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2.3 REABILITAÇÃO FÍSICA

2.3.1 Modalidades de Reabilitação Física Utilizadas na Doença do Disco

2.3.1.2 Cinesioterapia

Cinesioterapia é um método de acelerar a recuperação do paciente por meio de exercícios, utilizando movimentos com finalidade precisamente terapêutica. Cinesio significa movimento e terapia tratamento. A cinesioterapia é uma técnica que se baseia nos conhecimentos de anatomia, fisiologia e biomecânica, a fim de proporcionar ao paciente um melhor e mais eficaz trabalho de prevenção, cura e reabilitação (GUIMARAES; CRUZ, 2006).

O exercício terapêutico é um essencial componente na reabilitação do animal (GROSS, 2002). Os exercícios utilizados na cinesioterapia podem ter movimentos passivos, quando realizado pelo terapeuta, sem nenhum esforço por parte do animal e ativos quando são realizados pelo próprio animal (LEVINE et al., 2008).

A indicação da cinesioterapia é bastante criteriosa, necessitando de avaliação para traçar objetivos e estratégias, além de reavaliações freqüentes, visando a atualização junto a progressão do paciente em conseqüência da necessidade de correções ao programa inicial até atingir o potencial de recuperação esperado (GUIMARAES; CRUZ, 2006).

A) Alongamento

O alongamento mantém os músculos mais elásticos e flexíveis e os prepara para as atividades físicas (MIKAIL; PEDRO 2006). Uma boa flexibilidade permitirá a realização de

determinados movimentos que de outra forma, seriam impossíveis, além disso, esta qualidade física reduz o risco de lesões músculo-articulares (DANTAS et al., 2002 apud SANTOS; ARAÚJO, 2003).

Na medicina veterinária o alongamento é feito quando se usa uma força externa proporcionada por uma máquina ou pessoa. Existem três tipos de alongamento: Estático, Mecânico prolongado e balístico, mas o comumente usado na rotina da doença do disco intervertebral é o estático. Nesta técnica o individuo não contribui para realização do trabalho, pois alguém irá gerar uma tensão alongando o músculo lentamente até a amplitude desejada, mantendo-a por algum tempo e voltando depois a posição inicial (MIKAIL; PEDRO 2006). É importante que ao alongar o membro de um animal o terapeuta coloque uma mão estabilizando o osso proximal à articulação, e a outra estabilizando o osso distal da mesma (MILLIS et al.,2004). Outra técnica utilizada na Discopatia intervertebral é a tração na coluna vertebral, esta é uma técnica, na qual uma força longitudinal é aplicada à coluna e estruturas associadas. A tração contínua é feita quando uma pequena força é aplicada durante um período prolongado e mantém a coluna alongada, esta tração pode reduzir a dor e diminuir o grau de pressão mecânica exercida às raízes nervosas e o espasmo muscular, além disso, se a dor for proveniente de uma lesão discal, o núcleo pulposo protruso é estimulado a centralizar-se ou retornar a sua posição normal (STARKEY, 2001). (Ilustração 16).

Ilustração 16 – Alongamento - Tração na coluna vertebral de um animal de raça shi-tzu com hérnia toracolombar. A bola terapêutica é utilizada como apoio para o animal.

Há evidências de que o alongamento muscular tem efeito positivo na melhora da dor e na qualidade de vida dos pacientes (ARAÚJO, 2003), além disso, é um importante processo na prevenção e reabilitação de lesões (MIKAIL; PEDRO 2006).

B) Exercício passivo

São exercícios utilizados quando o paciente apresenta-se muito debilitado e com problemas neurológicos. O exercício passivo é o método de exercício terapêutico utilizado, quando o animal tem limitações funcionais e não consegue sustentar o peso do corpo (MILLIS et al., 2004, LEVINE et al., 2008), sendo muito utilizado em animais com hérnia de disco intervertebral (BOCKSTAHLER et al., 2004).

No exercício passivo são realizadas técnicas de flexão e extensão dos músculos tendões e ligamentos, através de reflexos e alongamentos. Para a realização deste tipo de exercício é essencial que o animal seja mantido em uma posição confortável, os movimentos sejam lentos, a musculatura esteja relaxada e o animal não apresente dor ao executar o movimento (BOCKSTAHLER et al., 2004) . (Ilustração 17).

