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Classificação de tipo de usuário da Internet

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ASPECTOS ÉTICOS / RISCOS E BENEFÍCIOS

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.5 Classificação de tipo de usuário da Internet

A média de horas de acesso à internet apresentou relação com os sintomas de morbidade psiquiátrica avaliados. Assim para melhor compreensão dessa relação, os internautas serão identificados como usuários pesados ou leves, conforme a quantidade de horas que permanecem conectados a internet.

Considerando a média de 48 horas e 26 minutos de acesso mensal à internet no Brasil (IBOPE Nielsen Online, 2009) e a definição utilizada por Nicolaci-da-Costa (2003) em sua pesquisa de que usuário pesado seria aquele que passa no mínimo duas horas diárias conectados à internet, foi adotado para essa pesquisa a definição de usuário pesado como aquele que acessa a internet acima de 60 horas mensais, deste modo esses usuários acessam a internet mais de duas horas diárias, conforme estabelecido por Nicolaci-da-Costa (2003) e acessam mensalmente mais horas do que a média brasileira de navegação em páginas da internet (IBOPE Nielsen Online, 2009).

Deste modo, é possível diferenciar dois grupos na amostra estudada. Um grupo que acessa a internet até 60 horas mensais, que pode ser considerado como usuário leve, e um grupo que acessa a internet acima de 60 horas mensais que pode ser considerado como usuário pesado. A Tabela 16 ilustra essa divisão.

Tabela 16 - Frequência de tipo de usuário da internet (n=150)

Horas de Acesso N %

Usuário Leve 68 45%

Usuário Pesado 82 55%

Conforme os resultados apresentados na Tabela 16, dos internautas pesquisados 55% pode ser considerado usuário pesado e 45% usuário leve, sendo assim, conforme a definição adotada neste estudo os usuários pesados representam mais da metade da amostra.

Para compreensão do perfil destes usuários, a Tabela 17 mostra os dados demográficos e escolares dos internautas pesquisados discriminando o usuário leve do usuário pesado.

N % Feminino 110 46% 54% 59 72% Masculino 40 42% 58% 23 28% 17 à 19 anos 36 39% 61% 22 27% 20 à 25 anos 89 45% 55% 49 60% 26 à 30 anos 13 62% 38% 5 6% 31 à 40 anos 9 56% 44% 4 5% 41 à 53 anos 3 33% 67% 2 2% Solteiro 133 45% 55% 73 89% Casado 11 45% 55% 6 7% Divorciado 3 33% 67% 2 2% União Consensual 3 67% 33% 1 1% Estágio 47 49% 51% 24 29% Somente Estuda 45 36% 64% 29 35% Trabalho formal 38 61% 39% 15 18% Trabalho informal 20 30% 70% 14 17% Biomedicina 28 32% 68% 19 23% Ciências Biológicas 16 19% 81% 13 16% Farmácia 7 43% 57% 4 5% Fonoaudiologia 3 0% 100% 3 4% Medicina Veterinária 26 73% 27% 7 9% Psicologia 70 49% 51% 36 44% 1º 31 32% 68% 21 26% 2º 34 47% 53% 18 22% 3º 34 44% 56% 19 23% 4º 36 53% 47% 17 21% 5º 15 53% 47% 7 9% Matutino 62 56% 44% 27 33% Noturno 88 38% 62% 55 67% Ano Período Usuário Pesado (N=82) Usuário Pesado Usuário Leve n Gênero Faixa Etária Estado Civil Atividade Laboral Curso Níveis Variáveis

Tabela 17 - Dados demográficos e escolares por tipo de usuário da internet (n=150)

Através dos dados apresentados na Tabela 17 é possível traçar o perfil dos dois tipos de usuários pesquisados neste estudo.

