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Para este estudo foram utilizadas duas estratégias metodológicas. A primeira foi a realização de entrevista através de email. Selecionei ex-alunos que estudaram comigo no campus de Niterói (2006-2008) e que estavam em minha página pessoal do facebook. Por meio do messenger realizei o convite para a pesquisa. Quinze ex-alunos propuseram-se a responder e me enviaram os seus e-mails.

Como havia conseguido uma amostragem relativamente pequena para a proposta da pesquisa, decidi criar um post nos grupos do facebook: “CP2” e “ex-alunos de CP2” porém anexei um formulário feito na plataforma do Googleforms. Foram feitas as mesmas perguntas do questionário enviado por email. Em três horas de postagem atingiu-se o patamar de 76 questionários respondidos, evidenciando uma adesão significativa. Em virtude da complexidade de analisar uma quantidade muito grande de respostas,após atingir este número, decidi excluir a postagem da rede social.

Dentre os questionários respondidos por email, um foi excluído por sua estrutura ter sido escrita em forma de texto corrido, o que dificultava a análise. Quanto aos questionários do Google forms foram aproveitados 71 de 76 devido ao marco temporal escolhido que foi o período de 2001 a 2016, com os egressos dos campi: Centro, Duque de Caxias, Engenho Novo, Humaitá, Niterói, São Cristovão, Tijuca e Realengo. Tanto no formulário como no questionário por email, a estrutura adotada foide perguntas abertas, visando proporcionar ao entrevistado liberdade de responder a pergunta conforme optasse. Porém, a escolha desta estratégia apresentou alguns problemas para a análise. Algumas perguntas como as de números 6 e 7 possuem similaridades. A 6 tinha como objetivo mapear as memórias de forma geral e a 7 tipificar a rememoração

como positiva e/ou negativa. Entretanto, alguns/mas entrevistados/as deixaram a 6 ou a 7 em branco ou responderam uma correspondendo à outra.

A maior dificuldade ocorreu na tabulação. Na busca de um consenso que permitisse construir uma base para a análise, defini as categorias a partir das perguntas. Contudo as respostas, por terem sido do tipo “aberta”, por vezes continham mais de uma categoria, além daquelas propostas. A análise interpretativa teve como base o sentido dominante da frase construída, e da “categoria dominante”que orientava a resposta, e quais agrupamentos poderiam ser usados. Para as repostas que não se adequavam a nenhuma das categorias pertinentes à pesquisa, foi criada a categoria “outros”.

O corte temporal foi importante para a análise comparativa no que se refere às memórias da instituição, pois são 180 anos de história e seria inexato, metodologicamente falando, um quadro tão amplo. Assim, através das respostas foram criadas categorias que foram relacionadas com o estudo das estratégias da memória institucional no período histórico selecionado.

PERGUNTAS

1.Qual foi o período que estudou no CPII e em qual campus? 2. Por que estudou no CPII?

3. O que você acha de ter sido aluno do Colégio Pedro Segundo?

4. O que faz ser um aluno do CPII? Ele tem algum diferencial para você? 5. Você sente alguma coisa por ter sido aluno do Pedro Segundo?

6. Quais são as suas memórias em relação ao colégio? 7. Alguma memória positiva? Alguma negativa? 8. O que você acha da escola?

9. Você acha que a escola possui algum diferencial em relação às outras escolas? Se sim, qual?

10. Estudar no CPII fez alguma diferença na sua vida?

11. O que você acha do atual CPII, a escola mudou em relação ao período em que estudou?

12. O que você acha da tradição do uniforme?

13. O que você acha das outras tradições como a tabuada, o hino...

Escrever sobre as memórias dos ex-alunos talvez seja um dos trabalhos mais delicados na elaboração desta pesquisa, não pela sua complexidade, mas pelas incumbências que carrega. Tais memórias são constituídas por elementos que não se encontram em um passado remoto, nos tempos de escola, que o sujeito simplesmente acessa, mas são evocados a partir de quem ele é hoje (HALBWACHS, 1999). O mote inicial para a realização desse trabalho foi justamente o desejo de conhecer os laços que persistem entre ex-alunos e o colégio. Não é difícil entre aqueles que fazem parte desta rede, ouvir de mais de um ex-colega de classe que sente saudade do colégio, que sente orgulho por ter participado desta instituição. Os símbolos materiais e imateriais evocados pelos entrevistados continuam repercutindo na vida cotidiana desses indivíduos. Não é incomum nas redes sociais como o facebook encontrar entre ex- alunos o compartilhamento de matérias jornalísticas sobre o colégio, postagens do emblema do uniforme, da bandeira, do broche de ex-aluno, entre outros. A memória abordada neste trabalho perpassa os planos individual, coletivo e institucional. A memória da instituição é um componente que estrutura os demais.

