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4.1 Fluxos Reversos de Pós-Consumo

4.1.3 CDRs de Pós-Consumo de Bens Duráveis e Semiduráveis

Um bem durável, ou semidurável, é formado por vários materiais e componentes que tem diferentes ciclos de vida. Ao fim deste ciclo de vida poderá existir a substituição,

Figura 4.6: Canais reversos de ciclo fechado

Óleos lubrificantes usados

Baterias descartadas Embalagens de metais descartadas Embalagens plásticas Novos óleos Novas baterias Novas embalagens Outros produtos Novas embalagens Eliminação d impurezas Adição de aditivos Extração de plástico Extração de chumbo/metais Eliminação de impurezas Adição de aditivos Eliminação de impurezas Extração de ligas metálicas

Eliminação de impurezas Extração de polímeros Operação reversa Tipo de bem de pós-consumo Reintegração ao ciclo produtivo

Fonte: Adaptado de Tadeuet al. (2012, P. 36)

dando origem a fluxos em canais reversos próprios. Dependendo do grau de reutilização o destino do bem pode variar do retorno ao ciclo produtivo ao mercado de produtos de segunda mão. Por conta da enorme variedade características destes canais reversos, faz-se necessário o estudo dos CDRs de Pós-Consumo separadamente.

A figura abaixo, de Leite (2009) ilustra os fluxos dos produtos descartados ao fim da vida útil terminada o fluxo dos seus componentes individuais, bem como as possibilidades de revalorização.

Vários são os fatores que levam os bens duráveis e semiduráveis a serem dispo- nibilizados para a cadeia reversa de pós-consumo. Leite (2009) cita algumas destes fatores, Tadeu et al. (2012) cita outros. Abaixo segue uma lista compilada de explicada de todas as possibilidades.

• Fim da vida útil: Pode ser em função da fadiga, obsolescência de natureza tecnológica ou de desempenho;

• Fim de estação: Modernização de modelo, moda, ou simplesmente pelo status adquirido com o novo bem;

• Acidente: Acontecimento que afetam o bem de alguma forma em virtude de operações de transporte (destinação, redestinação, transbordo, etc.) e distribuição. Ou ainda acidente com o próprio bem (no caso dos automóveis);

• Leilões, concorrência ou venda direta: Ferramentas usadas pelas empresas industriais e comerciais para disponibilizar os bens duráveis e semiduráveis de seus ativos fixos ou insumos de seu próprio uso.

Figura 4.7: Canais reversos dos bens duráveis

Fabricante de matérias-primas Fabricação dos bens duráveis

Mercado primário Bens de pós-consumo Mercado de bens

de segunda mão

Bens duráveis descartados Bens de pós-venda Componentes substituídos

Em condição de reutilização Sem condição de reutilização Processadores de sucata (sucata de obsolescência) Desmanche (linha de montagem reversa)

Remanufatura do bem

Materiais residuais comerciais

Indústria de reciclagem Disposição final Mercado de componentes de segunda mão Resíduos Componentes íntegros Remanufatura Mercado de reciclados Mercado secundário

Fonte: Adaptado de Leite (2009, P. 58)

• Coleta seletiva: Recolhimento dos resíduos que passarão por seleção com a finalidade de aproveitamento de materiais recicláveis;

• Coleta informal: Pessoas físicas (carroceiros ou catadores) ou associações que recolhem de porta em porta; e

• Reverse take back: Sistema reverso organizado é a coleta previamente acordada entre a empresa que disponibiliza e a instituição que tem interesse no bem ou em suas partes.

Leite (2009) afirma que o desembaraço dos bens desta categoria tem sido dificul- tado nas grandes metrópoles, devido ao maior controle com lixões e a saturação dos aterros sanitários. Por outra lado, essa dificuldade, aliada a crescente transferência de responsabilidade para os produtores tem incentivado a criação e organização de redes reversas.