Os usuários leves prevalecem na faixa etária de 26 a 40 anos, no estado civil de união consensual, na categoria de atividade laboral dos que possuem trabalho formal, no curso de Medicina Veterinária, nos 4º e 5º anos dos cursos de graduação pesquisados. E são a minoria em ambos os gêneros se comparados com os usuários pesados.

Os usuários pesados prevalecem na maioria das estratificações. Com relação ao gênero, 72% dos usuários pesados são mulheres e 28% homens, sendo que 58% dos homens pesquisados são usuários pesados. Quanto à faixa etária a maioria dos usuários pesados (87%) tem entre 17 e 25 anos. Referente ao estado civil, 89% são solteiros, mas entre os casados e divorciados, o usuário pesado também representa a maioria. Sobre a atividade laboral exercida, o maior percentual está entre os que somente estudam, porém os usuários pesados também predominam entre os que realizam estágio e possuem trabalho informal.

Considerando a escolaridade, há prevalência em quase todos os cursos, principalmente na Fonoaudiologia (100%), seguidos pelas Ciências Biológicas (81%), Biomedicina (68%), Farmácia (57%) e Psicologia (51%). Estes predominam também no 1º, 2º e 3º anos dos cursos de graduação pesquisados e a maioria no período noturno (62%).

Considerando que os internautas que apresentaram sintomas de morbidade psiquiátrica obtiveram médias de horas de acesso, semanais e mensais, maiores do que os internautas que não apresentaram sintomas de morbidade psiquiátrica, a Tabela 18 apresenta a frequência do QMPA diferenciando usuários leves de usuários pesados.

Tabela 18 - Frequência de QMPA por tipo de usuário da internet (n=150)

Horas de Acesso n QMPA até 7 QMPA acima de 7

Usuário Leve 68 29% 17%

Usuário Pesado 82 29% 15%

É possível notar através da Tabela 18 que em ambos os usuários, leve e pesado, prevaleceram a saúde mental (scores do QMPA até 7). E apenas 15% dos internautas estudados faziam uso pesado da internet e apresentaram sintomas de morbidade psiquiátrica, ante um percentual de 17% de internautas considerados usuários leves que apresentaram sintomas de morbidade psiquiátrica.

Os sintomas de morbidade psiquiátrica avaliados na amostra não apresentaram diferenciação entre tipo de usuário (pesado e leve), apesar da média de horas de acesso ter apontado que, os internautas que apresentaram sintomas de morbidade psiquiátrica tinham uma média de horas de acesso à internet maior dos que os internautas com saúde mental.

Estes resultados corroboram com as considerações Nicolaci-da-Costa (2003) que apresenta uma visão positiva sobre o uso acentuado da internet por não constatar nenhum quadro patológico nos usuários pesados participantes de sua pesquisa.

A Tabela 19 auxilia na busca de entendimento sobre a saúde mental dos internautas pesquisados, apresentando a frequência de respostas afirmativas para as questões sobre o uso patológico da internet, possibilitando a diferenciação entre os usuários leves e pesados.

Tabela 19 - Frequência de respostas sobre o uso patológico da internet por tipo de usuário (n=150)

Uso patológico da Internet n % Usuário

Leve

Usuário Pesado

Você costuma negligenciar tarefas escolares, domésticas ou trabalho para permanecer mais tempo conectado a internet?

44 29% 32% 68%

Você já se privou de necessidades fisiológicas (como sono, alimentação, urinar ou defecar) para se manter mais tempo conectado a internet?

