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2. Introduções

2.3 A cena: Breve histórico das Políticas Públicas para Pessoas em Situação

“Acho que se escreve porque algo da vida passa em nós. Qualquer coisa. Escreve-se para a vida. É isso. Nós nos tornamos alguma coisa. Escrever é devir. Escrever é mostrar a vida. É testemunhar em favor da vida, dos idiotas que estão morrendo.”

Deleuze em E de Enfance

Albergue Noturno (Desde 1955)

A política de atenção às pessoas em situação de rua da cidade de Leme tem o CREAS como serviço de referência, não obstante um Albergue Noturno seja mantido há cerca de sessenta anos, por um grupo espírita, com subvenção da prefeitura, ofertando uma refeição e um dia de pernoite para os viajantes, andarilhos, caminhantes das estradas, chamados trecheiros23.

Como uma das estratégias desta pesquisa, frequentei este Albergue semanalmente, registrando em Anotações o que aprendia com aqueles Josés e Joãos sobre a vida no trecho. Durante os encontros me declarava interessada em conhecer um pouco sobre suas experiências, sentidos e desejos em relação a Políticas Públicas. Alguns encontros foram transcritos nas próximas páginas; não pretendi interromper os relatos selecionando (ainda mais) as falas de acordo com conteúdos de interesse, o que pode soar exaustivo, mas também passa por um esforço para que o leitor mais curioso possa por si mesmo se aproximar mais daquelas realidades acessando também outros temas da vida no trecho, para além do tema das Políticas Públicas:

23Trecheiro é um nome para os migrantes/itinerantes de estradas. São em grande

maioria homens, muitos à procura de trabalhos temporários. As práticas de gerenciamento desta população variam geográfica e historicamente. No Estado de São Paulo especificamente houve a “criação de um sistema de Albergues aliado ao ferroviário (...) que controlava a entrada e saída do grupo nos municípios (...) o Governo colocava à disposição um vagão no final do trem, destinado ao transporte dos mesmos.” (Oliveira, 2012, p. 35). O prédio do Albergue de Leme é o mesmo desde essa época e o serviço ofertado provavelmente ainda semelhante.

“José palpitou o que achava interessante para a política pública que eu precisava pensar: uma recepção, um local para informações e para cuidar da saúde. Como é vendedor, a profissão exige que viaje. Citei a música do Tom Zé: “...na vida quem perde o telhado, em troca recebe as estrelas...” e ele me disse que não tinha estrelas. Além de trabalho, só coisas ruins, nada de bom, só ilusão. Me contou que há muitas pessoas inteligentes no trecho, que conhecem seus direitos, mas que a maioria é leigo. Muitos já estiveram presos, outros internados em hospitais psiquiátricos ou em clínicas de recuperação. Me ensinou por ultimo que hoje há uma troca de valores entre ALMA PARA AMAR – MATERIAL PARA USAR porque ama-se o material e usa-se a alma.”

“João me contou que as pessoas ficam na rua porque

acostumam. Disse que com o tempo se perde o sentido do tempo e que de tanto sofrer violências a pessoa fica violenta. Enfatizou que há muitos riscos e perigos. Contou que tem todo tipo de gente no trecho. João também achava que chácaras religiosas eram complicadas.”

“José palpitou sobre uma política pública sugerindo que deveria ser um espaço para se sentir a vontade: tomar café, banho e assistir TV. Falou que a maioria no trecho são usuários de drogas. ‘A maioria mente’, afirmou.”

“João fica hospedado em albergues por conta dos trabalhos temporários. Guarda o dinheiro que recebe pra outras coisas... se não conseguir pernoite em albergue paga um hotel barato.”

“José disse que “a maioria das pessoas no trecho usam droga”. Ele? Gosta de andar para conhecer lugares bonitos. Já foi duas vezes à praia este ano! Anda por aí também porque não tem

dinheiro. Explicou que pra pagar aluguel primeiro precisa da moradia, depois do emprego.”

