• Nenhum resultado encontrado

O estabelecimento do ciclo de vida do produto permite uma melhor observação do fluxo de informações necessárias para o desenvolvimento pleno do produto, contemplando as necessidades de todas as fases e dos clientes envolvidos. De um modo geral o modelo do ciclo de vida descreve graficamente ou não, os estágios que o produto percorre desde antes de ser concebido até o seu descarte.

Considerando que o desenvolvimento deste produto resultará na construção de um protótipo de testes visando à experimentação de uma concepção, sem comprometimento com variáveis comerciais ou industriais, foram suprimidas as variáveis relativas aos setores de mercado. O mapeamento do ciclo de vida de um produto, como mostrado na figura 3.2, demonstra a participação dos clientes e sua influência nas respectivas etapas no ciclo de vida. Compra Venda (Clientes internos) (Clientes externos) (Clientes intemediários) Fabricação Montagem e Embalagem Armazenagem Transporte Uso Função Manutenção Desativação/ Reciclagem Descarte Projeto Projeto

Conceitual DetalhadoProjeto

Setores de Mercado Setores e Consumo Pré- Desenvolvimen Projeto Informacional Setores Produtivos Especificações meta Escopo do produto

Figura 3.2 – Espiral do desenvolvimento de produto – definição do ciclo de vida do produto. – (Adaptado de Fonseca, 2000)

Como forma de definir algumas variáveis baseadas na definição do escopo do produto, alguns atributos são listados em função das etapas do ciclo de vida, descrevendo características observadas e consideradas desejáveis neste produto e que devem ser consideradas na fase de definição de requisitos.

Estes atributos denominados atributos do ciclo de vida do produto estão descritos no quadro 3.2.

Quadro 3.2 – Definição dos atributos de ciclo de vida do produto.

Atributos do

Ciclo de vida Definições dos Atributos

Fabricabilidade

Analisar materiais não ferrosos (principalmente alumínio) e ou ligas ferrosas resistentes à corrosão (tratamentos superficiais). Pretende-se utilizar polímeros (Polietileno, Polipropileno, Nylon, etc.) e compósitos (fibra de vidro). Utilizar processos simples, de baixo custo, utilizando equipamentos de serralheria, marcenaria e modelagem de polímeros ou fibra, utilizando componentes existentes para redução de custo, facilitando o processo de fabricação e montagem, além de facilitar o trabalho de reposição de peças e componentes.

Montabilidade

As partes do equipamento devem possuir um número reduzido e simplificado de interfaces de encaixe e ajuste com o objetivo de reduzir o desgaste de peças, facilitar a montagem e desmontagem, reduzir tempo de montagem, otimizar o processo de fabricação, não necessitar de tolerâncias muito pequenas. Produto sob encomenda, montagem e ajustes feitos no local.

Embalabilidade O produto não prevê a utilização de embalagem

Transportabilidade Como projeto de série limitada e para uso específico, o produto deve ser

transportado utilizando no máximo um veículo de transporte leve.

Armazenabilidade

O produto será produzido sob encomenda, não necessitando de embalagem para acondicionamento, porém, deve prever a possibilidade de ser removido da embarcação e ser alocado em local seguro.

Usabilidade

O equipamento necessita possuir um sistema de controle de fácil operação, interpretação e acionamento, devendo possuir uma interface de controle adequada aos padrões sócio-culturais dos usuários. Deve prever uso inadequado e os problemas gerados por estes.

Mantenabilidade

A previsão de tempo de ciclo de vida do equipamento está em torno de 10 anos, assim sendo, a manutenção preventiva deve ser suficiente para a manutenção do funcionamento adequado do equipamento, cabendo ao projeto a previsão de pontos de lubrificação, ajustabilidade de mecanismos, permitir eventuais substituições de peças por desgaste com o mínimo de operações de montagem / desmontagem, uso de peças e componentes uniformizados e padronizados.

Reciclabilidade

Utilizar um número reduzido de materiais diferentes para facilitar o processo de desmontagem e separação de peças a serem enviadas para reciclagem ou reuso.

