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Descrição da Instituição foco do estudo

3. METODOLOGIA

3.1 Descrição da Instituição foco do estudo

Segundo Gil (2010), a consulta em fontes documentais é imprescindível em qualquer estudo de caso. Sendo assim, para uma melhor compreensão da unidade-caso, ou seja, do contexto definido dessa pesquisa, a seguir serão apresentadas as características que estruturam o movimento católico das Equipes

de Nossa Senhora, segundo informações disponíveis no estatuto e em documentos do movimento, em sua maioria disponibilizados pela internet.

As Equipes de Nossa Senhora nasceram na França durante o ano de 1938, resultado da iniciativa de alguns casais que, acompanhados por um sacerdote, se encontravam mensalmente para, juntos, redescobrirem o sentido do matrimônio. A primeira reunião de equipe ocorreu em Paris. Segundo relatos no site do movimento, tais casais perceberam um proveito em sua vida conjugal que os incentivaram o convidar outros casais para participar da experiência.

Trata-se de um movimento com reconhecimento oficial do vaticano e guiado por um estatuto interno que prioriza a manutenção dos aspectos centrais que fundamentaram sua criação. Assim, tais documentos auxiliam uma homogeneidade das práticas e ações em nível mundial. O movimento também realiza encontros que proporcionam a troca de experiência dos casais a nível regional, nacional e internacional. Nessa direção, são realizados com frequência encontros que fomentam tal interação. Com abrangência regional, por exemplo, são realizadas missas mensais por região; focando a interação nacional, anualmente tem-se o encontro nacional das equipes de Nossa Senhora; e em nível internacional, de dois em dois anos é realizado o Encontro Internacional das ENS.

Para uma melhor compreensão de como se estrutura o movimento, será estabelecida uma apropriação de um texto contido no documento “Vem e Segue- me”, constituído por fascículos utilizados no primeiro ano da constituição de uma equipe. Nele, encontra-se a definição do movimento em três pilares. Um primeiro que o caracteriza como um movimento de espiritualidade, uma vez que seu objetivo é de ajudar seus membros no aprofundamento de sua espiritualidade conjugal, de permitir a eles o encontro de sua própria santidade e conversão. Numa segunda dimensão, trata-se de um movimento de formação, que deve atuar para que seus componentes se mantenham abertos à busca, à partilha, com preocupação de guiá- los de acordo com os valores do evangelho. E, finalmente, um movimento internacional, numa perspectiva de comunhão, propondo linhas comuns para se viver melhor os métodos propostos pelo movimento e contido no estatuto, aprofundando o carisma de maneira dinâmica e fiel e direcionando os casais a perceber seu papel e responsabilidade na construção do Reino de Deus.

O artigo 5º do estatuto qualifica a equipe como uma verdadeira comunidade eclesial, que constitui a célula básica do movimento como um todo. É, portanto, vocação específica das ENS, como movimento no seio da Igreja Católica Apostólica Romana, suscitar e animar pequenas comunidades de casais que procuram viver plenamente a vida cristã em seu lar e em sua família.

Ao serem constituídas, as equipes passam por um processo de formação iniciado com a experiência comunitária, momento dedicado à socialização dos casais que irão compor uma equipe. Durante esse período, os casais são acompanhados por um casal mais experiente, que deverá apresentar gradativamente a metodologia do movimento, bem como os aspectos essenciais que estruturam. Na sequência, o segundo ano da equipe é direcionada à pilotagem, atividade ainda acompanhada por um casal mais experiente e por um diretor espiritual, os quais conduzem a realização de tarefas preestabelecidas pelo órgão superior do movimento, ao qual denominam “super região Brasil”, e contidas em dez fascículos. Esse material é utilizado em todo o Brasil e por todas as equipes em processo de imersão ao movimento. Após um período de pilotagem e de iniciação, a equipe como tal compromete-se com o movimento que a aceita, ou ela decide deixá- lo.

As equipes são compostas por cinco a sete casais, e a cada ano elege, entre seus membros, um “casal responsável”. Durante sua existência será sempre assistida por um sacerdote, ao qual denominam “conselheiro espiritual”, que torna manifesto o vínculo com o sacerdócio e a comunhão com a Igreja. Dessa forma, a estrutura básica de uma equipe são cinco casais e um sacerdote. Para ingressar no movimento é necessário que o casal seja casado na Igreja Católica Apostólica Romana.

A reunião de equipe mensal constitui o tempo forte da vida de equipe. Preparada por todos, a reunião comporta uma refeição simples, um tempo de oração, uma coparticipação referente à vivência e às preocupações de cada casal, que tem responsabilidades divididas na preparação dos pratos da refeição, uma troca de ideias sobre um tema de reflexão relacionado com os objetivos e as características essenciais do Movimento, assim como uma partilha sobre os pontos concretos de esforço, os quais são definidos na sequência.

Os membros das ENS comprometem-se, pessoalmente e em casal, a fazer um esforço sobre “pontos concretos”, exercícios direcionados ao dia a dia do casal que contribuem com o carisma proposto. Os pontos concretos de esforços são: regra de vida, que convida cada membro da equipe, individualmente, a identificar pontos comportamentais que precisam ser aprimorados; dever de sentar-se, um momento de verdadeiro diálogo conjugal cada mês, para, juntos, buscarem a vontade do Senhor; escuta da Palavra de Deus, leitura diária do evangelho; a meditação cotidiana, normalmente a partir da leitura bíblica realizada no dia, a oração conjugal, um momento no dia em que o casal reza junto e partilha eventos do dia e um retiro anual. Comprometem-se ainda, para atingir estes pontos, a ajudarem- se mutuamente em equipe e a participarem das atividades e da vida do Movimento.

Não há um tempo estipulado para a duração de uma equipe. A proposta inicial é que elas sejam núcleos instituídos para ter longevidade. Por exemplo, é comum que os padres que exercem a função de diretor espiritual, por serem missionários, sejam direcionados a uma outra cidade; nesse caso, a equipe convida um outro sacerdote para compor o grupo. Se o mesmo acontecer com um dos casais, este casal poderá ser direcionado a outra equipe na cidade onde irá residir e sua equipe original recebe um novo casal em sua constituição, o critério é manter entre 5 e 7 casais e um diretor espiritual. Essa metodologia reforça a possibilidade de maior duração desses núcleos.

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