• Nenhum resultado encontrado

CLASSE NOME COMUM

No documento subsistência e cultura material (páginas 193-200)

4 4 Estruturas funerárias

CLASSE NOME COMUM

GUAICURU CIENTÍFICO FONTE

mammalia anta Apolicaganag-

iguaga

Apolicano-yuá

Tapirus terrestris Labrador, 1910, t. I Casal, 1976

mammalia ariranha Egueleiche Pteronura brasiliensis Labrador, 1910, t. I

mammalia capivara Eguagaicho

evagaxa

Hydrochaeris

hydrochaeris Labrador, 1910, t. I Martius, 1863

mammalia cateto Niguitagi Tayassu tajacu Labrador, 1910, t. I

mammalia cervo-do-pantanal Totiganigo otticanigo- nabiouana Blastocerus dichotomus Labrador, 1910, t. I Martius, 1863

mammalia cotia ? Lanagiye Dasypocta sp. Labrador, 1910, t. I

mammalia lobinho Caichoque Cerdocyon thous Labrador, 1910, t. I

mammalia lobo-guará Tiglicon Chrysocyon

brachyurus Casal, 1976

mammalia lontra - Lutra sp. -

mammalia onça-parda - Felis concolor -

mammalia onça-pintada Nigetiogo

nigaidjiogo

Panthera onca Labrador, 1910, t. I Martius, 1863

mammalia paca - Agouti paca -

mammalia porco-do-mato Nigdá Tayassu sp. Casal, 1976

mammalia preá Namotigi Cavia sp. Labrador, 1910, t. I

mammalia queixada Niguidagis Tayassu pecari Labrador, 1910, t. I

mammalia tamanduá - Myrmecophagidae -

mammalia tamanduá- bandeira

Bidioni Myrmecophaga trydactila

Labrador, 1910, t. I mammalia tapiti ? Etaguimagadi Sylvilagus brasiliensis Labrador, 1910, t. I

mammalia tatu attobitchai Dasypodidae Martius, 1863

mammalia tatu-bola - Tolypeutes matacus -

mammalia tatu-canastra - Priodontes maximus -

mammalia veado otticánigo Cervidae Labrador, 1929

mammalia veado-campeiro Napicagaligi Ozotocerus

bezoarticus Labrador, 1910, t. I

mammalia veado-mateiro - Mazama americana -

reptilia iguana Niyaluyegi Iguana iguana Labrador, 1910, t. I

reptilia jabuti Logoyenigo Testudo tabulatta Labrador, 1910, t. I

reptilia jacaré Niogoiyegi

Niôxe niogoxê

Caiman crocodilus Labrador, 1910, t. I Casal, 1976

Martius, 1863

reptilia jibóia Etagadi

Laquedi

Boa sp. Labrador, 1910, t. I

reptilia lagarto - Teiidae -

reptilia sucuri Oyaga Eunectes notacus Labrador, 1910, t. I

reptilia tartaruga Nogoyenigo Chelonia Labrador, 1910, t. I

ave ?? Nayinigiguaga Penelope ? Labrador, 1910, t. I

ave aracuã - Ortalis canicollis -

ave butor - Cathartidae -

ave carão - Aramus guarauna -

ave codorna - Nothura sp. -

ave colhereiro - Ajaia ajaja -

ave curicaca - Thenistieus caudatus -

ave ema Apacanigo ou

Apacachodi apacanigo

Rhea americana Labrador, 1910, t. I Casal, 1976

ave galinhola - Tinamidae -

ave garça - Ardaiidae -

ave garça-branca - Cosmerodius albus -

ave garça-moura Itió Ardea cocoi Labrador, 1910, t. I

ave jacú - Penelope sp. -

ave jaó-do-mato - Crypturellus undulatus -

ave marreco - Anatidae -

ave mutum - Crax fasciolata -

ave nhambú - Crypturellus sp. -

ave pato-do-mato Neguecaga Cairina moschata Labrador, 1910, t. I

ave perdiz - Nothura sp. -

ave perdiz-do-campo - Nothura sp. -

ave peru silvestre - Cracidae ? -

ave socó - Tigrisoma sp. -

ave tuiuiú - Jabiru mycteria -

ave yacutinga - Pipile sp. -

Quadro 2: Espécies de mamíferos, répteis e aves exploradas52.

Algumas considerações teóricas de autoria de Susnik (1982 e 1990) são pertinentes a este estudo, sendo apreciadas e exemplificadas a seguir. Na área chaquenha, os grupos indígenas caçadores preferiam as caçadas coletivas, “lo que implica la homogeneidade del grupo participante” (Susnik, 1982, p. 34). Um dos métodos muito utilizados era a caça a fogo, que se aplicava a pequenos animais (ibid, p. 35).