A escolha metodológica de investigar as visões dos ex-alunos e não de alunos teve como objetivo analisar os efeitos das estratégias utilizadas pela instituição para propagar sua tradição e memória. E também, para que as respostas não fossem influenciadas por conta do processo em andamento do “ser aluno pedrosecundense’’.

Passo agora, então a análise das respostas dos entrevistados.

A questão 1 “Qual foi o período que estudou no CPII e em qual campus?”possibilitou estabelecer o corte temporal da pesquisa. Tratando-se de uma instituição de 180 anos, e de diversas gestões que configuram um modelo pedagógico, pode-se afirmar que a despeito das estratégias de memória se modificarem ao longo do tempo, elas estão ainda ancoradas em princípios e valores imperiais. Em relação ao período estudado, a

informação mais importante é o egresso escolar, pois mostra o momento de cisão do vínculo institucional, pelo menos em sentido burocrático. Por isso, abaixo está destacado apenas o período de egresso, quantificado pelo número de entrevistados.

Gráfico1 pergunta 1 - Número de egressos por ano

Há um relativo equilíbrio entre a quantidade de entrevistados com os períodos de egresso. Predominando os anos de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. Este quadro beneficiou a análise porque não houve muitas transações na direção do colégio no período da amostra. Desta maneira, as similaridades temporais dos anos de egresso contribuíram para uma análise mais coesa.

Gráfico2 pergunta 1 - Número de egressos entrevistados por campus 1 8 7 4 10 11 11 15 14 1 3

QUANT

2002 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 NÃO INFORMADO

Proporcionalmente aos outros campi, o de Niterói destaca-se pelo grande número de entrevistados com 33 egressos. Refletindo a coerência com o período de ingresso dos ex-alunos que variou de 2001 a 2014, sendo que apenas 8 pessoas ingressaram antes de 2006, ano que o campus de Niterói foi inaugurado.

Em relação à pergunta 2 “Por que estudou no Pedro II?”, as repostas foram classificadas em categorias de análise, relacionadas às ideias/ palavras recorrentes. Por exemplo, nas repostas “Pela qualidade de ensino “ foi inserida na categoria “Qualidade”. A resposta “Porque minha mãe escolheu (literalmente)” foi inserida na categoria “desejo dos pais”. A resposta “Por que é uma das melhores escolas públicas do país.” foi inserida nas categorias: Qualidade e pública.

Gráfico3 pergunta 2 - Número de respostas por categoria 33 5 7 15 4 4 2 2 13

QUANT

NITEROI

DUQUE DE CAXIAS

ENGENHO NOVO

SÃO CRISTÓVÃO

TIJUCA

REALENGO

Podemos observar que as categorias com mais citações foram qualidade e pública. A categoria “outros” se refere às respostas que não se enquadram em nenhuma categoria pertinente à pesquisa.

Certamente, tais categorias interligam-se, pois são motivações que se complementam. Os estímulos para o ingresso escolar pelo fato de ser pública não parece isolado do fato de ser de qualidade, e consequentemente, ter um reconhecimento social, mesmo que este último não se restrinja à qualidade, como pode ser observado em “por ser uma instituição federal” ou ainda “pelo ensino e qualidade e tradição”

Entre as justificativas para estudar em escola pública encontram-se relatos acerca da dificuldade de se manter em uma escola particular de qualidade, como também, o desejo de alunos provenientes de escolas estaduais e municipais estudarem em escola pública de qualidade Através das respostas, evidencia-se, assim, a composição social do colégio, que reúne alunos de origens sociais distintas.

