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Necessidade de Circulação

No documento Simone de Oliveira Pileggi (páginas 49-53)

3. Marco Teórico de Referência

3.4 As Necessidades Humanas Básicas da Criança no Período Pós

3.4.3 Necessidade de Circulação

Outros fatores podem estar relacionados a alterações no sistema respiratório, que de acordo com Senra; Lasbech e Oliveira (1998), pode ser resultado da anestesia, que deprime a freqüência e a profundidade da respiração; da circulação extra corpórea, que pode promover insuficiência pulmonar; da esternotomia e presença de drenos, que levam à alteração dinâmica torácica e da dor que leva o paciente a evitar uma inspiração mais profunda, restringindo a expansibilidade pulmonar.

Frente a estas situações torna-se necessária a verificação da saturação de oxigênio no sangue, pois uma baixa saturação de oxigênio pode sugerir problemas significativos de troca gasosa, o que necessita de intervenção imediata (GOLDMAN; BRAUNWAULD, 2000).

Portanto, a necessidade de oxigenação deve ser investigada por meio da identificação de sinais e sintomas, do estado geral do paciente, do exame físico, dos parâmetros utilizados na ventilação mecânica e da avaliação dos exames laboratoriais (GALDEANO, 2002).

Desta forma, o enfermeiro deve basear-se no entendimento dos mecanismos de defesa, normalmente presentes nas vias aéreas, bem como dos fatores ambientais e fisiopatológicos que contribuem para as falhas desses mecanismos, e nas evidências clínicas das alterações apresentadas pela clientela em questão.

3.4.3 – Necessidade de Circulação

A circulação sanguínea tem por função atender às necessidades dos tecidos, remover produtos de excreção, transportar substâncias e manter um ambiente

adequado à sobrevida e função das células (GUYTON, 1993; GEORGE-GAY; PARKER, 2003).

O coração com sua função eficiente, como uma bomba, vasos sanguíneos pérveos e um volume de sangue circulante adequado, são essenciais para uma adequada circulação. A perfusão adequada resulta em oxigenação e nutrição dos tecidos orgânicos (GALDEANO, 2002).

Para melhor compreendermos o sistema circulatório, Porto (2001) propõe colocarmos o coração num extremo, cuja função é bombear o sangue para todo o organismo, e no outro extremo a micro circulação, onde ocorrem as trocas metabólicas, razão da existência deste sistema. Entre os dois extremos, estende-se uma intrínseca rede de vasos, artérias e veias, que serve de leito para o sangue. Porém, para que haja eficiência deste mecanismo é necessário existir um complexo sistema de integração.

George-Gay e Parker (2003) referem que a distribuição do sangue pelo organismo é diferente para cada órgão ou sistema. Os valores variam de acordo com diferentes situações fisiológicas, como por exemplo, em condições patológicas. A função básica, através da circulação, promove uma atividade complexa intensa e regulada por diversos fatores intrínsecos e extrínsecos, permitindo adaptação de funções que venham a ser necessárias para manter o equilíbrio do organismo, seja na condição de saúde ou de doença.

A observação da necessidade de circulação no período pós-operatório imediato é realizada por meio da avaliação da freqüência e ritmo cardíaco, dos pulsos periféricos, da pressão arterial, da perfusão tecidual, da presença de edema, avaliação do turgor e da coloração da pele. O objetivo é identificar, o mais rápido

possível, alterações e complicações que possam levar o paciente ao comprometimento de outros sistemas.

Os pacientes portadores de cardiopatia congênita apresentam, freqüentemente, complicações que deterioram seu estado, comprometendo sua vida e, às vezes, ocasionam danos irreversíveis. Entre as complicações mais freqüentes, as mais observadas nesta patologia são: insuficiência cardíaca, a hipoxemia e a hipertensão pulmonar (FLORES; GALLARDO et al., 1997).

As alterações circulatórias encontradas nos pacientes com defeitos cardíacos congênitos são decorrentes da própria insuficiência do coração como uma bomba e dos mecanismos compensatórios, cuja intenção é manter um débito cardíaco adequado para satisfazer às necessidades teciduais (MILES; ZIPES, 1994).

O débito cardíaco é a quantidade de sangue ejetado pelos ventrículos durante um determinado tempo. O débito cardíaco depende do volume sistólico, que por sua vez é dependente da pré-carga, pós-carga e da contratilidade, e da freqüência cardíaca que determinam a regularidade da contração miocárdica e o tempo de enchimento diastólico. A alteração de algum destes fatores, alterará o débito cardíaco, comprometendo os mecanismos compensatórios, contribuindo para a deterioração do miocárdio e da continuidade da insuficiência cardíaca (GUYTON, 1993).

As manifestações clínicas da insuficiência cardíaca são: cansaço para alimentar-se, irritabilidade, sudorese, dificuldade para ganhar peso mesmo com adequado aporte calórico, dificuldade respiratória, às vezes, acompanhada de cianose e taquipnéia (FLORES; GALLARDO 1997).

Outra complicação são as crises de hipertensão arterial pulmonar caracterizadas por súbita elevação da pressão arterial pulmonar, que geralmente

são acompanhadas de broncoespasmo, redução do débito cardíaco e queda da saturação arterial de oxigênio. Podem estar relacionadas à agitação durante procedimentos ou aspiração da cânula endotraqueal (FERREIRO; ROMANO; BOSISIO, 2002).

A hipertensão arterial pulmonar pode ser causada por múltiplos fatores. Nas cardiopatias congênitas pode ser gerada devido ao hiperfluxo pulmonar, a hipóxia, o não fechamento do canal arterial pós-nascimento e a hipertensão secundária devido a um aumento da pressão venosa pulmonar (FLORES; GALLARDO 1997).

Outro sinal, que deve ser avaliado nos pacientes portadores de problemas cardíacos congênitos é a coloração da pele, pois a sua coloração azulada ou cianose significa diminuição do fluxo sanguíneo para a periferia, devido à vasoconstricção periférica (POTTER;PERRY, 2005).

Portanto, mais uma vez, reforça-se a importância do conhecimento em fisiologia para que se detectem todos esses sinais e sintomas decorrentes das alterações cardiocirculatórias. Tal fato é essencial para que haja comprometimento do enfermeiro em uma assistência de enfermagem de qualidade para uma clientela com elavado grau de complexidade.

A partir desta base de dados o enfermeiro realiza julgamento clínico relacionado às condições de saúde do paciente ou das suas respostas a problemas de saúde e processos vitais das condições reais ou de risco. Assim, o propósito desta avaliação é de fazer o julgamento para o diagnóstico de enfermagem “desobstrução ineficaz de vias aéreas”.

No documento Simone de Oliveira Pileggi (páginas 49-53)