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Em relação às mortes tendo como causa base a Hepatite B, foram relatados 13 óbitos no total dos últimos cinco anos. O sexo masculino apresentou 10 óbitos no total, sendo a maior quantidade de óbitos em 2014, onde foram relatadas 4 mortes com Hepatite B sendo sua causa base. O sexo feminino registrou seu maior número em 2015, com 2 óbitos registrados. Em 2013 não foi registrado nenhum óbito causado por Hepatite B. Em relação ao coeficiente de mortalidade de Hepatite B, os últimos dois anos permaneceu praticamente estável, com 0,8 por 100 mil habitantes em 2014 e 0,79 por 100 mil habitantes em 2015. Os dados estão representados nos Gráficos 19 e 20 e na tabela 8.

Gráfico 19 - Coeficiente de mortalidade por Hepatite B como causa básica em Roraima, 2011

a 2015.

Fonte: BRASIL, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2016.

Gráfico 20 - Número de óbitos por Hepatite B como causa básica em Roraima, 2011 a 2015.

Fonte: BRASIL, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2016. 0,65 0,42 0 0,8 0,79 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 2011 2012 2013 2014 2015 Núm er o de ó bi to s/ 100 m il ha b. Anos 0 1 2 3 4 5 2011 2012 2013 2014 2015 m er o de Ób ito s Anos Mas Fem

Tabela 8 - Número de óbitos por Hepatite B como causa básica em Roraima, 2011 a 2015.

Sexo 2011 2012 2013 2014 2015 Total

Mas 2 2 0 4 2 10

Fem 1 0 0 0 2 3

Total 3 2 0 4 4 13

Fonte: BRASIL, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2016.

6 DISCUSSÃO

Segundo a classificação da OMS, o Brasil é considerado um país com endemicidade intermediária em relação à Hepatite B, o que significa uma prevalência entre 2 e 7% da população. Esta pesquisa não incluiu a prevalência de Hepatite B, porém, avaliou a incidência, um dos aspectos influenciadores da prevalência. Considerando que muitos indivíduos infectados são assintomáticos e que as infecções sintomáticas são insuficientemente notificadas, a frequência da hepatite B é, certamente, ainda subestimada em muitas regiões. (MOSCHETTA F, PERES MA, 2007).

No Brasil, a partir de 1999, observou-se um aumento da taxa de detecção de casos de Hepatite B, atingindo uma taxa de 6,5 casos por 100 mil habitantes em 2005. A partir de então, houve uma estabilidade da taxa de detecção, atingindo uma taxa de 6,9 em 2010. Na região Norte, nesse mesmo período, foram notificados 1.753 casos, 13,3% do total de casos no Brasil, sendo o Amazonas e Acre os maiores detentores de casos nesse ano, com 29,3% e 23,8%. A Região Norte nesse período apresentou a 2ª maior taxa de detecção do Brasil, girando em torno de 11 por 100 mil habitantes (MINISTERIO DA SAUDE, 2012).

Em Roraima, desde 2006, A taxa de detecção de hepatite B no estado vem oscilando. Porém não houve uma redução que colocasse o estado abaixo da média nacional. Em 2010, Roraima aparecia como o estado detentor da 3ª maior taxa de detecção, com 19,1 casos por 100 mil habitantes, bem acima da média nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

Em 2015, a taxa reduziu, porém não foi uma redução significativa, passando para 16,8 casos por 100 mil habitantes. A taxa de detecção dos últimos cinco anos no estado de Roraima foi realizada em cima dos casos notificados de pessoas residentes no município do estado, ou seja, 491 casos no total. Observa-se então que Roraima permanece com altas taxas de detecção, sem expectativas de redução.

