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53 Florianópolis :

II. 2.5 Causas da depredação

A destruição do nosso patrimônio histórico, ar tis uico, cu j. tur Si e paisagístico r emon u a a mui xo s an os, c o mo j a fizemos referência, na presente dissertação. Corrobora esta asser tiva a atitude tomada por D. André de T.Celo e Castro, já em 1742, insurgindo-se contra a provável .destruição do Palácio das Duas Torres em carta endereçada ao governador de Pernambuco, aa qualci támos alguns trechos, na letra b, item

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., deste capítulo. .

Daquela época até nossos dias muito se tem de_s truído e muito se perdeu do'nosso acervo cultural.

As causas da depredação são várias. A urbaniz_a ção crescente do nosso país escasseou as áreas livres nas eidjt des, fazendo com que cada pedaço de terreno adquira valor imenso, o s m pi'

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em ascensa.o . Assim, sendo , as empresas construtoras v o I ti a m se para as construções antigas, logo substituídas por prédios mo

d e m o s . Os p r o p r i e t á r i o s .dos antigos prédios não resistem à espe culação imobiliária.

. U m outro fator influente ê a " noção ingênua" de progresso e modernidade que possuem muitas vezes certas a.utorida des. Em se tratando de cultura e automóvel, dão prioridade a. es té último, não hesitando em destruir um monumento histórico para construir uma larga avenida. Hão queremos com isto dizer que as cidades devam, permanecer imutáveis, mas que sejam elaborados, pjs las autoridades, planos de expansão mais inteligentes para as mes mas. ílão vamos destruir tudo que nos dificulte o caminho para ter mais facilidade na execução do trabalho, .desumanizando, ' desfigu rando muitas vezes uma paisagem. Vamos pensar um pouco mais, p r£

jetar melhor a fim de conciliar progresso e cultura.

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" modernismo " esta tão arraigado em nosso país que " quando Ouro Preto foi tombada, em 1958, 3.500 moradores pro testaram, pedindo a revogação do decreto que impedia a moderniza cão da cidade (8l)m

M a noel Diegues, sociólogo, diretor do Perjartameri to de Assuntos Culturais do Ministério da Educação,explicando os motivos da destruição do nosso acervo histórico, cultural e pai sagístico diz

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acelerado processo brasileiro de industrializa ção, a vertiginosa concentração urbana, a especulação imobiliária, explicam, em grande parte, a destruição da paisagem urbana brasi­ leira. Outro fator importante foi a substituição da influência eu ropeia pela americana. Isto significou um processo de moderniza,

ção a qualquer preço, a supervalorização do conforto. Esse modelo agiu sobre o Brasil, " tradicional ", que passou a sentir vergo, *nha do " velho. ", a desejar imitar as grandes cidades, mesmo em seus aspectos mais negativos. A poluição virou símbolo de sta tu s " (

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).

A inescrupulosidade e. irresponsabilidade das pes soas a quem estão confiadas este acervo cultural também é muito grande.

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povo não está suficientemente conscientizado para dar valor ao passado.

(81) 0 turismo em socorro do patrimônio. Jornal do Brasil, Pio de Janeiro, 15/06/73.

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Po r outro lado, existem também fatores ligados â carência, de meios necessários à tarefa de preservação. Eles se

traduzem na órbita governamental, pela, insuficiência, de recursos financeiros e humanos. 0 IPHAIT luta. com falta de verbas e de pes, soai técnico especializado. .

l'To setor privado,as dioceses e associações reli giosas, pela. inexistência de condições técnicas e financeiras para.' preservar o acervo de sua propriedade,chegam algumas vezes ao to tal desinteresse, o mesmo acontecendo com os demais proprietários particulares.

Junte-se a tudo isto a fiscalização falha, e ina dequada. para o cumprimento de nossa legislação, bem como a in fluência de grupos políticos e econômicos, quando estão em jogo os interesses de grandes proprietários.

Ba termos de patrimônio cultural coisas pitorejs cas acontecem, como a troca de duas valiosas cômodas de uma. igre ja por üm Volksv;agem e mais 30 mil cruzeiros em Sabará. Sem pre cisar ir longe, aqui em nosso Estado, o processamento judicial de um pesquisador, por ter denunciado a depredação dos sambaquis (

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);

Portanto, a. lei existe, mas não se faz cumprir com eficácia. 0 Estado tem que enfrentar sérios problemas quando resolve, em benefício da cultura nacional, preservar o nosso pa trimônio histórico, artístico, cultural e paisagístico.

Poderíamos confirmar esta assertiva, trazendo muitos exemplos práticos que ocorreram e ocorrem no Brasil, mas co mo isto não comportaria os limites deste trabalho, analisaremos xdois casos específicos de Santa Catarina.

(

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) 0 turismo em socorro do patrimônio. Jornal do 3 r a s i l f Rio de Janeiro, 15/06/73.

CAPÏTULO III

O CASO DE SlO MIGUEI

H l. 1 - Síntese Histórica

Localizada no litoral catarinense, fronteiro à Ilha de Santa Catarina, ergue-se a vila de São M i g u e l . ■

" Capela por Provisão de 9 de agosto de 1747, pouco depois viu-s_e o povoamento crescer com a introdução de nume rosos povoadores açorianos que se estabeleceram em torno, elevan

do-se à freguesia, em 1752 " (84),

Estes açorianos vindos a São Miguel eram alguns dos casais que, no grande ciclo de povoamento do Brasil - Meridio nal, vinham das Ilhas da I,ladeira e dos Açores, com a finalidade de firmar a Portugal o direito de posse sobre esta porção do ter 'ritório brasileiro.

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primeiro passo para este deslocamento de ca sais portugueses às nossas terras foi a Resolução R é g i a de

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de agosto de 1745 pela qual, D. João Y determinou a expedição de edi tais inicialmente nas Ilhas dos Açores e depois nas Ilhas da Ma deira, abrindo inscrições aos que desejassem imigrar para o Brja sil.

Segundo Walter Fernando Piazza, o primeiro na vio transportando casais chegou ao Brasil em 1748. Logo após ou tros se seguiram, tendo a população de Santa Catarina duplicado com a imigração açoriana.

(84)' CABRAL, Oswaldo Rodrigues. História de Santa Catarina. EdjL tora Laudes S.A., Rio de Janeiro, 1 970. p. 119

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