• Nenhum resultado encontrado

55Tanto Rpm como Apim precisam ser estimados direta-

mente a partir de amostragens de campo. Se mais de uma área for considerada no estudo, ou seja, m > 1, é desejável que a riqueza e a abundância de poliniza- dores sejam amostradas também nessas outras áreas. Entretanto, se isso não for possível, as riquezas e abun- dâncias dessas outras áreas poderão ser indiretamen- te estimadas conforme Kennedy et al (2013). A ferra- menta de cálculo das DEVESE33 faz essa estimativa.

Idealmente, todas as áreas com potencial de oferta de polinizadores em um raio de até 10km em relação às áreas dependentes de polinização, nativas ou antropi- zadas, deveriam ser avaliadas. Isso inclui áreas que não estejam sob controle operacional da empresa ou de seus fornecedores, pois as áreas dependentes de po- linização poderão receber abelhas de todas as áreas próximas, independentemente de quem as controla. Entretanto, os procedimentos metodológicos aqui in- dicados podem estimar apenas a contribuição de cada área individualmente, sendo possível depois somar as contribuições das áreas controladas pela empresa. Ao inal dessa etapa, enim, devem estar disponíveis dados sobre a riqueza e a abundância de polinizado- res das áreas amostradas em campo e as respectivas estimativas para outras áreas relevantes que não fo- ram amostradas.

Etapa 2 – Estimativa da Diversidade de Polinizadores nas Áreas n Dependentes de Polinização

Polinizadores têm um alcance limitado, ou seja, uma distância máxima que conseguem percorrer em bus- ca de pólen. É preciso avaliar, a partir das áreas de ori- gem (m) estudadas na etapa 1 e das distâncias entre essas áreas e as áreas n que dependem de polinização quais espécies de polinizadores conseguem efetiva- mente alcançar essas áreas n e com que abundância.

Como essa etapa avalia as consequências sobre a própria empresa das variações na disponibilidade de polinizadores, as áreas n dependentes de polinização devem ser áreas sob controle operacional da empresa ou de seus fornecedores (sua cadeia de valor).

Apjin = ∑M APji x 2,7183-dmn/di

Apjn = ∑Rpj APjin Apn = Apjn/Ajn

No qual: Apjin = Abundância do polinizador da cultura agrícola j, pertencente à espécie i, na área n dependente de polinização;

Apji = Abundância do polinizador da cultura agrícola j, pertencente à espécie i, na área m, onde m varia de 1 a M quando M > 1;

dmn = Distância entre a área m, de origem dos polinizadores, para a área n, dependente de polinização; di = Distância máxima de

deslocamento do polinizador da espécie i;

Apjn = Abundância de polinizadores da cultura agrícola j na área dependente de polinização n (já somados os polinizadores de todas as espécies encontradas nas áreas m);

Rpj = Riqueza de polinizadores da cultura agrícola j;

Apn = Abundância de polinizadores na área n por hectare; e

Ajn = Área n onde está a cultura agrícola j, em ha.

A etapa 2 precisa ser repetida para cada área n de in- teresse, ou seja, para cada área dependente de polini- zação que será considerada na análise.

33 Disponível no site da TeSE: www.tendenciasemse.com.br

m = 1

56

A distância dmn precisa ser medida e a medição deve ser feita a partir do meio da área m até o meio da área n. As distâncias di podem ser obtidas da literatura es- pecializada (GREENLEAF, WILLIAMS, WINFREE & KRE- MEN, 2007) e são disponibilizadas na ferramenta de cálculo das DEVESE.

A riqueza de polinizadores locais (conjunto das áreas m ou M), Rp, é a mesma obtida na etapa 1. Nas áreas m nas quais a riqueza não foi amostrada, para efeito de simpliicação, pode-se adotar a mesma riqueza das áreas amostradas.

Etapa 3 – Influência dos Polinizadores na Produção Agrícola

Nessa etapa é adotada uma função que relaciona a disponibilidade de polinizadores à produtividade da cultura agrícola de interesse, ou seja, uma função do tipo dose-resposta. A função dose-resposta aqui ado- tada equivale ao modelo quadrático genérico -ax2 +

bx, onde a e b são constantes e x = Apn34.

a = - (Pmcaj x DPcaj/100)/Dpcaj2

b = - 2 x a x Dpcaj

Indicador físico: Ipcaj = (a x Apn2 + b x Ap

n)/Pmcaj

No qual: a = Constante do modelo quadrático; Dpcaj = Estimativa da densidade de

polinizadores (quantidade de polinizadores por hectare) necessária para garantir a máxima polinização de 1 ha da cultura agrícola j; Pmcaj = Produtividade máxima da cultura

agrícola j;

b = Constante do modelo quadrático; DPcaj = Dependência de polinização por

abelhas da cultura agrícola j, em percentual; e

Ipcaj = Impacto da Polinização na cultura agrícola j.

Dados sobre Dpcaj, se não puderem ser obtidos na li- teratura especializada, podem ser estimados por meio de experimento de campo.

Já Pmcaj deve idealmente ser inferida com base em Dpcaj, por experimento de campo. Se não for possí- vel realizar o experimento, pode-se adotar estimativas disponíveis na literatura especializada ou adotar a má- xima produtividade observada na região no passado.

Valoração

O método de valoração adotado é o de produtivida- de marginal (Anexo 2), que, neste caso, estima o valor econômico da polinização por meio do valor econô- mico associado à parcela da produção da empresa que variou em função da variação na disponibilidade de polinizadores.

Valor do impacto = Pmcaj x Ajn x $caj x Ipcaj

Externalidades

As externalidades, nesse caso, referem-se às conse- quências de variações na disponibilidade de poliniza- dores das áreas sob controle operacional da empresa sobre as áreas de produção agrícola de terceiros, em especial da comunidade do entorno da área m que disponibiliza polinizadores e está sob gestão da em- presa ou sua cadeia de valor.

Quantificação

A quantiicação, baseada em Ricketts e Lonsdorf (2013), é feita em 3 etapas. As duas primeiras são preliminares e subsidiam uma terceira etapa na qual é construída uma função dose-resposta que efetiva- mente estimará o impacto. Trata-se do mesmo mo- delo descrito para a quantiicação de impactos, com apenas 2 diferenças fundamentais na etapa 2 de de- senvolvimento do modelo:

• As áreas dependentes de polinização n serão áreas de terceiros em um raio de até 10 km de distância das áreas m sob controle operacional da empresa; e • Devem ser consideradas as contribuições apenas

das áreas m sob controle operacional da empresa para a disponibilidade de polinizadores.

34 Esse modelo de função dose-resposta é diferente do modelo utilizado por Rickets & Lonsdorf (2013). Foi escolhido por ser mais simples e fácil de parametrizar, pois sua aderência aos processos ecológicos de polinização é supostamente tão boa quanto à do modelo adotado pro Rickets & Lonsdorf (2013), sendo que nenhum desses modelos foi de fato suicientemente es- tudado a esse respeito.

57