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Colônias correcionais e orfanológicas: espaços de aprendizagem para desgraçados e

3 INSTRUÇÃO PARA OS DESPROTEGIDOS DA SORTE: IMPOSIÇÕES LEGAIS

3.4 Colônias correcionais e orfanológicas: espaços de aprendizagem para desgraçados e

Começamos por apresentar no Quadro 4, o que a ALMG nos oferece em relação a esses espaços.

Quadro 4 - Legislação mineira relativa às Colônias Correcionais (1895-1910)

Legislação mineira Ementa

Lei 141, de 20/07/1895

Cria Colônias Correcionais Agrícolas no Estado. Decreto 858, de

16/09/1895

Aprova o regulamento sobre Colônias Correcionais Agrícolas no Estado. Decreto 938, de

20/05/1896

Abre um crédito extraordinário de 300:000$000 para as despesas com a fundação e custeio de duas Colônias Correcionais no Estado.

Decreto 1206, de 22/10/1898

Suprime diversos lugares na Colônia Correcional do Bom Destino. Lei 544, de

27/09/1910

Autoriza a fundação de duas Colônias Correcionais. Fonte: Assembleia de Minas321.

Observe-se que a legislação oficial se refere às Colônias Correcionais e não faz referência a Colônias Orfanológicas, mas, na análise documental, pudemos acompanhar a

discussão da criação desses espaços e entender que se tratava da mesma regulamentação, tanto para Correcionais quanto para Orfanológicas, e que ambas incidiam sobre os sem fortuna e sem sorte.

Durante o governo de Floriano Peixoto, em 1893, o Decreto Legislativo Federal nº 143, de 12 de julho, autorizou a criação de estabelecimentos agrícolas, custeados pelos Estados federados e voltados para a correção – por meio do trabalho – dos vadios e vagabundos. Os pensadores políticos de Minas Gerais se inquietam diante dessa possibilidade. Em 1894, a Casa Legislativa mineira pondera sobre a criação de Colônias Correcionais no Estado, justificando com os bons resultados obtidos pela Europa e por países da América do Norte. Assim, é considerada a necessidade de moralizar os desgraçados – menores e adultos – que vagabundeavam soltos sem a punição adequada, sendo, consequentemente, apresentada a proposta.

O Sr. Bueno Brandão: [...] os magistrados luctam, e luctam muitas vezes com obstáculos insuperáveis para conseguirem collocação conveniente a esses desamparados da sorte que, de ordinário, são recolhidos a estabelecimentos agrícolas, onde apenas se cogita do aproveitamento de serviços muitas vezes supperiores às forças dos menores, negando-lhes a necessária educação e ainda a mais rudimentar instrucção322.

Importante destacar que o legislador faz diferenciação entre educação e instrução e admite o uso do trabalho dos menores de forma reprovável nos estabelecimentos agrícolas, onde não recebiam sequer a mais rudimentar instrução. A iconografia apresentada ilustra a certeza do parlamentar quanto ao trabalho dos menores nos campos, onde, muitas vezes, se exigia além do que os corpos frágeis poderiam realizar e onde não se ofereciam condições de aprendizagem. Entendemos que esses menores ficavam à mercê de sujeitos que deles se aproveitavam, levando-os para o trabalho no campo em troca de proteção ou algum aprendizado que lhes permitisse um futuro menos árduo. Mas o que de fato acontecia é que eles apenas trabalhavam, como afirmou o parlamentar na mensagem acima. A verdade é que, para não serem aprisionados nas Colônias, orfanológicas ou correcionais, essas criaturas precisavam provar que tinham uma ocupação lícita e que delas tiravam seu sustento. Sendo assim, alguns menores, para não se sujeitarem à privação de liberdade nessas Colônias, se submetiam ao trabalho nas lavouras mineiras, aliciados por capitalistas ambiciosos que

usufruíam do trabalho dessas almas desprotegidas, sendo muitas crianças encaminhadas para as Escolas Agrícolas onde serviam de operários. Pela iconografia apresentada (Figura 18), é possível observar crianças, de tenra idade, segurando enxadas e, ao lado, uma construção.

