MED RESUMOS 2011 CORREIA, Luiz Gustavo.
CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA DE LEGG-CALVÉ-PATHES
Também através de parâmetros radiográficos, é possível classificar a doença de Pathes e obter dados objetivos quanto ao seu prognóstico. A título de curiosidade, existem as seguintes classificações para a doença:
Catterall
Slater-Thonpson Herring et al Laredo
Classificação de Catterall.
A classificação de Catterall leva em conta o comprometimento da região anterior da epífise do fêmur, classificando a doença em tipos I, II, III e IV. Quanto maior for o comprometimento da cabeça femural, maior é a classificação e pior é o prognóstico.
Catteral. Imagem Descrição
Catterall grupo I Envolvimento da porção anterior da epífise Sem colapso
Sem alteração metafisária
Catterall gupo IV Comprometimento de toda a epífise Achatamento precoce
Envolvimento da placa de crescimento
Classificação de Salter-Thompson.
A classificação de Salter-Thompson leva em consideração a fratura subcondral. Tal classificação divide a doença em tipos I e II.
Herring et al.
Outra classificação também bastante utilizada é a de Herring et al. Sua análise leva em consideração a avaliação do estado do pilar lateral da cabeça femural. Ela é estabelecida através do aspecto radiográfico do quadril em AP, na fase inicial de fragmentação (aproximadamente 6 meses após o início dos sintomas). Ela divide a doença em tipos A, B e C que, a saber, temos:
Herring et al. Imagem Descrição
Grupo A
Sem alterações na densidade do pilar lateral Sem perda da altura do pilar lateral
Grupo B Pilar lateral < 50% do original Presença de ossificação substancial
FATORES PROGNÓSTICOS
Os seguintes fatores fazem com que os pacientes apresentem evoluƒˆes variadas da doenƒa:
Idade: quanto mais jovem o paciente (por volta dos 4 anos de idade), melhor … seu progn‹stico, uma vez que melhor … a remodelaƒ‚o da cabeƒa femural neste grupo de pacientes. Por outro lado, se o paciente desenvolve a doenƒa em torno dos 10 anos de idade, quando a remodelaƒ‚o ‹ssea … bem menor, a possibilidade de sequelas no quadil … muito grande.
Quantidade de necrose: em outras palavras, destacamos este fator progn‹stico como a intensidade da doenƒa. Outros fatores:
Congru€ncia entre as articulaƒˆes (se h† ou n‚o centragem) Grau de deformidade da cabeƒa femoral
Fechamento precoce da placa Capacidade de remodelaƒ‚o
TRATAMENTO
Os objetivos do tratamento da doenƒa s‚o:
Prevenir a deformidade e o est†gio final da doenƒa (sequela)
Manter a cabeƒa femoral esf…rica e, desta forma, garantir o arco de movimento; Manter a cabeƒa femoral centrada no fundo do acet†bulo (contenƒ‚o)
As duas formas de tratamento preconizadas, em resumo, s‚o: Tratamento conservador:
Baseia-se no uso de ‹rteses ou gessos seriados Bom arco de movimento: traƒ‚o; Petrie; “botox”; etc.
Fisioterapia para o fortalecimento dos m•sculos extensores e abdutores (gl•teos) Retirada do apoio em pacientes com atitude viciosa e/ou perda do movimento Tratamento cirúrgico:
Para pacientes acima dos 8 anos de idade Grupos B e B/C lim„trofes
Pacientes em tratamento conservador que cursam com sinais de “cabeƒa em risco” Contenƒ‚o por osteotomia p…lvica
Tratamento conservador.
O tratamento conservador pode se basear em v†rias condutas. Para pacientes que apresentam dor espor†dica, mas que ainda apresentam uma boa amplitude de movimento, podemos optar por seguimento cl„nico e observaƒ‚o do paciente, avaliando sintomas como dor e claudicaƒ‚o e, se necess†rio, lanƒando m‚o de fisioterapia para manutenƒ‚o da amplitude de movimento (ADM) do quadril. Durante esta conduta, n‚o … necess†rio manter o paciente restrito ao leito, mas apenas diminuir suas atividades f„sicas.
