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4. O LIVRO DIDÁTICO

4.3 Análise das coleções adotadas pelas escolas pesquisadas

4.3.5 Coleção Geografia: o mundo em transição

Editora: Editora Ática. Ano de publicação: 2013. Autor: José William Vesentini.

Formação acadêmica: 12José William Vesentini:

Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Ciências Humanas, área de Geografia Humana, pela USP. Livre-docente em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Professor e pesquisador da USP, onde leciona nos cursos de graduação e pós-graduação.

Fonte: Autora (2018).

Escola que adotou: Escola Estadual Alfredo Nasser.

12 Texto extraído do livro didático.

Análise do PNLD 2015 sobre a coleção:

A coleção é composta por três volumes. De acordo com Brasil (2015, p.94) “o primeiro volume apresenta-se a Geografia como disciplina que foi construída ao longo do tempo, as noções de cartografia e os conteúdos que tratam do espaço geográfico no Brasil e no mundo”. O mesmo destaca que o conteúdo geográfico prioriza alguns conceitos básicos (espaço, território e paisagem), particularmente a paisagem formada a partir de elementos naturais. No segundo volume, os conteúdos são elencados a partir do espaço geográfico brasileiro. O terceiro volume trata do conhecimento da Geografia geral, havendo também textos que fazem menção ao Brasil e um capítulo intitulado Perspectiva para o século XXI, mostrando os acontecimentos mais recentes que provocaram mudanças na sociedade mundial e também no espaço geográfico (BRASIL, 2015, p.94).

A partir desta análise afirma-se que os conteúdos e as atividades propostas favorecem o desenvolvimento do pensamento crítico e oferecem uma gama de textos, imagens e dados que visam promover o (re)pensar do aluno sobre os conceitos e temas abordados.

Brasil (2015, p.96) relata que nos capítulos que focam as questões ambientais, os conteúdos contribuem para a superação da dicotomia sociedade e natureza, e Geografia física e humana. O mesmo ainda comenta que as relações espaço-temporais são abordadas com temas transversais e contextualizadas historicamente.

Conteúdos que favorecem a construção da cidadania e o convívio social republicano estão presentes por meio de textos, imagens e dados que dão suporte a uma reflexão crítica sobre a realidade do aluno e o contexto social em que está inserido.

Ao inserir no início de cada capítulo a seção Ponto de Partida pretende-se subsidiar o trabalho do professor, de modo que ele explore o conhecimento prévio ou as vivências do aluno para iniciar o conteúdo do capítulo. Com este tipo de intencionalidade, é possível desenvolver no aluno habilidades interpretativas e de relação com seu meio. Normalmente, os recursos utilizados são mapas, charges, textos, entre outros (BRASIL, 2015, p.96).

Através da exploração do conhecimento prévio do aluno é possível iniciar o conteúdo a ser trabalhado, a partir das vivências do aluno, na busca de desenvolver habilidades interpretativas na relação do aluno com seu meio.

Concepção de paisagem: O autor menciona a paisagem, a partir do conceito de espaço geográfico no volume 1 desta coleção (unidade I), que tem como título “Espaço

geográfico e suas representações”. Ao iniciar o capítulo 1 intitulado “A construção do espaço geográfico”, com a seção “Ponto de Partida” aborda o conceito de espaço geográfico: “Espaço geográfico é todo local onde a humanidade reside e produz modificações” (VESENTINI, 2013, p.8). Nesta mesma seção ele ainda apresenta duas imagens na qual conceitua paisagem natural e paisagem humanizada. Em uma imagem, segundo ele “paisagem marcada pelos elementos da natureza (relevo e vegetação), sendo pouco visível a ocupação humana” (imagem da serra da Bocaina, São Paulo, em 2011). Na outra imagem (vista parcial de Belo Horizonte (MG), em 2011), o autor conceitua como “paisagem onde a natureza original foi profundamente alterada pela ação humana, uma paisagem construída pelos seres humanos” (VESENTINI, 2013, p.8).