“Perguntei pra João o que precisava e respondeu: ‘passagem’. Perguntei do seu desejo e era voltar pra casa. Sobre a felicidade, afirmou que não existe, que existem momentos de felicidade. No trecho, explicou, há muitos fugindo da justiça, que devem drogas, que sofrem devido a separação. Disse que encontra muitas pessoas boas que o ajudam, e outras pessoas que “nem te ouvem... tem gente que diz ‘já sei qual é o seu problema’ e dá 30 reais.” Falou sobre a ‘parte artística’: música, contando que carrega um rádio. Avaliou três condições para estar na rua: opção, teimosia e persistência”

“José gosta de conhecer novos lugares. Falou de sofrimento, dependência química e problemas com a família. Gosta também de conhecer gente nova. Perguntei o que era bom no trecho e ele disse que sofrer ensina a viver e é bom ter liberdade pra fazer o que quer. Mas também é bom alguém te dizer o que não pode, te por limites.

Apoio é importante, pra ele seria abrigo e comida. Na política pública mais interessante que conheceu podia ficar 30 dias, acertar a

documentação e se inscrever em cursos. Lá as firmas também contratavam para trabalho. Assim, podem ‘voltar à sociedade, se reintegrar à sociedade’”.

“João falou tantas coisas incríveis que nem pude anotar. Dizia ser egresso de hospital psiquiátrico e do Carandiru. Fez previsões sobre minha vida.”

“José citou algumas políticas públicas que achou mais

interessantes. Uma oferecia passagens para qualquer lugar e uma outra tinha estratégias para reinserir a pessoa na família. Explicou que a rua tem três públicos: os TRECHEIROS (os viajantes), os PARDAIS (moradores de rua que se instalam em alguma cidade) e os DEPENDENTES QUÍMICOS. Quando perguntei sobre as estrelas da música do Tom Zé, disse que beber e usar drogas é um prazer, e que a rua não tem regras, ninguém manda”

“João só queria uma passagem. Ex-integrante do Movimento Nacional População em Situação de Rua se interessou tanto em participar da articulação de uma política pública que passou uns meses em Leme, freqüentando o CREAS, falando com pessoas da cidade sobre isso. Ainda aparece às vezes para visitar ou deixa notícias pelo facebook”

“José deseja sair das ruas, ter seu sustento e ‘voltar para a sociedade’. Quer “se levantar na vida”. Sobre uma política pública achava que devia oferecer trabalho flexível. Rolou uma discussão sobre o preconceito da sociedade.”

“João diz-se artesão nato, foi hippie desde muito jovem. Na época da ditadura militar foi pra Argentina ‘só pra ver a Casa Rosa’. Sabia que seria deportado... estava em frente à Casa quando o prenderam. Deportado, foi a primeira vez que andou de avião! Depois tiveram outras... lá pro Norte é comum conseguir carona em cargueiros da FAB. João achava que “a ideologia hippie acabou, isso de ser contra o sistema.” Considerou que na verdade, não é livre, porque é barrado por onde vai. Sua sugestão para políticas públicas foi de ‘cuidados de saúde’. Esteve em um lugar que colocavam músicas pra ouvirem, achou bacana. Indicou um filme que gostou muito: O Gigante, com a Regina Casé. Curte Djavan e Tom Zé!”

(Anotações – de agosto a dezembro de 2014) Embora tenha suprimido durante a transcrição, muitos nomes de Políticas Públicas foram citados por aqueles trecheiros: Projeto de Volta para Minha Terra, Centro POP, Casa Aberta, Albergão, Unidades Móveis, Abrigão,

Programa Recomeço, Tendas e Toca de Assis. Em resumo, estas diferentes propostas de trabalho ofereceram (de modo desarticulado entre si): recepção e local para informações, espaço para se sentir a vontade, café, banho e acesso a televisão, passagens, abrigo (pernoite), refeições, acesso à regularização de documentação pessoal, acesso a inscrições em cursos, acesso a contratos de trabalho e estratégias para reinserção familiar.

