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Fase 6: Institucionaliza a Melhoria

3.2. CMMI e SCAMP

O modelo CMMI (Capability Maturity Model Integration) consiste de uma compilação das “boas práticas” da indústria para endereçar o desenvolvimento e melhoria de processos e produtos (Chrissis et al, 2007). O modelo foi desenvolvido pelo SEI (Software Engineering Institute) em conjunto com a indústria e órgãos do governo norte americano e está cada vez mais sendo adotado nas empresas de desenvolvimento de software, uma vez que, o modelo busca orientar as organizações na implementação de melhorias contínuas em seu processo de desenvolvimento (Gonçalves, 2008).

O CMMI disponibiliza uma abordagem estruturada de forma a apoiar uma organização na avaliação da maturidade e capacidade de suas áreas de processo, no estabelecimento das prioridades de melhoria e na implementação dessas melhorias. O modelo prioriza a definição do “o que” deve ser feito e não “o como” deve ser feito, pré-definindo os requisitos para os processos.

A estrutura do CMMI é constituída pela definição de 22 áreas de processo – conjunto de atividades relacionadas que, se realizadas adequadamente, atendem a um conjunto de metas consideradas importantes para aumentar a capacidade da organização. Estas áreas de processo estão agrupadas em 4 grupos: gerência de processos, gerência de projetos, engenharia e suporte. O modelo CMMI pode ser implementado nas organizações em duas representações: estagiada e contínua. A Figura 3.2 apresenta as áreas de processo e estas duas representações.

A representação contínua oferece máxima flexibilidade na utilização de modelo para melhoria de processo. Nesta representação, uma organização pode focar na melhoria do desempenho de um ponto problemático associado a um processo isolado, ou pode trabalhar em várias áreas de processo, sem ordem pré-estabelecida, conforme priorizado pela organização. As atividades correspondentes

a cada área de processo podem ter suas capacidades de execução classificadas em um dos seguintes níveis de capacidade de processo, os quais indicam uma ordem crescente de melhoria:

Figura 3.2 - Modelo CMMI nas Representações Estagiada e Contínua. Fonte: (Salviano, 2006)

 Nível 0 – Incompleto: é um processo que não é executado ou parcialmente executado. Satisfaz apenas alguns objetivos específicos da área de processo;

 Nível 1 – Executado: que satisfaz todos os objetivos específicos da área de processo;  Nível 2 – Gerenciado: o processo é planejado;

 Nível 3 – Definido: o processo é padronizado, ou seja, é ajustado de um conjunto padrão de processos organizacionais de acordo com os guias de adaptação.

 Nível 4 – Gerenciado Quantitativamente: o processo é previsível por uso de técnicas de controle quantitativo;

 Nível 5 – Otimizando: o processo está em melhoria contínua da variabilidade do processo, através de melhorias adicionais e inovações no processo.

A representação estagiada é estruturada em níveis pré-definidos de maturidade organizacional. Cada nível de maturidade define um conjunto de áreas de processos com determinadas metas que devem ser atendidas e pressupõe o acúmulo dos requisitos dos níveis inferiores. Iniciativas de melhoria com base nesse modelo implicam na evolução global da capacidade dos processos da organização conforme a ordem pré-definida no modelo.

Na representação por estágio, as 22 áreas de processo do modelo estão agrupadas em cinco níveis de maturidade que indicam uma ordem crescente de melhoria:

 Nível 1 – Inicial: neste nível os processos são informais e caóticos. A organização normalmente não possui um ambiente estável e o seu sucesso depende da competência e heroísmo das pessoas e não do uso de processos comprovados;

 Nível 2 – Gerenciado: apresenta processos para gerenciamento de software disciplinado, estabelecidos para controlar e acompanhar custos, cronogramas e funcionalidades. O processo de desenvolvimento está sob controle efetivo de políticas de gestão de projetos, baseado em desempenhos de projetos de categoria similar, já realizados;

 Nível 3 – Definido: os processos são bem caracterizados e entendidos e estão descritos em padrões, procedimentos, ferramentas e métodos;

 Nível 4 - Gerenciado Quantitativamente: apresenta processos previsíveis (pela eliminação de causas especiais no processo) onde medidas detalhadas dos processos de software e da qualidade dos produtos são coletadas, para que sejam, ambos, processos e produtos, quantitativamente entendidos e controlados;

 Nível 5 – Otimizando: os processos são continuamente melhorados com base em um entendimento quantitativo das causas comuns de variações inerentes aos processos.

As implementações do modelo CMMI nas organizações é geralmente realizada com base na abordagem IDEAL. Esta abordagem, descrita no Capítulo 2, foi desenvolvida também pelo SEI com o propósito original de apoiar as organizações nos projetos de implantação do CMM (Capability Maturity Model), modelo anterior ao CMMI.

O método utilizado para a realização de avaliações oficias, com base no modelo CMMI, é o SCAMPI. O método SCAMPI (SEI, 2001b) foi desenvolvido pelo SEI com a proposta de ser um método padrão para avaliações baseadas no modelo CMMI. Para o seu desenvolvimento foi considerado o conjunto de requisitos para realizações de avaliações CMMI (ARC – Appraisal Requirements for CMMI) (SEI, 2001a), bem como, a necessidade de manter a compatibilidade com a norma ISO/IEC 15504.

O SCAMPI está dividido em três classes, denominadas de Classe A, B e C. As principais diferenças entre as classes estão no rigor da revisão, validação, corroboração das evidências objetivas e, atribuição do selo4 à avaliação. O método classe A é o mais rigoroso e o único que atribui um selo como resultado da avaliação. O método classe B avalia as práticas implementadas

      

em relação ao modelo e é comumente utilizado antes de uma avaliação formal classe A para avaliar a aderência dos processos da organização ao modelo. O método classe C, conhecido como “Gap Análise”, tem o objetivo de determinar os principais pontos fracos e guiar o início do processo melhorias é. O Gap Análise também é utilizado para obter uma indicação do progresso e do esforço da processo de melhoria.

O modelo CMMI tem se destacado como o modelo mais aceito e reconhecido mundialmente e tem sido a base para a maioria dos programas de melhoria realizados em organizações de software (Kulpa e Johnson, 2008). No Brasil a adoção do CMMI tem crescido substancialmente, segundo os dados do relatório de avaliações CMMI publicado anualmente pelo SEI (SEI, 2008). A Figura 3.3 apresenta o gráfico da evolução do número de empresas avaliadas no modelo CMMI no Brasil e no mundo a partir de 2004.

 

Figura 3.3 - Avaliações CMMI Reportadas no Brasil e no Mundo (Fonte: SEI, 2008)

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