• Nenhum resultado encontrado

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

3.3. CLASSIFICAÇÃO DO CONTEÚDO DE TREINAMENTO

Todos os conteúdos dos treinamentos foram descritos pela comissão técnica da seleção brasileira, que planejou e desenvolveu os trabalhos com os atletas, sem qualquer interferência do pesquisador. Os dados foram armazenados durante os treinamentos, registrados em tabelas pelo treinador e repassados aos responsáveis pelo estudo semanalmente.

A descrição dos treinamentos foi classificada quanto ao tipo de exercícios meios utilizados, sendo apresentada no Quadro 1.

Quadro 1– Classificação do treinamento segundo tipo de exercício e descrição dos meios de treinamentos.

Tipo de Exercício Meios de treinamento

Geral

– Jogos de basquete

– Exercícios em circuitos de fortalecimento geral (flexão de braços, barra, paralela, subida na corda, agachamento).

– Exercícios em máquinas de força (supino, puxador dorsal, rosca bíceps, tríceps pulley, legpress)

– Exercícios de coordenação geral (avião) – Exercícios Isométricos em prancha.

Especial

– Exercícios de mobilização articular.

– Exercícios de esgrima com os braços (tem como objetivo o domínio do oponente).

– Exercícios de acrobacia (cambalhotas semelhantes aos movimentos da luta).

– Exercícios trabalhandosituações de combate.

– Exercícios visando às movimentações requeridas nas competições. –Exercícios de técnicas de solo (roles e viradas).

– Luta de solo.

– Várias lutas sem descanso.

–Exercícios entradas de golpes em velocidade crescente. – Movimentações específicas no tatame

–Exercícios no tatame focando as entradas de golpes mais utilizadas de acordo com o estilo de lutas escolhido pelo atleta

Para quantificar o conteúdo dos meios utilizados, foram utilizados os valores do tempo total despendido nos tipos de exercícios realizados na preparação dos lutadores e o volume das capacidades biomotoras treinadas. Na Tabela 1 é apresentado o tempo total (em minutos), a média e o desvio padrão dos tipos de exercícios e o tempo total das capacidades biomotoras.

Tabela 1–Distribuição do volume de treinamento (em minutos) das variáveis estudadas segundo semanas de treinamento. Tipo de Exercício Medidas Semanas 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total 320 225 310 280 250 430 475 315 190 395 400 166 210 200 180 175 95 205 150 80 Geral Média 64,0 53,6 62,0 56,0 50,0 71,6 79,9 52,5 27,1 65,8 66,7 23,7 42,0 33,5 36,0 25,0 15,8 34,2 25,0 16,0 D.P. 16,7 23,6 6,7 11,4 17,3 50,0 56,7 29,1 32,4 61,9 55,5 50,0 5,6 28,8 32,1 24,7 12,0 28,7 18,4 15,6 Total 266 135 421 61 265 385 348 343 305 281 176 94 130 205 280 205 250 225 260 165 Especial Média 60,0 33,8 8,4 32,2 53,0 64,2 58,0 57,2 43,6 46,8 29,6 13,4 26,0 34,2 56,0 29,3 41,7 37,5 43,3 33,0 D.P. 45,3 23,6 5,4 13,3 23,6 24,2 25,0 45,0 55,1 25,5 13,6 17,9 16,7 12,4 25,1 23,9 33,1 27,5 24,0 37,3 Total 0 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 20 0 0 0 0 30 60 30 30 Competitivo Média 0 0 0 0 0 0 0 0 2,9 0 0 2,9 0 0 0 0 5,0 10,0 5,0 5,0 D.P. 0 0 0 0 0 0 0 0 7,6 0 0 7,6 0 0 0 0 12,2 15,5 12,2 12,2 Capacidade Biomotora Resistência Geral 185 90 150 225 145 130 130 95 70 100 100 20 65 60 35 30 30 155 110 50 Resistência Especial 236 120 72 131 265 260 373 343 300 281 196 120 130 185 250 220 270 285 290 210 Força Geral 90 90 0 0 0 180 180 180 90 240 240 120 110 120 120 120 25 0 0 0 Flexibilidade 75 60 130 85 105 145 140 40 25 55 40 20 35 40 55 40 50 50 40 15

Na Tabela 1 pode ser observado que os exercícios competitivos são treinados somente a partir da nona semana de preparação.

A distribuição do volume de treinamento (em minutos) para cada tipo de exercício, em termos de seus tempos totais, é apresentada na Figura 1.

Figura 1– Distribuição do volume de treinamento dos tipos e exercícios segundo semanas de treinamento.

Na Figura 1pode ser observado um volume predominante de exercícios gerais nas semanas 1, 2, 3,4, 6, 7, 10, 11, 12, 13, exercícios especiais nas semanas 5, 8, 9, 14, 15, 16, 17, 18, 19 20. Deste modo, não houve predominância dos exercícios de competição em nenhuma semana.

Os percentuais dos tipos de exercícios aplicados nas 20 semanas de preparação são apresentados na Figura 2.

Observa-se na figura 2 que 50% dos exercícios realizados foram gerais, 48% especiais e 2% competitivo.

As capacidades biomotoras treinadas na preparação foram diagnosticadas através do conteúdo de treinamento. A seguir, a Figura 3 apresenta a dinâmica dadistribuição do volume de treinamento das capacidades biomotoras treinadas segundo semanas de treinamento.

Figura 3– Distribuição do volume de treinamento das capacidades biomotoras treinadas segundo semanas de treinamento.

