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O Distrito Federal em meados dos anos de 1970 entrou em sua fase de consolidação urbana com uma população superior à prevista pelo projeto inicial. As altas taxas de crescimento natural, as taxas de mortalidade e o ritmo irregular do movimento migratório fizeram com que, quase sempre os modelos de previsão demográfica no período apresentassem erros de estimativa.

Diante do crescimento da capital e do surgimento das cidades-satélites, em 1977 foi elaborado o Plano Estrutural de Organização Territorial do Distrito Federal (PEOT) que propunha através da análise das tendências de desenvolvimento dos assentamentos no Distrito Federal as diretrizes para a alocação dos novos assentamentos em seu território (PEOT, 1977, p.145).

O PEOT não deixou de ressaltar que a característica de capital político- administrativa atribuída a Brasília não deveria ser desconsiderada. Assim, o documento tinha como objetivo principal assegurar as condições para o desenvolvimento das funções político-administrativas da Capital da República, proporcionando à sua população condições de qualidade de vida (PEOT, 1977, p.146).

Nos anos 1970, a cidade apresentava um território caracterizado por um polinucleamento disperso, através de núcleos não articulados e distantes entre si e do Plano Piloto. A ocupação polinucleada e o pequeno porte dos núcleos reforçaram a tendência centralizadora e polarizadora do Plano Piloto, tanto em termos de oferta de empregos quanto de serviços urbanos, enfatizando a situação de dependência.

Dessa forma, a não criação de estruturas urbanas com dinamismo produtivo fez com que os núcleos continuassem a funcionar como bairros-dormitório. Do mesmo modo, as grandes distâncias entre eles forçaram a duplicação dos equipamentos urbanos com a elevação dos custos de implantação de infraestrutura.

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O Plano Estrutural de Organização Territorial do Distrito Federal (PEOT) trouxe soluções alternativas que permitam a flexibilidade destas tendo em vista o crescimento e a configuração da estrutura urbana do Distrito Federal, sendo um importante plano de ocupação para a Capital, pois procurou analisar coerentemente os fatores envolvidos na dinâmica urbana.

De acordo com o Plano Estrutural de Organização Territorial do Distrito Federal, completados dezessete anos de sua existência em 1977, o Distrito Federal possuía uma população da ordem de 900 mil habitantes prevendo-se para 1980, 1.100 mil a 1.200 mil habitantes e no ano 2000 por volta dos 2.400 mil habitantes. Segundo o plano, em 1977, o Distrito Federal já havia entrado em sua fase de consolidação urbana com a população superior à prevista no projeto inicial devido às altas taxas de crescimento natural e o ritmo irregular do movimento migratório. O Quadro 5.1 abaixo representa a evolução demográfica do Distrito Federal:

Quadro 5.1 Fases da Evolução Demográfica do Distrito Federal (1957-1977)

Fase Características

Primeira: 1957 - 1960 “febre” da construção;

 correntes imigratórias pioneiras;

 implantação e construção de Brasília;

 primeiros núcleos urbanos periféricos;

 taxas de crescimento anual em torno de 100%.

Segunda: 1961 - 1964 crescimento anual linear;

 decréscimo acentuado do ritmo de crescimento;

 taxas de crescimento entre 17 e 32% ao ano.

Terceira: 1965 - 1973 crescimento linear e uniforme;

 taxas de crescimento anual em torno de 10%

Quarta: 1973 - 1977 queda do ritmo de crescimento a partir de 1973;  tendência à estabilização das taxa de crescimento

anual inferiores a 10% Fonte: Adaptado do PEOT (1977).

O Quadro 5.1 acima demonstra que durante os primeiros vintes anos houve um decréscimo na evolução demográfica. A Tabela 5.4 seguinte reafirma as características verificadas nas década em análise confirmando o grande crescimento nos anos 1960/1970 e depois o decréscimo que ocorre nas décadas posteriores (1970/1980, 1980/1991 e 1991/1996).

112 Tabela 5.4 Evolução Demográfica do Distrito Federal (1960-1996)

População

Década 1960 1970 1980 1991 1996 Distrito Federal (mil/hab.) 140.164 537.492 1.176.935 1.601.094 1.817.001

Taxa média de crescimento anual (%)

Década 1960/1970 1970/1980 1980/1991 1991/1996 Taxa média anual 14,39 8,15 2,84 2,56

Fonte: Adaptado de CODEPLAN (1996).

Retomando as proposições do Plano de Estrutural de Organização Territorial – PEOT, elabora-se em 1985, o Plano de Organização Territorial do Distrito Federal – POT que se tratou fundamentalmente de uma proposta de zoneamento para os usos e ocupações do solo, com intuito de organizar os usos e ocupações do território (POT, 1985, p.14).

O POT foi o primeiro plano associado a uma proposta de zoneamento, com normas de organização urbanística tentou corrigir as distorções que o território da capital apresentava neste período. Dentre estas distorções destacavam-se, a segregação excessiva das atividades econômicas, a estratificação social e o desequilíbrio entre a oferta e demanda na distribuição dos serviços públicos essenciais.

O objetivo deste plano foi um zoneamento capaz de organizar os usos e ocupações no território usado, pressupondo por um lado desenvolver atividades humanas de acordo com as características do setor produtivo. O POT tinha por objetivo também consolidar as premissas previstas no PEOT, reconfirmando a área de expansão urbana assinalada por este e o zoneamento da área restante do Distrito Federal.

Carvalho (1999, p.17) afirma que Brasília desempenhou um papel decisivo na definição dos rumos da região Centro-Oeste, à medida que apresentou no início dos anos 1990, fatores humanos e econômicos fundamentais, não apenas como locus de onde partem os eixos dinamizadores da região, mas também como elementos decisivos na manutenção da unidade local, em torno de um projeto comum. Portanto, a sua concepção geopolítica inicial criou uma realidade geoeconômica capaz de inaugurar um novo padrão de desenvolvimento regional endógeno para o Centro-Oeste.

De acordo com Sobrinho et al (2011, p.06) concepção urbanística de Brasília trouxe em seu planejamento um projeto de modernização nacional. Com uma localização

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geopolítica privilegiada, Brasília irradiaria o desenvolvimento para a região Centro-Oeste65 e que assumiria apenas as funções político-administrativas, sendo o processo migratório absorvido pelos núcleos urbanos já existentes ou recém-criados.

De acordo com Paviani (1985, p.65) a maior metrópole terciária brasileira, em termos de não apoiar sua base econômica na atividade industrial, concentrou grande gama de serviços que sustentam sua vida econômica, marcada pela complexidade de suas funções terciárias e pela crescente inter-relação espacial, tanto em seu interior, como na região geoeconômica à sua volta, nos Estados de Goiás e Minas Gerais. Vejamos o desenvolvimento do setor terciário e a sua emergência como atividade econômica principal em Brasília na décadas seguintes.