Figura 18 - Escola Agrícola com crianças e adultos na área de plantação

Fonte: Crianças...323.

É possível notar que há apenas um adulto entre os menores, possivelmente, o instrutor ou responsável pelo trabalho a ser realizado. Não encontramos especificações da imagem quanto à localização exata, mas, de qualquer forma, é possível verificar que se tratavam de crianças realizando algum trabalho agrícola, ingenuamente livres.

Na defesa da construção das Colônias Correcionais, é apresentada na Câmara a proposta que poderia dar outro destino a esses menores e adultos que careciam de correção apenas por não estarem trabalhando (em consonância com o Código Penal de 1891, já evidenciado nessa pesquisa). Esses seriam recolhidos das ruas, livrando as cidades desses elementos perturbadores da ordem que, enclausurados nas Colônias Correcionais, receberiam instrução:

323 CRIANÇAS e adultos em Escola Agrícola não identificada. 1 fotografia, p&b, 15 x 22,7 cm. (Coleção

Tipografia Guimarães. Série Sociedade). Acervo Iconográfico do Arquivo Público Mineiro. Disponível em: <http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/fotografico_docs/photo.php?lid=51>. Acesso em: 15 set. 2014.

O Sr. Bueno Brandão: Com a approvação do projecto que tenho a honra de apresentar, teremos, sr. presidente, concorrido para que em nosso Estado se fundem as colônias correccionais onde possam ser recebidos não só os vadios, os mendigos, os ébrios, esses elementos perturbadores da ordem publica, como também esses desgraçadinhos que acham-se entregues hoje, em sua grande maioria, a especuladores que nas cidades delles se servem, empregando-os em misteres que não estão de accordo com o estado actual de nossa civilisação324.

Parece haver certa disputa pelo trabalho dos órfãos entre o Estado e outros que deles queriam se aproveitar. Daí, a esperteza da proposta estatal, que consistia em continuar se aproveitando do trabalho de crianças e adultos, mas com validação legal, visto que, nessas Colônias, eles aprenderiam o trabalho agrícola e poderiam servir como operários nas lavouras, liderados pelos profissionais formados nas Escolas Agronômicas e Zootécnicas, como pudemos compreender. Contudo, houve controvérsias sobre a ideia de juntar, no mesmo espaço, adultos e crianças. Assim, sugeriu-se a criação de Colônias Orfanológicas, para os menores, e Colônias Correcionais, para os adultos.

O projeto consistia em alocar em espaço mantido pelo Estado, com alojamentos distintos para adultos e menores, os quais estariam sob o julgo dos juízes de direito e da polícia. “Além dos trabalhos agrícolas estabelecer-se-ão nas colônias escolas de instrucção primária para os menores e adultos, fabricas e officinas de modo a serem aproveitados as aptidões e serviços dos condennados, tendo-se em consideração o sexo e a idade”325. Nesse sentido, o serviço dos condenados é que proveria o lugar, ou seja, o Projeto dispõe sobre a forma de manutenção dessas prisões agrícolas, fixando que as despesas seriam custeadas pela venda do trabalho dos detentos, ficando o excedente depositado sob a forma de pecúlio a ser retirado na saída do estabelecimento. Os depósitos seriam feitos na Caixa Econômica326, ficando à disposição do Estado. A íntegra desse projeto encontra-se como Anexo B desta pesquisa, podendo-se verificar também a tabela de vencimentos dos sujeitos que atuavam nas Colônias.

Os debates sobre a criação das Colônias se estendeu por várias reuniões na Casa Legislativa, sendo essas colônias consideradas como “estabelecimentos para a proteção da

324 MINAS GERAES, 1894, p. 49. Sessão Ordinária n. 12, de 10 de maio de 1894.

325 MINAS GERAES. Sessão Ordinária n. 31, de 5 de junho de 1894. Annaes da Camara dos Deputados de

Minas Geraes, Ouro Preto, p. 179, 1894.

