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2. O CENÁRIO

2.2. O cenário de ação

A Escola é uma instituição que, desde sempre, desempenhou um papel de extrema importância na evolução das sociedades. Com efeito, é nela e através dela que crescem e se formam, em cada época, as novas gerações. No seu duplo papel de educar e transmitir conhecimento, a escola confere ao professor, de hoje, uma responsabilidade acrescida na formação do cidadão. Como afirma Souza (citado por Carvalho, 2006, p. 6), “(…) Constitui uma instituição de primeira linha na constituição de valores que indicam os rumos pelos quais a sociedade trilhará o seu futuro”.

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Segundo Batista (2014, p. 24), as escolas cooperantes, enquanto espaços socializantes para a profissão, emergem como elementos importantes nos processos de construção identitária dos EE. Sem dúvida que a forma como nestas se operacionalizam as diretrizes legislativas, bem como os protocolos com as faculdades, condiciona (quer positiva, quer negativamente) a integração dos EE na vida da escola e, consequentemente, o modo como aprendem a ser professores. Apesar disso, a escolha da instituição que serviria como palco para embarcar nesta viagem foi uma preocupação, não só no que concerne à proximidade da minha área de residência, mas também na tentativa da colocação conjunta com, os que viriam a ser, os meus colegas de núcleo de estágio.

Foi de bom grado que recebi a notícia que assumiria o papel de Professora de EF, durante o período de um ano letivo, numa Escola em Vila Nova de Gaia. A informação prévia que possuía acerca da escola era escassa, como tal, tive o cuidado de recolher informação sobre a mesma. De facto, esse conhecimento acerca do contexto é fundamental. Só assim, o professor terá elementos suficientes para melhor adequar as suas escolhas relativamente ao processo, à instituição e às necessidades da comunidade escolar.

A Instituição escolar onde decorreu o estágio foi criada no decorrer dos anos 1988/1989, com uma denominação distinta da que tem hoje. Apenas em 2000 é que a Escola passou a ter a designação atual, de acordo com o Despacho nº754/2000, 2ª série, publicado no Diário da República nº 8 de 11 de janeiro, em homenagem ao arquiteto Francisco de Oliveira Ferreira, o qual é considerado, desde então, o patrono da escola. Este reconhecimento foi um tributo à importância da sua obra arquitetónica, cuja intervenção se desenvolveu na conceção de diversas tipologias de edifícios, nomeadamente públicos e de instituições particulares, comerciais e de habitação unifamiliar.

Segundo o Projeto Educativo de Escola (PEE)5, o seu território educativo estende-se pelas freguesias de Arcozelo, Gulpilhares, S. Félix da Marinha e

5 Documento que consagra a orientação educativa do Agrupamento de escolas ou da escola não agrupada, elaborado

e aprovado pelos seus órgãos de administração e gestão para um horizonte de três anos, no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo os quais o agrupamento de escolas ou escola não agrupada se propõe cumprir a sua função educativa.” (alínea (a) do ponto 1 do art.º 9, do Decreto-Lei 75/2008, de 22 de abril).

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Serzedo, zonas onde o rural, a escassa indústria e alguns serviços se cruzam. Anualmente, a escola recebe cerca de 800 alunos, que se distribuem pelo 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário, demonstrando a vasta área demográfica que abarca. Carateriza-se ainda por ser uma zona, cuja população é social, económica e culturalmente desfavorecida (famílias com apoios da Ação Social Educativa). Situação que enquanto professora de EF, tinha que ter alguns cuidados relativos ao material exigido para a aula.

Relativamente aos recursos humanos, a escola está organizada em quatro departamentos: ciências; ciências naturais e humanas; línguas e expressões, que abrange diferentes áreas disciplinares. A EF está incorporada neste último departamento - expressões -, juntamente com a educação visual e a educação tecnológica. No que concerne ao professores da área disciplinar de EF, estes eram oito. A periodicidade das reuniões acontecia com o intuito de coordenar procedimentos e formas de atuação nos domínios da aplicação de estratégias de diferenciação pedagógica e da avaliação das aprendizagens dos alunos.