Diante da realidade brasileira, os institutos federais são uma ilha na educação básica. Possuem os melhores resultados nas provas avaliativas do ensino básico, como no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Em 2015, o colégio liderou o índice das escolas públicas. Os campi de Niterói e Centro ocuparam as primeiras posições no ranking do Rio de Janeiro, e os outros também tiveram posicionamentos de destaque.

8

29 8

18

QUANT

Segundo consta no site oficial da instituição, o resultado explica-se pela valorização dos professores e pela metodologia de ensino.

Os professores são mais bem remunerados, em comparação com as escolas públicas do Rio de Janeiro. No edital de seleção docente em 2016, o salário inicial era de R$4014, podendo chegar a R$ 8.639,50 com as titulações. Segundo a SEEDUC/RJ*, a média salarial do professor é R$2.936,00. Outro fator a considerar é a valorização pela instituição do professor-pesquisador. A partir de 2013, o CPII tornou-se um Instituto Federal (IFS). Os IFS foram sancionados em 2008, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo como base um modelo de educação profissional e tecnológica, contando com 38 institutos e 314 campi, com a maioria das vagas destinas aos cursos técnico e médio. Com uma estrutura multicampi tem como objetivo aprofundar os estudos em pesquisa e extensão. Os institutos têm autonomia para gerir os cursos, emitir certificados, como por exemplo, o Encceja (Exame para Certificação de Competências de Jovens e Adultos). Apesar do CPII não ter como objetivo em si a profissionalização técnica, o seu ingresso possibilitou uma expansão de sua estrutura, principalmente em relação à pesquisa e cursos de extensão.

“Os Institutos Federais surgem como autarquias de regime especial de base educacional humanístico-técnico-científica, encontrando na territorialidade² e no modelo pedagógico elementos singulares para sua definição identitária. Pluricurriculares e multicampi, especializadas na oferta de educação profissional e tecnológica em diferentes níveis e modalidades de ensino, é, porém, ao eleger como princípio de sua prática educacional a prevalência do bem social sobre os demais interesses, que essas instituições consolidam seu papel junto à sociedade. E na construção de uma rede de saberes que entrelaça cultura, trabalho, ciência e tecnologia em favor da sociedade, identificam-se como verdadeiras incubadoras de políticas sociais” (PACHECO, 2011,p.12).

A questão da autarquia remete à sua natureza jurídica, de autogestão que permite a criação de cursos e emissão de certificados. Se equivalendo às universidades federais. Com orçamento escolar total de R$ 52.650.606,00 para o ano de 2017, destaca-se no panorama das escolas públicas, sustentando mais um elemento distintivo e que certifica uma das razoes da qualidade de ensino.

A qualidade da escola sustenta o seu reconhecimento, mas este último está atrelado a outros fatores, como a tradição, ter egressos de grande notoriedade social, e a importância educacional central no passado. Esse desejo dos pais em matricular um filho (a) no CPII está inserido nesse cenário.

Na questão 3 “O que você acha de ter sido aluno do Colégio Pedro Segundo?”, pretendeu-se mobilizar as lembranças dos indivíduos sobre a vida escolar e suas implicações. Destacaram-se explicações em torno das ideias de desenvolvimento pessoal, orgulho, experiência, gratidão, e conflito.

Gráfico 4 pergunta 3 - Número de respostas por categoria

As respostas desenvolvimento pessoal e orgulho destacaram-se. Ficaram evidentes os laços afetivos, os sentimentos de pertença que sustentam o elo existente com a instituição.

Analisando a categoria orgulho, que se evidencia em outras três questões, pode- se refletir sobre a dimensão do que esta representa no imaginário dos ex-alunos. Vale dizer que gratidão e orgulho aparecem frequentemente relacionadas nas respostas, complementando-se. O par orgulho-gratidão revela-se um núcleo afetivo importante neste universo, marcante em inúmeras falas.