A capital de Roraima, Boa Vista, é a maior detentora do número de casos registrados na população residente no estado nos últimos 5 anos, com 335 casos (68%). Isso acontece devido Boa Vista ser a detentora da maior população, correspondendo a 63,4% da população do estado de Roraima (IBGE, 2015). A soma de todos os casos ocorridos em outras cidades não ultrapassa o número de casos ocorridos somente em Boa Vista. Em 2015, por exemplo, a capital do estado de Roraima registrou 56 casos novos, enquanto que a soma dos outros municípios chega a 29 casos. Quando se trata de incidência, Boa Vista assume apenas a quarta

colocação e o município de Mucajaí aparece em primeiro lugar, demonstrando que apesar da baixa população naquele local em relação à capital, o número de casos é preocupante devido a sua elevada incidência, com 71,6 casos por 100 mil habitantes, mais que o triplo da capital (23,5).

Nota-se que em relação aos dados de casos novos na população residente em municípios de Roraima, há um aumento de 13 casos no total em relação ao período estudado, onde era de 491 e passa a ser 504 casos novos. Isso se dá devido aos casos diagnosticados de pessoas que também procuram atendimento nos hospitais de Roraima, sejam elas pessoas vindas da Venezuela e Guiana como pessoas de outros estados brasileiros.

Realizando uma comparação da incidência de hepatite B em relação ao sexo, pode-se observar que os homens são os principais atingidos. Segundo dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, no período de 1999 a 2011, foram notificados no Brasil 65.209 casos (54,2%) de hepatite B no sexo masculino e 55.110 casos (45,8%) no sexo feminino. Já na Região Norte, no mesmo período foram notificados 8.276 (52,5%) casos no sexo masculino e 7.471 (47,4%) no sexo feminino, não sendo observada uma diferença expressiva entre os sexos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

No Estado de Roraima, apenas em 2015, os resultados não divergem dos resultados anteriormente citados. Foram registrados 48 casos no sexo masculino (56%) e 38 casos no sexo feminino (44%). Apesar da maior incidência observada no sexo masculino, não há estudos que comprovem uma maior suscetibilidade desse sexo ao VHB; provavelmente esses resultados se devem a fatores comportamentais do gênero (CHAVEZ, CAMPANA, HASS 2003).

No Brasil, em 2010, a faixa etária de 40 a 49 anos obteve o maior número de casos detectados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Em 2011, o Estado de Roraima detectou o maior número de casos na população entre 20 e 29 anos, o que foi alterado em 2012, com a população de 40 a 49 anos assumindo a primeira colocação, semelhante à média nacional de 2010. A partir de 2013 então, Roraima obteve o maior número de casos na faixa etária entre 30 e 39 anos, sendo essa faixa etária a segunda colocada quando se trata de incidência, perdendo apenas para a faixa etária de 40 a 59 anos.

Esse resultado se aproxima ao encontrado por Silva (2013), que registrou suas maiores incidências nas mesmas faixas etárias, porém com colocações invertidas (SILVA,

2013). Esses resultados corroboram ainda com o estudo de Aquino (2008), que demonstrou que uma idade superior a 20 anos está estatisticamente associada à infecção pelo HBV. (AQUINO, 2008).

O Estilo de vida e comportamentos que oferecem maior risco à infecção pelo HBV, como uso de drogas injetáveis e relações sexuais sem uso de preservativos podem contribuir para a maior prevalência a partir dos 15 anos com aumento na 2ª e 3ª décadas de vidas, as quais foram encontradas nesse estudo (SILVA, 2013).

Foi observado no presente estudo que a detecção de hepatite B, nos últimos cinco anos no estado de Roraima, na faixa etária menor de 1 ano foi mais elevada do que para as idades de 1 a 14 anos, resultado semelhante ao encontrado a Chávez, Campana e Hass (2003). Esta situação pode indicar a importância da rota de transmissão vertical, assim como uma qualidade insatisfatória do atendimento pré-natal (CHÁVEZ, CAMPANA, HASS, 2003).

