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2.3 REABILITAÇÃO FÍSICA

2.3.1 Modalidades de Reabilitação Física Utilizadas na Doença do Disco

2.3.1.5 Eletroterapia

Para o entendimento da eletroterapia é necessário que se compreendam alguns conceitos básicos como o da eletricidade, que é uma força criada por um desequilíbrio no número de elétrons entre dois pontos. Na tentativa de equilibrar as cargas os elétrons se movimentam, gerando assim uma corrente elétrica (STARKEY, 2001).

Os aparelhos de estimulação elétrica vendidos com finalidade terapêutica (Ilustração 22), apresentam basicamente 3 tipos de corrente elétrica que são divididas em: corrente direta (CD), alternada (CA) e pulsada (MIKAIL; PEDRO, 2006). As correntes diretas são classificadas por um fluxo contínuo de elétrons em uma única direção, nas correntes

alternadas o fluxo de elétrons muda constantemente de direção, já a corrente pulsada indica que o fluxo de elétrons é periodicamente interrompido, além disso, as correntes pulsadas podem fluir em uma única direção (unidirecional), de forma semelhante a CD, ou podem ter movimento bidirecional, como na CA (STARKEY, 2001). (Ilustração 22).

Ilustração 22 – Eletroterapia – Aparelha de estimulação elétrica utilizado na aplicação da neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS), estimulação elétrica neuromuscular (EENM).

Fonte: Arquivo pessoal, 2006.

As correntes elétricas podem ser utilizadas de várias formas: para o tratamento da dor, através da neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS), para estimular um músculo inervado, através da estimulação elétrica neuromuscular e estimular um músculo desenervado (EENM) (BOCKSTAHLER et al., 2004).Estas correntes são transmitidas a partir de um gerador e atingem o paciente através de eletrodos que são colocados sobre a superfície da pele (GALLINARO, 2004), a tricotomia na área onde se coloca o eletrodo deve ser realizada sempre, caso ela não seja possível é necessário utilizar bastante gel para eliminar os espaços entre os pêlos, pois o ar contido nestes espaços atrapalha a condução da corrente elétrica (MIKAIL; PEDRO, 2006).

Existem vários tipos de eletrodos (de silicone, auto-adesivos e metálicos), sendo os de silicone os mais utilizados na medicina veterinária devido a seu baixo custo e maior praticidade, os de auto-adesivos são usados em áreas tricotomizadas e de difícil contato, no entanto apresentam como desvantagem o alto-custo (MIKAIL; PEDRO, 2006), além disso,

produzem maior desconforto durante o tratamento causando uma sensação de queimação (STARKEY, 2001).

O tamanho e o contato do eletrodo com a pele influenciam na transmissão da corrente, ou seja, quanto menor o tamanho do eletrodo, maior é a densidade da corrente, quanto maior a superfície do eletrodo maior será o fluxo da corrente. A proximidade entre os eletrodos determina quais tecidos são estimulados, quando os eletrodos são colocados próximos uns aos outros, a corrente flui superficialmente, quando se aumenta a distancia a corrente pode atingir maior profundidade nos tecidos (STARKEY, 2001).

O posicionamento dos eletrodos varia com o tipo de corrente utilizada e com os objetivos do tratamento, estes podem ser dispostos de maneira monopolar, bipolar e quadripolar (KITCHEN; BAZIN, 1998). A aplicação monopolar consiste no uso de dois eletrodos, um ativo, colocado no local onde se deseja o efeito do tratamento e um dispersivo usado para completar o circuito, no eletrodo ativo utiliza-se eletrodos menores e no dispersivo os efeitos da densidade da corrente são minimizados utilizando eletrodos grandes. A aplicação bipolar consiste no uso de eletrodos de tamanhos iguais colocados na área do tratamento e a aplicação quadripolar envolve o uso de dois conjuntos de eletrodos provenientes de dois canais diferentes (STARKEY, 2001).

A estimulação elétrica tem vários benefícios para o paciente, como aumento da massa e da força muscular, aumento da amplitude de movimento, diminuição do edema e da dor e retorno da função normal do sistema musculoesquelético afetado (MILLIS; LEVINE, 1997 apud GALLINARO, 2004), basicamente, na fisioterapia todo caso com componente neurológico é candidato a eletroestimulação (PELLEGRINO et al., 2003).

A) Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) e Estimulação Elétrica Funcional (EEF)

O nome NMES (Neuromuscular Electrical Stimulation) ou EENM (Estimulação Elétrica Neuromuscular) pode ser atribuído de forma genérica à aplicação de correntes elétricas com o objetivo de provocar contrações musculares. O mecanismo de ação da NMES ocorre mediante à estímulos elétricos terapêuticos aplicados sobre o tecido muscular, através do sistema nervoso periférico íntegro (PELIZZARI; MAZZANTI, 2006).

