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Classificação dos Diagnósticos de Enfermagem

No documento Simone de Oliveira Pileggi (páginas 56-60)

3. Marco Teórico de Referência

3.6 Classificação dos Diagnósticos de Enfermagem

3.6 – Classificação dos Diagnósticos de Enfermagem

O diagnóstico de enfermagem é “uma forma de expressar as necessidades de cuidados que identificamos naqueles de quem cuidamos” (BRAGA, 2003).

A responsabilidade do cuidar em enfermagem exige que as decisões sobre as intervenções propostas sejam fundamentadas na avaliação do estado de saúde do indivíduo. Essa avaliação requer que se adote o diagnóstico de enfermagem como referência (BRAGA, 2003).

Segundo Farias et al. (1990) a primeira menção do termo diagnóstico de enfermagem, ocorreu em 1953, por Vera Fry, ao identificar cinco áreas de necessidades do paciente, considerando-as como domínio da enfermagem, como foco para os diagnósticos de enfermagem e como meio de elaborar o cuidado individualizado.

Em meados de 1970, houve uma maior aceitação dos diagnósticos de enfermagem. Também foi nesta década, que se iniciou a busca da informatização dos serviços de assistência à saúde. Em 1973, na primeira Conferência do Grupo Norte-Americano para Classificação dos Diagnósticos de Enfermagem, foram apresentados e validados 34 diagnósticos, distribuídos em ordem alfabética (NANDA, 1999).

A NANDA contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento e refinamento dos diagnósticos de enfermagem e desenvolveu um sistema conceitual para classificar os mesmos em uma taxonomia.

Em 1977, várias teoristas de Enfermagem se reuniram para desenvolver uma estrutura conceitual do sistema de classificação dos diagnósticos de enfermagem. Foram realizados anos de estudos, até o surgimento da lista alfabética dos

diagnósticos em padrões amplos que os agrupavam individualmente. O trabalho final propunha nove Padrões do Homem Unitário, proposta por Roy (MICHEL, 2003; NANDA, 1999).

No ano de 1982, foram apresentados oficialmente os diagnósticos de enfermagem agrupados em nove Padrões do Homem Unitário, na 5ª. Conferência (FARIAS et al.,1990).

Na 7ª. Conferência, em 1986, ocorreu a substituição do termo Padrões do Homem Unitário por Padrões de Respostas Humanas e foi aprovada a Taxonomia I da NANDA (1999).

Os nove Padrões de Respostas Humanas eram: trocar, comunicar, relacionar, valorizar, escolher, mover, perceber, conhecer e sentir (NANDA, 1999).

A taxonomia I organizou os diagnósticos em diferentes níveis teóricos, dos abstratos e gerais para os concretos e específicos (MELO, 2004).

Logo, surgiu a proposta de inclusão desta taxonomia na Classificação Internacional das Doenças, havendo a necessidade de uma nova revisão, com inclusão de novos diagnósticos de enfermagem. A taxonomia I revisada teve sua publicação em 1989.

O principal trabalho da NANDA é proporcionar e direcionar a padronização da linguagem dos diagnósticos. Padronizar a linguagem é estabelecer um acordo sobre regras para utilização de determinados termos (BRAGA, 2003).

A taxonomia I foi muito criticada, pois apresentava sérias dificuldades para classificar novos diagnósticos que eram aceitos. Diante desta dificuldade,

a NANDA passou a reconhecer que necessitava de uma nova estrutura para a taxonomia dos diagnósticos de enfermagem. Decidiram, então, verificar se surgiriam

conjuntos naturais de diagnósticos utilizando o método “Q-Sort naturalístico” e a primeira etapa concluiu-se em 1994, na Conferência da NANDA (BRAGA, 2003).

Quatro anos mais tarde, o comitê de taxonomia e o Conselho de Diretores da NANDA, diante de quatro novas estruturas conceituais, escolheram os Padrões Funcionais de saúde de Gordon de 1998 (NANDA, 2002).

Esta estrutura proposta foi estudada por dois anos e sofreu algumas alterações no modelo original de Gordon até que se transformou na quinta proposta de estrutura conceitual. Na 14ª Conferência, no ano de 2000, foi apresentada a Taxonomia II, composta por 13 domínios, 46 classes e 155 diagnósticos de enfermagem (NANDA, 2002).

