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Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração

COESÃO TEXTUAL

Ligação existente entre as ideias, feita por meio de conectivos apropriados, como conjunção, pronomes e artigos.

O texto não é um emaranhado de palavras e nem uma colocação mecânica de sentenças – há uma interação feita por meio de conectivos.

Ex: Eu ajudei os trabalhadores. Deixei-os felizes.

I. Coesão Referencial – Quando há remissão a outros itens do discurso (elemento do texto)

1. Coesão Referencial a. Anafórica (antes)

Ex: Felicidade era o que ele desejava. Isso era o que nós também desejávamos.

A vida é bela. Isso é verdade.

As autoridades chegaram a SP. Lá estava frio.

O gorila fugiu da jaula. No entanto, ele já foi recuperado. b. Catafórica (depois)

Ex: Só te pergunto isto: quem vai ficar com Poly?

Falarei uma coisa com toda certeza: o Flamengo não vai ser campeão. c. Exofórica (dêixis)

Ex: A vida é bela, mas há os que digam que não. 2. Coesão Lexical

a. Com hipônimos e hiperônimos.

Ex: O gorila fugiu da jaula. No entanto, o animal já foi recuperado.

O garfo estava bem na ponta da mesa. Mamãe gritou, mas o talher caiu no meu pé

b. Com metonímia

Ex: Adoro Dom Casmurro. Não deixo de ler Machado. c. Com sinônimos

Ex: O papa nunca desistiu da paz. Sua Santidade dedica-se a essa causa. 3. Coesão Elíptica

Ex: O Treinador do time reclamou bastante da arbitragem após o jogo. Disse que ia recorrer à Justiça Desportiva

O gorila fugiu da jaula. No entanto, foi recuperado. 4. Coesão Transfrástica com famílias etimológicas

Ex: Júlia e Marcelo se amavam. Esse amor era radiante. COERÊNCIA TEXTUAL

A coerência é um dos fundamentos da textualidade. Ela se refere às ligações de sentido construído no texto, que podem estar relacionadas a diferentes fatores: lógico-linguísticos, textuais ou culturais.

Fatores de incoerência I. Fatores lógico-linguísticos

• um determinado conjunto de palavras que participa da construção de uma frase tem que estar ligado semanticamente de forma adequada: assim, podemos dizer homem enérgico, árvore frondosa, rua engarrafada, mas não faz qualquer sentido dizer-se homem frondoso, rua enérgica ou árvore engarrafada. Na história das palavras de uma língua, cada uma delas, por sua origem e, principalmente, por seu uso, adquire determinados significados, excluindo qualquer significado diferente de suas possibilidades de emprego; assim, é possível construir-se incoerência a partir do mau emprego de vocábulos.

A linguagem figurada é uma “permissão” oficial de incoerência, em muitos casos, mas, para que seja aceita, deve ser vista como tal: assim, ao dizer-se que Um homem é um touro, o leitor compreende que tal homem é muito forte e, em nenhum momento, que seja um animal.

• as relações lógicas estabelecidas entre palavras e entre segmentos de palavras devem ser estabelecidas de forma clara, não podendo chocar-se com essas mesmas relações no mundo conhecido; assim, é possível dizer-se Não fui à universidade porque estava chovendo muito, estabelecendo-se uma justa relação entre um fato e sua causa, mas não se pode dizer Não fui à universidade embora estivesse chovendo, pois a concessão não cabe nesse contexto. Do mesmo modo,

a frase Por falta de insegurança deixei de visitar aquela cidade traz uma incoerência lógica, já que se trata, logicamente, de falta de segurança. II. Fatores culturais

• informações: as informações presentes num texto devem também estar adequadas ao nosso conhecimento de mundo: assim, a frase Pedro Álvares Cabral, depois de proclamar nossa independência, voltou a Portugal não faria

sentido para um leitor sabedor de que Pedro Álvares Cabral foi nosso descobridor e nada tem a ver com nossa independência política. No entanto, certas informações equivocadas podem ganhar coerência, como sabemos, se modificamos as condições de leitura do texto, gerando sua aceitabilidade. Nas fábulas, por exemplo, os animais falam e pensam como seres humanos, nas narrativas do realismo mágico podem ocorrer ações impossíveis no mundo real etc.

• campo semântico: caso interessante, nesse aspecto, é a incoerência gerada pela intromissão de um vocábulo inesperado em um grupo de que semanticamente não faz parte: assim, numa frase como O professor entrou em sala com os livros, o apagador, o giz, o maiô e o cacho de banana, o que fazem aí os dois últimos elementos citados?

• esquemas culturais: muitas ações apresentam determinada organização estabelecida no meio cultural em que estão presentes e, alterar essa organização também pode provocar incoerência. Assim, pode causar estranheza o fato de alguém entrar em um restaurante e solicitar ao garçom, inicialmente, que lhe sirva a sobremesa e, depois, um prato salgado.

III. Fatores textuais

Um outro fator de incoerência é a ruptura de esquemas previamente estabelecidos e de conhecimento do leitor como os esquemas textuais: cada um dos modos de organização discursiva apresenta uma estrutura básica, estabelecida em sua própria história, e perturbar essa estruturação provoca incoerência. Assim, numa narrativa, a sucessão de fatos cronologicamente apresentados sempre parte

do menos para o mais intenso; daí que uma narrativa que faça o oposto, salvo situações especiais, provoca estranhamento em sua leitura.

Do mesmo modo, os tipos textuais apresentam características básicas que, se subvertidas, podem trazer incoerência: um cartaz publicitário que, em lugar de elogiar o produto a ser vendido, o deprecie, certamente trará espanto ao leitor.

Assim também, certas estruturas frasais esquemáticas podem, se modificadas, causar estranhamento: a frase: Não compre um apartamento barato, compre um apartamento bom, provocou ruptura na oposição entre contrários (barato – caro), causando estranhamento temporário.

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