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Estrutura e dinâmica de casais em grupos religiosos

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Academic year: 2017

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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

STRICTO S ENS U

MESTRADO EM PSICOLOGIA

ESTRUTURA E DINÂMICA DE CASAIS EM GRUPOS

RELIGIOSOS

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TATIANE REGINA PETRILLO PIRES DE ARAUJO

ESTRUTURA E DINÂMICA DE CASAIS EM GRUPOS RELIGIOSOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da

Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Psicologia.

Orientador(a): Dra. Júlia Sursis Nobre Ferro Bucher-Maluschke

Co-Orientador(a): Dra. Marta Helena de Freitas

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

08/08/2011

A663e Araujo, Tatiane Regina Petrillo Pires de

Estrutura e dinâmica de casais em grupos religiosos. / Tatiane Regina Petrillo Pires de Araujo – 2011.

72f. : il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2011. Orientação: Júlia Sursis Nobre Ferro Bucher-Maluschke

Co-Orientação: Marta Helena de Freitas

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Dissertação de autoria de Tatiane Regina Petrillo Pires de Araujo, intitulada “ESTRUTURA E DINÂMICA DE CASAIS EM GRUPOS RELIGIOSOS”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Psicologia da Universidade Católica de Brasilia, em dezesseis de agosto de dois mil e onze, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

___________________________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Júlia Sursis Nobre Ferro Bucher-Maluschke

Orientadora

(Mestrado em Psicologia - UCB)

___________________________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Marta Helena de Freitas

Co-Orientadora

(Mestrado em Psicologia - UCB)

___________________________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Maria Alexina Ribeiro

(Membro - UCB)

___________________________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Maurício da Silva Neubern

(Universidade de Brasília - Convidado)

___________________________________________________________________ Prof(a). Dr(a). Maria de Fátima Gondin

(Suplente - Convidado)

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AGRADECIMENTOS

Para a viabilização e realização desta pesquisa de mestrado, muitas pessoas participaram exercendo papéis de fundamental importância ao processo. A essas direciono meus agradecimentos:

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter permitido concretizar essa dissertação e por ter abençoado todos os locais e pessoas que dela fizeram parte. Ao meu marido Carlos Eduardo e aos meus filhos Davi José e Eduardo José que foram perfeitos na acolhida e na compreensão da minha ausência durante essa construção.

Agradeço ao meu pai José Humberto, que em sua amizade e companheirismo de sempre se dispôs a me auxiliar em todas as minhas necessidades.

Agradeço à minha mãe Tânia Araujo, que participou ativamente do processo, suprindo minha ausência com meus filhos e agindo criticamente nas análises dos textos e leitura de materiais.

Agradeço à minha sogra Joaquina Araujo, que foi uma mãe, me ajudando na logística do processo.

Agradeço a todos os professores do curso, em especial às professoras Júlia Bucher e Marta Helena – que foram extremante solícitas e disponíveis diante dos cenários que se apresentaram, no sentido de fazer com que eu pudesse cumprir essa etapa – e aos professores José de Lisboa e Maria Aparecida Penso, que fizeram parte do processo de qualificação desse projeto, com dicas e correções fundamentais.

Agradeço à minha amiga e colaboradora dessa pesquisa, a psicóloga Lígia Bias, por suas pertinentes contribuições. Agradeço à minha madrinha e colega de curso Jozina Pires.

Agradeço, ainda, ao Movimento Católico – Equipe de Nossa Senhora, na pessoa do casal Joana e Antonio Carlos, responsáveis pela região Centro-Oeste II, que se empenharam em abrir as portas para a coleta dos dados. Agradeço também aos casais que tão prontamente aceitaram participar do grupo pesquisado.

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RESUMO

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estudos multidisciplinares futuros. A partir dos assuntos evidenciados durante o desenvolvimento desta dissertação abre-se campos de pesquisa para psicologia da religião, a abordagem sistêmica, psicologia organizacional, teologia, antropologia e sociologia.

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ABSTRACT

This research is a case study with the objective of learning how to establish the structures of couples with marital role in the Catholic movement Teams of Our Lady. It is organized into four parts: introduction, the theme of the study is contextualized in its relevance to the present time, the result of a process that involves aspects of transition between the traditional, modern and postmodern, and includes a brief argument about of the factors that make up the group researched and others who led a multidisciplinary perspective. The second part is devoted to the theoretical framework, which was based on two central bases, the first in the view of systems theory on marital relations, with some authors who address the contemporary marriage, and the second axis presents the concepts of religion and religious experience conceived within the religious field called Psychology and Religious Sense. Following are presented in detail, the proposed methodology, an exploratory study, qualitative, developed from data collected in a questionnaire with eight couples who work in the research group of more than three years. The fourth part analyzes the data collected and provides a discussion on the meaning of ten categories listed and defined as the combination of the narratives of research participants. From these categories it was possible to elucidate features that lead us to a specific group of researchers and others who are not necessarily the result of a religious activity. Why are couples in a group facing the union ruled in the model nuclear family, the whole group studied belongs to this type of structure. The papers pointed marital partner and complicity between spouses that drive their efforts to develop family in financial, educational, professional and religious. These families are in transition between the traditional models, modern and postmodern, which are evident in several parts of their stories. In relation to family dynamics to realize a participatory system that seeks to include all members who compose it. The marital subsystem is guided by values and routines linked to religious affiliation. So the study directed at understanding these structural features dictate the dynamics of marriage and family couples. Finally, we present the future possibilities of multidisciplinary studies. From the issues highlighted during the development of this dissertation opens up fields of research for the psychology of religion, the systems approach, organizational psychology, theology, anthropology and sociology.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...10

2. REFERENCIAL TEÓRICO ...13

2.1 EstruturasFamiliares Contemporânea ...13

2.2 Casamento Contemporâneo ...15

2.3 Papéis Conjugais ...17

2.4 Valores e Família ...20

2.5 Família e Religião ...22

2.6 Casamento: sob a ótica do Catolicismo ...24

2.7 Psicologia e Senso Religioso ...27

2.8 Psicologia da Religião ...28

2.9 Experiência Religiosa ...29

3. METODOLOGIA ...31

3.1 Descrição da Instituição foco do estudo ...32

3.2 Participantes colaboradores da pesquisa ...35

3.3 Instrumento ...37

3.4 Procedimentos ...38

3.4.1Questionário ...39

3.5 Análise das Informações ...39

3.6 Procedimento da Ética de Pesquisa ...40

4. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES ...41

4.1 Caracterização dos participantes ...41

4.2 Discussão ...43

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...59

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...62

Anexo I –Questionário...66

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1. INTRODUÇÃO

Os fenômenos oriundos da pós modernidade têm evidenciado grande repercussão em todos os aspectos da vida social, pessoal e profissional dos indivíduos nele imerso. A necessidade de atualização e de resposta aos fatores que caracterizam a pós modernidade gera insegurança e um sentimento constante de ausência ou insuficiência. Bucher-Masluschke (2003) diz que a sociedade brasileira vivência uma transição entre a tradição, a modernidade e a pós modernidade.

Não obstante a essas modificações estão estruturas tipicamente tradicionais, como a família, as estruturas de poder, as religiões, as práticas profissionais, dentre outras configurações. Essa pesquisa terá como foco principal as relações conjugais e a atuação em um movimento religioso.

Nesse sentido, tradicional será compreendido como tudo aquilo que tem uma “relação direta com os costumes, as idiossincrasias, as convenções, e com tudo aquilo que é típico, específico de uma época e que está inserido nas pessoas que vivem e recebem influências de seu tempo” (BUCHER-MALUSCHKE, 2003, p. 296). Por modernidade será apropriada a idéia de Giddens (1997) ao caracterizar a sociedade moderna como uma sociedade de mudança constante e rápida, resultando em uma forma reflexiva de vida. A Pós Modernidade tem como conseqüência um sujeito fragmentado e composto de várias identidades, que acaba gerando um sentimento de incerteza quanto a configuração do mundo futuro e quanto ao que é certo e errado nas vivências diárias (Bucher-Maluschke, 2003).

