• Nenhum resultado encontrado

Cobertura das vias respiratórias

Anexo 7 – Classificação, características e limitações dos respiradores (Informativo)

2 Respiradores purificadores de ar

2.1 Componentes principais

2.1.1 Cobertura das vias respiratórias

A principal finalidade da cobertura das vias respiratórias é formar uma barreira entre o trato respiratório do usuário e o ambiente contaminado. A cobertura pode ou não estar separada dos outros componentes do respira- dor, mas é sempre parte integrante do respirador completo. Ela sozinha não proporciona qualquer proteção ao usuário.

Existem dois tipos de coberturas das vias respiratórias: as com vedação facial e as sem vedação facial. As coberturas com vedação facial proporcio- nam uma selagem aceitável do respirador na face do usuário. Nas sem veda- ção facial, o ar respirável é fornecido em quantidade suficiente para manter uma pressão positiva em seu interior e, assim, evitar a entrada de substân- cias perigosas dentro da área coberta. Como os respiradores purificadores de ar não motorizados são respiradores de pressão negativa, a cobertura das vias respiratórias destes respiradores só pode ser do tipo com vedação facial. A cobertura das via respiratórias dos respiradores motorizados, entretanto, pode ser com vedação facial ou sem vedação facial.

Dependendo do tipo do respirador, as coberturas das vias respiratórias cobrem diferentes partes do corpo do usuário:

a) Boca

Esta cobertura das vias respiratórias com vedação facial é comumen- te chamada de bocal. Para evitar a respiração pelo nariz, é necessário o uso simultâneo de uma pinça nasal. Em alguns modelos, existe um tirante que é colocado na cabeça, como mostra a Figura 5. Em outros modelos, não existe tirante e o bocal é preso pelos dentes.

Figura 5 Exemplo de cobertura das vias respiratórias do tipo bocal com a pinça nasal (ISO 16975.1)

b) Boca e nariz

A cobertura das vias respiratórias com vedação facial que cobre a boca e o nariz e se apoia embaixo do queixo é denominada “peça semifacial”. A que cobre somente a boca e o nariz e se apoia sobre o queixo é denomina “peça um quarto facial” (não mostrada).

A peça semifacial que é constituída parcial ou totalmente de material filtrante e em que o filtro forma uma parte inseparável dela é denominada “peça semifacial filtrante” (PFF).

Figura 6 Exemplos de coberturas das vias respiratórias cobrindo a boca, o nariz e o queixo (ISO 16975.1)

c) Face

A cobertura das vias respiratórias com vedação facial que cobre a face inteira é denominada “peça facial inteira”. Neste tipo de cobertura, os olhos do usuário estão protegidos do ambiente contaminado.

Figura 7 Exemplos de coberturas das vias respiratórias cobrindo a face (ISO 16975.1)

d) Cabeça

A cobertura das vias respiratórias pode abranger a cabeça inteira ou parte da cabeça e a face. A que cobre a cabeça inteira, comumente conhecida como “capuz”, pode ser com ou sem vedação facial. Capuzes com vedação em geral vedam ao redor do pescoço do usuário. O modelo que protege a cabeça também contra impacto é denominado “capacete”. A cobertura que envolve parte da cabeça e a face é denominada “protetor facial”.

Protetor facial Capacete Capuz

e) Corpo

A cobertura das vias respiratórias que envolve a cabeça e o torso é chama- da “blusão”. A que cobre a cabeça e todo o corpo é a “roupa inflável”. Neste caso, tubos flexíveis conduzem o ar para cabeça, membros superiores e inferiores.

Figura 9 Exemplos de coberturas das vias respiratórias cobrindo o corpo (ISO 16975.1)

2.1.2 Filtros

Respiradores purificadores de ar podem remover tanto partículas, como gases/vapores, dependendo do filtro empregado. Filtros para partículas são destinados à remoção de partículas sólidas ou líquidas (por exemplo, poei- ras, névoas e fumos metálicos); filtros químicos são destinados à remoção de gases e vapores; e os filtros combinados, à remoção simultânea de ambos, partículas e gases/vapores.

2.1.2.1 Filtros para partículas

Os filtros para partículas capturam e retêm as partículas transportadas pelo ar que escoa através das camadas de fibras que os constituem. A efici- ência do filtro em uso depende de muitos fatores, que incluem o tamanho, a forma da partícula e a velocidade do ar que passa através do filtro. Quando um filtro é usado, ele se torna carregado com o contaminante, dificultando a passagem do ar. É importante que o filtro seja trocado antes que a resistência à respiração incomode o usuário.

