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O serviço ecossistêmico de regulação do clima assu- miu papel de destaque no contexto das mudanças climáticas. O aquecimento global está diretamente relacionado ao aumento da concentração de GEE, em especial CO2, e os ecossistemas têm papel importante na regulação da concentração desse gás.

A regulação do clima por meio de serviços ecossistê- micos está basicamente relacionada: a) à capacidade dos ecossistemas de remover dióxido de carbono (CO2) atmosférico e ixá-lo na forma de biomassa (Ba- lanço de Remoções, Rb, e Emissões, Eb); e, b) à manu- tenção dos estoques de carbono já ixado em biomas- sa (desmatamento evitado), prevenindo, assim, novas emissões de CO2 e, eventualmente, de metano (CH4). A queima e a decomposição de biomassa podem ser chamadas de emissões biogênicas.

Não foram deinidas diretrizes metodológicas para de- pendências ou impactos no caso desse serviço ecossis- têmico em função de não haver ainda modelos capazes de estimar localmente e de forma robusta os potenciais impactos locais das mudanças do clima. É sabido que tais impactos podem ser agudos, na forma de eventos extremos como secas e enchentes, por exemplo, ou crônicos, como aumento contínuo e permanente da temperatura. Mas, em função da diversidade de condi- ções ambientais, sociais e econômicas nas quais as em- presas atuam, ainda não foi possível mapear com maior precisão esses impactos potenciais.

Dessa forma, as externalidades tornam-se o foco de quantiicação e valoração para esse serviço ecossistê- mico. As externalidades, por sua vez, foram subdividi- das em emissões líquidas e desmatamento evitado.

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Externalidades

Emissões líquidas. As externalidades são aqui carac-

terizadas quando as atividades da empresa provocam, direta ou indiretamente: a) remoção com decomposi- ção ou queima de biomassa com menos de 30 anos24;

ou b) formação de biomassa permanente, ou seja, biomassa que não esteja sujeita a remoção e posterior decomposição em função de ações antrópicas – in- cluindo tanto biomassa ixada a partir da recupera- ção de ecossistemas naturais que serão conservados como biomassa ixada por lorestas de produção cujo destino da madeira seja a fabricação de bens duráveis com longevidade mínima de 30 anos.

As atividades da empresa que implicam decomposi- ção ou queima de biomassa, bem como outras fontes de emissões de GEE, correspondem a externalidades negativas, enquanto que a formação de biomassa permanente corresponde a externalidade positiva.

Quantificação Indicador físico: BCO 2e = RCO2 - ECO2 Sendo: RCO 2 = CVrec x Arec ECO 2 = CVrem x Arem No qual: BCO

2e = Balanço de remoções e emissões

de GEE, em tCO2e; RCO

2 = Remoções permanentes de CO2,

em tCO2e; ECO

2 = Emissões relacionadas à perda de

biomassa, em tCO2e;

CVrec = Estoque de carbono contido na biomassa da vegetação recuperada, podendo incluir o carbono acima e abaixo do solo, em tCO2e/ha; CVrem = Estoque de carbono contido na

biomassa da vegetação removida, podendo incluir o carbono acima e abaixo do solo, em tCO2e/ha; Arec= Área onde ocorreu recuperação

de vegetação, em ha; e

Arem= Área onde ocorreu remoção de vegetação, em ha.

RCO

2 pode ocorrer de duas formas principais: recuperação

de ecossistemas naturais ou produção por lorestas co- merciais. Em ambos os casos, a biomassa permanente está associada principalmente a espécies lenhosas de ciclo de vida longo, como árvores e alguns tipos de arbustos. Para o cálculo de ECO

2 deve ser considerado qualquer

tipo de remoção de vegetação, descontada a biomas- sa removida e destinada à fabricação de bens durá- veis25, assumindo que essa biomassa não se transfor-

mará em CO2 nos próximos 30 anos.

Fatores para CVrec e CVrem por tipo de vegetação (itoisiono- mia) podem ser obtidos do Segundo Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de GEE (Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais – FUNCATE, 2010), e estão disponíveis também na ferramenta de cál- culo das DEVESE. Esse tipo de informação pode também ser obtido de inventários lorestais, preferencialmente das regiões consideradas no estudo de valoração.

É importante icar atento à métrica dos fatores obtidos para CVrec e CVrem. O inventário nacional, por exemplo, pu- blica tais fatores na métrica tC/ha, e muitos inventários lorestais fazem o mesmo. Para converter essa métrica para tCO2e/ha, conforme consta na fórmula acima do indicador físico, basta multiplicá-la por 44/12.

O inventário nacional também disponibiliza fatores para ajuste de tC/ha de um tipo de vegetação em função de seu estágio sucessional, ou seja, fatores para converter tC/ha de loresta primária em tC/ha de loresta secundá- ria do mesmo tipo; e também disponibiliza fatores de tC/ ha para alguns tipos de áreas manejadas e agrícolas. É possível fazer os cálculos também a partir de dados de biomassa seca por tipo de vegetação em t/ha. Bas-

24 5/CMP.1: Modalities and procedures for aforestation and reforestation pro- ject activities under the clean development mechanism in the irst commit- ment period of the Kyoto Protocol, Annex, page 86, paragraph 23.

25 Caso não esteja disponível o percentual da madeira derrubada que se transformou em bens duráveis, assumir que tais bens duráveis correspondem à biomassa seca, estimar seu peso, em toneladas, e multiplicá-lo por 1,917 x 44/12 para obter tCO2e. Descontar esse montante diretamente de ECO2.

26 Fator obtido da ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG Proto- col, na forma de fator de emissão de lenha.

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