Em sua maioria, os valores religiosos dentro dos contextos familiares foram estabelecidos a partir de um modelo tradicionalista e patriarcal em suas estruturas, porém, como toda dinâmica social que se apresenta, são reveladas mudanças significativas já nas primeiras estâncias da concepção familiar. O casamento tradicional, com véu e grinalda, parece estar em dissonância com tamanha inovação. Alguns autores chamam isso de crise do casamento contemporâneo.

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individualistas, o que, muitas vezes, resulta em recusa da religião (Alves, 2009). Por outro lado, outros autores, como Aquino (2008), consideram que, sem Deus e a vida religiosa, a pessoa fica sem respostas satisfatórias para perguntas existenciais.

Passos (2005) considera a existência de uma metamorfose na família e todo esse movimento evidencia dois aspectos: um de negação do velho, com a perspectiva projetiva de renovação, compreendendo que é preciso romper com velhas ideias para que as novas possam emergir; e outro que se refere a uma negação, seja ela intencional ou não, em que o velho e o novo estão sempre engendrados nas experiências de uma família, sem que isso necessariamente seja visível. Assim, há uma dimensão subjetiva que rege a relação entre velho e novo que gera um contexto de complexidade, o que nos leva a crer que exista aí um importante campo de estudo, ampliando, assim, as possibilidades de desenvolvimento de pesquisas dentro dessa perspectiva de análise.

As famílias brasileiras são, em grande parte, influenciadas por aspectos ligados a religião, isso porque com a ampla diversidade cultural brasileira e todas as crenças que dela surgem, é inegável que o Brasil é um país muito religioso. Uma consequência desse fato é a adesão de famílias a práticas e vivências religiosas, que não se manifestam por uma religião específica, mas por um conjunto de crenças e valores que são estabelecidos em torno delas. Valle (2009) afirma que, do ponto de vista cultural e religioso, o Brasil é uma verdadeira esponja, representada pela capacidade e facilidade de absorção de novidades, especialmente as estrangeiras. Ao mesmo tempo, é um país fecundo e criativo na elaboração de movimentos religiosos baseados em suas tradições culturais e locais.

Daí a importância de analisar as manifestações que se fundamentam e se ancoram em uma prática religiosa dentro desse contexto de transição entre o tradicional, o moderno e o pós moderno. Dessa forma, a presente pesquisa procura responder à questão: Como se apresentam as estruturas conjugais de casais com atuação em um movimento religioso?

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se uniram a outros três casais. Simultaneamente, esses casais faziam experiências de vida comunitária, com o foco na formação do casal e da espiritualidade conjugal. O resultado foi a abertura aos outros, entre os esposos e entre os casais. O movimento teve, em 2010, uma atuação internacional. No Brasil, está presente em todas as regiões administrativas, totalizando cerca de 18.850 casais atuantes e 2.033 sacerdotes1.

Tratar relação conjugal e religiosidade na fundamentação dessas famílias leva-nos a crer que a crise política, cultural e ideológica instaurada, que perturba a ordem estabelecida até agora, pode ser um indicador da crescente procura de casais por atuações religiosas dessa natureza. Compreende-se também que a religião interfere em vários aspectos da vida pessoal e, por conseguinte, na sociedade. É possível que os casais busquem na religião uma forma de encontrar respostas a tantas incertezas e inquietações, ou simplesmente uma manutenção de crenças estabelecidas ao longo das gerações, ou tão somente uma maior socialização e uma atividade social que acaba por oferecer bem-estar ao casal.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Estruturas Familiares Contemporâneas

A evolução vivida pela humanidade tem suas raízes em importantes fenômenos e movimentos sociais com impacto direto nas concepções familiares, sobretudo em sua estrutura e funcionamento.

Minuchin (1982) disserta sobre a importância das funções na criação da estrutura familiar, ditando o funcionamento da família que se apresenta sob dois diferentes objetivos. O primeiro de proteção psicossocial dos membros que a constitui, e um segundo voltado ao ambiente externo, reagindo e transmitindo aspectos culturais. Minuchin & Fishman (2003) diz ser necessária uma forma viável de estruturação familiar que dê apoio a individualização e ao mesmo tempo a pertença de seus membros.

Nesse sentido, respondendo aos aspectos resultantes da realidade contemporânea, é cada vez mais comum perceber famílias nas quais há uma divisão de tarefas, em que pais e mães compartilham aspectos referentes às tarefas educativas e operacionais do cotidiano da família. Aspectos que há pouco tempo atrás eram impensáveis, pois a dinâmica era a de cada um com sua responsabilidade específica.

Minuchin (1982) refere-se à família como sendo uma unidade social que desenvolve uma sequência de papéis fundamentais para o crescimento do indivíduo que enfrenta uma série de tarefas para seu desenvolvimento. Ela se apresenta como uma organização de apoio, proteção, limites e socialização dos elementos que a compõem. Por sua vez, a família convive com mudanças de valores, padrões éticos, econômicos, políticos e ideológicos, de forma a acompanhar as mudanças sociais, garantindo, assim, a manutenção de sua estabilidade. Figueira (1987) diz que a modernização da família tem um desdobramento não tão simples, que moderniza seus ideais e identificações, dentre outros aspectos que nos fazem pensar que esse processo não é linear e que seus resultantes são, portanto, complexos.

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resultantes da transição do modelo tradicional para o novo. Evidencia-se a convivência conflituosa entre dois modelos: um tradicional, focado na divisão clara entre feminino e masculino, naturalmente diferentes. Nesse modelo, o casamento é considerado indissolúvel, monogâmico e ligado à reprodução. Na organização familiar, fica evidente a função dos pais com autoridade sobre os filhos. O outro modelo é igualitário, marcado pelo fenômeno do individualismo, uma forte resultante do ritmo dos grandes centros urbanos brasileiros, onde o processo de modernização avançou consideravelmente e se apresenta com as seguintes características:

No modelo novo de família, as fronteiras de identidades entre os dois sexos são fluídas e permeáveis, com possibilidades plurais de representações: mulher oficial das forças armadas, homem dono-de-casa, mãe e pai solteiros [...]. A instituição casamento já traz, em si, o embrião da dissolução. A sexualidade dos parceiros é desvinculada da reprodução ou de uma resposta feminina ao desejo masculino [...], deveres e privilégios são compartilhados (FÉRES-CARNEIRO, 2004, p. 39).

Assim, a evidência dada ao individualismo e o fácil acesso ao divórcio, resultou, por exemplo, em famílias de “mães”. Até recentemente, a “ausência paterna” costumava ser apontada por agentes institucionais como uma das principais causas da desestruturação familiar. Diante da realidade de uma população na qual cada vez mais a mulher é a provedora do lar, arcando sozinha com a educação dos filhos, a figura paterna, praticamente inexistente, era com frequência a explicação rapidamente encontrada para justificar a problemática emocional de uma criança ou adolescente. Em contraposição, é possível encontrar no discurso de mulheres que adotavam sozinhas uma criança a certeza de inexistirem garantias de que esta seria mais feliz e equilibrada emocionalmente caso estivesse vivendo em uma família constituída por pai e mãe (Levy, 2005).