Os filtros para partículas são classificados em P1, P2 e P3 e as peças semi- faciais filtrantes em PFF1, PFF2 e PFF3, conforme satisfaçam os requisitos de penetração do aerossol de ensaio e de resistência à respiração especificados nas normas técnicas ABNT NBR 13697 e ABNT NBR 13698, respectivamente. São, ainda, subdivididos de acordo com a sua capacidade em remover partí-

culas sólidas e líquidas à base de água (aprovados nos ensaios com aerossol de cloreto de sódio) ou sólidas e líquidas à base de óleo ou outro líquido dife- rente de água (aprovados no ensaio com aerossol de cloreto de sódio e de óleo de parafina ou de dioctil ftalato). Quando aprovados somente com o aerossol de cloreto de sódio, são identificados pela letra S ao lado da identificação da classe – por exemplo, P2(S) – e quando aprovados com aerossol de cloreto de sódio e de óleo de parafina ou de dioctil ftalato (DOP), são identificados pela sigla SL – por exemplo, P3(SL).

A penetração máxima dos aerossóis de ensaio permitida nas diferentes classes de filtros e peças semifaciais filtrantes enquanto se depositam 150 mg de aerossol de ensaio sobre o filtro é mostrada nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1 Penetração máxima permitida nos filtros para partículas (ABNT NBR 13697)

Classe Penetração máxima do aerossol de ensaio (%)

Ensaio com cloreto de sódio Ensaio com óleo de parafina ou DOP

P1 20 20

P2 6 6

P3 0,05 0,05

Tabela 2 Penetração máxima permitida nas peças semifaciais filtrantes (ABNT NBR 13698)

Classe Penetração máxima do aerossol de ensaio (%)

Ensaio com cloreto de sódio Ensaio com óleo de parafina ou DOP

PFF1 20 20

PFF2 6 6

PFF3 1 1

2.1.2.2 Filtros químicos

Os filtros químicos removem gases/vapores do ar contaminado que passa através de uma camada de grãos contidos em seu interior. A captura desses gases e vapores ocorre por vários mecanismos, dependendo da natu- reza química do contaminante gasoso e do tipo de recheio do filtro.

Os filtros químicos são disponíveis para uso contra diferentes tipos de contaminantes gasosos (incluindo vapores), conforme especificado pelo fa- bricante, e podem oferecer proteção contra um tipo de contaminante (exem- plo: vapores orgânicos, gases ácidos etc.) ou mais de um tipo de contaminan- te (filtros multitipos – exemplo: filtros para vapores orgânicos e gases ácidos, vapores orgânicos e amônia etc.).

Conforme a quantidade de contaminante que retêm, os filtros químicos podem pertencer a quatro classes: de baixa capacidade (FBC), classe 1, classe 2 e classe 3, conforme mostrado no Quadro 2 do item 5.1 deste documento.

A massa de gás retida pelo filtro químico dependerá: do contaminan- te; da qualidade, da quantidade, da densidade e da uniformidade do re- cheio; das condições de exposição (concentração do contaminante gasoso, presença simultânea de outros contaminantes, demanda do ar pelo usuá- rio, temperatura e umidade relativa do ar).

Quando um filtro químico é usado, ele retém o contaminante gasoso até não ser mais capaz de realizar a sua remoção – isto é conhecido como “sa- turação” e indica o final da vida útil do filtro. É importante que o filtro seja trocado antes que a saturação ocorra, evitando que o usuário fique exposto.

A percepção do odor ou do sabor do contaminante gasoso como critério principal para detectar a saturação do filtro não é adequada, porque os senti- dos do usuário podem ser afetados desfavoravelmente por diferentes razões ou as propriedades de alerta do contaminante podem não ser detectadas em um nível seguro. Qualquer cheiro ou gosto detectado pelo usuário, entretan- to, deve ser considerado como um sinal de saturação do filtro.

A saturação do filtro pode ocorrer mais cedo quando ele for usado para proteção contra misturas de gases ou, sequencialmente, contra diferentes ga- ses, do que para um único gás. Certos tipos de gases (por exemplo, vapores orgânicos) coletados pelo filtro químico podem migrar através do recheio durante a sua guarda, levando à sua saturação mais cedo do que o esperado quando o filtro for usado uma próxima vez.

Quando o filtro químico não possuir indicador de vida útil, o usuário deverá procurar orientação do fabricante sobre o tipo e a classe do filtro a ser usado e a sua provável duração nas condições em que será utilizado. Muitos fabricantes fornecem algoritmos ou outros métodos para avaliação do tempo de vida útil em uso do filtro químico para um dado contaminante gasoso sob condições de uso especificadas.

É importante que seja usada a classe correta do filtro químico compa- tível com o tipo de cobertura das vias respiratórias do respirador, conforme mostrado no Quadro 2 do item 5.1 deste documento.

2.1.2.3 Filtros combinados

Os filtros combinados removem simultaneamente partículas e gases/ vapores. O filtro para partículas pode estar incorporado ou separado do filtro químico.

Quando o filtro combinado é resultante da junção de filtros sepa- rados, é possível a substituição apenas do filtro que necessita de troca, porque o tempo de vida útil do filtro para partículas e do filtro químico pode não ser o mesmo.

Sempre que o filtro para partículas for usado em conjunto com o quími- co, ele deverá ser instalado no lado da entrada de ar do filtro químico.

As informações dadas em 2.1.2.1 e 2.1.2.2 são válidas para os filtros combinados.