326 MINAS GERAES. Lei nº 210, de 19 de setembro de 1896. Cria uma Caixa Econômica no Estado, com sede

na capital. Livro da Lei Mineira, Ouro Preto, p. 1, c. 1, 21 set. 1896. Disponível em: <http://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=LEI&num=210&comp=&ano=1 896&aba=js_textoOriginal#texto>. Acesso em: 23 jun. 2014.

infancia abandonada, para a correcção dos indivíduos sem ocupação licita, sem domicilio certo, dos vícios enfim, que facilmente se tornam criminosos”327. Entretanto, a criação desses ambientes de atenção do Estado para com os desamparados da sorte estava submetido à disponibilidade orçamentária do Estado. Nesse caso, ficou decidida a redução do número de colônias a ser criado e aguardar para saber se os resultados seriam satisfatórios para, posteriormente, ampliar a criação dessas Instituições em diferentes regiões do Estado mineiro.

O Sr. Bueno Brandão: O que me parece inadiável é que desde já se faça alguma cousa em favor da infancia desvalida; que se cuide seriamente na repressão da vadiagem e sejam votadas medidas salutares para a correção do viciosos. O art. 1º do substitutivo estabelece as competencias respectivas, isto é, a do juiz de direito e relação aos órfhãos e menores, de acordo com os princípios da legislação actual; e em relação aos tribunaes correccionaes quanto aos indivíduos que, de accordo com diversas disposições do código, tenham assignado termo de bem viver, observadas as leis do processo actualmente estabelecidas, e mais tarde, quando esses indivíduos infringirem o termo assignado, serão submetidos a julgamento perante o tribunal correccional, onde se observará a ordem dos processos da competencia deste tribunal com as alterações mencionadas no art. 2º. Vê-se, portanto, que a liberdade individual é amplamente respeitada, porque o individuo, que tenha de ser remetido para a colonia correccional, primeiramente assigna termo de bem viver, depois é submetido a um processo de desfesa, e finalmente é sujeito a julgamento no tribunal correccional, dando-se-lhe ainda amplo direito de defesa. Vê-se, portanto, que a commissão procurou circunmdar esses indivíduos de todas as garantias. O fim do projecto é corrigir e jamais perseguir328.

Vale a pena ler o discurso do deputado Bueno Brandão, acima evidenciado, que explica a forma pela qual os indivíduos adultos seriam encaminhados para as Colônias após julgamento em que a liberdade individual é amplamente respeitada. Quanto aos órfãos, esses estariam submetidos ao julgamento dos Juízes de Direito.

Pode-se notar que, no ano de 1894, os debates em torno da problemática das Colônias Correcionais e Orfanológicas foram aquecidos e, em 1895, pela Lei 141, de 20 de julho, são criadas as Colônias Correcionais Agrícolas no Estado de Minas329. Esses espaços, mantidos pelo Estado, cuidavam de receber os considerados vadios nocivos à sociedade, que não conseguiram se ocupar, depois de terem assinado o Termo de Bem Viver (documento que obrigava os desocupados a se empregar), sendo lhes oferecida uma ocupação, além de

327 MINAS GERAES. Sessão Ordinária n. 36, de 11 de junho de 1894. Annaes da Camara dos Deputados de

Minas Geraes, Ouro Preto, p. 235, 1894.

328 MINAS GERAES, loc. cit., grifo nosso.

329 MINAS GERAES. Lei 141, de 20 de julho de 1895. Cria Colônias Correcionais Agrícolas no Estado.

proporcionar-lhes o aprendizado da leitura e da escrita. No mesmo território, obedecendo ao mesmo regulamento, mas com certa distância ou margem de segurança, deveriam funcionar também as Colônias Orfanológicas, com a razão de combater a vadiagem e dar rumo aos menores, não os submetendo os à convivência com adultos que, muitas vezes, já figuravam no mundo do crime. Essa seria uma forma de instruir, moralizar e incutir nessas criaturas novos hábitos, para um novo tempo. O trabalho nesses espaços é redentor das mazelas sociais e econômicas, sendo possível, por meio dos braços de vagabundos – adultos e menores –, acudir as lavouras do Estado.