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Um dos fatores que torna ainda mais complexa essa transição é o fato de que as mudanças nas estruturas familiares não se apresentam com a mesma intensidade e proporção em todas as famílias, o que resulta em famílias com configurações estruturais diferentes uma das outras. Umas mais tradicionalistas, definem seus papéis a partir de concepções nas quais há hierarquias e tarefas bem definidas de acordo com “idade, gênero e função na família”; por outro lado, há famílias que aderem ao compartilhamento de tarefas domésticas e educativas entre pais e mães e, ainda, as estruturas onde a mulher passa a ser a principal mantenedora. (Fleck & Wagner, 2003).

Verifica-se, portanto, uma reestruturação social em relação aos modelos familiares, o que amplia as possibilidades de estudos com o foco nessas novas dinâmicas e estruturas. Especificamente, o presente estudo focará no casamento e em atuações religiosas por parte dos casais.

2.2 Casamento Contemporâneo

Ao optar pelo casamento, o casal consente em estruturar um novo núcleo familiar a partir de suas vivências individuais e isso pode demandar um comportamento de aceitação e desprendimento de ambos. Minuchin (1982) diz que um casamento representa a criação de um novo sistema social, a partir da substituição de arranjos anteriores, criando uma fronteira em torno do casal. Essa relação exige um alto nível de comprometimento dos indivíduos envolvidos. “o grau de investimento no casamento depende do quanto foi abandonado.” (MINUCHIN, 1982, p.37). “Como sistema, o casal se organiza a partir de um sistema de regras estabelecidas desde o início do casamento” (BUCHER-MALUSCHKE, 2003, p. 301).

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casamento moderno uma dificuldade, colocando em risco inclusive as tradições que perduraram por anos.

Diniz (2009) diz que o casamento moderno não significa tão somente ter filhos e constituir família. Além dessas questões, deve proporcionar felicidade, realização pessoal, cumplicidade e companheirismo. A autora relata, ainda, que essas mudanças resultam em um desafio para a ciência e para a mídia, que tentam compreender como elas influenciam a estrutura conjugal. Minuchin & Fishman (2003) chama atenção a necessidade da definição dos limites em torno do casal, como sendo uma tarefa vital ao subsistema conjugal, nele o casal encontra satisfação de suas próprias necessidades psicológicas sem a intrusão de outros parentes.

Reagir e responder a tantas mudanças expressivas não tem sido missão fácil para a família como um todo; em especial, pelo casal. Alguns autores têm evidenciado o que denominam de crise do casamento. As respostas ao individualismo que emergem nessa nova sociedade não se apresentam de forma acessível e passível de compreensão imediata.

Diniz (2009) realizou uma pesquisa a fim de identificar características do casamento contemporâneo em revistas brasileiras de conteúdo geral e revistas femininas com edição entre 2000 e 2005. Foram identificadas na reportagem da revista Veja de 2000, intitulada “Amor Moderno”, algumas mudanças na estrutura conjugal. Por exemplo, no lugar da formalidade e da hierarquia do modelo do passado, vem à tona o respeito, o companheirismo e a busca de igualdade. A pesquisa aborda, ainda, a evidência dada à realização financeira e sexual, que ganha um espaço importante nas relações contemporâneas. Ao sucesso financeiro está atrelado o sucesso na profissão; nesse sentido, o casal trabalha junto pela construção do patrimônio familiar. Ambos, esposo e esposa, têm expectativas de vivenciar uma relação marcada pela parceria econômica, pelo companheirismo e pela realização afetiva e sexual.

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tendo se sustentado por um longo tempo, duas das mais antigas instituições da humanidade, o casamento e a família, estão vivenciando um momento mais delicado. Isso demanda uma contínua e dedicada investigação dos fenômenos envolvidos nesse processo, procurando coletar subsídios para a busca de soluções que possam amenizar as consequências em potencial.

Féres-Carneiro & Ziviani (2007) mencionam três fases nas quais se divide a instalação do casal, segundo Kaufmann (1995). Num primeiro momento da vida em comum, há a necessidade de se conhecer o estranho íntimo. A segunda fase é marcada pela construção de uma realidade conjunta e pela convivência compartilhada, onde há um sentimento maior de segurança e conforto devido à construção da identidade comum. Na terceira fase, ocorre, contudo, uma retomada dos projetos individuais, exigindo que o casal delimite os espaços comuns e individuais.

Diniz (2009) apresenta fatores que mantêm os casais unidos. Exercício pleno da sexualidade é um fator de união, principalmente alicerçado a nova sexualidade feminina que passa de passiva a ativa, de objeto de desejo para desejante, de reprimida a iniciadora e cobradora da performance masculina. Mas a

autora reforça o problema de que, com tantas mudanças, sobretudo na inserção no mercado de trabalho, a mulher está mais cansada e com um alto grau de estresse, realidades essas que acabam por interferir em seu desempenho sexual. O romantismo masculino é muito apontado como fator de manutenção ao casamento.

Outro aspecto evidenciado é a necessidade do convívio social. As transformações sociais e o processo de modernização geram pressões ao casal que, ao buscar oportunidades de educação e emprego, acaba se distanciando de suas origens e redes sociais. O resultado disso é uma sobrecarga a um dos membros da família que fica, inevitavelmente, com a responsabilidade de suprir as necessidades emocionais que emergem em tal realidade (Diniz, 2009).

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do segredo. No contrato estabelecido pelo casal, os limites podem ser fatores que auxiliarão a manutenção ou potencializarão para a destruição da conjugalidade.

2.3 Papéis Conjugais

Diante do processo de modernização, a relação entre as figuras e papéis familiares mais tradicionais ficam abalados. Por exemplo, a inclusão das mulheres no mercado de trabalho aumentou sua participação no sistema financeiro familiar, o que estabeleceu um novo perfil à família, muito mais igualitário. Assim, a estrutura familiar tradicional, com o pai como único provedor e a mãe como única responsável pelas tarefas domésticas e cuidado dos filhos, encontra-se em um momento de redefinição de suas fundamentações essenciais.

Willi (1995) afirma que, para o desenvolvimento pessoal de cada cônjuge, faz-se necessário redefinir os papéis, as regras e as funções, estabelecendo-os de forma não totalmente rígida objetivando a funcionalidade da relação. O autor afirma a importância da construção de uma realidade compartilhada, uma vez que os membros do casal levam consigo todos os valores e crenças de suas famílias de origem. Esses sistemas individuais precisam ser remodelados para formar a identidade conjugal do novo casal.

A pesquisa de Diniz (2009) abordou aspectos referentes à mudança nos papéis de gênero. Nesse sentido, as revistas apontaram dilemas entre velhas e novas concepções, sobretudo em relação ao papel da mulher, que passa a valorizar sucesso financeiro, profissional, no relacionamento e na maternidade. A mulher brasileira, segundo reportagem da revista Veja acrescenta a essa lista cuidados com a aparência. Alguns artigos exploram, ainda, mudanças também no gênero masculino, como no exemplo do relato de um marido que, na ausência da esposa, realiza funções como controle do estoque de alimentos e lanche dos filhos, relatando, ainda, ter prazer em cuidar das crianças. Essas afirmações reforçam a realidade de mudança e reflexibilização nos papéis de gênero.

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trabalhos externos resultaria na inclusão masculina nas tarefas do lar. Outro fato relevante é o desenvolvimento tecnológico que prometia criar facilidades que substituiriam tarefas manuais, facilitando a execução das tarefas domésticas. O problema central é que a realidade aponta fatos contrários a essas expectativas. O resultado é que a mulher acabou por assumir uma dupla jornada de trabalho, realidade agravada pela resistência apresentada pelos companheiros na execução das rotinas domésticas. Quanto à tecnologia, não há como negar que esteja auxiliando e facilitando o processo, o problema é que ela se apresenta a cada dia com custos mais elevados, o que obriga que a mulher amplie sua participação em tarefas que gerem renda.