57 38% 46% 54%

Você prefere passar mais tempo on-line do que estar com

seus amigos e familiares? 11 7% 18% 82%

Outras pessoas (amigos/familiares) se queixam sobre a quantidade de tempo que você se mantém conectado a

internet? 30 20% 10% 90%

Os dados da Tabela 19 revelam que a maioria dos internautas que apresentaram comportamentos patológicos quanto ao uso da internet são usuários pesados. Entre os internautas pesquisados 29% relataram que para permanecer mais tempo conectados a internet negligenciavam tarefas, destes o usuário pesado representa o maior percentual 68%. Muitos internautas, 38% da amostra, citaram privar-se de necessidades fisiológicas para manterem-se conectados a internet, destes a maioria (54%) são usuários pesados. Os usuários que preferem passar mais tempos conectados a internet do que estar com seus amigos e familiares representam 7% dos participantes, sendo que destes 82% são usuários pesados. E entre os internautas (20%) que citam que outras pessoas queixam-se sobre a quantidade de tempo de conexão do mesmo, 90% são usuários pesados, constatação evidenciada pelo grande quantidade de horas (acima de 60 horas mensais) que estes passam acessando a internet.

Estes resultados condizem com outra pesquisa realizada com estudantes universitários usuários da internet (CHEN; PENG, 2008) que apresentou diferença significativa entre os usuários pesados e leves. As diferenças de maior relevância foram que os usuários leves mostram-se com melhor relacionamento pessoal, desempenho acadêmico e de aprendizagem do que os usuários pesados. E em contra partida os usuários pesados apresentaram maior probabilidade de ficar fisicamente doentes, deprimidos, solitários e introvertidos do que os usuários leves.

A Tabela 20 auxiliar essa reflexão, apresentando o total de respostas afirmativas sobre o uso patológico da internet por usuário.

Tabela 20 - Total de respostas sobre o uso patológico da internet por usuário (n=150)

Total de respostas n % Usuário Leve Usuário Pesado

1 resposta 47 31% 40% 60%

2 respostas 23 15% 30% 70%

3 respostas 11 7% 36% 64%

4 respostas 4 3% 0% 100%

Considerando os dados da Tabela 20, observa-se que dos internautas que mencionaram realizar um dos quatro comportamentos patológicos sobre o uso da internet adotados nessa pesquisa 60% são usuários pesados. É possível notar também que quanto maior o número de respostas afirmativas sobre o uso patológico da internet, maior o percentual de usuários pesados.

Assim os usuários que permanecem mais tempo conectados a internet apresentaram maior uso patológico da mesma. Mesmo não prevalecendo os sintomas de morbidade psiquiátrica, conforme ilustrado na Tabela 18.

Estes resultados corroboram com as considerações de Young (1998a) e Zacarias (2008) que consideram o tempo de conexão importante, porém insuficiente para caracterizar o uso patológico da internet, se utilizado como único critério diagnóstico. E reforçam o detrimento de outros aspectos da vida para garantir maior tempo de conexão a internet, conforme considerações de diversos autores sobre o uso patológico da internet (YOUNG, 1998a; FARAH; FORTIM, 2005; ZACARIAS, 2008; CASTELLS, 1999).

3.6 Correlações

Após verificar a associação entre horas de acesso à internet, sintomas de morbidade psiquiátrica e comportamentos referente ao uso patológico da internet, a fim de maior entendimento sobre a saúde mental dos internautas universitários pesquisados, calculou-se a correlação bivariada de Person (r de Pearson), buscando a correlação entre essas variáveis.

A Tabela 21 ilustra a correlação entre os sintomas de morbidade psiquiátrica, horas de acesso à internet e tipo de usuário (leve ou pesado).

Tabela 21 - Correlação (r de Pearson) entre horas de acesso e QMPA (n = 150)

Variáveis QMPA Horas Mensais

QMPA -

Horas Mensais 0,17* -

Apesar de existir correlação positiva e significativa entre QMPA e horas de acesso mensais a internet (r = 0,17; p < 0,05), o nível de correlação é muito baixo para afirmar que exista correlação entre os sintomas de morbidade psiquiátrica e a quantidades de horas que o usuário passa conectado a internet.

Dando continuidade a avaliação do uso patológico da internet, a Tabela 22 ilustra a correlação entre horas de acesso à internet e as questões sobre o uso patológico da mesma.

