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O CIDADÃO BAIANO ESTÁ SATISFEITO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.5 O CIDADÃO BAIANO ESTÁ SATISFEITO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS

O presente item encontra-se vinculado à quarta hipótese: a eficácia social da LAI seria baixa pelo fato de que o cidadão baiano já estaria satisfeito com as informações prestadas pelo Estado via transparência ativa. Ela conecta-se à Seção 5 do instrumento de pesquisa, que versa sobre o uso da internet para acessar informações públicas, apresentando opções dicotômicas de resposta (correto/ incorreto e sim/não, com uma pergunta condicional).

Conforme já informado no capítulo que versa sobre a metodologia, e de acordo com o índice do WJP, considerar-se-á que o cidadão está satisfeito com as informações encontradas online caso se obtenha a resposta “sim” à pergunta 23 em 50% das vezes.

Para alcançar esta fase, optou-se por elaborar perguntas sobre o conhecimento da existência de sítios federais, estaduais e municipais que possibilitassem acesso às informações públicas (questões 19, 20 e 21). E, então, trabalhar as questões específicas relativas à satisfação com as informações disponibilizadas (questões 22 e 23).

O primeiro enunciado (questão 19) tem como objetivo averiguar se os cidadãos baianos estão cientes de que, caso desejem acessar informações públicas sobre um órgão federal, podem fazê-lo no site deste órgão (gabarito: correto). Nesse sentido, 78,9% dos respondentes alinharam-se ao gabarito:

Tabela 65 – Questão 19

19 – No Brasil, é possível acessar informações públicas sobre um

órgão federal no site deste órgão Qtde (%)

Correto 359 (78,9)

Incorreto 96 (21,1)

Total 455 (100)

O segundo enunciado (questão 20) quer identificar se os entrevistados sabem que, na Bahia, é possível acessar informações públicas sobre os órgãos públicos estaduais pelo site da Ouvidoria Geral do Estado (resposta esperada: correto). O percentual de acertos foi da ordem de 69,9%.

Tabela 66 – Questão 20

20 – Na Bahia, é possível acessar informações públicas sobre os

órgãos públicos estaduais pelo site da Ouvidoria Geral do Estado Qtde (%)

Correto 318 (69,9)

Incorreto 135 (29,7)

Não informado 2 (0,4)

Total 455 (100)

O terceiro enunciado (questão 21) visa saber se os entrevistados estão cientes de que é possível acessar informações públicas sobre órgãos municipais em um site ligado à administração municipal, normalmente o da Prefeitura (gabarito: correto). A resposta foi correta em 53% das vezes.

Tabela 67 – Questão 21

21 – Em (nome da cidade) é possível acessar informações publicas

sobre os órgãos municipais no site (nome do site) Qtde (%)

Correto 241 (53)

Incorreto

211 (46,4)

Não informado 3 (0,7)

Total 455 (100)

O terceiro enunciado (questão 22) quer verificar se os indivíduos pesquisados já acessaram os sites apresentados acima em busca de informações públicas (73,7% responderam que não).

Tabela 68 – Questão 22

22 - Você já acessou sites de órgãos federais e/ou o site da

Ouvidoria Geral do Estado da Bahia Qtd (%)

Sim 117 (25,7)

Não 335 (73,7)

Não respondeu 3 (0,7)

Total 455 100

Para aqueles que responderam que “sim”, seguia-se uma pergunta condicional (questão 23) que tinha como objetivo saber se o cidadão havia ficado

satisfeito com as informações disponibilizadas. Dos 117 pesquisados, 67 responderam que sim (representando 14,7% do universo dos entrevistados).

Tabela 69 – Questão 23

23 - Você ficou satisfeito com as informações disponibilizadas? Qtd (%)

Sim 67 (14,7)

Não 47 (10,3)

Não informado 3 (0,7)

Total 455 100

Desta forma, está refutada a quarta hipótese: se a LAI possui baixa força normativa, isso não pode ser tributado à satisfação do cidadão com as informações prestadas online, tendo em vista que apenas 25,7% o fazem e aqueles que estão satisfeitos totalizam apenas 14,7% dos entrevistados.

