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Mesmo diante dos problemas ocasionados pela concentração de renda e da incapacidade de absorver o excedente de mão de obra, a cidade no final dos anos 1990, não diferente das demais metrópoles nacionais, buscava adaptar-se aos processos da acumulação flexível. Para isso, reunia algumas características socioeconômicas relevantes: a renda per capita alta de sua população; o Complexo de Pesquisa que era o quinto do país; a aproximação privilegiada do Governo Federal; a boa infraestrutura e o traçado urbano moderno, aliados a excelente posição geográfica (NASCIMENTO, 1996, p.7)

Em 1996, o Distrito Federal apresentava os seguintes indicadores: população atendida com água encanada, 97%; população urbana com acesso a esgotamento sanitário 84%; população urbana com coleta de lixo 97,5%; área de cobertura vegetal por habitante 100 m2; cobertura vacinal total de crianças menores de 1 ano (tuberculose, pólio e tríplice); número de habitantes por médico – 333; número de habitantes por enfermeiro – 165; domicílios servidos por energia elétrica 100%; taxa de mortalidade geral por 1000 nascidos vivos 4,4%.66

Para Maciel apud (CIDADE, 1998), a estratégia para diversificar o perfil das atividades produtivas na cidade encontrou subsídios na potencialização dos recursos humanos, institucionais e tecnológicos que a capital dispunha, rumo a uma integração das novas tendências da acumulação flexível como a manifestação de especializações com

65 Como na Teoria dos Polos de Crescimento de Perroux. Ver discussão no Capítulo 02. 66 Os dados foram extraídos do documento “Perfil do Distrito Federal”, elaborado pela Secretaria de

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potencial para ocupar nichos de mercado, como a informática, gemologia e a biotecnologia; o crescimento do número de instituições de ensino superior, que permitiu a formação de um número crescente de pessoas, enquanto favorecia a constituição de parcerias com as empresas e; a existência de uma população com idade média baixa e um nível de instrução relativamente elevado.

A tendência de concentração de empregos no Plano Piloto continuou nas décadas seguintes, porém ressaltando-se a existência das propostas do Plano Diretor de Ordenamento Territorial – PDOT (1997) a criação de centros nas cidades-satélites de alocação de serviços deslocando dessa forma a centralidade presente no Plano Piloto no que diz respeito à geração de empregos e serviços.

No ano de 2011, o PIB do Distrito Federal correspondeu a 4% do PIB nacional alcançando em valores correntes, R$ 164,5 bilhões e a sétima posição entre as maiores economias do país, conforme a Tabela 5.5. O Gráfico 5.1 mostra a variação do PIB-DF em relação ao PIB-Brasil na série histórica (2003-2011). O crescimento do PIB-DF foi impulsionado pela atividade econômica em torno de 4,1%, superior à média nacional de 2,7% no mesmo período e refletiu o desempenho das variações positivas de 3,9% do valor adicionado a preços básicos e de 5,6% dos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. O crescimento da agropecuária foi de 43,1%, da indústria 9,8% e de serviços 3,4%67.

Gráfico 5.1 Variação em volume do PIB – Brasil e DF

Brasil Distrito Federal Fonte: A partir de IBGE e CODEPLAN (2013).

67CODEPLAN, 2013. 5,7 1,1 4,0 6,1 3,2 5,2 0,3 2,7 7,5 4,1 4,3 4,0 3,8 5,9 5,4 5,2 4,9 1,5

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De acordo com a CODEPLAN (2013) o valor adicionado bruto do setor agropecuário atingiu R$ 501 milhões, e registrou crescimento real de 43,1% conforme mostra a Tabela 5.5, após apresentar redução de 27,5% em 2010. Em âmbito nacional a atividade evoluiu 3,9%. Segundo dados da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, as principais culturas agrícolas no Distrito Federal tiveram acréscimo na produção com aumento de produtividade o que justificaria o crescimento real observado no período. No entanto a participação relativa do setor agropecuário na estrutura produtiva do Distrito Federal permaneceu inexpressiva de 0,3% e impactou pouco no índice geral conforme mostra a Tabela 5.6.

Tabela 5.5 Produto Interno Bruto e valor adicionado bruto – Distrito Federal 2003-2011 (R$ milhão)

Atividade econômica 2003 2004 2005 2006

Serviços 51.903 58.477 65.742 74.796

Indústria 4.055 4.287 5.323 5.105

Agropecuária 277 198 175 169

Valor adicionado Bruto 56.236 62.936 71.240 80.070

PIB 63.105 70.124 80.527 89.629

Atividade econômica 2007 2008 2009 2010 2011

Serviços 83.658 96.751 108.251 124.179 134.790

Indústria 5.879 6.567 7.657 8.721 9.178

Agropecuária 262 432 542 335 501

Valor adicionado Bruto 89.799 103.749 116.450 133.235 144.469

PIB 99.946 117.572 131.487 149.906 164.482

Fonte: CODEPLAN, 2013.

Ainda neste período, o Distrito Federal manteve suas características socioeconômicas peculiares: renda per capita elevada; índice elevado de emprego formal, pouca expressividade dos setores agropecuário e industrial e presença marcante da administração pública, sendo que o setor terciário respondeu por 93,3% do PIB, em 2011, com R$ 134,8 bilhões, demonstrado na Tabela 5.6.