Tabela 22 - Correlação (r de Pearson) entre acesso a internet e número de respostas positivas sobre o uso patológico da internet (n=150)

Variáveis Horas Mensais Nº Respostas

Patológicas Positivas

Horas Mensais -

Nº Respostas Patológicas Positivas 0,18* -

* correlação significativa de 0,05

Através da Tabela 22 é possível notar que existe correlação positiva e significativa entre as horas de acesso à internet e a quantidade de comportamentos patológicos no uso da internet (r = 0,18; p < 0,05). Porém o nível de correlação é muito baixo para afirmar que quanto maior a quantidade de horas de acesso à internet, maior a frequência de comportamentos patológicos neste uso, ou seja, a correlação aferida não permite dizer que as horas de acesso a internet influenciem no uso patológico da internet.

Os resultados das correlações apresentadas nas Tabelas 21 e 22, reforçando as considerações da literatura que dizem que as horas de acesso à internet por si só não possibilitam nenhum diagnóstico (ZACARIAS, 2008), apesar de esta ser, algumas vezes, um dos indícios do uso patológico da internet.

A fim de verificar as correlações entre sintomas de morbidade psiquiátrica e o uso patológico da internet, a Tabela 23 apresenta as correlações entre os scores e fatores do QMPA e as respostas positivas sobre as questões do uso patológico da internet utilizadas neste estudo.

Tabela 23 - Correlação (r de Pearson) entre QMPA e número de respostas positivas sobre o uso patológico da internet (n = 150)

Variáveis QMPA F. 1 F. 2 F. 3 F. 4 F. 5 F. 6 F. 7 Respostas Patológicas Positivas QMPA - Fator 1 0,83** - Fator 2 0,86** 0,69** - Fator 3 0,23** 0,11 027** - Fator 4 0,09 -0,13 0,09 -0,06 - Fator 5 0,57** 0,19* 0,34** 0,09 0,07 - Fator 6 0,54** 0,38** 0,41** 0,18* -0,13 0,34** - Fator 7 0,39** 0,42** 0,30** -0,04 -0,06 0,13 0,15 - Nº Respostas Patológicas Positivas 0,37** 0,25** 0,38** 0,06 0,05 0,22** 0,17* 0,12 - * correlação significativa de 0,05 ** correlação significativa de 0,01

O total de respostas afirmativas que os internautas deram as questões sobre o uso patológico da internet apresentou correlação positiva e significativa com os scores do QMPA (r = 0,37; p < 0,01). Sendo assim, quanto mais sintomas de morbidade psiquiátrica apresentou o internauta, maior a frequência de comportamentos patológicos no uso da internet.

Os fatores do QMPA também apresentaram correlações positivas e significativas com o total de respostas afirmativas que os internautas deram as questões sobre o uso patológico da internet: fator 1 - sintomas de ansiedade e somatização (r = 0,25; p < 0,01), fator 2 - irritabilidade e depressão (r = 0,38; p < 0,01), fator 5 - exaltação do humor (r = 0,22; p < 0,01) e fator 6 - transtorno de percepção (r = 0,17; p < 0,05). Assim quanto maior a ansiedade, irritabilidade, depressão e exaltação do humor do internauta, maior a frequência de comportamentos patológicos no uso da internet.

As demais correlações entre, os scores e fatores do QMPA, e entre as questões sobre o uso patológico da internet e o total de respostas afirmativas destas questões, já eram previstas em ambos os casos, pois uma variável foi extraída da outra.

Os resultados das correlações acima apresentadas indicam que os internautas que costumam negligenciar tarefas, privam-se de necessidades fisiológicas, preterem amigos e familiares para permanecer mais tempo conectados a internet e cujos amigos e familiares

reclamam do tempo que estes permanecem conectados também são aqueles que apresentam sintomas de ansiedade, somatização, irritabilidade, depressão e exaltação do humor.