No que concerne aos recursos materiais, a escola engloba cinco pavilhões, que comportam 35 salas de aula, onde se lecionam as diferentes disciplinas. Possui ainda equipamento especializado para a lecionação de disciplinas como Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), Educação Visual e Físico- química. Pode afirmar-se que esta escola oferece boas condições de trabalho, que são fulcrais para a atuação junto de alunos com défice de motivação, que é o cenário que observei nesta instituição.

Na escola existe ainda um bloco secundário onde estão localizados a reprografia, o refeitório e a sala de convívio com bar. Este último espaço é muito utilizado pelos alunos, pelo que considero que seria uma mais-valia para a escola se a área fosse maior. Desse modo, existiria um espaço de contato entre os vários agentes de ensino, facilitando a interação entre todos. Um local que certamente proporcionaria aos alunos mais tempos de partilha e de comprometimento com a escola, outra das estratégias motivacionais que poderia contribuir para alcançar o objetivo da formação integral dos alunos. De facto, como afirma Valentini (citado por Correia et al., 2013, p. 276), “O contexto é também um fator que influencia o comportamento e o sucesso escolar, sendo

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que ambientes de ensino que enfatizam o interesse dos alunos e promovem uma aprendizagem significativa e contextualizada, intensificam o sucesso escolar e a motivação dos estudantes”.

A escola também oferece espaços exteriores amplos, que os alunos podem usufruir nos intervalos, para as brincadeiras comuns da idade.

No que concerne aos recursos espaciais destinados à lecionação das aulas de EF, a escola possui um pavilhão gimnodesportivo com as dimensões regulamentares de Andebol (40x20 m). Neste é possível a lecionação de três aulas em simultâneo, funcionando cada uma em 1/3 do pavilhão. Porém, na minha perspetiva, este é um espaço reduzido, quando possuímos em cada espaço turmas de 24 alunos. Esta gestão de recursos fez com que a procura de alternativas, que contribuíssem para o melhor rendimento das aulas, fosse constante ao longo do ano.

No que ao espaço exterior diz respeito, existe um campo de jogos com as mesmas dimensões que o pavilhão e três campos de Basquetebol. Apesar das dimensões serem benéficas à lecionação das aulas, estes campos não possuem marcações. Esta situação resultou numa limitação, uma vez que era necessário recorrer à utilização de muito material para tornar as diferentes situações percetíveis aos alunos. Outra das limitações prendia-se com o facto de as balizas não possuírem redes. Por consequência, durante a lecionação das modalidades desportivas coletivas de Andebol e de Futebol, grande parte do tempo útil de aula era despendido na recolha do material. Esta foi uma situação que apenas a experiência me permitiu ir melhorando. Neste espaço existe ainda uma pista de Atletismo e uma caixa de areia, que foram importantes para a realização do teste de resistência e para a lecionação da modalidade de Atletismo. De acordo com a rotatividade, o espaço destina-se apenas a uma turma de cada vez. No entanto, em caso de necessidade e na existência de algum espaço desocupado, havia liberdade de realizar a aula no espaço exterior.

Por último, de salientar que os dois espaços referidos são partilhados com uma Escola EB 2/3 de Vila Nova de Gaia, que não usufrui pavilhão e por esse motivo possui, constantemente, um dos espaços disponíveis para a sua pratica,

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como indica o roulement6. Esta organização não tem qualquer implicação em

relação aos recursos materiais, uma vez que cada escola possuí os seus próprios recursos. No entanto, os espaços físicos ficam subdivididos, havendo um maior número de turmas com aulas em simultâneo.

2.3. Os pilares do processo: núcleo de estágio, professora cooperante e

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