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3. TRILHANDO CAMINHOS CONCRETA E EXISTENCIALMENTE NO MUNICÍPIO

3.1 COLATINA AOS MEUS OLHOS

O município de Colatina recebeu este nome em homenagem à esposa de José de Melo Carvalho Muniz Freire que foi presidente do Estado por duas vezes, de 1892 a 1896, e de 1900 a 1904. Dona Colatina foi uma mulher de classe social abastada, que marcou presença na cultura capixaba e tem o seu lugar na Academia Feminina Espirito-santense de Letras (AFESL), e isso parece ser de muito orgulho para o

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O andarilho caminha a pé no sentido de acompanhar os eventos (É + Vento); aquele que se entrega ao vivido.

Colatinense, segundo o vivido no cotidiano por mim, como pesquisadora residente na cidade.

O município de Colatina foi criado em 30 de dezembro de 1921 e, apesar deste dia ser seu verdadeiro aniversário de emancipação política , as comemorações de seu aniversário acontecem no dia 22 de agosto, quando as festas contagiam a todos e todas.

Figura 01: Foto de Colatina na época da emancipação política

Disponível em: http://www.colatina.es.gov.br/acidade/?pagina=historia&item=4

Figura 02: Foto da Festa de 91 anos de emancipação política de Colatina

Disponível em:http://www.es.gov.br/EspiritoSanto/Eventos/505/shows-de-victor-e-leo-e-raca- negra-agitam-a-festa-de-colatina.htm

De acordo com censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Colatina possui aproximadamente 111.788 habitantes, sendo que 88% dessa população vive na zona urbana, composta por 49 bairros. Geograficamente, a cidade possui 1.439 quilômetros quadrados. Está situada no Vale do Rio Doce, a 135 quilômetros de Vitória, capital do Espírito Santo. Por ela passam a estrada de ferro Vitória-Minas, a BR-259 e a Estadual 080 (Rodovia do Café). A topografia da cidade varia de ondulada para montanhosa e o clima predominante é quente úmido. A cidade é considerada o maior polo de confecções do Estado e um dos maiores do país.

Figura 03: Mapa de localização da cidade de Colatina/ES

Disponível em: http://www.colatina.es.gov.br/acidade/index.php?pagina=geografia

Nos últimos anos houve inúmeras conquistas no setor educacional com a pretensão de dar garantia a qualidade do ensino em todos os níveis. O município conta com uma rede de ensino estruturada, desde os centros de educação infantil até cursos superiores. São 95 escolas municipais, 10 estaduais, 15 particulares, duas federais (Itapina e Colatina) e dois complexos universitários.

Com a intenção de perceber como o tema inclusão escolar tem sido discutido e tratado no município de Colatina, decidi entrar em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Colatina (SEMED), e minha percepção foi a de que existe

uma preocupação de reflexão em relação ao atendimento à diversidade no ambiente escolar. Nesse contexto, verifiquei que, a partir do ano de 2007, uma equipe multiprofissional foi organizada e passou a trabalhar na dinâmica da inclusão com os professores e professoras da rede municipal, com os alunos e suas famílias. Como parte da equipe da SEMED, foi instituído um setor de educação multiprofissional, denominado Centro de Educação Multiprofissional (CEMP). Tal setor tem como prioridade atender às demandas da Educação Inclusiva das escolas de ensino fundamental de todo o município.

Entretanto, com intuito de levantar dados mais específicos que me permitissem, como pesquisadora, perceber de que forma o processo de educação inclusiva de alunos com deficiência de natureza física, intelectual ou sensorial está sendo conduzido no município de Colatina, agendei uma entrevista com a coordenadora do CEMP.

De acordo com a Coordenadora do CEMP, a professora Amarillis17, em entrevista realizada no dia 19 de março de 2012, o CEMP tem como objetivo atender alunos regularmente matriculados na rede municipal de ensino que apresentam distúrbios comportamentais e deficiências propriamente ditas, comprovadas por laudo médico ou em processo de avaliação. A intenção da equipe do CEMP é problematizar as situações evidenciadas na realidade escolar e atender diretamente à demanda percebida nas escolas, que poderia impossibilitar ou prejudicar o processo ensino- aprendizado. Vale ressaltar que a rede municipal de Colatina é composta de 15.024 (quinze mil e vinte quatro) alunos, conforme dados do CENSO escolar de 2011 e, conforme informações do CEMP, hoje, aproximadamente 120 (cento e vinte) alunos são atendidos em caráter permanente a cada quinze dias, e aproximadamente 600 (seiscentos) alunos são atendidos esporadicamente pela equipe multiprofissional. É importante ressaltar que para cada aluno atendido, uma ficha de atendimento e de acompanhamento é preenchida, e isso repercute em um atendimento familiar que tem contribuído de forma significativa para melhoria no processo educacional desses alunos.