O leitor analítico certamente notará a carência de análises mais aprofundadas acerca dos discursos desses Josés e Joãos. Poderia propor a partir daqui, alguma historicização crítica a respeito das pioneiras ofertas de passagens, pernoites e refeições para esta população, sobretudo fazendo alguma crítica às políticas de fornecimento de passagens para as cidades vizinhas mais próximas – ou ainda, sobre a problemática das Comunidades Terapêuticas (citadas acima como ‘chácaras religiosas’). Poderia senão, realizar alguma aproximação mais detalhada da Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua (Brasil, 2008) como o aparato legal que justificou e orientou os primeiros esforços do poder público pela garantia dos direitos desta complexa e até então institucionalmente invisível população (referindo-me aqui às instituições governamentais). Neste caso, confrontaria as primeiras explicações e definições trazidas no documento sobre este “fenômeno existente desde a formação das primeiras cidades brasileiras” (Brasil, 2008, pg. 3), com novos sentidos possíveis. Ou pudesse talvez, realizar alguma sistematização acerca das Políticas Públicas embasadas na publicação da referida Política Nacional, quais sejam: os Centros POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) (MDS, 2013, p.36), os Serviços de Acolhimento para População Adulta e Famílias em Situação de Rua (ordenados em: Abrigos Institucionais, Casas de Passagem ou Repúblicas) (MDS, 2015) e o SEAS (Serviço Especializado de Abordagem Social) (MDS, 2013 p. 27), destacando que são estas as propostas específicas do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) para esta população.

Porém, me parece mais coerente com objetivos e desejos de pesquisa considerar e valorizar aqueles relatos de trecheiros e alguns poucos anos de experiências junto a esta população para ressaltar o quanto me pareceram tímidas ou ausentes ofertas de (1) cuidados de saúde, (2) alternativas de

trabalho flexíveis24 e (3) acesso a formas de expressão artística e valorização da cultura. Destaca-se ainda algum consenso em relação à contiguidade entre a situação de rua no trecho e o consumo de álcool e de outras drogas.

O trecho de uma música foi estimado pela possibilidade de abrir diálogos para além dos discursos prontos comumente associados apenas às mazelas da vida na rua.

Projeto Novos Rumos (De 2008 a 2009)

Por ora, voltemos ao CREAS de Leme, que se tornou o serviço público de referência para a população em situação de rua, sobretudo para outros serviços públicos da cidade e para a população em situação de moradia regular, e isto se deu na medida dos esforços de uma antiga coordenadora do CREAS, cinco estagiárias de psicologia e uma psicóloga supervisora, pela elaboração de um projeto que foi denominado Novos Rumos, ainda em 2008. Este grupo de profissionais e estudantes críticas e empenhadas em compreender e garantir direitos para as pessoas em situação de rua realizou as primeiras pesquisas e leituras sobre o tema, visitas a serviços de referência na região (Projeto Pedagogia de Rua e CETREM de Ribeirão Preto, Centro POP de São Carlos, Movimento População em Situação de Rua de São Paulo e Oficina Boracéia - na época o maior albergue da América Latina, em São Paulo), primeiras tentativas de diálogo com a Rede de Políticas Públicas de Leme, abordagens sociais (busca-ativa no território, em ruas, praças, terrenos e casas “desocupadas”) e atendimentos das pessoas em situação de rua no CREAS (escuta, elaboração de prontuários, contato com familiares, encaminhamentos para a Rede de Políticas Públicas e auxílio para regularização de documentação pessoal).

Certamente esses primeiros contatos “profissionais” com os usuários das ruas provocaram sentidos diferentes para cada menina-trabalhadora envolvida no projeto; Durante os primeiros ensaios de escrita sobre este trabalho estive escrevendo memórias desses tempos, que se seguem:

24Neste caso, não se refere à precarização do trabalho de um sistema econômico

“Agora eu tinha um motivo para justificar a insistência na conversa com aquele senhor que morava na esquina do CREAS e que mesmo nos dias de frio e neblina usava chinelos de dedos. Ele já se tornara parte da paisagem, passava a maior parte do dia em pé encostado em uma das paredes e muito simpático, sempre respondia aos nossos bons dias e boas tardes. Eu não sentia pena dele.