4.1.3.1 CDRs de Reúso

Os bens duráveis e semiduráveis, que tem um tempo maior de vida, podem apresen- tar condição de uso, após o descarte pelo seu primeiro possuidor, e ser comercializados várias vezes no mercado de segunda mão até chegar ao fim efetivo de sua vida útil. Esta atividade esta inclusa nos canais reversos de reúso que foram definidos pelo CLM (1993, p.3 apud Leite, 2009) como aqueles que um produto de pós-consumo ou seu componente tem uma extensão do uso com a mesma função original, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura.

Leite (2009, p.58) traça o fluxo de captação do canal de distribuição reverso de reúso.

Existindo condições e interesse de uso integral do bem, nos diversos mo- dos de disponibilização examinados, ele será coletado nessas fontes e encami- nhado ao mercado de segunda mão, como forma de revalorização. A fase de aquisição do bem de pós-consumo durável é realizada normalmente por comer- ciantes estabelecidos, empresários de remanufatura, especializados por tipo de bem, ou seja, automóveis, computadores, máquinas operatrizes, etc., ou por intermediários negociadores de lotes que arrematam a totalidade de bens em empresas para posterior negociação.

Tadeu et al. (2012) destaca que para que exista o canal reverso de reúso é necessário que o bem de pós-consumo ainda tenha condições de uso e que a cadeia tenha a estrutura necessária para realizar a coleta, seleção e revalorização, encaminhando assim o bem para o mercado de bens de segunda mão.

4.1.3.2 CDRs de Remanufatura

Após o término efetivo da vida útil, os bens tem 3 principais caminhos. Os dois sistemas de canais reversos de valorização são os canais reversos de remanufatura e o de reci- clagem. Exploraremos especificamente o de remanufatura neste momento.

A ABNT (2005 apud Leite, 2009) define peça remanufaturada como a peça ou com- ponente de produção original já usada, submetida a um novo processo industrial pelo próprio fabricante original, ou algum estabelecimento autorizado por este fabricante, para o estabeleci- mento de funções e requisitos técnicos originais.

Segundo Leite (2009), por se tratar de uma atividade de recuperação imediatamente subsequente à recuperação do produto de pós-consumo, a remanufatura tem a característica de conservar não só os materiais constituintes do produto, mas também parte do valor adicionado no processo de fabricação original. Ou seja, os principais constituintes do produto, quando ainda é possível a sua reutilização, são reaproveitados, resultado em economias empresariais consideráveis e ganhos na extração de recursos.

Leite (2009) lista como players do canal reverso de remanufatura empresas industri- ais, comerciais e de serviços que operacionalizam ações para viabilizar o retorno dos produtos ou componentes duráveis de pós-consumo, denominados ’cores’ ou ’carcaças’, e recapturar o valor de alguma forma.

Leite (2009, p.59) descreve o fluxo do canal de remanufatura.

[. . . ]os agentes do reverse supply chain devem coletar os produtos duráveis de pós-consumo, classificá-los, segregá-los e transportá-los aos diferentes lo- cais de processamento da remanufatura, onde serão limpos, desmanchados e submetidos a testes nos seus componentes para seu eventual reaproveitamento, sendo um novo produto montado e distribuído para venda.

Segundo Leite (2009) essa atividade de remanufatura pode ser desenvolvida por empresas fabricantes originais dos produtos, chamadas de OEM (Original Equipment Manu- facturer), por empresas especializadas terceirizadas da OEM e empresas de remanufatura in-

dependentes. Estas empresas podem concorrer ou trabalhar juntas, cooperando nos diferentes segmentos do mercado e nas diferentes fases do canal reverso, desde a captação até a sua redis- tribuição ao mercado de produtos remanufaturados.

Embora, na maioria das vezes, seus valores sejam estimados e ainda pouco docu- mentados, sabe-se que o mercado secundário de bens remanufaturados representa uma parcela significativa no valor total da economia reversa nas sociedades atuais. Leite (2009) afirma que embora este canal reverso possa apresentar enormes possibilidades de economia de recursos e aumento de produtividade, ele ainda é subutilizado pelas empresas fabricantes originais. Entre as razões para a pouca exploração deste mercado estão a falta de conhecimento do potencial, de seus benefícios e desafios envolvidos.