A Taxonomia II publicada em 2006 tem 13 domínios, 46 classes, 167 diagnósticos e 7 eixos.

Cada domínio é composto por classes e cada classe é composta por conceitos diagnósticos.

Os domínios propostos pela taxonomia II compreendem: promoção da saúde, nutrição, eliminação, atividade / repouso, percepção / cognição, autopercepção, relacionamentos de papel, sexualidade, enfrentamento / tolerância ao estresse, princípios de vida, segurança / proteção, conforto e crescimento / desenvolvimento (NANDA, 2006).

A taxonomia II foi organizada para ser multiaxial, isto é, ela é mais flexível, permitindo realizar facilmente acréscimos e modificações (NANDA, 2006).

Com esta nova taxonomia os enfermeiros clínicos poderão beneficiar-se de conhecimento, quando necessitarem recuperar informações rapidamente, além do que, a idéia geral desta estrutura ajuda o enfermeiro compreender os diagnósticos que serão utilizados em sua prática clínica (NANDA, 2006).

Segundo Braga (2003), a taxonomia II apresenta termos e significados que nos são mais familiares, que fazem parte de uma enfermagem tradicional e contemporânea, o que poderá ser mais efetivo para a comunicação com outros profissionais, com o próprio paciente e com instâncias de planejamento dos serviços de saúde.

Os eixos são representados no diagnóstico de enfermagem por seus valores, às vezes implícitos ou explícitos, sendo eles:

Eixo 1 – o conceito diagnóstico

Eixo 2 – Tempo (de agudo a crônico, curta duração, longa duração) Eixo 3 – unidade de cuidado (indivíduo, família, comunidade, grupo alvo) Eixo 4 – Idade (de feto a idoso)

Eixo 5 – Potencialidade (real, risco, oportunidade ou potencial para crescimento / aumento)

Eixo 6 – Descritor (limita ou especifica o significado do conceito diagnóstico) Eixo 7 – Topologia (partes / regiões do corpo)

Segundo mostra NANDA (2006) a estrutura de códigos é formada por cinco dígitos, isto é, um código é representado por cinco dígitos. Essa estrutura favorece a evolução do sistema de classificação como um resultado do desenvolvimento do conhecimento sem que seja preciso mudar o código dos diagnósticos.

É importante dizermos que cada diagnóstico da enfermagem, ao ser incluído na classificação da NANDA passa por um processo de validação. E esta é uma das recomendações dadas pela NANDA, investigar os diagnósticos já incluídos na sua taxonomia em diferentes situações clínicas.

Validar entre outras significações, é legitimar, o que implica em reconhecer como autêntico, verdadeiro (MICHAELIS, 2005).

Portanto, validar um diagnóstico de enfermagem significa torná-lo verdadeiro para aquela situação clínica e para todos os profissionais de enfermagem. Os diagnósticos devem representar a realidade clínica, para isso, devem ser sempre revisados e nunca serão finalizados (MELO, 2004).

As abordagens metodológicas de validação de diagnósticos, consistem na revisão da literatura fornecendo suporte teórico que sustente o diagnóstico de enfermagem estudado, a respeito do grau com que cada característica definidora é indicativa e na verificação da existência de um dado diagnóstico no ambiente clínico (WHITLEY, 1999).

No Brasil, já foram realizados vários estudos de validação de diagnósticos de enfermagem, (BACHION; ARAÚJO; SANTANA, 2002; CARVALHO; ROSSI; JESUS, 1998; CORRÊA, 1997; OLIVA, 2000; OLIVEIRA, 2001; SANTANA; SAWADA, 2002; MELO, 2004), porém há necessidade de mais trabalhos nesta área para que possamos descrever os fenômenos com que a enfermagem trabalha. Estes fenômenos, segundo Gordon e Sweeney (1979) dizem respeito à identificação e tratamento das respostas dos indivíduos aos problemas de saúde ou aos processos de vida (MELO, 2004).

Portanto, em busca de visibilidade social de nossa prática, a enfermagem deve fazer da utilização dos diagnósticos de enfermagem um caminho para novas conquistas, continuando a validá-los, pois eles não são definitivos (MELO, 2004).

No documento Simone de Oliveira Pileggi (páginas 56-60)