Segundo Wagner & Cols. (2005), pesquisas realizadas por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos têm constatado que a divisão das tarefas domésticas ainda tende a seguir padrões relativamente tradicionais, o que reforça a questão dos conflitos de transição entre o que é tradicional e o que é contemporâneo. As consequências disso são casamentos mais tardios, diminuição no número de filhos, maior autonomia e independência por parte das mulheres e um aumento de conflitos gerado pela busca da igualdade de direitos (Jablonski, 2006).

O modelo tradicional gera dependência recíproca entre homens e mulheres. Os homens precisam de suas companheiras para realizarem as tarefas que lhes geram bem estar, como, por exemplo, as domésticas e as sexuais; e as mulheres dependem da figura masculina como provedor financeiro. Nesse caso, os papéis ficam claros e bem divididos. No modelo contemporâneo, a mulher precisa cada vez menos da função financeira do homem e já não consegue responder às expectativas de ser “do lar”, título dado há anos para as mulheres que não exerciam uma atividade profissional externa. Este é um complexo processo que consolida uma identidade profissional, acoplada a papéis masculinos, em contraposição a uma nostalgia narcísica de grande mãe sábia, generosa, transmissora do afeto e do poder (Negreiros & Féres-Carneiro, 2004).

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identidade pessoal”, tal noção compreende a identificação dos deveres e direitos dos executores de determinada ação. Assim, os papéis masculino e feminino configurariam tipificações do que seria pertinente ao homem e à mulher num dado contexto. O que reforça a dicotomia sexual homem-mulher, com características e peculiaridades próprias e mutuamente exclusivas, assumida por pais, familiares, escola, meios de comunicação e sociedade em geral é incorporada como uma forte formação, através do desenvolvimento humano. (Negreiros & Féres-Carneiro, 2004)

Ao se analisar, por exemplo, funções relacionadas à educação dos filhos, Jablonski (2006) cita os trabalhos de Lamb (1987), que concluiu que, para cada hora de trabalho ativo dos pais para com os filhos, correspondem três ou cinco horas levadas a cabo pela mãe, que se dedica arduamente a tarefas como alimentação, banho, cuidados corporais e vestimentas, enquanto ao pai cabem as tarefas recreativas. A função educadora é complexa em sua totalidade, sobretudo na educação dos filhos, o que, segundo Wagner & Cols. (2005), não se desencadeia em divisão igualitária de responsabilidades por parte dos pais.

Diante de tantas questões, Machado (2001) questiona estudos que focam em explorar e explicar os novos papéis familiares construídos a partir da aceitação do fenômeno do individualismo como uma verdade absoluta, afirmando que “não se deve deixar que a disposição da arena retifique e simplifique o debate e se parta para uma exaltação do familismo ou do individualismo” (MACHADO, 2001, p. 12). Para ela, nada há de seguro na longa duração do valor da família no Brasil, ou de garantia na pretendida crença de que o individualismo das sociedades desenvolvidas reforme, em um só sentido único e linear, o futuro das formas e dos valores da família. Assim, há importância de se verificar também os valores presentes nesse processo de transição e indefinição, compreendendo, sobretudo, que as práticas religiosas podem reforçar e fundamentar os valores na família.

2.4 Valores e Família

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fundamentados em bases culturais que envolvem sua estrutura de valores. Nelas, os hábitos, práticas e crenças são transmitidas de geração em geração como regras de conduta. Melo (2011) diz que a instituição familiar convive com valores registrados no presente e também sofre mutações e estabelece registros do passado no presente.

Porém, as respostas aparecem inicialmente como num movimento de negação, com a ideia de que o novo precisa emergir; mas, no geral, com o passar do tempo e com a maturidade, o que acontece é um regresso aos valores originais. Por isso, é importante que os valores familiares tenham uma estruturação sólida e resistente, sobretudo aqueles que são carregados de aspectos positivos, se podemos por assim dizer.

Segundo Diniz (2009), o casamento está sendo fortemente influenciado por questões sociais, econômicas e culturais, e o resultado disso é a mudança nos valores e crenças que o sustentam.

Nessa direção, vale evidenciar e estudar como se apresentam as estruturas de valores nesse contexto de transição entre o tradicional e o novo. A Psicologia Organizacional tem apresentado, nesse sentido, pesquisas que analisam a relação família e trabalho. Essa ótica nos é essencial, se compreendermos que as novas estruturas conjugais confrontam contextos normalmente diferentes de trabalho que podem exercer influências no próprio relacionamento, sobretudo se considerarmos o processo de modernização e a carga ampla de dedicação ao trabalho que dela emerge.

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Paschoal e Tamayo (2005) afirmam que há diversos modelos que tentam explicar as formas de relação entre trabalho e família. Os autores reforçam a ideia de Edwards e Rothbard quanto à existência de mecanismos de interação entre essas duas dimensões, as quais podem ser classificadas em seis categorias:

contaminação (trabalho e família são similares, havendo um impacto de uma dimensão sobre a outra), compensação (a insatisfação num domínio leva a pessoa a aumentar seu envolvimento ou procurar recompensas no outro), segmentação (separação do trabalho e da família, de modo

que um domínio não influencia o outro), escoamento de recursos (recursos como tempo, atenção e energia são

limitados e aqueles despendidos num domínio ficam indisponíveis para outro) e conflito (demandas do trabalho e da

família são mutuamente incompatíveis, de modo que cumprir

as demandas em um domínio dificulta o cumprimento em outro) (PASCHOAL & TAMAYO, 2005, p. 175).

Paschoal & Tamayo (2005) mostram, ainda, que estudos que focaram na investigação dos impactos da família sobre o trabalho sugerem que relações familiares conturbadas e estresse relacionado à vida conjugal podem se relacionar positivamente com absenteísmo e negativamente com desempenho no trabalho. Negreiros & Féres-Carneiro (2004) diz que a mulher, ao ingressar no trabalho extra-doméstico, filtrou valores herdados e reafirmou suas conquistas de direito à cidadania, à sexualidade e à visibilidade científica, literária e histórica.

Outros estudos, que buscaram compreender a relação entre conflitos de família com trabalho e comportamentos organizacionais, tiveram resultados que mostraram que, quando acontecimentos e demandas familiares começam a interferir nas demandas do trabalho e entrar em conflito com elas, o desempenho no trabalho tende a diminuir e o desgaste no trabalho a aumentar (Paschoal & Tamayo, 2005).

2.5 Família e Religião

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continua fortemente atrelada ao critério do que denominamos religioso, à inquietação ou ao alívio com a sua presença, com a sua ausência ou com as suas transformações (Duarte, 2006).

Na família, não é diferente. Questões religiosas estão por vezes ligadas a tradições culturais que são passadas entre gerações e mantidas no seio familiar. Por isso, posicionar-se com adesão ou exclusão de tais práticas pode ser um processo complexo. Para Lopes (2009), nesse contexto devem ser considerados como em um jogo os termos autenticidade, tradição, povo, popular, resistência cultural, culturas subalternas e massificação cultural.

As relações de transformações que se apresentam na religião e na família se manifestam de forma que uma interfere na outra. Couto (2001) diz que as transformações pelas quais atravessa a religião em nossa sociedade projetam reflexos sobre a família, ao mesmo tempo em que as que percorrem o universo familiar brasileiro incidem em vários campos do social e, entre eles, a religião. Vale considerar que a família é uma das grandes responsáveis pela manutenção e reprodução da religião. Cabe à religião normatizar e direcionar a família em questões como sexualidade, além do aspecto regulador moral do comportamento individual e coletivo que a religião proporciona.

