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CAPÍTULO 2 CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO

2.2 A CIDADE DE GUARAPUAVA

Guarapuava está localizado no centro-sul do Estado do Paraná e apresenta uma importante representatividade no contexto regional em que está inserida, sobretudo, nos aspectos econômicos. A princípio, sua influência está ligada à atividade primária, mas, atualmente, está ligada ao setor terciário, principalmente por atender a demanda dos municípios ao seu entorno (GOMES, 2005). Surgido do desmembramento de Castro, o município foi instalado em 12 de abril de 1871 e seu aniversário é comemorado no dia 09 de dezembro.

Se a data não fosse informada, seria possível até pressupor que o ano seria o de 1990 ou de 2000 ou ainda de 2004, já que diversos sobrenomes das pessoas que então ocupavam os cargos de vereadores ainda permanecem gravitando na política ‘guarapuavana (SILVA, 2005, p. 151).

Em outras palavras, no que diz respeito à política partidária, muitos sobrenomes ainda permanecem.

Segundo Silva (2005), neste contexto, opta-se mais pelas pessoas que pelas instituições (como os partidos políticos), uma vez que a política local vincula-se a grupos unidos através de uma liderança, o que denota um poder político cíclico que apenas se moderniza economicamente.

Percebe-se que as articulações processam-se em torno dos mesmos grupos/atores políticos que se alternam no poder. Nas palavras de Silva (2005, p. 170),

[...] esse jogo, característico da política brasileira, nada mais é do que a busca por formas de dominação e controle, através das quais os elementos que detém o poder não só mantém sua posição como também garantem condições à continuidade das relações de poder existentes.

De modo geral, as alterações em termos político-econômicos não mudam por completo os poderes hegemônicos de alguns grupos, que se sustentam na permanência, em ideologias conservadoras, impedindo mudanças. São grupos arraigados às origens como forma de manutenção do poder. “Nesse universo, o conservadorismo é utilizado como uma forma de proteção, em particular no que se refere à aceitação de outros no grupo ou na sua inserção em novos contextos sociais” (SILVA, 2005, p. 103)

Num primeiro momento, parece que a sociedade local é conservadora, mas se corrobora aqui com a tese da autora que é o elemento conservador que perpassa as ações de poder estabelecidas pelos grupos com tradição de domínio localmente, seja política ou econômica. Esse princípio conservador conforma uma visão estática da história.

Em Guarapuava, como em grande parte do Brasil, a modernização agrícola expulsa de seus meios de sobrevivência parte da população rural. Esta se direciona para as cidades, que recebem um número grande de pessoas despossuídas que se instalam nas periferias. Heranças de um “passado presente” que identifica o município como uma região característica de muitas mazelas sociais.

Portanto, com a modernização não desaparecem o modo de vida e os valores da sociedade campeira. O que se processa, segundo o argumento de Silva (2005), é a redefinição das identidades do grupo nesse novo contexto.

O município alcança o século XXI com um território de 3.053,83 km2 de

extensão, e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), possuiu uma população total de 167.328 mil habitantes. Destes, 152.993 residem em área urbana e 14.335 na área rural. Ainda segundo esta mesma fonte, registra-se um crescimento populacional de 11.034 mil pessoas em relação a 2010.

Em relação ao segmento criança e adolescente, segundo a sinopse do Censo 2010, Guarapuava tem uma população de 58.574 meninos e meninas, incluídas nesse grupo as pessoas com dezenove anos. O que representa 35% da população total. No que diz respeito ao gênero, as meninas representam um universo maior que os meninos, respectivamente 55% e 45%.

Conforme mostra o gráfico 1, 2.476 pupilos estão entre 0 e 1 ano de idade. Sendo que 9.988 tem de 1 a 4 anos, seguidos de 13.748 meninos e meninas que têm entre 5 e 9 anos. 16.332 têm de 10 a 14 anos e 16.030 possuem idade entre 15 a 19 anos.

GRÁFICO 1 – HABITANTES SEGUNDO FAIXA ETÁRIA (DE 0 A 19 ANOS) Fonte: IBGE (2011) Sinopse dos Resultados do Censo 2010

Organização: A autora

No que se refere à economia do município, esta se desenvolve através da agricultura, pecuária e indústria de madeira. E desde 1950 vem se destacando como grande produtor de grãos: soja, milho, trigo, arroz, aveia, cevada, sorgo, etc. Entre os produtos industrializados, destacam-se papel, papelão, pasta mecânica, madeira, serrada e beneficiada, chapas de madeira compensada, móveis, carvão ativado, goma laca, breu, erva-mate e malte.

Estabelecendo um comparativo entre o índice de Gini45 de Guarapuava 0,640 e o de Ponta Grossa, que chega a 0,570, observa-se a variação em relação à desigualdade da distribuição de renda, mesmo o porte do primeiro sendo inferior ao do segundo.

O acesso da população aos serviços básicos como água encanada chega a 52.116 unidades de atendimento, já o atendimento de esgoto compreende 32.294. Os consumidores de energia totalizam 55.305 (IPARDES, 2011).

Segundo o Planejamento Municipal na Área da Criança e Adolescente para o período 2006-2007, na área da Saúde, em 2004 constatou-se a existência de 01 médico para 846 habitantes, 01 dentista para 1.169 habitantes e 242 habitantes para um leito hospitalar. Sendo que o município não possuía e nem possui tratamento para crianças e adolescentes com dependência química, existindo por sua vez a demanda descoberta de seus direitos básicos.

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Mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula) (PNUD, 2011).

O município possuiu poucas indústrias e também pouco investimento na área do emprego e do desenvolvimento social. Recentemente, o município ainda sobrevivia apenas da exploração da madeira e da agropecuária e continua nesta mesma tentativa. Mas muitas madeireiras despediram um expressivo contingente de trabalhadores, em virtude das massivas falências. Igualmente, as empresas que buscam se instalar no município recebem pouco incentivo, devido principalmente ao monopólio de algumas empresas da cidade que acabam comprando os terrenos para especulação imobiliária, impedindo, assim, que outras possam criar concorrência. (SILVA, 2005; PRATES, 2011).

Segundo os estudos do IPARDES (2000), Guarapuava possuía 71.307 mil pessoas em idade economicamente ativa, sendo que 60.112 estavam ocupadas. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2010), destes, 36.385 estavam empregadas no emprego formal, o que demonstra que 11.195 pessoas em idade economicamente ativa encontram-se sem ocupação e sem emprego formal.