Ilustração 17 – Exercício Passivo - Terapeuta realizando flexão nos músculos, tendões e ligamentos dos membros pélvicos do animal.

Fonte: VET SPA, 2006.

Os exercícios passivos reduzem os espasmos e previnem retrações e aderências (PELLEGRINO et al., 2003).

C) Exercício ativo

O exercício ativo se divide em três tipos: ativo-assistido, ativo livre, ativo resistido o ativo assistido é realizado pelo paciente que recebe ajuda parcial do terapeuta; o ativo livre é o exercício realizado sozinho pelo paciente e o ativo resistido quando o movimento é realizado contra uma resistência manual ou mecânica (GUIMARAES; CRUZ, 2006).

No exercício ativo assistido, quando o animal não consegue sustentar o peso do corpo, o terapeuta proporciona um suporte para que o animal fique na posição quadrúpede. Mantendo o corpo nesta posição o animal estará fortalecendo os membros, além de ser uma forma de propriocepção, onde o animal receberá estímulos dos músculos e tendões (MILLIS et al., 2004). O suporte utilizado pode ser uma toalha ou uma tipóia elástica (BOCKSTAHLER et al., 2004). (Ilustração 18).

Ilustração 18 – Exercício ativo assistido - Uso de uma toalha na região inguinal para auxiliar o animal na sustentação do corpo.

Fonte: PELLEGRINO et al., 2003.

Quando o animal tem capacidade de suportar o peso podem ser utilizados como exercício ativo assistido, bolas e rolos fisioterapêuticos (BOCKSTAHLER et al., 2004). Quando o cão está em cima da bola terapêutica pode ser feito movimento de extensão da coluna e fortalecimento da postura desse animal (GROSS, 2002).

Os exercícios ativos podem ser feitos através de caminhadas controladas com o animal, utilizando pisos emborrachados, colchões e rampas, além disso, pode ser utilizada

também a esteira elétrica. Esse tipo de exercício é usado quando os animais já apresentam ambulação independente, serve para ajudar os animais a utilizar todos os membros de forma correta e para coordenar o andar do animal (MILLIS et al., 2004).

O exercício ativo resistido é usado para aumentar a força do paciente. É utilizado quando o animal não necessita mais de ajuda para caminhar. Um dos métodos de exercício resistido mais utilizado é o uso de peso nos membros do animal, enquanto este caminha ou faz corrida (BOCKSTAHLER et al., 2004). Além disso, exercícios impostos ao animal como sentar e levantar, trote, corrida e natação também fortalecem a musculatura (GALLINARO, 2004).

D) Propriocepção

Segundo Mikail; Pedro (2006), propriocepção é a percepção do posicionamento do corpo no espaço durante a fase estática ou de movimento. Como já foi dito anteriormente, a propriocepção consciente permite ao animal conhecer a posição de seus membros para poder corrigi-la se não for adequada (PELLEGRINO et al., 2003).

O uso da reeducação proprioceptiva por meio de estímulos proprioceptivos excita as terminações nervosas a fim de obter, de maneira automática ou reflexa, as contrações musculares com finalidade de aprender o movimento, de reabilitar ou ainda, reprogramar a função do movimento (MIKAIL; PEDRO 2006).

A propriocepção pode ser estimulada por mudança no centro de gravidade do cão, quando o terapeuta empurra gentilmente o animal de um lado para o outro ou oferece um alimento, movendo também o animal, além disso, existem rampas ou plataformas que podem ser usadas para balançar o animal para frente e para trás, na diagonal e em 360 graus (MILLIS et al., 2004).

O treinamento proprioceptivo também pode incluir o caminhar na pista com diferentes pisos, onde a intenção é provocar um “bombardeio” de informações sensoriais diferentes, conforme o animal caminha sobre a areia fina, cimento, pedriscos, borracha triturada e areia grossa (MIKAIL; PEDRO 2006). (Ilustração 19).

Ilustração 19 – Pista de Propriocepção – pista com pisos diferentes, para treinamento proprioceptivo. Fonte: VET SPA, 2006.

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