Percebe-se que o autor considera como elementos da paisagem o relevo e a vegetação e que o mesmo faz referência à paisagem natural e paisagem humanizada. A partir de questionamentos sobre a construção e reconstrução do espaço geográfico, entende-se que o autor coloca o homem como agente que produz e reconstrói o espaço geográfico. Ainda neste capítulo, no subtítulo “Espaço geográfico: diferenças devidas ao tempo e à ação da natureza” apresenta-se o tempo (histórico: do ser humano e natural: dos fenômenos da natureza) como fator que produz modificações na paisagem e mostra a fotografia como “uma maneira indireta de leitura da paisagem de hoje e do passado”, ressaltando que “ela pode nos mostrar lugares e tempos onde nunca estivemos e com os quais não teríamos tido contato se a fotografia não existisse” (VESENTINI, 2013, p.13). Na página seguinte encontra-se o conceito de paisagem: “a paisagem é o resultado de uma construção histórica ao longo do tempo”, pois segundo ele contém elementos criados há muitos anos e outros construídos recentemente (VESENTINI, 2013, p.14).

A figura 18, apresenta duas fotos para exemplificar o conceito de paisagem: na foto 1, a paisagem é marcada pela presença de elementos naturais. Já na foto 2, a natureza foi profundamente modificada pela ação da humanidade. Observando as duas fotos identifica-se o que já foi discutido anteriormente: o fato de os Livros Didáticos privilegiarem algumas regiões do Brasil deixando outras de lado. O aluno do interior, que não tem acesso ao grande centro, certamente encontrará dificuldades para visualizar a paisagem formada a partir de elementos culturais, visto que os prédios ilustrados na foto 2 estão fora do contexto da sua realidade.

Figura 18: Seção Ponto de Partida – Conceito de Espaço Geografico.

Fonte: Autora (2018).

A coleção ainda apresenta no volume 2, mais precisamente no capítulo 14 intitulado “Domínios Morfoclimáticos”, como introdução um trecho do livro Os Domínios Morfoclimáticos do geógrafo Ab’Saber seguido de alguns questionamentos sobre paisagem natural. Feito a introdução do capítulo, o autor apresenta o subtópico “A paisagem natural em conjunto”, destacando como elementos da paisagem natural do Brasil: a estrutura geológica e o relevo; os climas e a hidrografia; e os biomas (com ênfase na vegetação). Neste mesmo capítulo encontram-se definidos os seis principais domínios morfoclimáticos do Brasil ou,

segundo o autor, paisagens naturais: Domínio Amazônico, Domínio da Caatinga, Domínio do Cerrado, Domínio da Araucária, Domínio das Pradarias, Domínio dos Mares de Morros.

Conteúdo específico (unidade do livro) ou recorrente em todo o livro: o conceito de paisagem é mencionado no volume 1 desta coleção, partindo do conceito de espaço geográfico, incluindo o homem como agente que produz e reproduz o espaço geográfico. O considera como elementos da paisagem o relevo e a vegetação e faz referência à paisagem natural e paisagem humanizada. No volume 2 desta coleção, vimos o conceito de paisagem ser abordado sucintamente através dos domínios morfoclimáticos no capítulo 14.

Atividades práticas nos LD relacionadas à paisagem: destaca-se no final da unidade I, na seção “Conexão do conhecimento” uma atividade prática que deverá ser trabalhada em equipe no intuito de conhecer melhor o local do aluno, com alguns questionamentos sobre as mudanças ocorridas na paisagem local devido ao tempo e às desigualdades sociais, além de algumas indagações sobre exemplos de natureza original existentes no local de vivência do aluno.

Sugestões metodológicas para o professor referente à paisagem: no Manual do Professor, o autor apresenta um projeto sobre paisagem com o tema “O tempo histórico e as mudanças no espaço geográfico”. A atividade possui tempo estimado de 06 aulas. Propõe-se uma reflexão sobre como as pessoas percebem as mudanças na paisagem onde vivem. É baseada em entrevistas, pesquisas na internet e em arquivos e/ou revistas e análise de textos literários. Dentre outros objetivos o autor destaca: organizar pesquisa de campo, aplicar questionários, analisar e interpretar seus resultados (VESENTINI, 2013, p.359). O autor ainda propõe analisar as mudanças nas paisagens através de fotos antigas e novas dos mesmos locais e entrevistas com pessoas mais idosas, procurando avaliar aspectos positivos e negativos dessas mudanças.