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Condições climáticas extremas

Anexo 4 – Fatores que influem na seleção do respirador (Informativo)

4 Adequação do respirador ao ambiente de trabalho

4.1 Condições climáticas extremas

O processo de seleção deve incluir uma avaliação dos possíveis efeitos da temperatura ou da umidade extrema existentes no ambiente de uso do respirador. De um modo geral, os fabricantes incluem essas limitações nas instruções de uso. Os limites de temperatura e umidade normalmente são mencionados tanto para a armazenagem, quanto para o uso do respirador.

4.1.1 Efeitos sobre o respirador

Geralmente, o fabricante adverte o usuário sobre as condições de uso do respirador. Os respiradores não devem ser utilizados fora das condições limites de temperatura e umidade de guarda ou estocagem contidas obriga- toriamente nas instruções de uso que os acompanham, salvo nos casos em que haja concordância do fabricante.

4.1.1.1 Baixas temperaturas

Temperaturas extremamente baixas (por exemplo -30oC) podem afetar

o desempenho do respirador com consequente redução ou mesmo perda da capacidade de proteção respiratória. Por esta razão, deve ser selecionado um respirador indicado para uso em temperaturas extremamente baixas, com componentes (mangueiras, gaxetas, o-rings e diafragmas) projetados e testa- dos para assegurar bom desempenho sob tais condições.

Os respiradores podem ser afetados pelas baixas temperaturas de dife- rentes maneiras:

a) a cobertura das vias respiratórias do respirador e partes dela, tais como a superfície de selagem ou de capuz flexível, podem se tornar quebradiças e se romperem ou se tornar menos flexíveis, causando problemas de selagem ou conforto;

b) os componentes dos respiradores de adução de ar, tais como man- gueiras e tubos, podem igualmente ficar quebradiços e se romperem ou se tornarem menos flexíveis, tornando seu manejo difícil e cau- sando problemas de conforto e selagem;

c) alguns componentes, tais como as válvulas, podem não funcionar efi- cientemente em temperaturas excessivamente baixas;

d) as válvulas do respirador podem congelar, abertas ou fechadas, por causa da presença da umidade. Alguns respiradores de adução de ar usam o tubo Vortex para aquecer o ar que chega à peça facial;

e) o desempenho de respiradores de circuito fechado pode ser seria- mente afetado em condições de temperaturas muito baixas;

f) o desempenho de baterias eletroquímicas utilizadas no respirador, ou outros equipamentos, decai rapidamente com a queda de tempe- ratura, podendo afetar o fluxo de ar e a sua duração;

g) o embaçamento das lentes ou dos visores pode aumentar em baixas temperaturas. Películas protetoras ou tratamentos especiais na par- te interna do visor ou nas lentes podem evitar o embaçamento em

temperaturas próximas a 0°C. As peças faciais inteiras geralmente possuem uma mascarilha interna que direciona, através da válvula de exalação, o ar exalado para o meio exterior, evitando com isso o em- baçamento do visor e permitindo visão satisfatória em baixas tempe- raturas, como -30°C. As máscaras autônomas com peça facial inteira aprovadas para trabalhos abaixo de 0°C devem possuir mascarilha interna ou tratamento conveniente da superfície interna do visor. O usuário deve familiarizar-se com o uso do respirador em baixas temperaturas, bem como com as precauções e os cuidados que deve tomar, como, por exemplo:

• o ponto de orvalho do ar comprimido em cilindro;

• a estanqueidade das conexões que podem ser afetadas quando expos- tas a baixas temperaturas;

• a guarda do respirador fora do ambiente frio, pois os componentes elastoméricos podem sofrer graves distorções se não forem conve- nientemente guardados, impedindo, por exemplo, posterior vedação na face;

• a seleção de acessórios e componentes especialmente projetados para resistirem a baixas temperaturas.

