuchin, 1982). Pode ser que, por uma questão espiritual, essa força para perseverar diante das dificuldades familiares e conjugais seja almejada por uma religiosidade intrínseca, uma vez que gera um “sentimento que flui da vida como um todo, com suas motivações e sentimentos” (VALLE, 2009, p. 94).

Outra questão importante, e de certa forma perigosa, emerge na fala de um dos casais ao dizer que são “exemplos em toda a família”. O casal pode sofrer interferências externas pressionadoras que não o permita cometer erros e isso pode gerar conflitos individuais, no casal e na própria estrutura familiar, nos filhos e em outras pessoas que convivam com eles.

Há, ainda, um sério risco de alienação pela religião, de um fechamento excessivo para as “regras” religiosas que pode repercutir na atuação com o que não é religioso, por exemplo, na vida profissional. Esses casais não estão na função de “religiosos consagrados”, como os padres, freiras e outros, eles são leigos com responsabilidades com realidades não necessariamente cristãs. A adesão à religião na vida conjugal oferece o risco do casal não ter energia para participar e cumprir deveres fora da vida religiosa. Assim, o importante é que o esposo e a esposa

busquem viver conforme os preceitos por eles escolhidos, dentro da realidade cultural e social a que pertencem.

A quinta categoria, Aspectos que motivaram a participação nas ENS, é apresentada a seguir, conforme narrativas descritas na tabela 5.

Tabela 5: Participação na Equipe de Nossa Senhora

Quinta Categoria: Aspectos que motivaram a participação nas ENS Narrativas

“O que nos motivou foi o desejo de prolongarmos aquela sensação que o encontro de casais proporcionava”. “Não sabíamos bem o que era o movimento e nem o que iríamos encontrar, então começamos a participar mais pela amizade”.

“Fomos convidados por uma equipista e decidimos conhecer o movimento”.

“A proposta do Movimento veio de encontro aos nossos anseios em buscar o fortalecimento do nosso relacionamento conjugal”.

“Através do convite de uma irmã (religiosa) que na ocasião era conselheira espiritual”. “Fomos convidados a conhecer as ENS por um colega de trabalho”.

“Fomos convidados por um amigo a conhecer a proposta das Equipes de Nossa Senhora”.

“O que mais motivou foi, em primeiro momento, os integrantes de nossa equipe, por serem pessoas maravilhosas”.

“Acreditávamos que participando de um movimento para a família seria mais fácil educá-los na fé e os defenderíamos das armadilhas do mundo”.

Torna-se pertinente analisar os motivos que levaram os casais a ingressarem na Equipe de Nossa Senhora. Dentre os motivos narrados, um fica evidente em muitas descrições, o da motivação por uma amizade.

A busca por uma experiência religiosa, definida por Vergote (1975) como vivências afetivas que surpreendem o indivíduo, o interpelam e o transformam momentânea ou permanentemente, foi descrita por um dos casais quando este relatou querer “prolongar aquela sensação que o encontro de casais proporcionava”.

Por fim, outros casais entraram na expectativa de manutenção conjugal e da estruturação familiar tradicional, acreditando que a participação no movimento pudesse auxiliar em funções como educação dos filhos. Nessa perspectiva é importante reforçar que a adesão ao movimento pode gerar uma realidade de apoio, capaz de proporcionar um ambiente de autoajuda grupal e individual, mas em momento algum ela é uma garantia dessas ocorrências.

No que concerne à sexta categoria, Vida em Comunidade, as narrativas estão apresentadas na tabela 6 seguinte.

Tabela 6: Vida Comunitária

Sexta Categoria: Vida em Comunidade Narrativas

“Nos percebemos membros de uma família equipista, com sua ajuda mútua. A vida de equipe nos enriqueceu, trouxe mais alegria, amizade, partilha e comunhão. Sentíamos necessidade de tudo isso, pois vivíamos para Deus e nossa família, sem um relacionamento mais estreito com a vida de comunidade”.

“Hoje conversamos mais e rezamos mais juntos do que antes. A oração conjugal que fazemos todos os dias antes de dormir, pois revemos como foi o dia, agradecemos e pedimos a Deus por nossas necessidades”. “A convivência e entendimento do casal; na educação dos filhos; na aceitação e respeito as diferenças entre os membros da família; disponibilidade do casal em servir ao próximo e na comunidade em que vivemos. A vida de oração, o diálogo conjugal e familiar tem nos proporcionado um maior equilíbrio na convivência em vários segmentos sociais”.

“Somos participativos em todos os eventos propostos pelo Movimento”.

“Quem participa do Movimento das Equipes de Nossa Senhora tem um crescimento espiritual bem mais efetivo, pois a pedagogia do Movimento é voltada exclusivamente para o crescimento espiritual do casal e da família, enquanto outros Movimentos e/ou pastorais são voltados mais para a comunidade e a Igreja”.

“Somos mais atentos às necessidades um ao outro, menos egoístas, pensamos mais no coletivo”.

“Começamos a perceber que o casal entrou mais em sintonia e começou a viver uma experiência de casal em Deus”.

“Acreditamos que as equipes ajudam e ensinam o casal a se entender melhor e a respeitar diante das

diferenças pessoais. Isso reflete em uma maior harmonia na solução dos problemas”.

Diniz (2009) apontou uma questão essencial à manutenção do casamento, o convívio social. O distanciamento das redes sociais gera sobrecarga a um dos membros da família, que assume a responsabilidade de suprir necessidades

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