Apenas curiosidade de saber com o que ocupava a cabeça durante a maior parte do dia, ali parado. Eu leria muitos livros, pensava. Um dia ele me disse seu nome, concordou com minha proposta de

conversarmos com mais frequência e conversamos. Um dia notei que o cara era monossílabo, que não me dizia nem fazia outra coisa além de concordar com qualquer coisa que eu dissesse e negar qualquer coisa que oferecesse, pois não precisava de nada. Um dia uma senhora que morava por perto nos contou o que sabia da sua história, que era muito conhecido, foi um mecânico dos melhores, se separou da mulher e achavam que o desgosto e o alcoolismo o levaram aquela situação de morador de rua, Tinha filhos bem sucedidos na cidade. Ela fazia uma marmita pra ele todos os dias. Um dia outra senhora nos procurou para reclamar que estava fazendo cocô por ali nas ruas e que até ficava pelado. Alguém precisava fazer alguma coisa, mas ninguém sabia o quê. Ele dizia que não precisava de nada e o que era oferecido não queria. E assim continuou fazendo parte daquela paisagem diária. Um dia ele

morreu.

Conhecemos assim vários habitantes dos espaços públicos lemenses. Um homem passava manhãs, tardes e noites num banco de uma praça, carregando jornais e escrevendo bastante.

Conversava de forma confusa. Soube recentemente que do CREAS encontraram familiares que o procuravam, levaram-no de volta para sua cidade distante e depois de alguns meses passando por aquela praça viram que lá estava ele de volta! Teria explicado que veio andando e pegando caronas. Um dia souberam que ele morreu naquela praça.

Vera Louca era famosa, gostava muito de tomar Jurubeba. Andava e conversava pela cidade toda, conversas malucas, mais compreensíveis para mim quando não estava '“chapada”, mas

sempre bem malucas. Algumas vezes virava notícia na cidade por ter levantado a blusa ou se despido ainda mais, quando bebia bastante. Arrastava sempre um carrinho daqueles de fazer feira porque

procurava materiais recicláveis e doações de todos os tipos; gostava muito de ganhar brincos e outras bijuterias, pedia-as de presente com frequência. Tinha muitos amigos e conhecidos e nos tornamos um pouco isso também. Vera tinha uma casinha e um parceiro que tratava de vender todo botijão de gás e cesta básica e qualquer outra coisa valiosa que ganhasse. Fazia fogueira no quintal pra fazer arroz e café. Uma época sua casinha virou moradia para vários amigos do parceiro, todos homens que caíam de tanto beber e usar drogas,

quando não mais na sua casa, em um terreno baldio vizinho e na pracinha em frente. Conhecemos esse pessoal também. Vera tinha familiares que tentavam e desistiam de todas as formas de ajudá-la a tomar prumo, mas “ela sempre foi meia assim” contavam. Cheguei a acompanhá-la no CAPS onde gostou da ideia de fazer guardanapos e montar bijuterias, mas lá nos explicaram que ela não era um caso que atenderiam, porque não haveria responsável por ministrar medicamentos e impedi-la de beber. Um dia todos souberam que Vera Louca morreu a dois quarteirões da Santa Casa, atropelada por uma kombi da prefeitura! Considerei emblemática esta forma de morrer. Houve homenagens pesarosas e alegres nas redes sociais, com fotografias dela acompanhada de amigos e simpatizantes.

Teve um terreno baldio próximo ao Mercado Municipal que antes de cercarem serviu de lugar para guardar pertences e instalarem um fogão de tijolos. Tentávamos nos aproximar e conhecer os

habitantes. Teve ainda uma praça com um coreto alto que servia de dormitório para vários homens e algumas mulheres e que durante o dia se tornou local permanente de uso de álcool e de outras drogas e até de sexo, para incomodo e horror de mulheres e crianças ‘de família’ que deixaram de frequentar a praça. Recebemos muitas ligações no CREAS solicitando urgentes providências. Logo se tornou causa do prefeito e da SADS que trataram de elaborar uma operação imediatista de resolução do problema: para o desespero de estagiárias atônitas e revoltadas, se dirigiram à praça dois carros de guardas municipais, dois de trabalhadores e gestores do serviço público e um micro-ônibus vazio, não fosse o motorista. Lembro muito bem de uma cena em particular, quando uma travesti que dormia bem agasalhada envolta em um cobertor foi acordada por um guarda municipal que usava do pé para chacoalhá-la dizendo