Corroborando com essa linha de análise, Duarte (2006) afirma que os fenômenos da saúde, da reprodução e da sexualidade compõem a dimensão „moral‟ da definição dos sujeitos sociais e acarretam uma indagação sobre as relações entre o ethos familiar e o ethos religioso. O autor acredita ser na sobreposição dessas

duas ordens de relacionalidade primordiais que se estruturam as condições básicas de presença dos sujeitos no mundo, que os sustentarão como elemento da vida pública e de seus desafios.

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em conta o princípio da dignidade da pessoa humana, respeitando o ser humano acima de qualquer preconceito do meio social, principalmente com relação à mulher, pois esta sofre o estigma da desigualdade, da inferioridade, da incapacidade e da submissão, o que dificulta a reconstrução de sua vida no plano afetivo devido aos princípios morais e religiosos vigentes.

2.6 Casamento: Sob a ótica do Catolicismo

Para o presente estudo é importante compreender a leitura que a Igreja Católica Apostólica Romana faz em relação ao casamento. O objetivo não é aprofundar com um olhar teológico, apenas auxiliar na compreensão dos deveres e direitos por ela estabelecidos.

Hortal (2006) apresenta um conjunto de elementos que direcionam a uma definição sobre o matrimônio. Esses elementos estão contidos no Concílio Vaticano II, documento esse de natureza pastoral e não dogmática. O matrimônio é caracterizado, quanto a seus fins e suas propriedades:

A íntima comunhão da vida e de amor conjugal que o Criador fundou e dotou com suas leis é instaurada pelo pacto conjugal, ou seja: o consentimento pessoal irrevogável. Dessa maneira, do ato humano pelo qual os cônjuges se doam e recebem mutuamente, se origina, também, diante da sociedade, uma instituição firmada por uma ordenação divina. No intuito do bem, seja dos esposos como da prole e da sociedade, esse vínculo não do arbítrio humano. Mas o próprio Deus é autor do matrimônio dotado de vários bens e fins, que são todos de máxima importância para a continuação do gênero humano, para o aperfeiçoamento pessoal e a sorte eterna que cada um dos membros da família, para a dignidade, estabilidade, paz e prosperidade da própria família e da sociedade humana inteira. O instituto do matrimônio e o amor dos esposos estão, pela sua índole natural, ordenados à procriação e à educação dos filhos em que culminam como numa coroa. Por isso, o homem e a

mulher, que pelo ato conjugal “já não são dois, mas uma só carne” Mt (19,6), prestam-se mutuamente serviço e auxílio, experimentam e realizam cada dia mais plenamente o senso de sua unidade, pela união íntima das pessoas e das atividades. Essa união íntima, doação recíproca de duas pessoas, e o bem dos filhos exigem a perfeita fidelidade dos cônjuges e sua indissolubilidade (HORTAL, 2006, p.17).

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a aliança matrimonial, pelo qual um homem e uma mulher constituem entre si uma íntima comunidade de vida e de amor, fundado e dotado de suas leis próprias pelo Criador. Por sua natureza, é ordenado ao bem dos cônjuges, como também à geração e educação da prole. E foi elevada, entre batizados, à dignidade de sacramento, por Cristo Senhor (CÓDIGO CANÔNICO, 1601, p.438).

Tais definições de matrimônio e casamento conotam, em suas entrelinhas, valores que direcionam a um comportamento mútuo de respeito e companheirismo por parte de seus componentes, marido e mulher. Essa visão posiciona o entendimento da Igreja em uma direção contrária ao individualismo que vem sendo idealizado pelos autores da abordagem sistêmica, reforçando a crise do casamento moderno, apresentada anteriormente. Além disso, reforça a necessidade de um ato maduro e consciente.

Segundo Oliver (2010), casamento é uma das principais instituições da sociedade, peça mestra para a sobrevivência e consolidação do sistema social. Para ele, trata-se de “uma realidade humana, universal, um ato social, um contrato social que, como tal, não implica que o amor seja uma das suas componentes”. (OLIVER, 2010, p.42). Tal afirmação nos remete aos casamentos estabelecidos, por exemplo, em outras religiões, em que a escolha dos cônjuges é feita pelas famílias, que firmam um contrato dessa união. Diante de tantas manifestações culturais distintas, a Igreja Católica estabeleceu suas diretrizes e regras, lutando principalmente contra a poligamia praticada pelos reis.

Hortal (2006) diz ser o direito matrimonial canônico uma tentativa de realização da justiça divina, na conduta social da Igreja, sendo mediada por um conjunto de normas que geram direitos e deveres aos que a ela aderem. O autor reforça, ainda, não se tratar de recomendações de conduta, mas de impor regras jurídicas, por sua vez, obrigatórias.

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as uniões ilegítimas, o que já fazia desde o século XVIII, quando os padres se encarregavam das desobrigas. Porém, as formalidades do casamento civil foram discutidas e aprovadas pela comissão constituinte em 2 de setembro de 1891. A partir daí, a Igreja foi apresentada em condições secundárias perante o Estado e a constituição da família. Cita-se, ainda, Ilmar Rohloff de Mattos que, estudando a formação do Estado imperial, enfatizou que seria por meio dos casamentos que se estabeleceriam sólidas e frutuosas relações entre as grandes famílias (Silva, 2003).

Oliver (2010) relata ter sido em meados do século XII que a Igreja incluiu o casamento entre os sacramentos. Ela tomou por base a teologia de Santo Agostinho que, contra alguns tipos de heresias, atribuiu três bens ao casamento: a fidelidade, a fecundidade e a dimensão sacramental. A Igreja impôs, então, a monogamia, o consentimento individual das duas partes e a indissolubilidade. Essas três diretrizes-guias são definidas e descritas em seus documentos, um deles é o Catecismo da Igreja Católica (1998), que expõe e define as diretrizes da fé no catolicismo. Nele, ela se opõe à poligamia ao afirmar que esta é incompatível com a unidade do matrimônio. Ao consentimento individual, diz que o matrimônio se assenta na vontade dos noivos de se darem mútua e definitivamente, com o propósito de viver uma aliança de amor com fidelidade e fecundidade. E, por fim, quanto à indissolubilidade, posiciona-se contrária ao divórcio.

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Se o matrimônio foi nulo, isso significa declarar em primeiro grau de jurisdição que o casamento não teve o valor jurídico, apesar das aparências, uma vez que nunca existiu de fato, por falta de algum requisito necessário para sua validade. A declaração de nulidade deixa as partes livres para contraírem um novo matrimônio com todos os carismas do sacramento (Scampini, 1999).

Porém, uma questão importante é verificada, a idade que o código canônico estabelece, 16 anos para o homem e 14 anos para a mulher, está associado à maturidade fisiológica necessária para que o matrimônio seja contraído validamente. Esse fato está atrelado à ideia de um desenvolvimento biológico necessário que habilite a vida matrimonial, em virtude da capacidade reprodutiva. Mas, além do desenvolvimento biológico, é preciso considerar o desenvolvimento psíquico da pessoa. Não é suficiente a idade mínima legal; é também necessária a maturidade para que o consentimento não seja viciado (Capparelli, 1999).

A Igreja define, ainda, as obrigações do casal perante seus filhos, na introdução deles na vida religiosa, mais um ponto que exige maturidade emocional. “O lar cristão é o lugar onde os filhos recebem o primeiro anúncio da fé” (Catecismo da Igreja Católica (1998), 1666, p.455). A Igreja menciona tais responsabilidade e define o lar como sendo uma “igreja doméstica”.

Oliver (2010) questiona se as regras definidas pela Igreja estão fixadas universalmente e de uma vez por todas. Ele continua sua apreciação, concordando que a crise atual do casamento nos convida a responder a essa questão, reforçando que a Igreja tem o poder de modificá-las uma vez que foi ela mesma quem as instituiu. A questão central é saber que regras poderiam ser modificadas sem alterar a ideia essencial sustentada pelo casamento.