A obrigatoriedade de se disponibilizar informações de órgãos públicos na internet não foi inaugurada pela LAI. Conforme já se salientou, a LRF já exigia do Estado a publicação online de dados de natureza fiscal há quase duas décadas. A LAI apenas ampliou esta prática para abranger informações que possibilitem ao cidadão auxiliar no processo de melhoria da gestão pública e no controle da qualidade dos serviços prestados.

Os resultados mostram, contudo, que o conhecimento acerca do site específico onde se pode encontrar informações online vai diminuindo a medida que se deixa a esfera federal: 78,9% dos baianos sabem que podem encontrar informações acerca dos órgãos federais nos sites desses mesmos órgãos, percentual que cai para 69,9% quando se trata do local onde podem encontrar informações sobre órgãos estaduais e para 53% no caso das informações sobre órgãos municipais.

Analisando-se os dados coletados mesorregião por mesorregião, verifica-se que em duas delas (Sul e Nordeste) (APÊNDICES E e D), e com um percentual alto de equívoco (respectivamente 77% e 72%) os cidadãos consideraram incorreto o enunciado segundo o qual as informações acerca dos órgãos municipais poderiam ser acessadas nos sites da prefeitura do respectivo município (no caso, nos sites das prefeituras de Itabuna e Alagoinhas):

Tabela 70 - Questão 21

21 - Em (nome da cidade) é possível acessar informações públicas sobre os órgãos públicos

municipais no site (nome do site) (gabarito: correto) % CORRETO % INCORRETO

Bahia 53 46,4 Centro-Norte 55,1 44,9 Centro-Sul 66,2 29,7 Extremo Oeste 50 50 Nordeste 28 72 Sul 23 77 Vale S. F. 55,6 44,4 Metropolitana 67,7 32,3

Esses dados parecem confirmar as dificuldades que as municipalidades vêm enfrentando em fazer valer a transparência ativa. Em outra ocasião, também no ano de 2016, realizou-se pesquisa com o intuito de se verificar se os sites das prefeituras dos municípios baianos com mais de 50.000 habitantes estavam cumprindo as exigências mínimas de transparência ativa determinadas pelo artigo 8°, § 1° e 2° da LAI, que indica um rol não exaustivo de informações que devem ser disponibilizados online por todo órgão público. O universo analisado abrangeu os sites da prefeitura de 48 municípios, incluindo todos os municípios objeto da presente pesquisa (MATTOS, 2016).

Assim, o referido artigo obriga que todo município com mais de 10.000 habitantes divulgue, na internet, espontaneamente, as informações a seguir: competências e estrutura organizacional do órgão, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; repasses ou transferências de recursos financeiros; despesas; informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados; dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.

Analisando estas exigências, observa-se que muitas destas informações já tinham sido objeto da Lei de Responsabilidade Fiscal e das alterações trazidas pela Lei Complementar nº 131/2009, que já foram apontadas anteriormente. Como já se afirmou, a LAI não criou tal obrigação, ela a ampliou.

Criou-se uma escala de 12 pontos onde “0” significaria que a municipalidade não cumpriu nenhuma das exigências elencadas no artigo 8°, § 1° e 2°, e “12” significa que todas estas teriam sido cumpridas. Apenas 15% das páginas eletrônicas das prefeituras obtiveram nota “12”, que foram aquelas pertencentes aos seguintes municípios: Araci, Brumado, Jacobina, Jequié, Porto Seguro, Santo Antônio de Jesus e Simões Filho. Nenhuma delas é a maior cidade de alguma das sete mesorregiões baianas.

Acesso à informação não é apenas uma questão de vontade política ou de legalidade. É, igualmente, uma questão de recursos. Entretanto, dito isso, como se justifica que os maiores municípios do Estado, tanto em termos de receita quanto em termos de máquina administrativa, não façam parte desta lista?

Ademais, já se afirmou que a mera disponibilização da informação em domínio público não é garantia de que elas serão úteis nem de que, quando o forem, serão manejadas com sabedoria. Entretanto, a divulgação da informação via transparência ativa favorece o baixo custo de busca e uso da nova informação, que deve ser baixo o suficiente para justificar o esforço dos usuários (FUNG et alii, 2007, p. 56).