4.1.1.2 Altas temperaturas

Temperaturas extremamente altas (acima de 60oC) podem afetar o de-

sempenho do respirador de diversas maneiras e, algumas vezes, podem re- duzir ou até mesmo anular a proteção respiratória. Em função disso, devem ser selecionados respiradores classificados para altas temperaturas, os quais são projetados e testados para garantir seu perfeito funcionamento sob tais condições.

As altas temperaturas podem afetar o respirador de diversas maneiras, como, por exemplo:

a) fundindo ou amolecendo os materiais comumente usados nos respi- radores, tais como plásticos;

b) piorando o desempenho e a vida útil dos filtros químicos;

c) facilitando a deterioração da peça facial e de componentes elastoméri- cos de respirador guardado em ambiente com alta temperatura, crian- do deformações permanentes, o que exige uma inspeção frequente.

4.1.2 Efeitos sobre o usuário

O conforto térmico do usuário deve ser levado em conta em todas as apli- cações. Ele pode ser afetado pela intensidade do trabalho, pelas condições do meio ambiente e pelo uso de outros equipamentos de proteção individual.

A dissipação do calor produz suor, o qual, em excesso, faz com que a peça facial escorregue na face, reduzindo a proteção oferecida pelo respira- dor. Além disso, a dissipação do calor e o desconforto podem levar o usuário a folgar ou abrir a roupa de proteção, anulando, assim, a proteção proporciona- da por ela. Quando um usuário de respirador e roupa de proteção necessita realizar trabalhos muito intensos, é importante que sejam tomadas medidas adequadas, tais como períodos de descanso adequado e, se necessário, exis- tência de um bom sistema de refrigeração ou de acompanhamento médico.

Como os equipamentos de proteção respiratória podem cobrir a cabeça e outras partes do corpo, a dissipação natural do calor do corpo pode redu- zir-se de maneira significativa. Essa dissipação pode ser impedida de tal ma- neira que a temperatura central do corpo possa chegar, com relativa rapidez, a níveis desconfortáveis ou perigosos, principalmente em condições de altas temperaturas ambientais ou umidade e/ou alta intensidade de trabalho ou, ainda, quando são usadas roupas isolantes ou impermeáveis. Essa elevação da temperatura central do corpo pode levar progressivamente ao estresse térmico: desconforto, vertigens, fadiga, desorientação, mal-estar, inconsciên- cia, coma e morte, a não ser que seja feita uma intervenção rápida e eficaz.

Quando se prevê a possibilidade da ocorrência do estresse térmico em ambientes com temperatura elevada, é recomendável o uso de respiradores purificadores de ar motorizados ou respiradores de adução de ar do tipo flu- xo contínuo, que terão um efeito refrescante sobre o corpo; respiradores com peça semifacial no lugar de facial inteira, desde que ofereçam nível de prote- ção suficiente. O uso do tubo Vortex nos respiradores de ar comprimido de fluxo contínuo reduz a temperatura do ar fornecido à peça facial.

Além disso, devem ser planejadas e implementadas paradas ou inter- valos no trabalho, fornecimento suficiente de água potável (fria, não eferves- cente e se possível com adição de eletrólitos essenciais), bem como planos de escape, resgate e primeiros-socorros.

Em clima frio ou em áreas de trabalho refrigeradas, o estresse provocado pelo frio pode se tornar preocupante. O uso de respiradores purificadores de ar motorizados ou de fluxo contínuo pode aumentar a perda de calor corpóreo e causar enregelamento parcial ou ulceração localizada. Alguns respiradores de linha de ar comprimido são fornecidos com um aquecedor para ar respirável.

Considerando que o ar respirável comprimido, ao chegar à cobertu- ra das vias respiratórias, apresenta umidade relativa muito baixa, o uso de respiradores com alta vazão e por períodos prolongados pode provocar de- sidratação, mesmo em condições ambientais normais. Devem ser adotadas providências para que haja intervalos regulares de paradas e disponibilidade suficiente de água potável.