Quando adotaram o cavalo, as tribos eqüestres, e entre estas os Mbayá-Guaicurú, começaram a “practicar las monterías colectivas para la caza de grandes animales; salen cuadrillas de 20 o 30 Mbayá a caballo (...)”. A estratégia era a caça através da correria de cavalos. Usavam para abter o animal flechas e lanças, mas preferencialmente a borduna (ibid., p. 36). Entre os Mbayá-Guaicurú, conforme Susnik (1990, p. 146), vigorava o direito do caçador, no qual aquele que desse o último golpe no animal era o dono da caça, que então repartia a carne entre os membros do grupo, sendo que o couro lhe pertencia.

5. 2 - Pesca

A pesca pode ser considerada como atividade anual, pois os Mbayá-Guaicurú podiam obter provisões durante o ano inteiro. Como Susnik (1990, p. 131-32) comentou, a atividade da pesca era generalizada entre os grupos indígenas, sempre que o ambiente natural a permitisse ou a favorecesse.

Cabeza de Vaca (1962, p. 42) menciona, em meados do século XVI, que os Guaicurú traziam muito pescado à cidade de Assunção para comercializar. Neste caso, deveriam utilizar alguma forma de conservação do pescado, como era feito com a carne de caça que era moqueada, para não se deteriorar rapidamente.

A maioria dos autores53 referem somente que os Mbayá-Guaicurú também se sustentavam de pescado. No entanto, não mencionam quais espécies de peixes, quais as formas utilizadas para pescar e nem o modo de consumi-los. Poderiam pescar nos rios, como o Paraguai e seus afluentes, assim como nas lagoas, abundantes na área habitada.

O jesuíta Labrador (1910, t. I) relatou as informações mais significativas sobre a atividade da pesca entre os Mbayá na segunda metade do século XVIII. Entre as espécies de peixes pescados, Labrador (loc. cit.) menciona que apreciavam a carne de: Atepaga (??), dourado (?) ou Achuanaga (Salminus sp.), peixe pássaro, Apigoïe (??), armado,

52 Os nomes em Guaicurú correspondentes à fauna estão relacionados às fontes referidas na quarta coluna. 53 Mencionam-se: Cabeza de Vaca (1962, p. 35), Torres (Carta Anua de 1610, p. 48), Oñate (Carta Anua

de 1615, p. 19), Gongorra (Apud Garay, 1899, p. 189), Guzmán (1980, p. 89), Espinosa (1948, p. 634), Techo (1897, t. II, p. 159), Lozano (1941, p. 67), Muriel (1918, p. 228), Jolís (1972, p. 301), Ferreira (1974, p. 81), Prado (1856, p. 33), Serra (1866, p. 212), Bossi (1863, p. 33), Steinen (1940, p. 696) e Rivasseau (1936, p. 137).

piraputanga (?) ou Echiguanga (Brycon hilarii ?), Ayinaga (??), Guoponaga (??), piranha (?) ou Omageladi (Serrasalmus spp. ?), raia ou Nela (Potamotrygon spp.), bagre (Siluroidei), sábalo, boga ou Benetega (??) e surubi ou Codoladegabo (Pseudoplatystoma corruscans). Da piranha (?) ou Omageladi (Serrasalmus spp. ?) aproveitavam os dentes, que são muito fortes e afiados, dispostos em forma de serra no maxilar, como tesouras (ibid., p. 220)

Labrador (op. cit., p. 223-225) descreveu as formas empregadas para a pesca pelo grupo:

Pesca con flecha - Con el mismo método pescan el Eguagaicho y también con flechas ordinarias, porque en desangrándose, sobrenada y le recogen. Es cosa gustosa verlos pescar con la flecha. Los peces cuyo nombre en común es Negoyegi, unas veces en cardumen otras solos, pescan su alimento. El indio arma su arco, y con una vista de lince descubre el pez que corretea. Dispárale la flecha de modo que queda traspasado por medio. También sabe tomar las medidas, y prevee en el disparo la natural velocidad del pescado. Flechado éste, entra el pescador en el agua, y por su flecha sigue y coge su presa. Si el agua no está honda el pez queda clavado en tierra.

Pesca con frutillas - El ordinario modo en sus pescas se hace con anzuelo. Éstos, ó los adquiren de los españoles, ó ellos se los labran tan buenos como aquéllos, si logran algunos pedazos de hierro ó clavos viejos. Después hablaremos de sus fraguas. El cebo del anzuelo ó es de carne de sus cazas, ó de frutillas. Los peces llamados Atepagas son aficionadísimos á ciertas frutillas que producen algunos árboles en las orillas de los ríos. Los he visto en tiempo de estas frutas en continuas idas y venidas hacia los ramos de estos árboles avanzados al agua, en busca de las frutas, que se caen, ó de maduras, ó sacudidas de los vientos. Conociendo el gusto de estos peces, ceban los indios sus anzuelos con dichas frutillas; y en breve hacen fortuna. El nombrado Atepaga es muy atrevido; y, en viendo algo de color encarnado en el agua, da con resolución un salto á cogerlo. Basta un trapo colorado para pescarle, porque no suelta lo que una vez muerde.

