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O processo de escolha do local adequado para realização da pesquisa, segundo Richardson (1999), é orientado pela capacidade que teremos ao acesso a coleta dos dados. Trabalhando com questões relacionadas a Ciências Sociais, a qual tem como referência a pesquisa qualitativa, o trabalho de campo se torna como uma maneira de nos aproximar com aquilo que queremos conhecer e estudar além de criar um conhecimento a partir da realidade existente no campo, que passa a se manifestar a nós como um centro de apresentações intersubjetivas permitindo contatos entre o pesquisador e os sujeitos do estudo favorecendo assim a descoberta de novos saberes (MINAYO, 2002). Nessa perspectiva, a pesquisa foi realizada no Colégio Municipal Maria Eleonora Cajahyba na cidade de Jitaúna, região de Mata Atlântica, a 450 Km da cidade de Salvador, e 25 Km da cidade de Jequié, onde encontra a Diretoria de Educação e Cultura - DIREC-13, ligada a Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia.

Figura 2 – Fachada do Colégio Municipal Maria Eleonora Cajahyba

Fonte: Arquivo da pesquisa

DIREC 13 é responsável por atender a 25 municípios em três regiões distintas entre si, desde a Mata Atlântica, Mata de Cipó, até a Caatinga, com municípios

localizados na região do Oeste baiano, Sul e Sudoeste. A DIREC-13 abrange na atualidade cerca de 21.190 alunos do ensino médio e fundamental segundo dados da própria instituição.

Figura 3 –Mapa da Jurisdição da DIREC-13

FONTE: MAPA, da jurisdição da DIREC 13. UCSAL. Mestrado Profissional em Planejamento Ambiental. 2009.

No que diz respeito à educação ambiental nas escolas públicas e particulares, o Governo Estadual lançou a Portaria nº 1.128/2010, publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia, no dia 28 de janeiro de 2010. O termo Educação Ambiental que era trabalhado como temática nos currículos das escolas do ensino fundamental foi substituído pela designação Meio Ambiente que entrou no currículo como disciplina nas escolas públicas do ensino fundamental.

Esta portaria no inciso 1º, diz que: ―Ficam extintas, doravante, todas as disciplinas cuja denominação seja Educação Ambiental ou Estudos Ambientais, nas matrizes curriculares da escola pública da rede Estadual de Educação Básica‖. No inciso 2º, porém, consta que ―A educação ambiental deve estar contida nas orientações do Programa de Educação Ambiental, do Sistema Educacional- ProEASE que todas as escolas estão aptas a participar‖.

Na implantação da portaria nº 1.128/2010 pela SEC, havia sido introduzida aos currículos das escolas de ensino fundamental especificamente na 5º série, a disciplina Educação Ambiental ou Estudos Ambientais. Ao ser implantado esta

portaria deveria pela lógica da implementação de qualquer projeto ser ofertado um esclarecimento aos professores e coordenadores pedagógicos, sobre os objetivos dessa mudança, bem como ser fornecido pela SEC material didático o que não ocorreu. Esse fato gerou grande desconforto na aplicação desta portaria junto aos educadores das escolas, sejam municipais ou estaduais, da jurisdição da DIREC-13. Podemos constatar que, das 23 escolas públicas estaduais do ensino fundamental, muitas passaram a ser atendidas neste ano por 10 coordenadores contratados, os quais foram divididos em oito coordenadores pedagógicos, que exercem sua função de forma itinerante, com carga horária de 20 horas semanais, ou seja, quatro horas por dia.

Com esse regime de trabalho, os coordenadores itinerantes atendem de duas a três escolas por semana. Apenas dois coordenadores são lotados em regime de tempo integral. Um desses dois coordenadores trabalha no ensino fundamental no Colégio Estadual Instituto Regis Pacheco (IERP), fundado em 1948, na cidade de Jequié/BA, atendendo 2.710 alunos em 2009. O Colégio incluiu, por força do projeto ProEASE, a disciplina educação ambiental na grade curricular como matéria diversificada que pode fazer parte do currículo escolar na 5ª série do ensino fundamental, denominada Políticas Públicas e Meio Ambiente.

O que se pode observar é que, mesmo depois de vinte e dois anos da aprovação na Constituição Federal que previa a inclusão da educação ambiental nas escolas de ensinos fundamental e médio, até hoje, pouco se tem avançado a esse respeito no Estado da Bahia.

O projeto elaborado pela SEC para trabalhar educação ambiental ou o Meio Ambiente ProEASE, em 2010 com a finalidade de atender a todos os níveis de ensino fundamental, médio e superior no Estado é praticamente desconhecido pela maioria dos estabelecimentos de ensino (BRASIL, 2010). Principalmente os de ensino fundamental, que deveriam propiciar ao aluno uma formação crítica com relação às decisões que envolvem o meio ambiente e, consequentemente, a qualidade de vida de todos.

No que diz respeito às orientações didático/pedagógicas dentro do projeto proEASE/BA (2010 p. 32), as atividades indicadas não são exclusivas de nenhuma área do conhecimento e servem para ilustrar e contribuir com a comunidade escolar em seu processo autônomo de criação e consolidação da Educação Ambiental em cada unidade, em consonância com os princípios e diretrizes do ProEASE. Desta

forma os projetos devem ser alicerçados em atividades bastante flexíveis que permitem o trabalho com temáticas adequadas à realidade escolar e sua problematização de modo integrado às disciplinas e ao conjunto do currículo, dinamizando-o. Envolve as etapas de identificação de tema, elaboração de objetivos e metas, seleção de atividades, execução, definição de prazos, acompanhamento e avaliação. Assim, destaca a utilização de gêneros textuais diversos, que aproveitam a diversidade cultural da Bahia como: poemas, cordéis, contos, mitos, fábulas, músicas e outros.

Apesar de inúmeros métodos pedagógicos, teorias educacionais e eventos em prol da educação ambiental, verifica-se que a inércia governamental e a direção do ensino no Estado estão esquecendo o que ensinou o educador Freire (1996), que diz que ―é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que faz de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática‖.