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Fase 6: Institucionaliza a Melhoria

5.3. Seis Sigma e DMAIC

5.3.1. O Seis Sigma

Seis Sigma tem suas origens na estatística e, de fato, o termo é estatístico. Além de ser a décima oitava letra do alfabeto grego, sigma (σ) é o símbolo de desvio padrão. Um processo que estiver no nível Seis Sigma apresenta seis desvios padrões entre seu centro de processo e os limites superior e inferior de especificação (Tayntor, 2002), ou seja, identifica a variação de um processo em termos de especificações do produto, tal que a qualidade do produto e confiança estejam de acordo com os requisitos do cliente (Stamatis, 2004). Seis Sigma se refere à capacidade de um processo que gera apenas 3,4 defeitos por milhão de oportunidades (DPMO), apresentando 99,99966% de perfeição. A Tabela 5.1 mostra uma relação de níveis sigma de acordo com o percentual de corretude e DPMO do projeto, fazendo uma relação com o tempo desperdiçado em cima dos defeitos existentes.

Tabela 5.1 - Níveis Sigma (Fonte: Donegan, 2005)

Nível Sigma Percentual

Correto (%) DPMO Tempo Desperdiçado por Século 3 93,3193 66.807 3 ½ meses 4 99,3790 6.210 2 ½ dias 5 99,9767 233 30 minutos 6 99,99966 3,4 6 segundos

No entanto, Seis Sigma não é apenas uma simples medida de defeitos. Ele é uma abordagem holística para melhoria dos negócios que abrange: filosofia, medida de desempenho, metodologia para melhoria, e um conjunto de ferramentas. De acordo com Siviy et al (2008), por causa de suas diversas dimensões, o Seis Sigma tanto pode servir como um modelo de governança empresarial como um mecanismo de melhoria técnico.

Princípios do Seis Sigma

Como se pôde ver nas definições acima, o objetivo do Seis Sigma é reduzir variação e prevenir defeitos, além de ser uma filosofia de gestão que inclui o princípio de realizar decisões baseadas em fatos, foco no cliente e trabalho em equipe, explicado em mais detalhes a seguir.

 Prevenção de Defeitos: Uma das formas de diferenciação do Seis Sigma em relação a iniciativas anteriores de qualidade é a sua insistência em eliminar defeitos através da

prevenção, ao invés da correção. É importante ressaltar que para o Seis Sigma defeitos são definidos em termos de clientes e estratégias de negócio – não em termos de engenharia, ou seja, defeito é tudo aquilo que está fora das especificações dos clientes e/ou da organização causando insatisfação para ambos.

 Variação Reduzida: O segundo princípio do Seis Sigma é a redução de variação, que pode ser vista também como um aumento de consistência. Essa é uma forma de prevenir defeitos. Consistência é importante, pois torna o processo previsível e, o que é previsível pode ser aperfeiçoado. Dessa forma variações de qualidade em projetos podem ser reduzidas.

 Foco no Cliente: Empresas Seis Sigma empregam muito tempo conversando sobre e com clientes. Tanto clientes externos quanto clientes internos são o foco de todas as atividades. Para o Seis Sigma, lucros crescentes são um resultado direto do forte foco no cliente. Clientes querem e merecem produtos e serviços perfeitos.

 Decisões Baseadas em Fatos: Para o Seis Sigma é importante entender exatamente como um processo está operando antes de realizar qualquer mudança, portanto, é fundamental que as decisões sejam baseadas em fatos (medições).

 Trabalho em Equipe: Assim como a metodologia reconhece a importância de trabalhar nos projetos corretos, compreende-se a importância de ter um grupo trabalhando em equipe para entender um problema, determinar o motivo de sua variação e desenvolver métodos para prevenir os defeitos.

Embasamento Estatístico

A busca por alcançar o nível desejado de desempenho pelo Seis Sigma é baseada no paradigma fundamental do pensamento estatístico (Siviy et al, 2008):

 Tudo é um processo;

 Todos os processos têm variabilidade inerente;

 Dados são usados para entender variação e conduzir decisões para melhorar os processos. A Figura 5.5 mostra uma visão deste paradigma na prática, apontando duas situações comumente encontradas – um processo fora do alvo e um processo muito variável. Ambos, centralizar o processo no alvo e diminuir sua variação, reduzem o quanto do processo está, normalmente, fora das especificações.

Figura 5.5 - Representação do Pensamento Estatístico

Ferramentas e Treinamento

Devido à sua meta primária de reduzir variação, os projetos Seis Sigma usam métodos padrão e um conjunto de ferramentas, ao invés de encarregar a cada equipe o desenvolvimento de suas próprias técnicas de solução de problemas. Além de aumentar a consistência, reduz o tempo e custo de equipes reinventando processos. Os métodos são divididos em cinco fases, com ferramentas recomendadas para cada fase. Os seguintes métodos são, atualmente, os mais utilizados:

 DMAIC é usado para melhorar e otimizar processos e produtos existentes. Por ser o foco do nosso trabalho, este modelo será detalhado ainda neste capítulo.

 DMADV (Define, Measure, Analyse, Design, Verify) – é usado para desenvolver novos processos e/ou produtos e também para re-projetar processos e/ou produtos existentes que já foram otimizados, mas ainda não alcançaram os objetivos de desempenho desejados. Este último caso é geralmente necessário quando a organização está movendo de um nível cinco-sigma para um nível seis-sigma.

Devido à complexidade dos métodos e das ferramentas utilizadas, reconhece-se que o treinamento é uma necessidade para que a equipe entenda a filosofia do Seis Sigma e as melhores maneiras de implementá-la. De acordo com Rotondaro (2002), treinar os colaboradores para o uso da metodologia Seis Sigma é o caminho para uma organização conseguir melhorar drasticamente os seus processos. Alguns papéis são definidos na metodologia:

 Champion - tem a função de liderança dos executivos-chave. É o papel responsável por organizar e guiar o início, o desdobramento e a implementação da metodologia. Ele também define as pessoas que vão disseminar o conhecimento sobre o Seis Sigma em toda a empresa.

 Master Black Belts - arquitetos seis sigma responsáveis por todo o projeto, treinamento e implementação.

 Black Belts - especialistas seis sigma responsáveis por desenvolver e orientar os times de melhoria.

 Green Belts – é uma extensão dos Black Belts. São responsáveis por auxiliar os Black Belts na coleta de dados e no desenvolvimento de experimentos e lideram pequenos projetos de melhoria em suas respectivas áreas de atuação.

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