Estes resultados corroboram com outro estudo sobre o uso patológico da internet entre estudantes universitários (DINICOLA; MICHAEL, 2004) em que os pesquisados mencionaram o impacto negativo da internet sobre seus relacionamentos, estudos e sono.

Os sintomas que apresentaram correlação com o uso patológico da internet também foram aqueles com a maior média entre os internautas pesquisados, comumente chamados de transtornos psiquiátricos menores e de alta prevalência na população adulta, conforme apresentado anteriormente.

E estes resultados corroboram com diversas pesquisas que relacionam as morbidades psiquiátricas com o uso patológico da internet (CAPLAN, 2005; HA et al., 2006; SHAPIRA et al., 2003; YOUNG, 1998b).

Também se faz necessário a correlação dos sintomas de morbidade psiquiátrica e das questões do uso patológico da internet com o tipo de uso da internet que os usuários realizam, conforme ilustram as Tabela 24 e 25.

Tabela 24 - Correlação (r de Pearson) entre QMPA e tipo de uso da internet (n = 150) Variáveis QMPA Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7

Onde acessa Residência -0,09 -0,14 -0,12 -0,08 -0,03 0,08 0,14 0,07 Trabalho -0,02 0,04 -0,05 0,16* -0,05 -0,09 -0,03 0,06 Instituição Ensino -0,07 -0,05 -0,12 0,03 -0,06 -0,07 0,01 -0,04 Lan House -0,11 -0,04 -0,02 -0,04 -0,07 .-0,18* -0,04 -0,12 Outros -0,01 -0,04 0,06 -0,06 0,31* -0,23 -0,20 0,33*

Para que acessa

Lazer 0,11 0,03 0,06 -0,10 0,06 0,14 0,08 0,14 Trabalho .-0,17* -0,10 .-0,24** 0,03 -0,15 -0,08 0,00 0,03 Estudo -0,10 -0,09 .-0,19* -0,09 0,03 0,02 .-0,16* 0,00 Outros 0,16 0,02 0,17 0,06 -0,02 0,14 0,24 -0,05 O que acessa Relacionamento 0,16 0,08 0,16* -0,03 0,08 0,16 0,06 0,09 Bate Papo 0,09 0,14 0,07 0,06 0,08 -0,02 0,00 -0,02 Pesquisa 0,03 0,03 -0,04 -0,08 0,10 0,02 -0,09 0,05 Jogos 0,12 0,12 0,14 -0,06 -0,10 0,01 0,18* 0,12 Email -0,07 0,00 0,03 0,05 0,01 -0,15 .-0,20* 0,04 Outros 0,03 -0,06 -0,01 0,19 -0,20 -0,02 0,22 0,03 * correlação significativa de 0,05 ** correlação significativa de 0,01

A Tabela 24 mostra a existência de correlações entre os sintomas de morbidade psiquiátrica com o tipo de uso que os internautas realizavam na internet.

Os scores do QMPA apresentaram correlação negativa e significativa (r = -0,17; p < 0,05) com a utilização da internet para realizar trabalhos (sejam eles profissionais ou estudantis), ou seja, quanto menos sintomas de morbidade psiquiátrica, maior a utilização da internet para realizar trabalhos, ou quanto maiores os sintomas de morbidade psiquiátrica, menor a utilização da internet para realizar trabalhos.

Quando se considera os fatores do QMPA, também estes apresentam correlações com o tipo de uso da internet, com exceção do fator 1 – ansiedade e somatização.

O fator 2, irritabilidade e depressão, apresenta correlação negativa e significativa com o acesso à internet para a realização de trabalhos (r = -0,24; p < 0,01) e estudos (r = -0,19; p< 0,05) e correlação positiva e significativa com o acesso a sites de relacionamento (r = 0,16; p < 0,05). Assim quanto mais sintomas de irritabilidade e depressão os internautas apresentam, menos acessam a internet para realizar trabalhos e estudar, porém maior é o acesso a sites de relacionamento.