Segundo a CODEPLAN (2013) o crescimento do setor de serviços foi de 3,4% em relação ao ano anterior e foi superior à média nacional (2,7%). Destaca-se a atividade de serviços de informação com crescimento de 25,9% que também foi a atividade que registrou a maior taxa de crescimento (4,9%) no Brasil. Outras atividades que contribuíram

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para o resultado foram a intermediação financeira, os seguros e previdência complementar e serviços relacionados (6,1%), transportes, armazenagem e correio (4,5%) e atividades imobiliárias e aluguéis.

Tabela 5.6 Participação das atividades econômicas no valor adicionado bruto – Distrito Federal – 2003-2011 (%)

Atividade econômica 2003 2004 2005 2006

Serviços 92,3 92,9 92,3 93,4

Indústria 7,2 6,8 7,5 6,4

Agropecuária 0,5 0,3 0,2 0,2

Valor adicionado Bruto 100.0 100.0 100.0 100.0

PIB 92,3 92,9 92,3 93,4

Atividade econômica 2007 2008 2009 2010 2011

Serviços 93,2 93,3 93,0 93,2 93,3

Indústria 6,5 6,3 6,6 6,5 6,4

Agropecuária 0,3 0,4 0,5 0,3 0,3

Valor adicionado Bruto 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

PIB 93,2 93,3 93,0 93,2 93,3

Fonte: CODEPLAN, 2013.

No ano de 2011, a população correspondeu a 2,610 milhões de habitantes e o PIB per capita ficou na ordem de R$ 63.020,02, ressaltando-se que este correspondeu a praticamente o triplo do PIB per capita nacional de R$ 21.535,65 e quase o dobro do observado em São Paulo de R$ 32.449,06, o segundo maior do país68.Como resultado das ações de políticas socioeconômicas, a estrutura por atividades econômicas no Distrito Federal encontrava-se do seguinte modo no valor adicionado bruto: serviços, 93,3%; indústria, 6,4% e; agropecuária, 0,3%. Observa-se mais uma vez o predomínio quase que completo do setor de serviços e a inexpressiva participação do setor agropecuário conforme a Tabela 5.6.

A realidade socioeconômica do Distrito Federal manteve-se demonstrando que a sua participação no PIB e no valor adicionado bruto no Brasil entre 2003 e 2011, foi praticamente constante em termos percentuais, na ordem de 4,0% e 4,1%, respectivamente como se observa na Tabela 5.7.

117 Tabela 5.7 Participação do Distrito Federal no Produto Interno Bruto e no valor adicionado

bruto no Brasil – 2003-2011 (%)

Atividade econômica 2003 2004 2005 2006

Serviços 5,4 5,6 5,5 5,6

Indústria 1,0 0,9 1,0 0,9

Agropecuária 0,3 0,4 0,2 0,2

Valor adicionado Bruto 3,8 3,8 3,9 3,9

PIB 3,7 3,6 3,8 3,8

Atividade econômica 2007 2008 2009 2010 2011

Serviços 5,5 5,7 5,7 5,8 5,7

Indústria 0,9 0,9 1,0 1,0 0,9

Agropecuária 0,2 0,3 0,3 0,2 0,3

Valor adicionado Bruto 3,9 4,0 4,2 4,1 4,1

PIB 3,8 3,9 4,1 4,0 4,0

Fonte: CODEPLAN, 2013.

A mesma racionalidade dos dados em relação aos dados do Brasil é observada na Tabela 5.8, quando verificada a participação do Distrito Federal no Produto Interno Bruto, de 41,5%, e de 41,1% no valor adicionado bruto quando referente ao Centro-Oeste. Como mencionado anteriormente, o setor de serviços corresponde à atividade econômica mais importante do Distrito Federal. Dentre os setores mereceram destaque o setor de serviços de informação com taxa de crescimento de 25,9% (CODEPLAN, 2015).

Tabela 5.8 Participação do Distrito Federal no Produto Interno Bruto e no valor adicionado bruto no Centro-Oeste – 2003-2011 (%)

Atividade econômica 2003 2004 2005 2006

Serviços 53,6 53,7 54,0 54,2

Indústria 20,9 17,1 20,2 18,3

Agropecuária 1,4 0,9 0,9 1,0

Valor adicionado Bruto 41,5 40,1 42,5 44,0

PIB 41,2 40,0 42,3 43,4

Atividade econômica 2007 2008 2009 2010 2011

Serviços 53,5 53,4 53,8 54,4 54,2

Indústria 18,6 18,1 18,0 17,3 16,2

Agropecuária 1,2 1,6 1,8 1,1 1,5

Valor adicionado Bruto 42,9 42,3 42,4 43,1 41,1

PIB 42,4 42,1 42,3 42,8 41,5

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Importante mencionar que esses dados verificados no Distrito Federal atraíram uma gama de investimentos estrangeiros ao mesmo tempo em que desenvolveram a atividades econômicas dos setores agropecuário e de serviços. O setor de serviços se consolidou como a atividade econômica mais importante no Distrito Federal e ainda provocou uma demanda por serviços mais especializados tipicamente de um terciário avançado.