Figura 19 - Crianças enfileiradas em ordem segurando enxadas

Fonte: [Grupo de crianças...]330.

A fotografia encontrada no acervo do APM (Figura 19) evidencia crianças em área rural e, ao fundo, algumas edificações. Essa imagem sugere um espaço de aprendizado para crianças desprotegidas da sorte. Ordenados em fileiras, com trajes simples e descalços, à espera de instruções para o trabalho agrícola: moralização, higiene e obediência para o progresso do Estado mineiro.

330 [GRUPO de crianças em Escola Agrícola]. 1 fotografia, p&b, 16,0 x 21,8 cm. (Coleção Tipografia

Guimarães. Série Sociedade). Acervo Iconográfico do Arquivo Público Mineiro. Disponível em: <http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/fotografico_docs/photo.php?lid=35>. Acesso em: 17 set. 2014.

Por motivos de ordem econômica, apenas em 15 junho de 1896, o Presidente o Estado de Minas Gerais, Chrispim Jacques Bias Fortes, declara ao Congresso Mineiro:

Dentro em breves dias deverá ser inaugurada a primeira colonia correccional, para o que já estão dadas as precisas providencias. Foi designada uma fazenda situada em terrenos pertencentes ao Estado, junto á nova capital, para a sede dessa colonia. Tendo sido preciso fazerem-se reparos e concertos na casa para adaptal-a ao serviço a que se destina, não pôde por isso ser essa colônia installada, ha mais tempo, como era meu desejo331.

Enfim, os desocupados pegos perambulando, sem serventia alguma, seriam submetidos a algumas punições, no caso, a clausura nas Colônias, devendo serem úteis, primeiro, ao Estado e, depois, a outros mandantes particulares. Cabe a explicação que, a despeito do Código Penal de 1891, era exigida dos vadios desocupados a assinatura de um termo em que esse se obrigava a se ocupar em 15 dias, sob pena de reclusão. Em Minas, o Termo de Bem Viver, que deveria ser acatado pelos desgraçados, baixava o tempo de desocupação para 8 dias. Após esse prazo, eles seriam recolhidos às Colônias Correcionais. Isso era o que pretendia assegurar o Projeto de Lei nº 277, decretado pela Câmara, em junho de 1897:

PROJECTO N.277

O Congresso Legislativo, de Minas Geraes Decreta:

Art. 1º Os cidadãos de qualquer sexo e edade, que não estando sob o poder paterno ou sob a direcção de tutores ou curadores, sem meios de subsistência por fortuna própria ou profissão, arte, officio, occupação honesta, vagarem pelas ruas das cidades, pelos districtos e povoações, serão intimados pelas auctoridades policiaes para se empregarem, dentro do prazo de 8 dias. [...] Art. 3º Passado o prazo do art. 1º, assignarão termo de bem viver os cidadãos que continuarem desempregados sujeitando-se às disposições da lei n.141, de 29 de julho de 1895332.

Importante lembrar que a Lei 141 é aquela que diz respeito à reclusão nas Colônias Correcionais. Uma delas, conforme Iconografia abaixo, nos permite observar: Colônia Correcional do Bom Destino que, em 1897, era dirigida pelo Major Nicolau Antônio Tassara

331 FORTES, C. J. B. Mensagem dirigida pelo presidente do Estado de Minas Geraes Dr. Chrispim

Jacques Bias Fortes ao Congresso Mineiro em sua segunda sessão ordinária da segunda

legislatura no anno de 1896. Ouro Preto: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1896. p. 18-19. Disponível em: <http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2405/000019.html>. Acesso em: 23 mar. 2015.

332 MINAS GERAES. Sessão Ordinária n. 8, de 30 de junho de 1897. Annaes da Camara dos Deputados de

de Pádua333. Observe-se que há homens de farda e um sino na parte central do pavimento externo, aos moldes das cadeias da época (Figura 20).

Figura 20 - Prédio da Colônia Correcional do Bom Destino

Fonte: Prédio...334.