4.1.3.3 CDRs de Reciclagem

Após falar sobre o canal de remanufatura, exploraremos a segunda possibilidade de fluxo para os bens que tem sua vida útil extinta, que é o canal de distribuição reverso de reciclagem de bens duráveis.

Quando os dois canais anteriores, de reúso e de remanufatura, não podem mais ser utilizados, o canal de reciclagem é uma opção. Tadeu et al. (2012) afirma que ele se inicia quando se encerra o ciclo de revalorização de reúso do bem de pós-consumo, ou seja a reciclagem é viável após a reutilização desse produto até esgotar-se a possibilidade de nova utilização.

Leite (2009, p.62) descreve com mais detalhes o fluxo, acima pincelado por Tadeu et al.(2012).

Encerrado o ciclo de revalorização de reúso do bem, ou seja, após ele ter sido reutilizado algumas vezes e por não apresentar condições de utilidade por diversas razões, será disponibilizado e coletado como um bem em ’fim de vida’, sendo destinado ao processamento de sucata ou ao desmanche, onde será desmontado e serão extraídos seus materiais constituintes e outros resíduos.

Uma vez comentado sobre o CDR de reciclagem e quando ele é usado, faz-se ne- cessário entender um pouco mais sobre a própria reciclagem. Nani (2007, p.11) afirma que "a segregação de resíduo reciclável é um processo industrial que converte o resíduos ou sucata, em matéria-prima secundária, em produto semelhante ao inicial ou outro". Simplificando, recicla- gem é reaproveitar materiais e beneficialos, para que sirvam como matéria-prima para um novo produto. Como o próprio nome sugere recycle significa = re repetir + cycle de ciclo.

Nani (2007) destaca que o ato de reciclar economiza energia, pouca recursos natu- rais traz de volta ao ciclo produtivo o que era jogado fora.

Um dos fatores que explicam a nossa falta de hábito em reciclar é a cultura e falta de informação. Nani (2007) afirma que para comprender a reciclagem é importante rever o conceito que temos de resíduo, deixando de enxergá-lo como desejo, sujo e totalmente inútil. O resíduo é uma fonte de riqueza. As indústrias de reciclagem podem produzir papéis, folhas de

amolínio, lâminas de borracha, fibras, energia gerada por combustão e etc.

Falando mais sobre o processo de reciclagem, Nani (2007) alerta que a segregação do resíduo reciclável difere da reutilização, pois exige um esforço maior no processamento, excedendo a simples triagem e limpeza do material. Para fins educativos e artísticos, alguns processos de reciclagem podem ser feitos de maneira artesanal. Já a reciclagem em grandes quantidades é normalmente realizada em instalações industriais, onde para cada tipo de mate- rial existem processos tecnológicos específicos. As fases de coleta, distribuição e triagem ou sepração procedem o processo de reciclagem propriamente dito.

Grippi (2006) afirma que a reciclagem não pode ser vista como a principal solução para o lixo. É uma atividade econômica que deve ser encarada como um conjunto de soluções ambientais. Mesmo assim, são muitos os benfícios desta atividade, Grippi (2006) cita:

• Diminuição da quantidade de lixo a ser desnecessariamente aterrado; • Preservação dos recursos naturais;

• Diminuição da poluição ambiental; e • Geração de empregos, diretos e indiretos.

Nani (2007) afirma que estes benefícios são de dificil identificação pela população em geral. Não é tão fácil compreender por que a reciclagem de um determinado material reduz o consumo de matéria-prima nova, energia e quantidade de rsíduos depositados no ambinte.

Ainda segundo Nani (2007), de certa forma, a reciclagem ofuscou as duas ações que deveriam precedê-la como esforços para a preservação ambiental, que são a rdução do consumo e a reutilização de materiais.

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