Descartabilidade

Os materiais empregados no projeto devem ser recicláveis, podendo ser reutilizados como sucata no fim de seu ciclo de vida não necessitando de acomodação ou coleta especial.

3.3.1 Definir os clientes do projeto a partir do ciclo de vida do produto

A correta identificação dos clientes do projeto dentro das fases do ciclo de vida do produto, permite orientar o processo de projeto, visando obter os dados necessários para o desenvolvimento de um produto adequado a todas as suas fases dentro do ciclo de vida.

Para identificar os clientes e suas respectivas participações dentro do ciclo de vida, foi utilizada a espiral do desenvolvimento, descrita em forma de figura dos setores vinculados ao projeto e pessoal envolvido no projeto informacional Figura 3.2.

Com isso se faz necessário traçar o perfil dos clientes envolvidos de modo a compreender a influencia e o nível de participação dentro das etapas do projeto. No desenvolvimento deste projeto os clientes foram mapeados segundo o quadro 3.3.

Quadro 3.3 – Atuação dos clientes no ciclo de vida do produto

FASES DO CICLO DE VIDA Áreas de atuação

CLIENTES Classificação

do cliente Setores Produtivos

Se to re s de Mer

cado Setores de Consumo

Equipe de

projeto INTERNO

Projeto, Montagem,

Transporte. Uso, Função

Especialistas

Maricultura INTERNO Projeto Função

Equipe de Fabricação INTERNO Projeto, Fabricação, Montagem / Embalagem, Armazenagem, Transporte. Manutenção

Maricultores EXTERNO Projeto

Uso, Função, Manutenção, Desativação

/ Reciclagem, Descarte

• Equipe de projeto – equipe composta por um mestrando do programa de pós- graduação de engenharia mecânica da UFSC, um Engenheiro especialista em projeto, um técnico em fabricação. A equipe possui um especialista em projeto para orientar as atividades e condução do projeto.

• Especialistas da Maricultura – formada pela equipe do Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC (LMM) e da EPAGRI. É composta por Biólogos, Engenheiros de aqüicultura, Engenheiros agrônomos e bolsistas de iniciação cientifica do curso de engenharia de aqüicultura. A maioria não possui experiência na metodologia do projeto.

• Equipe de fabricação – Em função da baixa escala de produção, os responsáveis pela fabricação deverão ser responsáveis pela comercialização a partir da demanda. Estima-se que os equipamentos possam ser construídos em empresas de pequeno porte, sem necessidade de aquisição de equipamentos especiais para o processo fabril, da mesma forma, a mão de obra necessária requer profissionais com treinamento adequado de operação dos equipamentos.

• Maricultores – O perfil do maricultor do litoral catarinense apresenta uma grande variação em termos de nível de escolaridade ou grau de instrução, renda e principalmente área de cultivo. Entretanto o perfil destes produtores pode ser traçado a partir de informações da EPAGRI e FAMASC, já que não há estatística oficial disponível sobre o padrão sócio econômico destes produtores.

Segundo esses órgãos, a maioria dos produtores é oriunda da pesca artesanal, tendo baixo grau de escolaridade sendo comum a presença de analfabetismo. Contudo, os maiores produtores desta atividade possuem nível superior de áreas correlatas como agronomia, que introduziram práticas modernas e inclusive, contribuíram através de experimentação e aplicação de métodos para o desenvolvimento da tecnologia de cultivo atualmente empregada. Estes últimos se destacam pelo pioneirismo e pela adoção de uma postura empresarial no trato do cultivo.

Apesar de algumas tentativas, a prática do cooperativismo e trabalho conjunto entre os pequenos produtores não vem, até o presente momento, obtendo sucesso nos cultivos da região de Florianópolis onde se concentra o maior número de produtores de ostras do estado. Os pesquisadores e extensionistas da EPAGRI consideram que esta situação ocorre em função de características culturais dos produtores, que incorporam os paradigmas de produção individualista da pesca em uma atividade que necessita de relacionamentos coletivos para se tornar competitiva entre pequenos produtores.

Documentos relacionados