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Polinizadores nas Áreas m de Oferta de Polinizadores

O diagnóstico da diversidade de polinizadores em cada área é feito com base em 2 indicadores funda- mentais: riqueza e abundância.

Rpm = R

= número de espécies de polinizadores na área m; e

Apim = Abundância

= número de espécimes (indivíduos) da espécie i na área m, por ha

Tanto Rpm como Apim precisam ser estimados direta- mente a partir de amostragens de campo, na área que for estudada (reforçando que devem ser consideradas apenas áreas sob controle operacional da empresa). Se mais de uma área for considerada no estudo, ou seja, m > 1, é desejável que a riqueza e a abundância de po- linizadores sejam amostradas também nessas outras áreas. Entretanto, se isso não for possível, as riquezas e abundâncias dessas outras áreas poderão ser indire- tamente estimadas conforme Kennedy et al (2013). A ferramenta de cálculo das DEVESE35 faz essa estimativa.

Idealmente, todas as áreas com potencial de oferta de polinizadores em um raio de até 10km em relação às áreas dependentes de polinização, nativas ou antro- pizadas, deveriam ser avaliadas. Entretanto, os proce- dimentos metodológicos aqui indicados podem es- timar apenas a contribuição de cada área individual- mente, sendo possível depois somar as contribuições das áreas controladas pela empresa.

Ao inal dessa etapa, enim, devem estar disponíveis dados sobre a riqueza e a abundância de polinizado- res das áreas amostradas em campo e as respectivas estimativas para outras áreas relevantes que não fo- ram amostradas.

Etapa 2 – Estimativa da Diversidade de Polinizadores nas Áreas n Dependentes de Polinização

Polinizadores têm um alcance limitado, ou seja, uma distância máxima que conseguem percorrer em bus- ca de pólen.

É preciso avaliar, a partir das áreas de origem (m) estu- dadas na etapa 1 e das distâncias entre essas áreas e as áreas n que dependem de polinização quais espécies de polinizadores conseguem efetivamente alcançar essas áreas n e com que abundância.

Como essa etapa avalia as consequências sobre tercei- ros das variações na disponibilidade de polinizadores nas áreas m controladas pela empresa ou sua cadeia de valor, as áreas n dependentes de polinização de- vem ser áreas sob controle dessas partes interessadas, e não da própria empresa ou de sua cadeia de valor.

Apjin = ∑M APji x 2,7183-dmn/di

Apjn = ∑Rpj APjin Apn = Apjn/Ajn

No qual: Apjin = Abundância do polinizador da cultura agrícola j, pertencente à espécie i, na área n dependente de polinização;

Apji = Abundância do polinizador da cultura agrícola j, pertencente à espécie i, na área m, na qual m varia de 1 a M quando M > 1; dmn = Distância entre a área m, de origem

dos polinizadores, para a área n, dependente de polinização; di = Distância máxima de deslocamento

do polinizador da espécie i; Apjn = Abundância de polinizadores

da cultura agrícola j na área dependente de polinização n (já somados os polinizadores de todas as espécies encontradas nas áreas m);

Rpj = Riqueza de polinizadores da cultura agrícola j;

Apn= Abundância de polinizadores na área n por ha; e

Ajn = Área n na qual está a cultura agrícola j, em ha.

35 Disponível no site da TeSE: www.tendenciasemse.com.br

m = 1

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A etapa 2 precisa ser repetida para cada área n de in- teresse, ou seja, para cada área dependente de polini- zação que será considerada na análise.

A distância dmn precisa ser medida, e a medição deve ser feita a partir do meio da área m até o meio da área n. As distâncias di podem ser obtidas na literatura espe- cializada (GREENLEAF et al, 2007) e são disponibiliza- das na ferramenta de cálculo das DEVESE.

A riqueza de polinizadores locais (conjunto das áreas m, ou M), Rp, é a mesma obtida na etapa 1. Nas áreas m nas quais a riqueza não foi amostrada, para efeito de simpliicação, pode-se adotar a mesma riqueza das áreas amostradas.

Etapa 3 – Influência dos Polinizadores na Produção Agrícola

Nessa etapa é adotada uma função que relaciona a disponibilidade de polinizadores à produtividade da cultura agrícola de interesse, ou seja, uma função do tipo dose-resposta. A função dose-resposta aqui adotada equivale ao modelo quadrático genérico -ax2 + bx, onde a e b são constantes e x = Ap

n 36.

a = - (Pmcaj x DPcaj/100)/Dpcaj2

b = - 2 x a x Dpcaj

Indicador físico: Epcaj = (a x Apn2 + b x Ap

n)/Pmcaj

No qual: a = Constante do modelo quadrático; Dpcaj = Densidade de polinizadores

(polinizadores/ha) necessária para garantir a máxima polinização de 1 ha da cultura agrícola j;

Pmcaj = Produtividade máxima da cultura agrícola j;

b = Constante do modelo quadrático; DPcaj = Dependência de polinização por

abelhas da cultura agrícola j, em percentual; e

Epcaj = Externalidade gerada na polinização da cultura agrícola j.

Assim como no caso da análise de impactos, as maio- res diiculdades na análise de externalidades estão na obtenção de estimativas para Pmcaj e Dpcaj.

No caso de externalidades, entretanto, a diiculdade é um pouco maior por não haver garantia de acesso às áreas da cultura agrícola dependente de polinização, que nesse caso são áreas de terceiros.

Caso não seja possível determinar Pmcaj e Dpcaj em- piricamente por meio de experimentos, será então necessário obter tais estimativas da literatura especia- lizada ou até mesmo da opinião de especialistas.

Valoração

O método de valoração adotado é o de produtividade marginal (Anexo 2), que neste caso estima o valor eco- nômico da polinização por meio do valor econômi- co associado à parcela da produção de terceiros que varia em função da disponibilidade de polinizadores oriundos das áreas m sob controle operacional da em- presa ou sua cadeia de valor.

Valor da externalidade = Pmcaj x Ajn x $caj x Epcaj No qual: Pmcaj = Produtividade máxima

da cultura agrícola j em sua unidade física comum (toneladas, etc.) e por ha; Ajn = Área n da cultura agrícola j,

na mesma unidade de área que Pmcaj; e

$caj = Preço de venda da cultura agrícola j, em R$, e mesma unidade física de Pmcaj.

36 Este modelo de função dose-resposta é diferente do modelo utilizado por Rickets & Lonsdorf (2013). Foi escolhido por ser mais simples e fácil de parametrizar, pois sua aderência aos processos ecológicos de polinização é supostamente tão boa quanto à do modelo adotado pro Rickets & Lonsdorf (2013), sendo que nenhum desses modelos foi de fato suicientemente es- tudado a esse respeito.

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