O fator 3, deficiência mental, apresenta correlação positiva e significativa (r = 0,16; p < 0,05) com o acesso à internet no local de trabalho, deste modo, quanto maior os sintomas de déficit mental maior o acesso da internet do local de trabalho.

O fator 4, alcoolismo, apresenta correlação positiva e significativa (r = 0,31; p < 0,05) com o acesso à internet de outros locais, como casa de amigos e parentes ou celulares. Desta maneira, os internautas que apresentam mais sintomas de alcoolismo são os que mais acessam a internet de outros locais, como casa de amigos e parentes ou celulares.

O fator 5, exaltação do humor, apresenta correlação negativa e significativa (r = -0,18; p < 0,05) com o acesso à internet em lan house, assim quanto maior os sintomas de exaltação de humor menor o acesso à internet em lan house.

O fator 6, transtorno de percepção, apresenta correlação negativa e significativa com o acesso à internet para estudos (r = -0,16; p < 0,05) e o acesso a emails (r = -0,20; p < 0,05), porém uma correlação positiva e significativa com o acesso a jogos (r = 0,18; p< 0,05). Deste modo, quanto maior os sintomas de transtorno de percepção menor a utilização da internet para estudos e acesso a emails e maior o acesso a jogos.

E o fator 7, tratamento, apresenta correlação positiva e significativa (r = 0,33; p < 0,05) com o acesso à internet de outros locais, como casa de amigos e parentes ou celulares.

As correlações apresentadas revelam duas características entre as morbidades psiquiátricas avaliadas e o tipo de uso da internet que os usuários realizam. Os internautas que costumam usar a internet para realização de estudos e trabalhos e acessar emails, apresentaram menos sintomas de morbidade psiquiátrica. Enquanto os internautas que usam a

internet para jogar e acessam a internet de locais como casa de amigos, familiares e celulares apresentam mais sintomas de morbidade psiquiátrica.

A Tabela 25 apresenta as correlações entre o tipo de uso da internet e os comportamentos do uso patológico da mesma.

Tabela 25 - Correlação (r de Pearson) entre uso patológico e tipo de uso da internet (n=150)

Variáveis Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Total Questões Uso Patológico Onde acessa Residência 0,22** -0,04 0,11 0,19* 0,17* Trabalho -0,16 0,11 -0,16 .-0,17* -0,12 Instituição Ensino -0,06 0,00 -0,13 -0,06 -0,08 Lan House 0,03 -0,05 -0,04 0,00 -0,02 Outros 0,00 0,07 0,42** 0,23 0,21 Para que acessa Lazer 0,22** -0,06 0,12 0,20* 0,17* Trabalho .-0,20* -0,02 .-0,18* -0,14 .-0,19* Estudo -0,13 -0,12 .-0,31** -0,16 .-0,25** Outros 0,17 0,12 -0,09 -0,01 0,09 O que acessa Relacionamento 0,11 -0,01 -0,01 0,18* 0,11 Bate Papo 0,11 0,09 0,03 0,15 0,16 Pesquisa 0,00 0,05 .-0,23** .-0,21** -0,11 Jogos 0,27** 0,03 0,09 0,13 0,20* Email -0,06 0,10 -0,08 0,07 0,03 Outros 0,09 0,19 0,00 -0,14 0,07 * correlação significativa de 0,05 ** correlação significativa de 0,01

A Tabela 25 mostra a existência de diversas correlações entre o uso patológico da internet e o tipo de uso que o internauta realiza.

A negligencia de tarefas (questão 1) apresenta correlação positiva e significativa com o acesso à internet na residência (r = 0,22; p < 0,01), a utilização da internet para lazer (r = 0,22; p < 0,01) e o acesso de sites de jogos (r = 0,27; p < 0,01). E uma correlação negativa e significativa (r = -0,20; p < 0,05) com a utilização da internet para realizar trabalhos. Assim os internautas que costumam acessar a internet da residência para o lazer em sites de jogos e pouco acessam a internet para realizar trabalhos são aqueles que mais negligenciam tarefas para permanecer mais tempo conectados a internet.