2.7 Psicologia e Senso Religioso

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Psicologia, muito pelo contrário, ela encontra um plano de fundo em praticamente todas as abordagens e tendências existentes. Segue, por exemplo, bases do comportamentismo, do pensamento existencial, da fenomenologia, do positivismo, dentre outros. “Sem esquecer o que se passa dentro de cada indivíduo, o psicólogo social da religião, centra sua investigação na rede de interações afetivas e comportamentais que se estabelecem entre as pessoas e o ambiente psicocognitivo que molda sua identidade religiosa” (VALLE, 2009, p. 55). Para o psicólogo social, não há um objeto que pode ser definido como religioso em si mesmo. A análise nesse âmbito deve focar aspectos do cotidiano.

Ao compreender a formulação dos valores, tendo em vista uma densa atuação religiosa dos casais, corrobora com o desenvolvimento de novos estudos dentro da Psicologia, tanto no olhar da Psicologia e do Senso religioso, quanto nos estudos da abordagem sistêmica e da visão que essa linha de pesquisa se propõe a observar.

2.8 Psicologia da Religião

Com o crescimento do campo do estudo da Psicologia da Religião, muitas definições emergem da dificuldade de encontrar um conceito uniforme a todas as interpretações, a essência da ideia de multidisciplinaridade dificulta esse processo. Assim, para o termo religião, mais especificamente, é possível encontrar grande variedade. A seguir, algumas serão selecionadas para auxiliar no processo de construção do tema em estudo.

A palavra religião, segundo Freitas (1999), é derivada do latim religio, que

significa resolver no espírito, cuidar, tornar a sério, meditar, pudor e recolhimento, escrúpulo e delicadeza de consciência, cumprimento do dever para com as coisas e pessoas e culto dos deuses.

Alguns conceitos apresentam uma dimensão da religião como atitude, como é o caso de Pratt (apud Valle, 2009), que a considera como uma atitude social

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como uma resposta consciente que pode ser evidenciada como interesse, expectativa, sentimento, tendência à ação.

Para essa pesquisa, essa linha de conceito será utilizada para definir religião, uma vez que, por esses conceitos é possível compreender que a prática religiosa deve estar amparada em uma vontade ou disponibilidade consciente do indivíduo ou grupo, seja qual for a motivação que levou a ela. Assim, podemos pensar que a adesão a um movimento como o das Equipes de Nossa Senhora trata-se de uma ação consciente que remete a uma prática a partir de então. O que nos direciona à questão inicial dessa pesquisa, de compreender como a prática religiosa atua nas estruturas conjugais, sobretudo nos contextos atuais de ampla modernização.

2.9 Experiência Religiosa

Vergote (1975) afirma poder ser compreendido por experiência religiosa as experiências procedentes de um conhecimento intuitivo, estável e habitualmente acessível; as vivências, afetivas, que surpreendem o individuo, o interpelam e o transformam momentânea ou permanente; o conhecimento fruto de um contato pessoal; as iluminações místicas que se evidenciam de um processo e, por fim, as visões e revelações que se apresentam de forma privada.

Glock e Stark (apud Valle, 2009) abordam a ideia de tipos ou núcleos

experienciais, denominando-os núcleo experiência responsiva, evidenciado quando a pessoa percebe a presença e a relação com o divino; núcleo experiência de confirmação, a que se apresenta com mais frequência, gira em torno da presença generalista do sagrado e em uma consciência específica da presença de Deus; núcleo de êxtase, direcionado as experiências de comunhão; e por fim, núcleo da revelação, no qual a relação com Deus se dá em uma intimidade e a pessoa se relaciona com o divino, revelando seus desígnios e amor.

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estabelece uma crítica direta aos filósofos e teólogos. James considera, ainda, que a religiosidade deve ser vista a partir de seu componente emocional; assim, a santidade é colocada em conexão com variáveis psicológicas presentes nas emoções do convertido. Numa última análise, afirma ser obscura a perspectiva de uniformidade das experiências religiosas, se consideradas as diversidades culturais nas quais elas se concretizam.

Allport (1966), com sua visão mais ideográfica, é considerado um dos mais eminentes autores da Psicologia mundial do século XX, conhecido por procurar uma visão integral da personalidade. Ele dá voz à dimensão religiosa do comportamento. Suas principais contribuições estão na definição de religiosidade extrínseca, que “é estritamente de utilidade para o self enquanto lhe oferece garantia

de segurança, posição social, consolação e endosso do caminho de vida que a pessoa já escolheu” (Valle, 2009, p.94), e de religiosidade intrínseca, a qual ele definiu como uma experiência pessoal de “um valor supremo, de próprio direto, é um sentimento que flui da vida como um todo, com suas motivações e seus sentimentos” (Valle, 2009, p.94).

Ao se propor uma análise das estruturações conjugais a partir de uma vivência religiosa, a extensão na qual ela se configura pode apresentar uma linha de construção desse conhecimento. A classificação proposta de religiosidade extrínseca e intrínseca pode justificar as práticas e adesões individuais ou em casal dentro do movimento religioso.

O levantamento da literatura leva a alguns questionamentos norteadores para o desenvolvimento da pesquisa a que nos propomos, de forma que foi delimitado como objetivo geral do trabalho: conhecer como se estabelecem as estruturas conjugais de casais com atuação no movimento católico Equipes de Nossa Senhora.

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(i) Levantar informações junto aos documentos que estruturam o Movimento Equipe de Nossa Senhora a fim de caracterizar a unidade-caso.

(ii) Identificar aspectos motivadores na opção do casal em participar do movimento equipes de nossa senhora.

(iii) Descrever as estruturas conjugais, no contexto de modernidade, dos casais com atuação no movimento equipe de Nossa Senhora.

(iv) Analisar se a atuação religiosa no movimento católico voltado ao casal exerce influência no estabelecimento da dinâmica conjugal.

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa tem caráter qualitativo, uma vez que pretende aferir os sentidos que os participantes atribuem à sua atuação no movimento religioso Equipes de Nossa Senhora e como isso se apresenta na realidade conjugal. Além disso, a pesquisa qualitativa privilegia a informação interpretativa, que é construída num diálogo crítico com a realidade, incluindo o pesquisador como parte dele (Demo, 1998). A pesquisa visa, ainda, abordar o mundo, abarcá-lo, descrevê-lo e, às vezes, explicar fenômenos sociais de maneiras diferentes, sob a perspectiva da análise das experiências de indivíduos e grupos (Barbour, 2009).

Para Demo (1998), no método qualitativo é sempre necessário priorizar a realidade acima do método, a informação interpretativa em vez da informação que se pretende, entendendo que o dado não pode ser apenas levantado, e sim construído, num diálogo crítico com uma realidade em sua dinâmica, profundidade e complexidade.

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Quanto à tipologia da pesquisa, trata-se de uma pesquisa exploratória, a qual, segundo Gil (2010), tem como propósito maior familiaridade com o problema, buscando torná-lo mais explícito ou construir hipóteses. Esse tipo de pesquisa demanda um planejamento flexível, elucidando os mais variados aspectos relativo ao fato ou ao fenômeno em questão.

Para o delineamento da pesquisa, foi utilizado o procedimento técnico do estudo de caso, que “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento” (GIL, 2010, p. 37). Sua utilização é útil para diversos propósitos, tais como: explorar situações da vida real sem que seus limites estejam definidos de forma clara; preservar o caráter único e específico do objeto em estudo; descrever a situação do contexto como ele se apresenta na investigação; formular hipóteses ou desenvolver teorias; explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos (Gil, 2010).

Outro ponto relevante é que o estudo de caso não é realizado apenas com um participante, pode ser realizados com grupos, instituições, bairros e serviços, por exemplo (Gil, 2010). Essa possibilidade de estudar as características de uma população, a fim de descrevê-la como ela se apresenta, vai de encontro com os objetivos dessa pesquisa, daí a opção de utilizar esse método de pesquisa.

