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CAPÍTULO 1 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

2.3. Classificações

2.3.4. Classificações sínteses

As classificações sínteses correspondem ao cruzamento de informações de duas ou mais imagens de satélite classificadas, gerando-se uma única imagem, capaz de fornecer informações mais completas e complexas. Podem ser integradas imagens classificadas de uma mesma data, assim como integrar imagens de datas diferentes. No primeiro caso, este mais simples, corresponde apenas a um ajustamento na classificação da imagem, aproveitando- se dos melhores resultados de classificações feitas com métodos distintos, que, individualmente, se prestam a análises puramente estáticas das condições da paisagem. Para a situação de se integrar imagens de diferentes datas, tem-se aí a produção de uma imagem mais complexa, na qual se pode observar as alterações ocorridas na paisagem no período compreendido entre os seus respectivos registros. Tem-se, portanto, como resultado, uma imagem que traz informações sobre da dinâmica da paisagem.

Classificação síntese 1: sobreposição das classificações supervisionadas com as classificações semi-supervisionadas de cada data

Dos resultados obtidos com as classificações supervisionadas e as classificações semi-supervisionadas de cada ano, optou-se por reunir seus pontos positivos em imagens sínteses, ou seja, reuniu-se numa única imagem aquelas classes que foram mais bem agrupadas (Figura 2.15). Convém ressaltar que as classes utilizadas para a produção das imagens sínteses, não foram exatamente as mesmas segundo as datas das imagens. Os produtos resultantes são apresentados a seguir:

FIGURA 2.15 – Classificação síntese 1986 (supervisionada + semi- supervisionda)

FIGURA 2.16 – Classificação síntese 1999 (supervisionada + semi- supervisionada)

O resultado obtido foi uma maior fidelidade na representação de classes dos principais tipos de ocupação/uso do solo da área pesquisada, capazes de subsidiar as análises das transformações acontecidas na paisagem no período analisado.

Classificação síntese 2: cruzamento da classificação síntese de 1986 + classificação síntese de 1999

A partir das classificações sínteses (supervisionada + semi- supervisionada) das imagens de 1986 e de 1999, integrou-se suas informações, cruzando-se ambas as imagens e gerando-se uma única (Figura 2.17), através da operação adição de imagens (função CROSSTAB para o software Idrisi.32™). Este processo resultou numa imagem representando os tipos de usos em cada uma das datas para todas as parcelas, ou seja, cada classe demonstra, ao mesmo tempo, para qual fim o solo estava sendo explorado em 1986 e o tipo de exploração exercida em 1999. Dessa forma, é possível analisar cada uma das classes separadamente ou em conjunto, avaliando-se as mudanças ocorridas no uso e ocupação do solo de uma data para a outra.

No sentido de facilitar a interpretação da classificação síntese resultante, optou-se por fazer uma simplificação da legenda, uma vez que, na sua totalidade ter-se-iam 36 itens com cores distintas, sendo muitos deles desnecessários, como por exemplo, onde são indicadas transformações, na prática, impossíveis para o período analisado (água para floresta, solo nu para floresta). Portanto, priorizou-se por organizar a legenda de modo que demonstrasse as transformações mais relevantes no âmbito da paisagem, direcionada para os objetivos da investigação. Para cada um dos demais tipos de uso/ocupação, foi associada uma única cor, conservando-se aquele registrado na imagem de 1999. Desse modo, o número de cores utilizadas na legenda acabou sendo reduzido para 8, sendo que duas delas enfatizam as transformações mais importantes: o desmatamento da vegetação natural (vermelho) e a áreas ocupadas pelas águas do reservatório da UHE de Porto Primavera (azul).

Classificação síntese 3: cruzamento da classificação por "seuillage" de 1986 +

classificação por "seuillage" de 1999

As classificações por "seuillage" de cada data (1986-1999) também foram cruzadas, gerando-se uma única imagem (Figura 2.18).

Ainda que tais classificações tenham agrupado os elementos geográficos em apenas 3 classes diferentes, isto é, de caráter mais simplificado, estas resultaram bastante importantes para revelar o grau de avanço dos desmatamentos, bem como das áreas ocupadas pelas águas do reservatório da UHE de Porto Primavera.

2.3.4.1. Análise preliminar das classificações

No intuito de se evidenciar as alterações de cunho geral, introduzidas na paisagem regional, algumas considerações preliminares podem ser aludidas, partindo-se das classificações, individualmente tomadas, ou das classificações sínteses multidatas apresentadas (supervisionadas/semi- supervisionadas e "seuillage").

Em cada um dos três Estados, onde se têm três políticas próprias de desenvolvimento, pode-se verificar importantes mudanças nas atividades explorativas do espaço. Nas porções paulista e paranaense, as classificações revelam numerosas transformações relacionadas, especificamente, às mudanças de uso do solo, a maioria destas dentro de um mesmo tipo de atividade, isto é, verificam-se áreas de solo nu que se tornaram agricultura/pastagem e vice-versa, áreas de pastagem/agricultura que passaram a ser utilizadas para algum outro tipo de cultura. Elas confirmam, ainda, a diminuição de algumas porções de floresta/cerrados, que foram ocupadas por pastagem/agricultura ou, ainda, áreas onde se teve, em relação aos registros da imagem de 1986, o aparecimento ou o avanço de porções reconhecidas pela classificação, como sendo floresta/cerrados. Neste último caso, duas principais situações responderiam pelo fenômeno, notadamente para aquelas áreas que aparecem imediatamente nas bordas das porções que se conservaram florestadas ou ao longo dos cursos d'água: 1) tais porções já existiam em 1986 como floresta/cerrados e no momento do registro das imagens apresentavam baixos índices de vegetação verde devido ao período sazonal seco ou; 2) estas porções sofreram um relativo abandono que permitiu a

recolonização florestal. Há, contudo, uma outra razão para o fato, notadamente quando se trata de fragmento de áreas mais isoladas, as quais se referem a algum tipo de cultura permanente do tipo arbórea ou arbustiva (café, cana-de-açúcar, seringueira, frutíferas etc.) que, conforme destacado produzem respostas espectrais muito próximas daquelas de floresta/cerrados, casos evidentes, sobretudo, nas porções paranaense e paulista da Raia Divisória.

No lado sul-mato-grossense, as classificações sínteses demonstram, claramente, que a maior parte das alterações estiveram ligadas à integração de áreas florestadas à atividade agro-pastoril, mediante o avanço do desmatamento.

Os efeitos causados pelo preenchimento do reservatório da UHE de Porto Primavera é a mudança que mais ressalta na imagem (e na paisagem), ocupando toda a larga faixa aluvial anteriormente existente ao longo do curso do Rio Paraná, além do afogamento dos seus afluentes. O mesmo acontecimento pode ser observado no Rio Paranapanema, com a construção da UHE de Rosana, ainda que em proporções muito inferiores.

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