Privar-se de necessidades fisiológicas para permanecer mais tempo conectado a internet (questão 2) não apresentou correlações significativas com o tipo de uso da internet que o internauta realiza.

internet (questão 3) apresentou correlação positiva e significativa (r = 0,42; p < 0,01) com a conexão a internet da casa de amigos, familiares e por celular, e correlação negativa e significativa com a utilização da internet para realizar trabalhos (r = -0,18; p < 0,05), estudar (r = -0,30; p < 0,01) e acessar sites de pesquisa (r = 0,23; p < 0,01). Deste modo, os internautas que acessam a internet da casa de amigos, familiares e por celular e não costumam utilizar a internet para realizar trabalhos, estudar ou acessar sites de pesquisa são os internautas que mais preferem permanecer conectados a internet do que estar com seus amigos e familiares.

As queixas sobre a quantidade de tempo que o internauta permanece conectado a internet (questão 4) apresenta correlação positiva e significativa com o uso da internet da residência (r = 0,19; p < 0,05), para o lazer (r = 0,20; p < 0,05) e em sites de relacionamento (r = 0,18; p < 0,05). E correlação negativa e significativa com o acesso à internet do trabalho (r = -0,17; p < 0,05) e para acessar sites de pesquisa (r = -0,21; p < 0,01). De maneira que, os internautas que costumam acessar a internet de suas residências para o lazer em sites de relacionamento e não costumam acessar a internet do trabalho ou sites de pesquisa são aqueles cujos amigos e familiares se queixam sobre a quantidade de tempo que estes permanecem conectados a internet.

O total de respostas afirmativas que os internautas deram sobre as questões do uso patológico da internet apresenta correlação positiva e significativa com o acesso da internet da residência (r = 0,17; p < 0,05), para lazer (r = 0,17; p < 0,05), em sites de jogos (r = 0,20; p < 0,05). E correlação negativa e significativa com o uso da internet para realizar trabalhos (r = - 0,19; p < 0,05) e estudos (r = -0,25; p < 0,01). Assim os internautas que mais citaram comportamentos patológicos quanto ao uso da internet são aqueles que costumam acessar a internet de suas residências para o lazer em sites de jogos e pouco utilizam a internet para realizar trabalhos e estudos.

As correlações entre o uso patológico da internet e o tipo de uso que os internautas realizam na internet revelaram a predominância de um perfil dos internautas que fazem uso patológico da internet. Os internautas que costumam acessar a internet da residência para o lazer e pouco acessam a internet para realizar trabalhos ou pesquisas são aqueles que mais negligenciam tarefas para permanecer mais tempo conectados a internet, cujos amigos e familiares se queixam sobre a quantidade de tempo que estes permanecem conectados a internet e aqueles que mais citaram comportamentos patológicos no uso da internet. E os internautas que acessam a internet da casa de amigos, familiares e por celular e não costumam utilizar a internet para realizar trabalhos, estudar ou acessar sites de pesquisa são os

internautas que mais preferem permanecer conectados a internet do que estar com seus amigos e familiares. Ao contrário os internautas que utilizam a internet para realizar trabalhos e estudos são aqueles com menor índice de comportamento patológicos no uso da internet.

Essas correlações corroboram com os autores (LEVY, 1993; ZACARIAS, 2008) que defendem que o uso patológico da internet está associado ao mau uso que os internautas realizam da mesma.

Os resultados das correlações entre tipo de uso da internet e os comportamentos patológicos no uso da mesma condizem com as correlações entre o tipo de uso da internet e os sintomas de morbidade psiquiátrica apresentadas na Tabela 24, e consequentemente reforçam a correlação entre o uso patológico da internet e os sintomas de morbidade psiquiátrica apresentadas na Tabela 23.

3.3 Teste T

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