É interessante notar que apesar do afeto, do ponto de vista do senso comum ser considerado algo individual e natural que “provém espontaneamente do íntimo de cada um” (COELHO, REZENDE, 2010), na perspectiva da antropologia trata-se de

4 42 38 15 7 5

QUANT

OUTROS

DESENVOLVIMENTO PESSOAL

ORGULHO

EXPERIÊNCIA

convicções que impossibilitam compreender a dimensão cultural, variável e coletiva dos afetos e seu papel na constituição de relações de sociabilidade. As emoções podem ser analisadas porque orientam práticas sociais, discursos e formas de ação social, consistindo, pois, em objetos de estudo. A antropologia das emoções é um ramo da antropologia que pretende desnaturalizar a emoção como um dado interior, relacionando-a aos estados culturais. Segundo Lila Abu-Lughod e Lutz, (1990) pode-se realizar o estudo das emoções por meio dos discursos, compreendendo de que forma uma emoção é produzida, até que ponto ela é um constructo social. Para entender como as emoções produzem determinado discurso social é necessário compreender o discurso do sujeito, e como ele reverbera nas suas práticas sociais.

Toda emoção é também ação social. Segundo, Bourdieu as emoções são corporificadas, trata-se de um habitus incorporado em um corpo.“O autor define “hexis corporal” como um conjunto de técnicas ou posturas corporais entendidas como habitus,ou seja, como disposições profundamente enraizadas que ao mesmo tempo refletem e reproduzem as relações sociais que as cercam e as constituem. A criança, por exemplo, aprende estes hábitos lendo, através do corpo mais do que da mente, os textos culturais de espaços e outros corpos” (BOURDIEU, 1977 apud ABU-LUGHOD e LUTZ, 1990, p. 10).

As emoções externadas pelos ex-alunos do Pedro II, a partir dessas perspectivas, representam sentimentos compartilhados pelo grupo, que estão associados às memórias do colégio, às suas vivências individuais e coletivas, tornando a aquela experiência, única. A manifestação de orgulho e gratidão é central nas respostas referindo-se às oportunidades que o ensino de qualidade trouxe aos aprendizados e à preparação para a universidade:

Acho que foi uma das experiências únicas, até porque foi praticamente o único lugar que tive aprendizado na vida. Isso exclui todos os outros aprendizados.

Acho que mudou minha vida. Me sinto triste de não ter aproveitado tudo o que o colégio tinha a me oferecer. Mas me acrescentou muito como cidadã e me preparou para a universidade.

Tais visões estão em consonância com o discurso institucional de que os alunos são privilegiados pela educação de excelência e que terão grandes oportunidades a partir do conhecimento adquirido.

A questão 4 “O que faz ser um aluno do CPII? Ele tem algum diferencial para você?” buscou a partir da perspectiva dos entrevistados, traçar um perfil do ex-aluno. Duas categorias se destacaram: “ sentimento” e “pensamento crítico”.

Gráfico5 pergunta 4 - Número de respostas por categorias

O sentimento de reconhecimento se relaciona à “formação e qualidade “, que é proporcionada pela escola, ao desenvolvimento da “cidadania”, pois conseguem ter um pensamento crítico, muito valorizado nas respostas.

O amor pelo colégio. O aluno do CPII é reconhecido pela sua capacidade de argumentar e pensar criticamente.

15 8 4 16 25 29 9

QUANT

FORMAÇÃO/QUALIDADE

NEGAÇÃO/CONFLITO

CIDADANIA

DISTINÇÃO

SENTIMENTO

PENSAMENTO CRÍTICO

O aluno do CPII é moldado pelo colégio pra ser um aluno de excelência. Isso devido ao seu nível de exigência onde os alunos se adequam a ele.

Como se pode notar todas estas qualidades conferem a este aluno uma posição de distinção:

O aluno do CP2 não é, em grande maioria, aquele que se importa com excelência em ensino, mas aquele que aprende e vê a sociedade como algo indissociável com a nossa formação.

Nas respostas podemos ver como a memória identitária foi construída em diálogo com o discurso institucional, incorporada de tal maneira que passou a fazer parte da própria pessoa. A este respeito, esclarecedoras são as ideias de Pollak:

“Em certo sentido, determinado número de elementos tornam-se realidade, passam a fazer parte da própria essência da pessoa, muito embora outros tantos acontecimentos e fatos possam se modificar função dos interlocutores, ou em função do movimento da fala” ( POLLAK, 1992, p.201).

Porém, não há um consenso nessa construção da identidade pedrosecundense. Oito pessoas manifestaram visões contraditórias que enquadramos na categoria “negação/conflito”, que mostram que há discordâncias no processo de difusão da memória institucional, descompassos entre os propósitos educacionais e o modo como são vividos por alguns alunos.