De acordo com o gráfico de distribuição apresentado na Figura 3, o treinamento da resistência especial predominou nas semanas 1, 2, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, sendo 16 semanas ente as 20 treinadas na preparação, em seguida a resistência geral nas semanas 3 e 4e a força geral nas semanas 11 e 12.

Na Figura 4 é apresentado o percentual do volume de treinamento das capacidades biomotoras treinadas segundo as semanas de treinamento.

Figura 4–Distribuição e percentual do volume de treinamento das capacidades biomotoras treinadas segundo semanas de treinamento.

Podemos visualizar na Figura 4 a predominância do treinamento de resistência em todas as semanas, entretanto, não houve treinamento da força geral nas semanas 3, 4, 5, 18, 19, 20.

A Figura 5 apresenta o percentual do volume total das capacidades biomotoras treinadasdurante as 20 semanas de preparação.

Figura 5–Percentual do volume total das capacidades biomotoras treinadas durante as 20 semanas de preparação.

Na Figura 5 são apresentados os valores da resistência especial (47,0%), da resistência geral (20,4%), da força geral (19,7%), e da flexibilidade (12,9%).

Para mensuração da intensidade de treinamento de cada sessão, foi utilizada a percepção subjetiva de esforço (PSE) dos atletas, de acordo com os procedimentos descritos por Foster et al. (2001). A escala varia em números de zero a dez, sendo que os atletas foram solicitados, 30 minutos após o término da sessão de treinamento, a sinalizarem um número que simbolizasse a intensidade do treino daquele dia. Para tal, uma escala foi apresentada aos atletas e solicitada que o mesmo aponte o número correspondente à sua percepção de esforço.

A partir da informação do valor da PSE de cada atleta, a carga de treinamento foi calculada diariamente multiplicando-se o tempo da sessão (minutos) pelo valor da PSE daquela sessão. Esses valores de carga da sessão permitiram calcular a carga média semanal, realizando-se a média dos valores de carga de cada sessão de treinamento da semana, bem como, da carga total semanal. Também foram calculados a monotonia e o strain semanais, a partir dos valores da carga, por meio dos seguintes procedimentos (FOSTER, 1998):

− Monotonia: (Carga Média) ÷ (Desvio Padrão da Carga Semanal); − Strain: (Monotonia) x (Carga Total Semanal).

Na Tabela 2 são apresentados os valores do volume total de treinamento, com a média e desvio padrão, a percepção subjetiva de esforço com sua média e desvio padrão, carga de treinamento com sua média e desvio padrão, monotonia e strain que foram realizados ao longo das semanas.

Tabela 2–Distribuição do volume de treinamento (em minutos) das variáveis estudadas segundo 20 semanas de preparação. Variáveis Estudadas Medidas Semanas 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total 586 360 352 492 515 801 833 643 480 676 571 280 340 400 470 380 375 465 470 285 Volume Média 117,0 90,0 70,4 88,2 103,0 136,0 137,0 110,0 73,6 113,0 96,0 40,0 68,0 67,5 92,0 58,6 62,5 81,7 73,3 55,0 D.P. 35,0 0,0 1,3 22,8 35,9 47,0 51,6 18,3 65,4 60,1 57,5 58,6 21,7 25,8 30,3 41,0 36,6 30,6 26,6 44,2 PSE Média 3,9 3,8 5,7 5,4 5,0 5,5 4,9 4,9 5,0 4,3 4,7 6,8 5,0 5,4 5,2 5,4 5,6 5,4 5,1 5,4 D.P. 0,3 1,0 2,0 1,1 0,1 0,9 0,6 0,5 2,6 0,2 0,8 2,9 0,6 0,9 1,0 2,2 1,1 0,5 0,6 2,9 Total 2315 1368 2004 2657 2575 4405 4081 3150 2400 2907 2683 1904 1700 2160 2444 2052 2100 2511 2397 1339 Carga Média 436 340 198 471 520 753 673 543 371 519 480 199 320 362 481 320 351 416 382 309 D.P. 165 88 132 121 188 313 211 72 329 285 260 276 96 126 160 221 176 124 112 229 Monotonia 3,22 3,86 1,50 3,89 5,90 2,40 3,18 7,54 1,12 1,82 1,84 0,72 3,30 2,87 3,06 1,44 1,99 3,35 0,33 1,34 Strain 7454 5280 3006 10338 15192 10572 12977 23751 2688 5290 4384 1370 5661 6199 7478 2955 4179 8412 791 1794

Na Figura 6 são apresentadas as diferentes variáveis que compõem a carga de treinamento, strain, carga total, monotonia, intensidade e volume.

Figura 6–Dinâmica das cargas semanais e relação entre as variáveis de volume, intensidade e carga média: (a) strain e carga total (b) e monotonia e carga total (c) durante o período de

acompanhando a carga média e variando a predominância em relação à intensidade, que se manteve baixa para moderada durante as semanas de preparação, com exceção da semana 12, que foi forte.

O strain é o somatório das cargas semanais multiplicado pela monotonia e ficou abaixo da carga total na maioria das semanas, exceto na semana cinco e oito, e a monotonia, quepermite identificar o quanto a semana variou relativo à aplicação das cargas, ou seja, se houve conexão destas cargas e o quanto o treino variou a intensidade durante a semana ficando acima da carga total na semana 2, 5, 8 e 13.

O acumulo do strain durante a preparação pode gerar um fator de risco de lesões devido ao aumento abrupto de carga de treinamento.

Documentos relacionados