Pesca general - La desgracia es que la gente Eyiguayegi generalmente no es muy dada á la pesca. Algunos se hallan aficionados á este ejercicio. No obstante, tal cual vez, estimulados del hambre, lo remedian con este arte. En otras ocasiones, cogen unas esteras pequeñas con que hacer una chocita abierta á todo viento. Vanse á la orilla del río Paraguay, y se extienden por ella, cogiendo sus sitios determinados las familias. Así ocupan dos ó más leguas de tierra no cerca de la ribera. Aquí permanecen á veces un mês, comiendo y asando para cuando se vuelvan. El fin de ponerse del modo dicho por la orilla del río, no se endereza solamente á que cada cual pesque con desahogo, sino para socorrerse prontamente en caso que los infieles Payaguás, sorprendan á algunos descuidados. En este aprieto ó si divisan las canoas de sus enemigos al punto queman el campo, y levantan humareda, por

medio de las cuales unos á otros comunican el aviso, y los varones se ponen en armas para la defensa. Advertidas estas contraseñas por los Payaguás, no es menester más aparato para que se pongan en huída, y así quedan sin recelos los Mbayás en su pesca.

Das formas empregadas para a pesca descritas por Labrador (1910, t. I), a primeira consistia na pesca através do arco e flecha. Flechado o peixe, o pescador o recolhia na água. Este método era utilizado também para caçar a capivara ou Eguagaicho (Hydrochaeris hydrochaeris) na água, pois após dessangrado o animal boiava, e facilitando então a sua captura. A pesca com flecha também é referida por Bossi (1863, p. 31).

O outro método utilizado era a pesca com anzol. A isca usada era carne de alguma caça ou frutas. No caso da isca com frutas, o peixe Atepagas (??) era o grande alvo, uma vez que este peixe alimentava-se especialmente de frutas, cujas árvores encontram-se na beira dos rios. Segundo Labrador (1910, t. I, p. 159), as cordas e linhas para pesca eram feitas a partir das fibras extraídas das folhas da bocaiúva (Acrocomia aculeata). Provavelmente através do contato com os hispânicos os Mbayá-Guaicurú adotaram o uso de anzóis de metal. Anteriormente os anzóis deveriam ser confeccionados com ossos. Labrador (op. cit., p. 296) menciona a confecção de anzóis a partir de cravos ou pedaços de ferro.

A pesca era atividade que poderia ser realizada durante o ano todo. No entanto, segundo as informações de Labrador (1910, t. I), a pesca para os Mbayá não tinha tanto destaque quanto outras atividades. Eles deveriam pescar em determinada época do ano, quando existisse a carência de alimentos, ou complementando a dieta alimentar ou ainda conforme a sazonalidade e o período de inundações.

Figura 30: A pesca de surubi (Pseudoplatystoma corruscans) (Fonte: Labrador, 1910, t.

I).

Na ilustração acima, Labrador (1910) mostra dois Mbayá pescando com um anzol um surubi (Pseudoplatystoma corruscans) à beira de um rio. Azara (1969, p. 221) também menciona a pesca com anzol ou flecha.

Serra (1866, p. 212), em seu parecer de 1803, indicou que os acampamentos Mbayá temporários, que alternavam os campos de Albuquerque e da Lagoa do Jacadigo, acompanhavam a crescente e a vazante das inundações, aproveitando a abundância de peixes que se encontram no fundo das lagoas e escoantes.

Figura 31: Mbayá carregando um peixe (Fonte: Labrador, 1910, t. I).

Nesta figura de Labrador (1910), percebe-se um Mbayá carregando um peixe, provavelmente um pacu (Myleinae ?), relativamente grande, suspenso na lança ou remo que está apoiado sobre o ombro. O peixe está amarrado junto às costas do indivíduo. O equipamento que sustenta o peixe poderia ser uma espécie de remo muito estreito e pontudo que era usado também como lança.

Boggiani (1975 e 1929), quando realizou as expedições em 1892 e 1897 até os Kadiwéu, identificou algumas espécies de peixes comestíveis e existentes na região: pacu (Piaractus mesopotamicus), bagre (Siluroidei), surubi (Pseudoplatystoma corruscans), palometa (Serrasalmus nattereri) e arraia (Potamotrygon spp.). Mesmo não mencionando

No documento subsistência e cultura material (páginas 193-200)