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Na presente pesquisa usar-se-ão nomes fictícios para identificar os participantes. Nesse contexto, a professora Amarillis é licenciada em História e coordena o CEMP no Município de Colatina desde 2007.

Assim, o público alvo, inicialmente, desse atendimento são:

 alunos com deficiência de natureza física, intelectual ou sensorial;

 alunos com transtornos globais do desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras e ainda, autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação;

 alunos com altas habilidades/superdotação.

De acordo com a professora Amarillis, os alunos com dificuldades de aprendizagem, no sentido que esta pesquisa apresenta, muitas vezes são encaminhados para acompanhamento no CEMP. Porém como já relatamos, não havendo previsão para o atendimento desses alunos na PNEEPEI de 2008, ele fica reservado à escola. Para a realização dos atendimentos, o CEMP possui uma equipe composta por:  duas psicólogas, que se revezam para o atendimento às Escolas Municipais de Educação Fundamental (EMEFs), Centros de Educação Infantil Municipais (CEIMs) e Pré- Escolas Municipais (PEMs);

 duas fonoaudiólogas, que se revezam para o atendimento às EMEFs, CEIMs e PEMs;

 cinco pedagogas. Três atuando diretamente no revezamento para atendimento às EMEFs, CEIMs e PEMs, uma na coordenação das salas de recursos multifuncionais e outra na coordenação geral da equipe do CEMP;

 duas assistentes sociais que se revezam para atendimento às EMEFs, CEIMs e PEMs;

 duas secretárias que se revezam em turnos matutino e vespertino, para atendimento ao público.

A equipe do CEMP se divide nas funções específicas de cada profissional no sentido de realizar atendimentos clínicos individuais quinzenalmente; fazer a triagem, que consiste na prática de conhecer melhor os alunos indicados pela gestão da unidade escolar de origem; fazer a devolutiva à equipe gestora da escola de origem, que consiste no diálogo acerca das informações obtidas durante o atendimento individual do aluno "triado", servindo como aporte para os encaminhamentos pedagógicos, educacionais e clínicos a serem feitos com esses alunos; desenvolver trabalhos com a comunidade escolar e com a família, tanto no aspecto de informação como no de formação, através de formações continuadas para professores das salas de aula regulares que trabalham com alunos que necessitam de atendimento especializado para dar suporte ao trabalho com esses alunos e palestras à comunidade escolar como um todo.

Percebi que, indiretamente, o trabalho se delineia por meio de um olhar que capta a necessidade do que precisa ser realizado, a partir dos dados observáveis. A dinâmica avaliativa do CEMP tem caráter formativo e processual, numa perspectiva apropriada para cada situação evidenciada no cotidiano escolar. Tais situações são elencadas semestralmente via avaliação realizada pelos gestores escolares com a Secretaria municipal de educação.

Segundo a coordenadora do setor, os resultados percebidos desde a criação do CEMP, em 2007, são "notórios", revelando a positividade do setor. A comunidade escolar tem ciência de que há um setor que lhes dá suporte para os encaminhamentos relativos aos alunos com necessidades educacionais especiais, com responsabilidade, ética e transparência, sentindo-se segura quanto à possível eficácia desses encaminhamentos, a segurança psicossocial que pode oferecer. As ações do CEMP, na perspectiva da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino fundamental, corroboram com as estimativas de que a cada ano, mais alunos nessa perspectiva estarão avançando para o nível maior de ensino: o ensino médio. Dessa forma, sentimos que nossa intenção de pesquisa para descrever fenomenológica e existencialmente os movimentos processuais envolvidos nas práticas dos docentes do Ifes, que possivelmente receberão esses alunos, relacionadas ao processo de inclusão escolar, será de real importância para dar continuidade aos caminhos que têm sido trilhados na educação

fundamental na rede municipal de ensino de nosso município, uma caminhada junto ao outro no mundo.