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4. O LIVRO DIDÁTICO

4.2 O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), segundo o MEC, é o mais antigo dos programas voltados à distribuição de obras didáticas aos estudantes de rede pública de ensino brasileira, tendo iniciado com outra denominação em 1937. Foi criado pelo Decreto Lei 91.542 de 19 de agosto de 1985 e trouxe mudanças como: seleção do Livro Didático pelos professores; reutilização do livro nos anos subsequentes, abolindo o livro descartável; a execução do PNLD passou a ser do Ministério da Educação, através da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), garantindo o critério de escolha do livro pelos professores.

Santos (2017, p.144) define o PNLD da seguinte forma: “é um programa que visa a distribuição, às escolas públicas do Brasil, de Livros Didáticos entre outros materiais de apoio à prática educativa”. Callai (2016) relata:

O PNLD é destinado ao atendimento da produção, análise, avaliação, seleção e distribuição do Livro Didático. Ao atender a todas as escolas públicas, através da distribuição gratuita a todos os alunos, considerando a escolha feita pelo professor da respectiva área, ele atinge um número significante de pessoas (CALLAI, 2016, p. 275).

Ao longo do tempo, o programa foi aperfeiçoado e passou por diferentes nomes e formas de execução. Atualmente o PNLD é voltado à educação básica brasileira, tendo como única exceção os alunos da educação infantil. Os livros distribuídos deverão ser conservados e devolvidos para utilização por outros alunos por um período de três anos. Passado esse período, ocorre a escolha das próximas coleções de forma alternada a cada três anos. Ou seja, em um ano, ocorre a seleção para os Anos Iniciais, noutro os Anos Finais e por fim, o Ensino Médio. As escolas são cadastradas no programa e os professores realizam a escolha do Livro Didático. Seu objetivo principal “é o de oferecer aos alunos e professores das escolas públicas brasileiras obras que foram analisadas quanto à correção dos conceitos e informações básicas,

sua atualidade, pertinência e adequação no trato dos termos de cada componente curricular em análise [...]” (BRASIL 2015, p.7).

Os docentes optam por duas coleções que melhor se enquadram à sua própria concepção de construção do conhecimento e que estejam atreladas ao projeto político-pedagógico de sua instituição educacional, colocando por seu interesse a primeira e segunda opção a ser entregue. Junto aos livros dos estudantes, segue o manual do professor, que também passa pelo processo de avaliação do Ministério da Educação (MEC) (SANTOS, 2017, p.145).

Uma dificuldade elencada por parte dos professores pesquisados foi a dificuldade de acesso às coleções que estão sendo distribuídas neste ano de 2018. Alguns reclamaram que não tiveram contato direto com todas as coleções, outros apontam que as coleções foram disponibilizadas de forma digital e que, como a internet da escola não é de boa qualidade não conseguiram escolher a coleção de forma consciente. Para que o Livro Didático chegue às mãos do professor e do aluno há todo um processo que envolve diferentes sujeitos. Maciel (2015) ao retratar as etapas de funcionamento do PNLD, afirma:

A execução do programa envolve as ações de diferentes sujeitos: editoras; equipes de pareceristas vinculados às instituições de ensino superior que vão realizar a avaliação; professores e, finalmente alunos que receberão os livros. O MEC se encarrega das questões funcionais, e os recursos financeiros bem como a definição dos valores repassados às editoras ficam a cargo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. (MACIEL, 2015, p.81).

A autora ressalta a importância de observar que, apesar do destaque dado à escolha das coleções, é preciso considerar que esta escolha é influenciada pelo poder econômico das editoras de maior capital através da divulgação. Santos (2017) afirma:

O processo de avaliação dos livros vem melhorando com os novos encaminhamentos dados pelo MEC. A concepção de escolha da instituição responsável pela avaliação ser a partir de seleção por chamada pública se torna uma forma de democratização deste encaminhamento e também pluraliza a avaliação ao levar a outras mãos, que não sempre as mesmas, o processo regido pelo Programa Nacional do Livro Didático (SANTOS, 2017, p.147).

O autor ressalta que o aprofundamento nos parâmetros avaliativos avançou, principalmente em relação à pluralidade de visões, e frisa que mesmo seguindo todos esses passos para a avaliação, devemos considerar o PNLD como algo superior a apenas um programa de distribuição de livros e outros materiais para escolas de educação básica.

Este mesmo autor afirma que no PNLD estão contidas visões de mundo que serão distribuídas a comunidades agrícolas, ribeirinhas, dentre outras, confundindo-se com a luta por uma diversidade que se encontra silenciada em nossa sociedade. De acordo com o autor, por mais que os processos avaliativos com relação ao Livro Didático tenham avançado, nós professores não devemos ficar restritos a esse material didático.

[...] o Livro Didático não é – nem deve ser – o epicentro do processo de construção do conhecimento, mas ele pode servir como ponto de quebra de estigmas e visões distorcidas sobre aspectos geográficos, um material que pode lhe auxiliar em sua prática cotidiana, dando indicações de possibilidades para uma maior reflexão em relação ao espaço geográfico (SANTOS, 2017, p. 150).

A partir dessas interpretações entende-se que a escolha da coleção a ser utilizada seja feita a partir de um processo munido de calma e materiais específicos, como por exemplo, o Guia do Livro Didático, visto ser este um material que acompanhará professores e alunos durante três anos. Para tanto, é preciso que o professor tenha em mãos esse Guia e o conheça para que se faça uma escolha consciente do Livro Didático que melhor adéque a sua realidade escolar. Ressalta-se aqui a importância do Programa Nacional do Livro Didático, que, apesar de alguns autores apontarem críticas é um programa que tem feito a diferença na escolha dos Livros Didáticos.

O próximo item trata da análise feita nas coleções adotadas pelas escolas pesquisadas. Utilizou-se o Guia do Livro Didático PNLD 2015, pelo fato de ser este o guia norteador das coleções analisadas que pertencem ao triênio 2015, 2016 e 2017.