Para o acesso aos dados do estudo em questão, foi utilizado como instrumento um questionário com perguntas abertas, no intuito de conseguir maior liberdade de expressão do pesquisado. Para uma melhor caracterização da unidade-caso, foram realizadas buscas nos documentos institucionais.

3.1 Descrição da Instituição foco do Estudo

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de Nossa Senhora, segundo informações disponíveis no estatuto e em documentos do movimento, em sua maioria disponibilizados pela internet.

As Equipes de Nossa Senhora nasceram na França durante o ano de 1938, resultado da iniciativa de alguns casais que, acompanhados por um sacerdote, se encontravam mensalmente para, juntos, redescobrirem o sentido do matrimônio. A primeira reunião de equipe ocorreu em Paris. Segundo relatos no site do movimento, tais casais perceberam um proveito em sua vida conjugal que os incentivaram o convidar outros casais para participar da experiência.

Trata-se de um movimento com reconhecimento oficial do vaticano e guiado por um estatuto interno que prioriza a manutenção dos aspectos centrais que fundamentaram sua criação. Assim, tais documentos auxiliam uma homogeneidade das práticas e ações em nível mundial. O movimento também realiza encontros que proporcionam a troca de experiência dos casais a nível regional, nacional e internacional. Nessa direção, são realizados com frequência encontros que fomentam tal interação. Com abrangência regional, por exemplo, são realizadas missas mensais por região; focando a interação nacional, anualmente tem-se o encontro nacional das equipes de Nossa Senhora; e em nível internacional, de dois em dois anos é realizado o Encontro Internacional das ENS.

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O artigo 5º do estatuto qualifica a equipe como uma verdadeira comunidade eclesial, que constitui a célula básica do movimento como um todo. É, portanto, vocação específica das ENS, como movimento no seio da Igreja Católica Apostólica Romana, suscitar e animar pequenas comunidades de casais que procuram viver plenamente a vida cristã em seu lar e em sua família.

Ao serem constituídas, as equipes passam por um processo de formação iniciado com a experiência comunitária, momento dedicado à socialização dos casais que irão compor uma equipe. Durante esse período, os casais são acompanhados por um casal mais experiente, que deverá apresentar gradativamente a metodologia do movimento, bem como os aspectos essenciais que estruturam. Na sequência, o segundo ano da equipe é direcionada à pilotagem, atividade ainda acompanhada por um casal mais experiente e por um diretor espiritual, os quais conduzem a realização de tarefas preestabelecidas pelo órgão superior do movimento, ao qual denominam “super região Brasil”, e contidas em dez fascículos. Esse material é utilizado em todo o Brasil e por todas as equipes em processo de imersão ao movimento. Após um período de pilotagem e de iniciação, a equipe como tal compromete-se com o movimento que a aceita, ou ela decide deixá-lo.

As equipes são compostas por cinco a sete casais, e a cada ano elege, entre seus membros, um “casal responsável”. Durante sua existência será sempre assistida por um sacerdote, ao qual denominam “conselheiro espiritual”, que torna manifesto o vínculo com o sacerdócio e a comunhão com a Igreja. Dessa forma, a estrutura básica de uma equipe são cinco casais e um sacerdote. Para ingressar no movimento é necessário que o casal seja casado na Igreja Católica Apostólica Romana.

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Os membros das ENS comprometem-se, pessoalmente e em casal, a fazer um esforço sobre “pontos concretos”, exercícios direcionados ao dia a dia do casal que contribuem com o carisma proposto. Os pontos concretos de esforços são: regra de vida, que convida cada membro da equipe, individualmente, a identificar pontos comportamentais que precisam ser aprimorados; dever de sentar-se, um momento de verdadeiro diálogo conjugal cada mês, para, juntos, buscarem a vontade do Senhor; escuta da Palavra de Deus, leitura diária do evangelho; a meditação cotidiana, normalmente a partir da leitura bíblica realizada no dia, a oração conjugal, um momento no dia em que o casal reza junto e partilha eventos do dia e um retiro anual. Comprometem-se ainda, para atingir estes pontos, a ajudarem-se mutuamente em equipe e a participarem das atividades e da vida do Movimento.

Não há um tempo estipulado para a duração de uma equipe. A proposta inicial é que elas sejam núcleos instituídos para ter longevidade. Por exemplo, é comum que os padres que exercem a função de diretor espiritual, por serem missionários, sejam direcionados a uma outra cidade; nesse caso, a equipe convida um outro sacerdote para compor o grupo. Se o mesmo acontecer com um dos casais, este casal poderá ser direcionado a outra equipe na cidade onde irá residir e sua equipe original recebe um novo casal em sua constituição, o critério é manter entre 5 e 7 casais e um diretor espiritual. Essa metodologia reforça a possibilidade de maior duração desses núcleos.

3.2 Participantes colaboradores da pesquisa

Tendo em vista que o propósito da amostragem da pesquisa qualitativa é refletir a diversidade dentro da população em estudo (Barbour, 2009), o ideal é a definição da quantidade da amostra pela qualidade que se espera obter com as informações necessárias ao estudo.

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Quadro 1. Região Centro-Oeste2

Região: 0337 - CENTRO-OESTE 2

CÓDIGO SETOR EQUIPE DIS CASAL DIS VIÚVA DIS VIÚVO DIS SCE DIS AET DIS 033701-CENTRO-OESTE 2-A 1 15 0 101 0 1 0 0 0 5 0 6 0 033702-CENTRO-OESTE 2-B 1 14 0 97 0 1 0 0 0 6 0 6 0 033703-CENTRO-OESTE 2-C 1 10 0 76 0 2 0 0 0 6 0 1 0 033704-CENTRO-OESTE 2-D 1 8 0 55 0 3 0 0 0 3 0 4 0 033705-CENTRO-OESTE 2-E 1 13 0 91 0 0 0 0 0 6 0 4 0 033706-CENTRO-OESTE-F 1 11 0 67 0 0 0 0 0 3 0 6 0 033707-LUZIANIA 1 7 0 46 0 0 0 0 0 1 0 4 0 033708-CENTRO-OESTE 2-G 1 11 0 81 0 2 0 0 0 1 0 8 0 033709-CENTRO-OESTE 2-H 1 8 0 51 0 2 0 0 0 2 0 6 0 TOTAL NA REGIÃO=> 9 97 0 665 0 11 0 0 0 33 0 45 0

97 665 11 0 33 45

676 78

Para garantir maior fidelidade ao objetivo do estudo, os casais convidados tinham no mínimo 3 anos de atuação nas equipes de nossa senhora, por entender-se que, pela metodologia utilizada por eles, esentender-se tempo dá consistência de vivência que auxiliará as análises. Um segundo critério foi que esposo e esposa exerçam uma atividade profissional e que preferencialmente tenham filhos, essa definição se compromete com o objetivo de averiguar aspectos contemporâneos levantados no referencial teórico. Esses foram os critérios de inclusão para os participantes nesta pesquisa.

Foram convidados e enviados doze questionários aos casais para participação da pesquisa. Destes, oito instrumentos foram devolvidos completamente respondidos, tendo esse grupo assinado o termo de consentimento livre esclarecido.

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3.3 Instrumento

Para acessar as informações pertinentes ao estudo, foi utilizado como instrumento de coleta um questionário, seguindo suas particularidades, apresentadas a seguir.

O questionário é um instrumento de pesquisa construído em ordens de perguntas a serem respondidas por escrito sem a presença do pesquisador, devendo portanto ser enviado com uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas por parte dos participantes da pesquisa (Marconi & Lakatos, 2007).