O tratamento conservador ativo (com o uso de aparelhos) deve ser opƒ‚o se houver restriƒ‚o do arco de movimento. Alguns aparelhos gessados (aparelho de dupla abdução) podem ser utilizados como ‹rteses que mant…m a cabeƒa do f€mur centrada no acet†bulo. A opƒ‚o em manter o paciente acamado e com traƒ‚o cutŒnea (utilizado o aparelho de descarga), no intuito de diminuir a carga sobre o membro acometido, pode ser considerada para est†gios avanƒados com presenƒa de dor intensa.
Turek (1994), baseando-se na definiƒ‚o de uma doenƒa auto-limitada, afirmou que 60% dos pacientes com DLCP n‚o necessitam de tratamento, mas apenas de uma observaƒ‚o cl„nica.
Por esta raz‚o, tem-se apenas que se manter vigilante quanto aos 40% dos pacientes que podem cursar com complicaƒˆes e, eventualmente, necessitar de uma conduta mais radical. Portanto, deve-se ter cuidado e atenƒ‚o quanto aos seguintes sinais, que podem sugerir maiores riscos de sequela:
Perda de movimento Sinais de “cabeƒa em risco”:
Horizontalizaƒ‚o da placa Subluxaƒ‚o lateral Cistos metafis†rios
Sinal de Gage (ossificaƒ‚o na forma de uma “edentaƒ‚o” na regi‚o da ep„fise) Ossificaƒ‚o lateral da ep„fise
OBS1: Atualmente, costuma-se utilizar tamb…m tratamento conservador com Botoxœ, no intuito de inibir a contratura da musculatura adutora que geralmente ocorre, promovendo um relaxamento muscular e, consequentemente, a abertura do quadril, garantindo a promoƒ‚o da centralizaƒ‚o da cabeƒa do f€mur no acet†bulo de maneira mais facilitada.
OBS2: O gesso (‹rtese) pode ser utilizado durante a fase inicial da doenƒa, enquanto se tem limitaƒ‚o do movimento, por cerca de 3 a 4 semanas. Depois de retirada a ‹rtese, deve-se iniciar a fisioterapia para retomar uma boa amplitude de movimento.
Tratamento cirúrgico.
Na presenƒa de sinais de “cabeƒa em risco” ou na perda acentuada de movimentaƒ‚o, devemos partir para o tratamento cir•rgico. A cirurgia pode ser feita tanto no f€mur como no acet†bulo, com o objetivo principal de manter a cabeƒa do f€mur dentro da c•pula acetabular. Desta forma, temos:
No acet†bulo, podemos optar pela acetabuloplastia, uma cirurgia de contenƒ‚o realizada na forma de uma osteotomia p…lvica na porƒ‚o supra-acetabular, no intuito de recobrir a cabeƒa do f€mur.
No que diz respeito • cirurgia do f€mur proximal, podemos optar por uma osteotomia varizante (cirurgia de contenƒ‚o) ou uma osteotomia valgizante (cirurgia de “salvaƒ‚o”). As t…cnicas que podem ser utilizadas s‚o MacKay (queilectomia) ou a de Quain & Catterall (osteotomia valgizante).
De um modo geral, a conduta cir•rgica da DLCP … indicada para pacientes acima dos 8 anos de idade inclusos nos grupos B e B/C lim„trofes de Herring, ou para pacientes em tratamento conservador que cursam com sinais de “cabeƒa em risco”. Nota-se, que ela … contra-indicada para pacientes jovens e com boa amplitude de movimento pois, possivelmente, eles ainda apresentam um bom potencial de remodelaƒ‚o ‹ssea, o que pode ser essencial para o tratamento conservador; al…m disso, se o paciente apresenta um bom arco de movimento, n‚o h† necessidade de centrar a cabeƒa do f€mur de volta ao acet†bulo.
Considerações gerais quanto ao tratamento (Hefty & Clarke, 2007).
A cirurgia … contraindicada em pacientes jovens e com bom arco de movimento N‚o retirar o apoio em pacientes com bom arco de movimento
—rteses e artrodiastases foram indicadas raramente em alguns trabalhos avaliados
Indicar cirurgia em pacientes acima de 8 e com comprometimento importante do arco de movimento.
Cirurgias p…lvicas ou associadas a osteotomias femorais foram mais indicadas do que as osteotomias femorais isoladamente.