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Ciência e Tecnologia com cultura: desafios para o ensino de química

2 Revisão bibliográfica/Fundamentos

2.3 Ciência e Tecnologia com cultura: desafios para o ensino de química

Não entrando na discussão sobre o que se entende por “alfabetização científica”, neste trabalho é assumido a posição de Sasseron e Carvalho (2008) quando afirmam que, seja qual for a ideia de uma formação científica deve-se considerar sempre três eixos estruturantes em relação à temática: compreensão básica de termos, conhecimentos e conceitos científicos fundamentais; compreensão da natureza da ciência e dos fatores éticos e políticos que circundam sua prática; entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e meio- ambiente (SASSERON; CARVALHO, 2008, p. 335).

Sabe-se, porém que a alfabetização científica em si é pouco na formação de alunos críticos em relação à forma de se fazer e aplicar a ciência. O Movimento CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente) aparece justamente para colaborar

nesta formação. Para Ricardo (2007) o Movimento CTSA pode ter surgido a partir de duas vertentes

[...] a tradição segundo a qual os saberes da ciência e da tecnologia levam a humanidade a um futuro melhor; e uma outra corrente para a qual a ciência e a tecnologia não teriam um fim em si mesmas, mas estariam orientadas para a ação a partir de uma análise da sociedade em seus componentes históricos, sociais, políticos e econômicos (RICARDO, 2007, p. 2).

Ricardo comenta a passagem citando vários autores, entre eles Fourez, que sobre a primeira vertente diz, “configura um risco social, pois “se admite cada vez mais que sem cultura científica e tecnológica, os sistemas democráticos se tornam cada vez mais vulneráveis à tecnocracia” (Apud Ricardo, 2007), ou seja, o conhecimento da ciência não deveria chegar ao conhecimento da sociedade comum, pois ela não saberia lidar com o conhecimento científico. Na segunda os saberes seriam mais abrangentes, escreve o pesquisador “não é certo que a ciência e a tecnologia seriam suficientes para decidir, embora seus saberes possam, e talvez devam ser considerados, mas sem a falsa perspectiva de estarem livres de valores.” (Ricardo 2007, p. 2). No mesmo trabalho Ricardo ainda cita Lacey (1998) que salienta “que no momento presente a ciência moderna serve a determinados valores, mais especificamente ao neoliberalismo, e não a outros, e coloca em questão se tal ciência poderia servir a valores alternativos.” Insinuando que a ciência não servia a todos e sim a alguns interesses da sociedade.

Para concluir esta breve discussão lembramos que para Demétrio Delizoicov (2007 p. 2), ter domínio de teorias científicas e de suas vinculações com as tecnologias, é o que o professor de ciências precisa ter como característica necessária para sua atuação no ensino”. O autor ainda ressalta, “que o trabalho do docente precisa ser direcionado para a apropriação crítica dos alunos pelos alunos, de modo que efetivamente se incorpore no universo das representações sociais e se construa uma cultura” (DELIZOICOZ 2007, p. 34). Entendemos que se trata da formação de uma cultura científica atenta aos problemas sociais que precisam de uma resposta.

Como o livro didático ainda é a única fonte de pesquisa para os professores e alunos, pois muitos ainda se restringem a apenas os livros distribuídos pelo PNLD, desenvolver uma sequência didática faz com que o conteúdo do livro, o qual geralmente não é contextualizado com o cotidiano do aluno, venha relacionar não só

conteúdo, mas também a tecnologia e as teorias científicas que Delizoicov argumenta.

Delizoicov (2007) argumenta a forma em que o professor pode trabalhar com seus alunos e se baseia no estudioso em educação F. Hernández, numa proposta que intitula Projetos de Trabalho, que segue os princípios:

 Aprendizagem significativa, com base no que os alunos já sabem;  Articulação com uma atitude favorável para o conhecimento;

 Previsão de uma estrutura lógica e seqüencial dos conteúdos, na ordem que facilitem a sua aprendizagem;

 Sentido de funcionalidade do que aprender;  Memorização compreensiva das informações;

 Avaliação do processo durante toda a aprendizagem. (DELIZOICOZ 2007, p. 164)

Dentro dos Projetos de Trabalho o autor argumenta de forma complementar a Hernández o que Martins(1999) definiu em três momentos a chamada Metodologia de Projetos:

Avaliação inicial: é a sondagem para levantamentos de repertório; 2) Encaminhamento das ações: é o levantamento das propostas possíveis, avaliação e replanejamento; 3) Sistematização: ocorre quando há uma apropriação do conhecimento construído.( DELIZOICOZ 2007, p. 165)

Ao fazer o planejamento de uma sequência didática o professor tendo em mente esses três momentos permite que o ensino de temas abordado até então, sejam ministrados de forma mais atraente para o aluno aprender. O planejamento prévio e o fato do professor levar em consideração os conhecimentos prévios dos alunos mostram que o ensino baseado em temas, ou como Delizoicov sugere Abordagens Temáticas, que ele define como,

Perspectiva curricular cuja lógica de organização é estruturada com base em temas, com os quais são selecionados os conteúdos de ensino das disciplinas. Nessa abordagem, a conceituação científica da programação é subordinada ao tema (DELIZOICOV 2007 p. 189).

Em relação a esses temas abordados nos faz lembrar Paulo Freire onde sua proposta de ensino era baseado em temas do cotidiano do aluno.

...[ ] a estruturação das atividades educativas, incluindo a seleção dos conteúdos que devem constar na programação das disciplinas, bem como sua abordagem sistematizada nas salas de aula, rompe com o tradicional paradigma curricular cujo princípio estruturante é a conceituação científica, ou

seja, um currículo concebido com base numa abordagem conceitual (DELIZOICOV 2007 p. 190).

Essa conceituação cientifica deve ser abordada no processo educativo e os conhecimentos científicos irão compor o conteúdo programático das escolas. Os princípios que Delizoicov se preocupa para que o professor possa de uma maneira mais eficiente de abordar seus alunos, ele se baseia nos seus três momentos pedagógicos

2.4 OS TRÊS MOMENTOS PEDAGÓGICOS

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