As principais vantagens na utilização do questionário como instrumento, segundo Marconi e Lakatos (2007), são: economia de tempo na obtenção dos dados; alcance de maior número de pessoas simultaneamente; abrangência de uma maior área demográfica; economia de pessoal para a pesquisa de campo; obtenção de respostas de forma mais rápida e precisa; maior liberdade ao pesquisado em suas respostas; maior segurança, pelo fato de as respostas não serem identificadas; diminuição do risco de distorção, uma vez que não há influência do pesquisador; mais tempo para que o pesquisado possa responder, de acordo com sua disponibilidade; maior uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento; obtenção de respostas que, de outras maneiras, seriam inacessíveis.

Para a elaboração do questionário, o pesquisador deve dominar o tema para que seja capaz de estruturar sua ordem, de forma que os assuntos objetivados sejam extraídos. Em sua organização, deve levar em conta os tipos, a ordem, os grupos de perguntas e sua formulação. Por isso, trata-se de um processo longo e complexo, que exige cuidado na seleção das questões para que se consiga obter informações pertinentes à pesquisa (Marconi & Lakatos, 2007).

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20 e 30 perguntas e demore cerca de 30 minutos para ser respondido. Entretanto, os autores reforçam que este número pode variar de acordo com as particularidades e especificidades da pesquisa.

Também o aspecto estético tem que ser observado. Tamanho, facilidade de manipulação, espaço suficiente para as respostas e disposição dos itens, de forma a facilitar a computação dos dados.

Ao se utilizar o questionário como instrumento de pesquisa, é importante planejar o pré-teste para validar o instrumento a ser utilizado. Identificadas as falhas como inconsistência ou complexidade das questões, ambiguidade ou linguagem incompreensível, perguntas desnecessárias ou que causem embaraço ao informante e quantidade ideal de questões, o pesquisador deverá realizar os ajustes e finalizar o instrumento final. Se houver necessidade, o pré-teste poderá ser aplicado mais de uma vez (Marconi & Lakatos, 2007).

3.4 Procedimentos

Quanto ao procedimento, para a condução da pesquisa, buscando-se maior neutralidade do pesquisador em relação ao estudo e evitando-se contaminações na análise dos dados, além do pesquisador em foco, mais uma pessoa, denominada colaboradora, auxiliou na análise dos dados coletados.

Os casais convidados foram indicados pelo casal responsável pela região centro 2. O convite foi feito via contato telefônico com breve explicação dos objetivos da pesquisa, após consentimento do casal, foi enviado, via endereço eletrônico o questionário. No final do prazo de 7 dias, a pesquisadora entrou em contato para assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e para devolução do questionário.

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procurou-se chegar a um consenso acerca da categoria mais pertinente ao sentido dado pelo participante. Tais medidas visaram a uma análise o mais próxima possível da realidade narrada por eles.

3.4.1 Questionário

O questionário foi antecedido por uma carta com explicações sobre a pesquisa e sobre seu objetivo, a fim de prestar maiores esclarecimentos ao participante e motivar sua expressão de informações de forma significativa e efetiva para o estudo.

O questionário foi enviado via endereço eletrônico, após contato telefônico. O casal participante da pesquisa teve uma semana, a contar do dia do envio, para entregar suas respostas. Não foi estabelecido tempo mínimo ou máximo para a resposta das questões. Houve apenas a exigência de que o instrumento fosse respondido por inteiro, sem interrupções. Sendo, para tanto, necessário a dedicação de um tempo do casal para essa atividade, sem conciliação de outras atividades paralelas, por ser o questionário composto por questões abertas com exigência de reflexão para respondê-las.

A devolução foi realizada pelo casal direto ao pesquisador responsável, que recolheu o questionário em envelope lacrado na residência do casal. Para o retorno das informações não foi necessário a identificação nominal do respondente, buscando-se assim maior sigilo dos dados coletados.

Assim que todos os instrumentos foram devolvidos, o pesquisador responsável os encaminhou para a colaboradora. Ambas, simultaneamente, iniciaram a leitura cega e apontaram as zonas de sentido.

3.5 Análise das Informações

Para Gil (2010, p.122), “a análise e interpretação é um processo que nos estudos de caso se dá simultaneamente à sua coleta”. Dessa forma, a análise já é iniciada durante a caracterização da instituição em seus dados documentais.

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do objetivo inicialmente proposto, o de conhecer como se estabelecem as estruturas conjugais de casais com atuação no movimento católico Equipes de Nossa Senhora.

As categorias de sentido foram estabelecidas considerando a forma como os entrevistados dão sentido à realidade que vivem, as quais explicitaram nas respostas dadas no questionário.

3.6 Procedimentos da Ética de Pesquisa

Estabelecendo maior sintonia com as diretrizes e normas do Conselho Nacional de Saúde, através da resolução 196/96, para pesquisas que envolvem seres humanos, o presente projeto de pesquisa foi analisado pelo Comitê de Ética da Universidade Católica de Brasília.

Sua aprovação deu-se pela apresentação devida do termo de consentimento livre e esclarecido, que foi assinado por todos os participantes da pesquisa, garantindo, assim, um dos quatro pilares bioéticos abordados na resolução, que é de que os sujeitos pesquisados tenham autonomia. O Conselho Nacional de Saúde define o presente termo como sendo um documento que registrará a anuência do sujeito após explicitação completa da natureza da pesquisa.

No processo de solicitação para aprovação do comitê de ética para o projeto dessa pesquisa, constava, ainda, documentos em que foram registradas as responsabilidades dos pesquisadores envolvidos, tanto do principal quanto do orientador, bem como da instituição de ensino à qual o projeto de pesquisa está sendo apresentado. Para complementar, foram apresentados ao comitê de ética, cronograma, orçamento e declaração de publicar os dados da pesquisa.

Tais cuidados contribuíram para que a pesquisa estabelecesse uma ponderação entre riscos e benefícios, garantindo sua beneficência; garantindo que os danos que podem ser previstos sejam evitados, a não maleficência e que a pesquisa tivesse relevância social, visando à justiça e à equidade (Resolução 196/96).

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desenvolvimento desta pesquisa. A aprovação deu-se pelo processo de número 092/2011, em anexo.

4. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES 4.1 Caracterização dos participantes

Para uma melhor compreensão dos dados coletados e formulação da discussão, a seguir serão apresentadas algumas informações que caracterizam os participantes desta pesquisa.

É possível perceber uma diversidade em relação à idade de cada um. Elas variam de 29 a 57 anos de idade, entre o participante mais novo e o mais velho, sendo que a maioria está na faixa etária entre 51 e 57 anos, como representado no gráfico 1 abaixo.

Gráfico 1 Faixa Etária

Em decorrência da faixa etária apresentada, o tempo de matrimônio segue na mesma proporção, variando entre 4 e 29 anos, estando a maior concentração dos casais com a média de 26 anos de casados.

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Gráfico 2 Faixa Etária dos Filhos

Quanto ao tempo de participação no movimento das Equipes de Nossa Senhora, os casais variam entre 3 e 22 anos, entre o que participa há mais tempo e o que participa há menos tempo, estando concentrados como dispõe o gráfico 3 seguinte.

Gráfico 3 Tempo de Participação nas ENS

Em se tratando das profissões exercidas pelos casais, a diversidade apresentada foi maior. No grupo, existem três professores, uma bancária, um coordenador administrativo, um mecanográfico, um médico veterinário, uma dentista, um técnico agrícola, uma economiária, uma aposentada no serviço público, um servidor público em exercício, uma administradora, um economista, uma advogada e um policial militar.

Imagem

Gráfico 1  –  Faixa Etária
Gráfico 3  –  Tempo de Participação nas ENS
Tabela 10: Valores Familiares

Referências

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