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2.3 A OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS

2.3.10 Categorias de outorgas

A legislação federal aborda a previsão de três categorias de outorga, quais sejam: a outorga preventiva, a outorga de direito de uso e a declaração de reserva de disponibilidade hídrica, que serão abaixo especificadas. A figura abaixo apresenta as categorias de outorga.

Figura 04 - Categorias de Outorgas

Fonte: Elaboração própria (2017)

2.3.10.1 Outorga preventiva de uso de recursos hídricos

A Lei Federal nº 9.984/2000 em seu artigo 6º prevê a emissão de outorgas preventivas e tem a finalidade de reservar a vazão possível de outorga, proporcionando um planejamento por parte dos futuros empreendimentos que necessitarão desses recursos.

A outorga preventiva, também designada de outorga prévia ou manifestação prévia torna-se um importante instrumento que pode preceder o ato de obtenção de outorga de direito de uso de recursos hídricos e possui também, intrínseca ligação com os procedimentos de licenciamento ambiental (Resolução do CNRH nº 65, de 7 de dezembro de 2006), conforme (ANA, 2013).

De acordo com o mencionado nos §§1º e 2º do referido artigo 6º, a outorga preventiva não confere o direito de uso de recursos hídricos. O prazo de validade é fixado levando em consideração a complexidade do planejamento do empreendimento, com limite máximo de três anos.

Neste sentido, findo o prazo acima, considerar-se-á o disposto nos art. 5º, I e II da lei nº 9.984/2000, in verbis:

Art. 5º Nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União, serão respeitados os seguintes limites de prazos, contados da data de publicação dos respectivos atos administrativos de autorização:

I- até dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga;

II- até seis anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado.

Frise-se que a referida outorga pode ser convertida em outorga de direito de uso da água, mediante requerimento do outorgado, após análise posterior a ser realizada pela ANA, com observância de critérios técnicos complementares.

A obtenção de outorga preventiva obedecerá ao mesmo fluxo processual, análise documental e técnica referente à obtenção de outorga de direito de uso de recursos hídricos. As informações pertinentes encontram-se disponíveis na internet na página eletrônica da ANA (http://www.ana.gov.br/outorga).

Acrescente-se ainda, que o requerimento da outorga preventiva e a posterior obtenção da “declaração de disponibilidade de água” não confere direito adquirido pertinente à obtenção da outorga de direito de uso do recurso hídrico, uma vez que se deve obediência às prioridades de uso estipuladas no Plano de Recursos Hídricos, conforme assevera o art. 6º da Lei nº 9.984/2000, combinado com o art. 13 da Lei nº 9. 433/97.

2.3.10.2 Outorga de direito de uso de recursos hídricos

A outorga de direito de uso de recursos hídricos, contrapondo-se à categoria anterior, confere ao seu titular o direito de uso de recursos hídricos. Assim, o art. 18 da Lei nº 9.433/1997 assevera que a outorga não confere uma alienação parcial das águas, pois esta se caracteriza por ser inalienável, mas o simples direito de seu uso.

Insta aduzir que a outorga de direito de uso de recursos hídricos tem prazo de validade determinada, nos termos da Lei nº 9.433/1997. Assim, a lei prevê a validade máxima de 35 (trinta e cinco) anos, ainda que possa haver renovação, suspensão, revogação e até a sua transferência para terceiros, segundo (ANA, 2013).

Conforme Resolução da ANA nº 1041/2013, o prazo de validade das outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União é de: 10 anos para irrigação de lavouras de até 2.000 ha; Unidades Industriais e afins com vazão de captação máxima

instantânea de até 1m³/s; Aquicultura e dessedentação de animal; Extração de areia em leito de rio e outras atividades minerárias e outras finalidades não mencionadas acima; 20 anos: para irrigação de lavouras superiores a 2000 há; Unidades Industriais e afins com vazão de captação máxima instantânea superiores 1m³/s.

Ressalte-se que para as finalidades ou interferências relacionadas a barragens de regularização de vazões ou de aproveitamento hidrelétrico sem concessão ou ato administrativo de autorização e outras obras hidráulicas que necessitem de outorga; bem como, abastecimento público e esgotamento sanitário operados por prestadores de serviços que independem de concessão ou ato administrativo de autorização, o prazo de validade das outorgas será de 35 (trinta e cinco) anos, (ANA,2013).

Ademais, as concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia elétrica terão o prazo de validade de outorga coincidente com a vigência dos respectivos contratos de concessão e atos administrativos de autorização. Como também, o prazo de validade das outorgas para abastecimento público e esgotamento sanitário em casos não previstos acima será de 10 (dez) anos, (ANA, 2013).

2.3.10.3 Declaração de reserva de disponibilidade hídrica

A Lei nº 9.984/2000 no art. 7º estabelece a obrigatoriedade de prévia obtenção de declaração de reserva de disponibilidade hídrica (DRDH), antes da licitação ou autorização de uso de potencial de energia hidráulica em corpo de água da União. Neste aspecto, esta categoria de outorga não confere direito de uso de recursos hídricos, uma vez que possui o único propósito de reservar a quantidade de água necessária à viabilidade do empreendimento hidrelétrico (ANA, 2013).

A Resolução do CNRH nº 37/2004 apresenta o conceito de declaração de reserva hídrica como sendo um ato administrativo a ser requerido para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia hidráulica, nos termos previstos no art. 7º da Lei nº 9.984/2000. Destarte, tal solicitação, conforme já mencionado, tem a finalidade de garantir a disponibilidade hídrica requerida para aproveitamento hidrelétrico, com potência superior a 1MW, para licitar a concessão ou autorizar o uso do potencial de energia hidráulica em corpo hídrico de domínio da União, dos Estados ou do Distrito Federal.

Assim, concernente a tal aspecto, aproxima-se da outorga preventiva, podendo ser concedida pelo prazo de até três anos, renovada por igual período, a critério da ANA, mediante solicitação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Conforme disposições legais, a Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica - DRDH deverá ser convertida em outorga de direito de uso, em nome de quem se encontra autorizado a utilizar o potencial de energia hidráulica mediante concessão ou autorização pela ANEEL e desde que cumprida os demais requisitos previstos em lei (arts. 7º e 26 da Lei nº 9.984/2000; art. 23 do Decreto nº 3.692/2000 e art. 9º da Resolução CNRH nº 37/2004).

Destarte, em corpos hídricos de domínio da União, a emissão da DRDH e sua posterior conversão em outorga compete à ANA, em conformidade com o estabelecido nas Resoluções ANA nº 131/2003 e nº 463/2012.

A ANA elaborou o Manual de Estudos de Disponibilidade Hídrica para Aproveitamentos Hidrelétricos. O referido manual faz alusão aos procedimentos técnicos para a solicitação da Declaração de Disponibilidade Hídrica.