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Classificação da propriedade pública

3 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

3.4 PROPRIEDADE PÚBLICA

3.4.1 Classificação da propriedade pública

Quanto à classificação dos bens públicos, podemos dividi-los em bens móveis (automóveis, mobiliário, aparelhos eletroeletrônicos) e bens imóveis (prédios sede de organismos públicos, áreas, praias, escolas). Dentro dessa perspectiva, a classificação também depende de seu titular, assim existem propriedades públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, das autarquias, das empresas públicas, das fundações públicas.

Na Constituição Federal de 1988, temos a “distribuição” de determinados bens entre os entes federativos. No caso da União, o artigo 20 aponta da seguinte forma:

Art. 20. São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no artigo 26, II;

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 1º. É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia

127 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo: parte geral e parte especial. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2006. p. 340.

elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

§ 2º. A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Já o Artigo 26 da Constituição Federal inclui entre os bens dos Estados Federados:

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;

III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Aos municípios não foram expressamente atribuídos bens, a não ser os públicos de uso comum, conforme artigo 30, inciso VIII da CF. Já o Distrito Federal, por equivalência legislativa e de competências aos Estados e municípios, recebeu do legislador o mesmo elenco de bens atribuído ao Estado, conforme artigo 32, § 1° da CF.

A classificação dada pelo Código Civil aponta para o contexto da chamada tripartite, pois, segundo o artigo 99 do Código Civil são bens públicos: I – os de uso comum do povo, II – os de uso especial e III – os dominicais.

Bens de uso comum do povo são os mares, rios, estradas, ruas e praças. São espaços de uso da comunidade e de fundamental importância para as pessoas. Seja pela necessidade vital, seja pela comodidade contemporânea, seja pela qualidade de vida oferecida pelo bem. Qualquer um do povo pode se utilizar destes bens sem nenhuma formalidade, desde que o uso aconteça dentro do parâmetro estabelecido para o bem, sem desvio de função.

Bens de uso especial ou patrimônio administrativo são aqueles destinados “à execução dos serviços públicos”.128 São aqueles necessários para o funcionamento físico e instrumental do Estado, seja abrigando a sede de organismos públicos, seja servindo de instrumento para a consecução de serviços públicos. Usáveis somente pelo Poder Público podendo ser imóveis ou móveis. No caso de utilização por

terceiros, há de se observar formalidades previamente estabelecidas como horários, autorização, recolhimento de erário, seja de aluguel ou ingresso submetendo o usuário a normas reguladoras. Como exemplo, podemos citar os teatros municipais, museus, escolas etc.

Tanto os bens de uso comum do povo, como os de uso especial são tidos como inalienáveis, conforme preceitua o artigo 100 do Código Civil. O artigo ainda ressalva que esta inalienabilidade se perpetua “enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.” (grifo nosso)

Já os bens dominicais têm como característica diferencial dos citados anteriormente a disponibilidade, ou seja, podem ser alienáveis por constituírem “o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades” ou “não dispondo lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes à pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado”, conforme artigo 99, inciso III e parágrafo único do Código Civil. Os entes públicos exercem sobre esses bens o poder de proprietários reais, podendo exigir, para a alienação, os dispositivos inerentes ao Poder Público, como concorrência, licitação, convite etc.