Já em relação ao gênero e faixa etária, observa-se que o sexo feminino apresenta uma exposição mais precoce ao vírus B, porém o período máximo de exposição é menor que nos homens o que resulta em um menor número total de casos entre as mulheres. Esse resultado é semelhante ao encontrado no Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais de 2015, onde O sexo feminino apresentou uma exposição mais precoce, nas faixas etárias de 15 a 19 anos enquanto o sexo masculino predomina nas demais faixas etárias. Essas diferenças provavelmente refletem diferentes padrões de comportamento sexual dos mesmos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

No Brasil, em 2010, foram registrados 6.612 casos (56%) entre brancos, 3.970 casos (33,6%) em pardos, 963 casos (8,2%) em negros e 64 casos (0,5%) em indígenas. Já a Região Norte, no mesmo período, apresentou uma distribuição de raças mais semelhante à do presente estudo, com 73,8% dos casos notificados em pardos, 17% em brancos, 6,1% em pretos, 2,2% em indígenas e 0,9% em amarelos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

Roraima é um estado que concentra parte da população indígena nacional, sendo assim, apenas em 2015, 14% dos casos diagnosticados em Roraima eram da população indígena, o que diverge tanto da região norte quanto do cenário nacional. A população parda é a que apresenta o maior número de casos no estado de Roraima, representando 60% dos casos notificados nos últimos 5 anos. Já a população branca, primeira colocada no estudo nacional, não apresntou nenhum caso diagnosticado em Roraima no mesmo período estudado.

Apesar da população parda ser a que mais apresenta número de casos em Roraima, não se pode dizer que essa raça apresenta maior risco de infecção pelo HBV pois o destaque da mesma no presente estudo reflete a característica da população do estado de Roraima, que é representada em 61,5% pela raça parda (IBGE, 2015).

Ainda se tratando do campo raça/cor, dados do Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais demonstram que o preenchimento deste apresentou 10,5% de ignorados/em branco em 2010, refletindo uma grande melhora comparado a 1999, que neste mesmo campo apresentava 84,8% de ignorados/branco (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). No presente estudo, este campo apresentou apenas 1 caso como ignorado/em branco, representando quase 0% do total e demonstrando um excelente preenchimento deste campo no estado de Roraima nos últimos cinco anos.

Com relação à escolaridade, no Brasil, em 2010, 26,7% de casos teve o campo preenchido com ignorado/em branco. Nesse ano, a maioria dos casos notificados tem ensino médio, completo ou incompleto (24,4%) e entre a 5ª série e o ensino fundamental completo (22,5%) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Em Roraima, no ano de 2015, 30% foram ignorado/em branco, semelhante ao resultado encontrado pelo MS 2012, o que demonstra o preenchimento ainda incorreto. O ensino médio completo compreendeu 22% dos casos notificados.

Em 2002, foi realizado um estudo que analisou o grau de escolaridade como influência ao número de casos de Hepatite B, demostrando que 44,4% dos infectados tinham ensino fundamental completo (SILVA et al., 2002). Isso causou uma certa preocupação no presente estudo, devido a maioria dos portadores do vírus da hepatite B ter como grau de escolaridade o ensino médio completo, uma população mais instruída em relação à população afetada no estudo de Silva et al (2002). Nota-se então que apesar de as pessoas apresentarem cada vez mais acesso a informações relacionadas à saúde atualmente, há uma continuidade na transmissão do vírus da hepatite B e outras inúmeras doenças. Incentivos à educação no país seria de fundamental importância, considerando que essa seria uma importante forma de prevenção para esse tipo de doença (HOFFMANN, SEGER, 2012).

Em 2015, o campo referente à provável fonte de infecção apresentou 69% do preenchimento em branco/ignorado. Quando comparado ao Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, nota-se que esse preenchimento piorou em relação à 2010, visto que este apresentava 56,1% de preenchimento como ignorado/em branco (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2012). Estes números elevados podem ser justificados pelo fato de ser desconhecido este mecanismo no momento da notificação e investigação. No entanto, o profissional de saúde ao preencher a ficha de notificação, a qual apresenta 52 campos para preenchimento e que é muitas vezes considerada longa, deve ter consciência que cada campo da mesma apresenta informações importantes para acompanhamento da disseminação da doença por categoria de exposição, o que subsidia ações para prevenção e controle, formulação de indicadores de saúde e estudos epidemiológicos (CERQUEIRA, 2008, BARBOSA, 2013).