A questão 5“Você sente alguma coisa por ter sido aluno do Pedro Segundo”, teve a intenção de analisar a relação afetiva existente entre ex-alunos e a instituição. A partir das falas foram identificadas quatro categorias.

A categoria “orgulho”, mencionada em 62 respostas se destacou diante das demais. “Gratidão”, também muito freqüente, aparece muitas vezes associada ao “orgulho”. Contudo, com menor incidência foram citados: “família”, “carinho”, “amor”.

Me sinto grata por ter tido a oportunidade de ter estudado em um colégio com um ensino de tão boa qualidade.

Carinho enorme pelo colégio e sentimento de identidade como os atuais alunos.

Orgulho e um sentimento de “irmã mais velha” toda vez que vejo algum aluno do cp2 na rua.

Percebe-se na última fala a importância do elo que ultrapassa o período escolar. Encontrar “iguais”, pessoas que viveram aquela experiência indica a valorização de sentir-se parte de uma mesma história, que se perpetua.

Já na questão 6“Quais são as suas memórias em relação ao colégio?” Teve como propósito conhecer as lembranças mais marcantes dos ex-alunos foram encontradas as seguintes incidências: 62 10 4 14

QUANT

ORGULHO

GRATIDÃO

Gráfico7 pergunta 6 - Número de respostas por categorias

Dentre os sentimentos valorizados, a amizade com os colegas e os professores destacou-se. Na sequência, a valorização dos professores chama a atenção. Tal reconhecimento atrela-se ao tempo dedicado à escola, à autonomia, ao incentivo à pesquisa, entre outros.

Do ponto de vista institucional, o colégio sempre demonstrou a preocupação em atrelar a qualidade do ensino também à atuação deste profissional, que deveria atender aos padrões de excelência almejados e que sofreram mudanças ao longo da sua trajetória.

Segundo artigo de Jefferson da Costa Soares, que pesquisou sobre a identidade dos professores do CPII do período de 1925 a1945, as cartas dos diretores do colégio ao ministro, mencionavam o desempenho dos professores como: "brilhante”“assíduo”, “cumpridores de deveres”, “ilustrados”. Apesar de referir-se a um determinado período histórico, a imagem de “qualidade”, de “profissional capacitado”, perpetua na atualidade, ocupando, inclusive, um lugar distintivo no quadro docente do país, pelas condições de trabalho. 6 68 15 34

QUANT

CONFLITO

SENTIMENTOS

Nos primeiros anos de funcionamento do colégio Pedro II era comum que professores seguissem a carreira política e diplomática (MENDONÇA, SOARES; LOPES, 2012 apud SOARES, JEFFERSON DA COSTA. 2015, p. 307).

Com a Reforma de Rocha Vaz em 1925, que estabeleceu que deveres e direitos dos professores do ensino superior e secundário deveriam ser iguais, ocorreu a incorporação do Colégio Universitário da Universidade do Brasil ao CPII em 1942. Assim, os professores catedráticos da escola reivindicaram tratamento igual aos professores catedráticos universitários. Tal fato está relacionado à forma como esses professores que representavam grande parte da intelectualidade da época, principalmente no Império e na Primeira República, desejavam ser reconhecidos socialmente (JEFFERSON, 2015). Isto contribuía para a afirmação do seu reconhecimento social, e funcionava como uma espécie de confirmação de excelência, levando acadêmicos a quererem passar pelo colégio para obter a sua titulação.

É comum atualmente encontrarmos muitos professores que foram ex-alunos, e demonstram o laço afetivo com a escola. A dedicação exclusiva é um grande colaborador para o trabalho do professor, pois possibilita uma maior imersão na realidade escolar, e aproximação com os seus alunos.

Gráfico 8 Docentes por regime de trabalho – Fonte: Colégio Pedro II Projeto Político Pedagógico Inep/MEC 2002

Contudo, a relação dos professores com o colégio vem modificando-se ao longo do tempo. Muitos daqueles que manifestam apreço pela preservação da tradição

108

307 37

QUANT

do colégio vêm se aposentando e não se sabe seos mais novos têm e o mesmo vínculo afetivo com as tradições. Sem dúvida, esta é uma interessante questão a ser investigada. Essa nova configuração pode significar uma ruptura da memória coletiva tradicional

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