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Chapecó (SC): Delimitação da área central segundo os planos diretores de

Motter e Batella (2013), em estudo realizado após a inauguração do shopping center, já sinalizavam alterações no uso do solo nas proximidades. Paulatinamente, e motivados em grande medida pela implantação do Shopping, novos empreendimentos foram surgindo e as antigas instalações foram sendo revitalizadas. A implantação de instituições financeiras, restaurantes, bares e lojas comerciais, além da ampliação do tecido urbano com a abertura de novas vias e a criação de novos loteamentos são exemplos das alterações propiciadas pela instalação do empreendimento.

As transformações nesse local, desse modo, levaram os planejadores a incluir essa parte do território na área urbana central. Apesar de não haver critérios claros na definição da área central de Chapecó nos planos diretores e pela ausência de estudos que privilegiam essa área, utilizaremos neste trabalho a delimitação utilizada no PDC de 2014, justificando a escolha pelo fato do fito do trabalho ser o estudo da descentralização e as formas assumidas por esse processo: os subcentros e eixos comerciais.

Processos como a reestruturação e a descentralização são temas recorrentes nos planos diretores de Chapecó, principalmente pelo fato da cidade se constituir em um polo regional e, portanto, demandar estratégias e propostas para a restruturação da cidade, já pensando na descentralização. No PDDTC (2004) e no PDC (2014) a descentralização é tratada como parte da estratégia de organização territorial, como descrito no Artigo 21:

Art. 21. A estratégia de organização territorial e desenvolvimento descentralizado define um processo de planejamento municipal que direciona o desenvolvimento territorial, de forma descentralizada e equitativa entre os diferentes setores, priorizando a reestruturação e a qualificação dos espaços em transformação, através da justa distribuição da infraestrutura, dos investimentos públicos e privados, dos serviços de promoção do direito à cidade e das oportunidades decorrentes do processo de urbanização e transformação territorial, bem como sua qualificação ambiental (PMC, 2004a, p. 19).

Entre os objetivos da estratégia de organização territorial e desenvolvimento descentralizado estão a adequação da infraestrutura, a ampliação dos serviços públicos de promoção do direito à cidade, o ordenamento dos investimentos públicos e privados, a descentralização das atividades de produção econômica e a qualificação ambiental (PMC, 2004a; 2014a).

As atividades de produção econômica são classificadas como elemento de estruturação do território sob responsabilidade do município e, de acordo com os planos, “[...] são responsáveis pelo crescimento econômico do Município e pela geração de

oportunidades de desenvolvimento, sendo organizadas através de setores territoriais,

linhas principais do sistema viário e polos de desenvolvimento” (PMC, 2014a, p. 2).

Contempladas pelo programa de definição de áreas destinadas a atividades econômicas em áreas de expansão territorial no PDDTC de 2004 e pelo programa de desenvolvimento econômico no PDC de 2014, os planos diretores definem, através de estudos, informações e dados socioeconômicos, a organização das atividades produtivas com foco na descentralização do crescimento e sua distribuição de forma diversificada e equilibrada no território.

As ações para a efetivação dos programas são melhores detalhadas no plano diretor de 2014, e contemplam ações como a definição de áreas adequadas a expansão das atividades econômicas; parcerias público-privadas para o desenvolvimento econômico, com vistas à justa distribuição das oportunidades de desenvolvimento; diversificação das atividades aproveitando fatores propícios à atração de novas cadeias produtivas, ao desenvolvimento do turismo, ao adensamento dos serviços e a maior qualificação do comércio; estímulo às atividades produtivas em núcleos populacionais, acessos viários e novas áreas de expansão urbana; elaboração de projetos visando a implantação de atividades produtivas em bairros, periferias e agrupamentos urbanos carentes de atividades econômicas e serviços públicos; otimização de imóveis para a implantação de atividades econômicas nos diversos setores da cidade; consolidação da cidade de Chapecó como polo regional de comércio atacadista e varejista, prestação de serviços, educação, ensino técnico e superior, serviços de saúde, entretenimento, cultura e eventos; entre outros (PMC, 2014a).

Os subcentros e eixos comerciais, embora não apresentem definições claras nos planos diretores, podem ser entendidos através das propostas de desenvolvimento econômico, ao levarmos em consideração que as atividades de produção econômica incluem também as atividades comerciais, de serviços e gestão. Assim, no PDDTC de 2004 a distribuição das atividades econômicas está presente na macrozona de reestruturação e densificação urbana sob a denominação de Unidades Funcionais de

Descentralização do Desenvolvimento nível 1 – UFDD1 e Unidades Funcionais de

Descentralização do Desenvolvimento nível 2 – UFDD2, detalhadas no artigo 121 e 122.

Art. 121. As unidades funcionais de descentralização do desenvolvimento nível 1 – UFDD1 são setores urbanos organizados preferencialmente em vias estruturais e coletoras, com o objetivo de promover a descentralização das

atividades de desenvolvimento econômico junto às unidades ambientais de moradia – UAM.

Art. 122. As unidades funcionais de descentralização do desenvolvimento nível 2 – UFDD2 são unidades territoriais urbanas localizadas em vias principais de estruturação do sistema viário que comunicam-se com as rodovias de ligação inter-estadual, tendo como objetivo promover a organização e a descentralização do desenvolvimento econômico (PMC, 2004a, p. 39).

No PDC de 2014, as mesmas definições são utilizadas para a unidade funcional de descentralização do desenvolvimento nível 1(UFDD1), entretanto, o PDC destaca em parágrafo único que esta unidade “[...] é direcionada preferencialmente à implantação de atividades de produção econômica de pequeno e médio porte que atendam às necessidades das Unidades de Moradia e Unidades Ambientais de Moradia do entorno [...]” (PMC, 2014a, p. 37).

A unidade funcional de descentralização do desenvolvimento nível 2 (UFDD2), no PDC de 2014 possui definição igual ao plano elaborado em 2004, mas ressalta que enquanto a UFDD1 é voltada para a implantação de atividades econômicas de pequeno e médio porte, a de nível 2 é direcionada preferencialmente à implantação de atividades de médio e grande porte.

Embora não haja definições do porte das atividades econômicas permitidas nas unidades de descentralização do desenvolvimento no PDDTC de 2004, o artigo 123 ressalta que essas unidades são setores urbanos organizados e estruturados ao longo de vias principais do sistema de circulação do município e em polos estruturadores, com objetivo de promover: 1. A descentralização das oportunidades de desenvolvimento; 2. A organização das atividades de produção econômica; 3. A otimização do sistema de circulação e mobilidade urbana; 4. A adequada integração territorial entre os setores urbanos. (PMC, 2004a, p. 39).

Estas áreas funcionais apresentadas pelo PDDTC de 2004 também são classificadas com base no adensamento populacional, onde as Unidades Funcionais de Descentralização de desenvolvimento Nível 2 são classificadas como áreas de grande adensamento e a as Unidades Funcionais de Descentralização do desenvolvimento Nível 1 como áreas de médio adensamento populacional. Para o plano revisado e publicado em 2014, áreas de grande adensamento correspondem a áreas que possuam mais de 400hab./ha (quatrocentos habitantes por hectare), compreendendo a área urbana central e ambas unidades funcionais. A delimitação destas áreas pode ser visualizada no mapa 4.

Mapa 4 - Chapecó (SC): Delimitação das unidades funcionais de descentralização do desenvolvimento