No Brasil, em 2010, excluídos os casos ignorados/em branco, a provável fonte/ mecanismo de infecção mais frequente é o contato sexual (52,9%), seguido de contato domiciliar (9,1%), transmissão vertical (5,9%), transfusão (5,5%), uso de drogas (4,3%), hemodiálise (0,7%), acidente de trabalho (0,6%) e outros (20,9%) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

No Estado de Roraima, excluindo os casos ignorados/em branco, 50% dos casos tiveram a forma sexual como provável fonte, seguido por uso de drogas e tratamento dentário com 15% cada. Estes dados refletem que a via sexual é a principal via de transmissão do VHB em regiões de baixa e intermediária endemicidade (MATOS, 2007). Porém, é importante ressaltar a limitada confiabilidade do dado e a necessidade de aprimorar a qualidade do preenchimento das fichas de notificação com relação a essa variável, que é de fundamental importância para subsidiar as políticas de controle do agravo. O fato de ter ocorrido 3 casos em 2013 como provável fonte de infecção a água/alimentos também coloca em risco a confiabilidade do dado, já que esta fonte de infecção é improvável segundo as literaturas para a Hepatite B. Logo, o mau preenchimento deste dado na ficha de investigação de hepatites virais fica evidente.

Segundo o Ministério da Saúde, Entre os anos de 1999 e 2011, 10,3% dos casos foram notificados com campo ignorado/em branco segundo a forma clínica. Excluindo-se esses casos, 78,3% dos casos notificados foram formas crônicas, enquanto a forma aguda representou 21,4% dos casos e a forma fulminante apenas 0,3%. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Os dados encontrados no estado de Roraima em 2015 não divergem do registrado pelo Ministério da Saúde em 2012. Em 2015, a maioria dos casos registrados foram a forma crônica da Hepatite B, com 54%. A Hepatite fulminante não apresentou nenhum caso, mantendo-se em 0% nos últimos cinco anos. Já a Hepatite B aguda representou 8% dos casos em 2015, abaixo da média nacional.

Em relação à mortalidade por Hepatite B, a OMS estima que aproximadamente 600.000 pessoas morrem por ano devido à hepatite aguda ou às consequências da hepatite crônica. Cerca de 25% dos adultos que foram infectados e evoluíram para a forma crônica da doença ainda na infância, morrem em decorrência de câncer de fígado ou cirrose causados pela hepatite B (WHO, 2001).

Entre 2000 e 2011, segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), 5.521 óbitos por hepatite B como causa básica ocorreram no Brasil, sendo a Região Norte responsável por 773 óbitos. O Coeficiente de mortalidade por Hepatite B entre 2000 e 2010 manteve-se estável entre 0,2 e 0,3 óbitos por 100 mil habitantes. Em 2010, a Região Norte apresentou junto com a Região Sul os maiores coeficientes de mortalidade por hepatite B (causa básica), com 0,4 óbitos por 100 mil habitantes cada. Em relação aos estados, o Acre apresentou o maior coeficiente de mortalidade de Hepatite B da região Norte, com 3,1 óbitos por 100 mil habitantes em 2010 (MINISTÈRIO DA SAÙDE, 2012).

Foram registrados 13 óbitos nos últimos cinco anos no estado de Roraima. O sexo masculino representa a maior parte, com 10 óbitos registrados, sendo 4 desses somente em 2014. O coeficiente de mortalidade (hepatite B como causa base) comparado à Região Norte, registrado no levantamento do Ministério da Saúde em 2012, é significativamente maior. Roraima nos últimos cinco anos apresentou certa estabilidade, mantendo-se em torno de 0,65 e 0,8, chegando a 0 em 2013. Porém, sabe-se que há subnotificação também em relação às mortes por Hepatite B, principalmente pelo fato de mortes por hepatocarcinoma em portadores do VHB ser codificada como tal e não como mortes por hepatite B (TAUIL et al., 2012)

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