“Acorda vagabundo!”. Aprendemos o que era higienização social na prática. Foram distribuídas blusas de frio novas e convites insistentes para entrarem no ônibus. Seriam levados para um lugar lindo,

explicou-se, uma chácara onde poderiam morar e comer. Era a inauguração da parceria entre uma instituição religiosa que já mantinha 'Comunidades Terapêuticas’ para usuários de drogas e outra de acolhimento para mulheres vítimas de violência. Esta seria para famílias em situação de rua. Palpitamos bastante inicialmente; conseguimos garantir o direito de saírem durante o dia para

procurarem emprego ou o que desejassem, e também de fumar, mas acho que foi só. Em pouco tempo o local ficou conhecido pelo

funcionamento caótico. Faltavam os mínimos profissionais e materiais para estruturar a instituição.

Houve também outra estratégia emergencial em que cerca de dez pessoas foram levadas no micro-ônibus até uma cidade a 70km de distância onde foram internados em ‘Clinica de Recuperação’ particular (a mensalidade passava dos mil e quinhentos reais por pessoa). Apenas um destes internados de surpresa nunca voltou a

beber, foi o que me contaram alguns dos próprios participantes da internação coletiva. Mudaram de praça e hoje estão instalados no Campo de Maia, local que temos freqüentado semanalmente.

Além destes, houve muitos outros encontros. Habitantes e frequentadores de espaços públicos se tornaram mais visíveis. Em grupos, em duplas ou solitários. Que bebiam, que faziam uso de outras drogas ou que não faziam uso de “tóxico” algum. Mais jovens e mais idosas. Algumas doentes, às vezes muito, e outras saudáveis. Sobretudo os trecheios, homens do trecho, migrantes, viajantes das estradas...”

(Memórias – Março de 2015)

O leitor atento poderá compreender que são estes os primeiros relatos que trago sobre pardais que como nos ensinou um dos Josés, seria uma denominação para as pessoas que vivem se instalando em locais públicos das cidades.

Seja por desejo e/ou por contingência da rua, aquelas pessoas que primeiro vieram à memória seriam casos de saúde mental. Note-se também a contiguidade entre este outro modo de situar-se na rua e o uso de álcool e de outras drogas, sobretudo nos parágrafos em que trago o relato sobre uma “cena de uso25” e sobre os que seriam casos de usuários de álcool e outras drogas.

As experiências relatadas nos últimos parágrafos, à época definimos como higienização social, (expulsão violenta das pessoas em Espaços Públicos) e foram vivenciadas de forma traumática pelo grupo de estagiárias. Alinhadas aos princípios da Reforma Psiquiátrica26, pois militantes do

25O termo ‘Cena de Uso’ é utilizado pelo Governo do Estado de São Paulo para

designar os locais públicos de uso de álcool e outras drogas e de pernoite. Conforme videoconferência promovida pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social na Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (DRADS) de Piracicaba, aberta a participação de gestores e trabalhadores dos serviços públicos da região em junho de 2015.

26 A princípio, de acordo com a Lei Nº 10.216, de 6 de Abril de 2001, que dispõe sobre

a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental e de acordo com “Amarante [que] conceitua Reforma Psiquiátrica (RP) como um processo social complexo que se configura na e pela articulação de várias dimensões que são simultâneas e inter-relacionadas, que envolvem movimentos, atores, conflitos e uma transcendência do objeto de conhecimento que nenhum método cognitivo ou teoria podem captar e compreender em sua complexidade e totalidade. O processo da RP, só pode ser discutido dentro de quatro dimensões: dimensão epistemológica ou teórico-conceitual - referente a novas

Movimento de Luta Antimanicomial, considerávamos que as internações em quaisquer instituições que não viabilizassem vínculos comunitários e a autonomia dos usuários não poderiam ser estratégias de cuidado adequadas e aceitáveis. Além disso, como realizassem abordagens sociais frequentes naquele local, pretendiam seguir vinculando-se aos usuários da praça, de modo que pudessem construir junto a eles outras estratégias de cuidado menos imediatistas e mais viáveis, e portanto, não poderiam ter seu trabalho cotidiano associado àquelas ações invasivas das quais discordavam

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