Em 1898, pelo Projeto 421335, foi criado o cargo de médico da polícia do Corpo de Urbanos da Polícia, o qual atuaria também na Colônia do Bom Destino. A pesquisa revelou que aconteceram despesas extras, que não tinham sido previstas, como cuidados médicos para os internos, por exemplo, e, pelo visto, o Estado não se via satisfeito com o custo benefício.

A colônia correccional de Bom Destino, aliás instituição de utilidade, nada produzia, não correspondendo ao fim de sua criação, e era uma fonte de grandes dispêndios para o Estado; foi modificado o plano de trabalho e reduzido o pessoal, com o que tem produzido renda que poderá ascender a 8:000$000 annualmente, havendo entretanto uma economia com a reducção de 15:000$000336.

333 MINAS GERAES, 1897, p. 52. Sessão Ordinária n. 8, de 30 de junho de 1897.

334 PRÉDIO da Colônia Correcional do Bom Destino, MG. 1 fotografia, p&b, 11,5 x 17,0 cm. (Coleção

Tipografia Guimarães. Série Sociedade). Acervo Iconográfico do Arquivo Público Mineiro. Disponível em: <http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/fotografico_docs/photo.php?lid=31527>. Acesso em: 19 set. 2014.

335 MINAS GERAES, 1903, p. 164. Sessão Ordinária n. 43, de 18 de agosto de 1898.

336 BRANDÃO, F. S. de A. Mensagem dirigida pelo presidente do Estado Dr. Francisco Silviano de

A mensagem acima, proferida pelo Presidente do Estado de Minas em 1899 – Francisco Silviano de Almeida Brandão – não deixa dúvida de que o projeto de moralização, instrtução e aprendizado agrícola instalado nas Colônias Correcionais não rendeu o esperado, havendo que ser modificado, ainda que o Estado se beneficiasse do trabalhos dos reclusos de diferentes formas.

Como exposto nos Annaes Legislativos, em troca dos trabalho realizados nas Colônias, os internos recebiam alguma quantia, que ficava depositada na Caixa Econômica, o que contribuía, de alguma forma, para movimentar a receita do Estado. Em 1903, os parlamentares apresentam um balanço da situação econômica de Minas, afirmando que o déficit poderia ser maior, caso algumas medidas não tivessem sido tomadas, como a cobrança de impostos territoriais. “Além dessa receita, o exercício contou com outros recursos, que elevaram suas operações a 28.201:733$363. Concorreram para avolumar essa receita os depósitos de orphams, da caixa econômica.” Assim, o Estado se servia do trabalho dos menores nas Colônias, além de outros espaços que os detinha e das quantias por eles depositadas no banco estatal.

Mas, pudemos compreender que as Colônias foram se ajustando para abrigar os adultos; já quanto aos os menores, o Estado pensa em outras alternativas, dividindo cada vez mais com os municípios a responsabilidades para com esses pobres infelizes. Em 1905, o Senado Mineiro apresenta na Casa Legislativa um projeto que trata da Organização Municipal no Estado. Dentre as obrigações da Câmara, em relação às Posturas Municipais, ficou estabelecido, pelo item XXIV: “Fundação de colonias, de escolas praticas, de institutos profissionaes, para colocação de menores desvalidos ou desamparados”337. Entretanto, haja vista a dificuldade econômica do Estado, os municípios se encontravam com poucos (ou sem) recursos para tamanha responsabilidade e a esfera estadual ajuíza outras possibilidades para resolver o problema dos menores desvalidos, orfãos e inúteis para os propósitos de progresso de Minas.

anno de 1899. Cidade de Minas: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1899. p. 46. Disponível em:

<http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2408/>. Acesso em: 29 mar. 2015.

337 MINAS GERAES. Sessão Ordinária n. 45, de 24 de agosto de 1905. Annaes da Camara dos Deputados de

A iniciativa Estadual na direção dos menores abandonados ou desvalidos, que parece ter alcançado maior êxito, deu-se em 1909, com a instauração do IJP338, o qual propunha organizar a baderna social dos menores e abandonados da sorte, além de prover o Estado de trabalhadores agrícolas. Sobre esse empreito, concentraremo-nos um pouco adiante.