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Primeiramente, é importante ressaltar que o processo de coleta e análise dos dados ocorreu de maneira simultânea. À medida que os dados eram coletados eles passavam por uma análise preliminar e temporária que auxiliava ou indicava caminhos para a coleta dos dados futuros. Esse processo permitiu que o pesquisador perseguisse as indicações que foram surgindo por meio dos dados (CHARMAZ, 2014).

Os principais instrumentos de coleta dos dados foram entrevistas semiestruturadas, pois por meio delas são “[...] preparadas várias perguntas que cobrem o escopo pretendido da entrevista” (FLICK, 2013 p. 115). No entanto, o roteiro de perguntas não era rígido e os entrevistados puderam se desviar da sequência das perguntas, respondendo-as da forma mais livre e extensiva possível. O foco era obter as visões individuais dos entrevistados sobre o tema da pesquisa (FLICK, 2013).

As entrevistas foram realizadas entre os meses de julho e dezembro de 2017. Todas foram gravadas e transcritas literalmente, exceto a do Diretor Financeiro, que não autorizou a gravação, mas se mostrou bastante solicito em responder e dirimir qualquer tipo de dúvida. As

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entrevistas foram realizadas presencialmente, no escritório da empresa que fica no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes-PE, com exceção da entrevista do Sócio Proprietário do Centro de Distribuição Moura, que foi realizada no Palácio das Baterias, um dos centros de distribuição da empresa, localizado no bairro da Imbiribeira, em Recife-PE.

Além das entrevistas, os dados foram coletados por meio da pesquisa documental, que permitiu a obtenção de dados secundários, os quais contribuíram para confirmação ou validação de algumas informações. Esses documentos foram obtidos por meio de sites governamentais, matérias publicadas em sites e revistas eletrônicas sobre a empresa ou sobre algum dos entrevistados, totalizando cerca de dez documentos secundários.

Nesse sentido, os dados “[...] revelam as opiniões, os sentimentos, as intenções e as ações dos participantes, bem como os contextos e as estruturas de suas vidas” (CHARMAZ, 2009, p. 30). Além disso, a coleta de dados permitiu que o pesquisador construísse uma análise significativa, se mantendo sempre de mente aberta, não se prendendo aos métodos, mas sim ao conteúdo e às interpretações dos entrevistados (CHARMAZ, 2009).

Sobre a análise dos dados, Flick (2013) descreve este processo como a classificação e interpretação do material linguístico (ou visual) para fazer declarações sobre as dimensões e estruturas da construção de significado no material, e que pode ser representado na análise implícita e explicitamente. Uma das principais formas de analisar os dados numa pesquisa qualitativa é realizando a análise simultaneamente com a coleta (MERRIAM; TISDELL, 2016), tal procedimento foi adotado neste estudo.

Como o propósito do presente estudo é realizar uma análise qualitativa dos dados de maneira indutiva e comparativa, o método comparativo constante de dados proposto por Glaser e Strauss (1967) torna-se uma das ferramentas adequadas para atingir tal objetivo. A partir da realização de cada entrevista, ela era transcrita e seus dados já começavam a ser codificados antes mesmo da realização da próxima entrevista.

A codificação é considerada a primeira etapa analítica, “[...] significa nomear segmentos de dados com uma classificação que, simultaneamente, categoriza, resume e representa cada parte dos dados” (CHARMAZ, 2009, p. 69). Segundo Merriam e Tisdell (2016, p. 199), a “[...] codificação é nada mais do que atribuir algum tipo de designação abreviada para vários aspectos de seus dados para que você possa facilmente recuperar partes específicas de dados”.

Portanto, primeiramente, foi realizada uma codificação inicial em que o pesquisador começa a analisar os dados com uma mente aberta e que “[...] os códigos iniciais são provisórios, comparativos e fundamentados nos dados” (CHARMAZ, 2009, p. 75). Durante a

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análise, a maior parte dos códigos iniciais foi modificada ou utilizada para compor categorias mais amplas. A codificação inicial foi realizada considerando incidente por incidente (CHARMAZ, 2009). No início, se tentou realizar uma codificação linha por linha, mas tal método não se mostrou adequado ao tipo dos dados coletados, pois as frases isoladas muitas vezes não faziam sentido, dessa forma era difícil extrair os códigos linha por linha.

Ao final da codificação inicial de cada entrevista, foi elaborado um memorando, que é “[...] uma etapa intermediária fundamental entre a coleta de dados e a redação dos relatos de pesquisa” (CHARMAZ, 2009, p. 106). Esse documento continha as principais observações e impressões do pesquisador sobre os dados de cada entrevista e contribuiu para reflexão e abstração. Ao todo foram produzidos sete memorandos, que ajudaram a entender as conexões e a construir um sentido lógico para o volume de informações.

Além da codificação inicial e da elaboração de memorandos, foi realizada uma codificação focalizada, que representa a segunda fase principal da codificação (CHARMAZ, 2014), é mais seletiva e conceitual do que a codificação inicial (CHARMAZ, 2009). A codificação focalizada permitiu o retorno aos dados e a seleção daquelas informações mais relevantes para a construção das categorias. A partir dessa ação, algumas categorias foram se consolidando, enquanto outras não se mostraram relevantes ou se aglutinaram para formar uma categoria mais robusta.

Conforme citado, no início, a análise é predominantemente indutiva e, por conta disso, os códigos e categorias formados preliminarmente não possuem um caráter definitivo. A partir do momento que são coletados mais dados, o pesquisador começa a verificar se essas categorias inicialmente criadas são confirmadas ou modificadas (MERRIAM; TISDELL, 2016).

Sendo assim, o processo de coleta e análise dos dados foi dinâmico e repleto de idas e vindas, tanto analíticas quanto de busca de informações, pois a análise dos dados é um processo complexo que envolve a interpretação e a consolidação das informações prestadas pelos entrevistados (MERRIAM; TISDELL, 2016).