Quando se aplicam estímulos elétricos em músculos privados de controle nervoso, com o objetivo de promover o retorno de habilidades funcionais, existe uma técnica internacionalmente difundida denominada FES (Functional Electrical Stimulations) ou EEF

(Estimulação Elétrica Funcional). A FES é utilizada principalmente como recurso terapêutico complementar em reabilitação de doenças neurológicas (BRAZ, 2003).

Para fins didáticos, existe uma diferenciação entre as aplicações clínicas da NMES e FES. Na prática clínica, existem situações em que ambas são consideradas as mesmas (BRAZ, 2003).

A EENM é utilizada para reeducação muscular, redução dos espasmos, retardo da atrofia e fortalecimento do músculo (STARKEY, 2001), sendo uma modalidade terapêutica utilizada há mais de 40 anos (PELIZZARI; MAZZANTI, 2006), esta corrente recruta primeiro as fibras de rápida contração e logo depois as fibras de lenta contração, fazendo o inverso da contração voluntária (MILLIS et al., 2004). A EEF provoca a contração de um músculo paralisado, afetando as vias sensitivas que contribuem para a normalização das atividades motoras reflexas básicas e assim produzindo uma contração funcionalmente útil (KITCHEN; BAZIN, 1998).

É comum empregar a técnica bipolar de colocação dos eletrodos, quando se deseja uma contração muscular, assim os eletrodos são colocados sobre as terminações proximal e distal do músculo ou do grupo muscular afetado (STARKEY, 2001). O tamanho do eletrodo depende do tamanho do músculo a ser estimulado e da intensidade de contração a ser promovida, lembrando que pequenos eletrodos tendem a intensificar as contrações musculares (KITCHEN; BAZIN, 1998).

A estimulação elétrica é contra – indicada em áreas da pele que estejam anestesiadas, em casos de inflamação aguda no local do tratamento, em lugares onde se tenha tumores e doenças infecciosas (BOCKSTAHLER et al., 2004).

B) Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS)

A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é o termo utilizado para descrever uma modalidade eletroterapêutica empregada no controle da dor (STARKEY, 2001). (Ilustração 23).

O mecanismo de analgesia produzido pelo TENS é explicado pela teoria das comportas, proposta por Melzac e Wall (1965) (MIKAIL; PEDRO, 2006; KITCHEN; BAZIN, 1998). Os impulsos gerados nos receptores cutâneos chegam ao corno dorsal da medula por fibras largas aferentes e bloqueiam os “portões”, inibindo assim a transmissão dos impulsos dolorosos para o cérebro (MIKAIL; PEDRO, 2006), porém o mecanismo exato de como a dor é inibida baseia-se numa completa compreensão da patologia da lesão e das

subseqüentes alterações que podem ocorrer nas vias nervosas e do sistema nervoso central (KITCHEN; BAZIN, 1998).

Embora a TENS reduza a percepção da dor, o tratamento exerce pequeno efeito sobre a patologia principal, por isso essa modalidade deve ser empregada em conjunto com terapias que tratem a origem da dor (STARKEY, 2001).

Há vários modos de utilização da TENS, como: TENS de alta freqüência e baixa intensidade (modo convencional), TENS de baixa freqüência e alta intensidade (modo acupuntura) e TENS burst ou pulsado (BOCKSTAHLER et al., 2004; MIKAIL; PEDRO, 2006). No TENS convencional a analgesia costuma ocorrer imediatamente, mas a duração é curta, o TENS acupuntura não é um método confortável e muitos animais não o toleram, no TENS pulsado o alívio da dor ocorre entre 10 a 30 minutos (MIKAIL; PEDRO, 2006).

A posição dos eletrodos determina o caminho que a corrente seguirá. Os eletrodos podem ser aplicados sobre o nervo, no local onde esta estrutura seja mais superficial e proximal ao local da ocorrência da dor, sendo um eletrodo cranial e outro caudal do mesmo lado (TENS longitudinal) ou em cada lado da região dolorida (TENS transversal) (KITCHEN; BAZIN, 1998).

A TENS é indicada no controle da dor crônica, no tratamento da dor pós - cirurgia e na redução da dor aguda, sendo contra-indicada na dor de origem central e desconhecida (STARKEY, 2001).

Ilustração 23 – TENS - Realização de Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) na região da coluna vertebral torácica de um animal com hérnia de disco torácica.

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