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3. O ENFOQUE CTS (CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE) NO ENSINO DE

4.6 COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados forma utilizadas diferentes técnicas: observações, o instrumento (questionários) com perguntas abertas e fechadas, fichas avaliativas (APÊNDICE H), fotos, entrevistas semiestruturadas (APÊNDICE I), anotações em diário de campo, relatórios, gravações em áudio e vídeo, atividades desenvolvidas pelos docentes e planejamentos escritos realizados pelos professores e seminários.

Os dados coletados foram analisados e discutidos com base na análise textual discursiva. De acordo com Moraes (2003, p.192) tal análise:

Pode ser compreendida como um processo auto-organizado de construção de compreensão em que novos entendimentos emergem de uma sequência recursiva de três componentes: desconstrução dos textos do corpus, a unitarização; estabelecimento de relações entre os elementos unitários, a categorização; o captar do novo emergente em que a nova compreensão é comunicada e validada. Esse processo em seu todo pode ser comparado com uma tempestade de luz. O processo analítico consiste em criar as condições de formação dessa tempestade em que, emergindo do meio caótico e desordenado, formam-se flashes fugazes de raios de luz iluminando os

fenômenos investigados, que possibilitam, por meio de um esforço de comunicação intenso, expressar novas compreensões atingidas ao longo da análise.

O ciclo da análise textual é um exercício de elaboração de sentidos conforme aponta Moraes (2003). Nesse exercício a polissemia implícita nos textos podem originar diferentes tipos de leituras e as interpretações podem ser compartilhadas com facilidade entre diferentes leitores, denominado pelo autor de leituras do manifesto ou explícito.

Moraes (2003) chama a atenção para a leitura do latente ou implícito. Segundo ele as interpretações são mais exigentes, aprofundadas, não são tão facilmente compartilhadas. Importante ressaltar que tanto a leitura de manifesto quanto a do latente se constituem em interpretações feitas pelos leitores a partir de seus conhecimentos e teorias.

Diante disso, as teorias que embasam essa pesquisa estão presentes nas leituras realizadas no decorrer do processo, assim como nas etapas das análises, podendo estar implícitas ou explícitas. O conhecimento das mesmas segundo Moraes (2003) facilita o processo da análise textual.

Com base no estudo de Torres et al. (2008) e Moraes (2003) foi elaborado um esquema mostrando as etapas que norteiam a análise textual discursiva.

Esquema 1: Etapas da análise textual discursiva

Fonte: Torres et al. (2008, p. 04)

Segundo Torres et al. “O Corpus é o conjunto de informações sistematizadas na forma de textos, imagens ou outras formas de representações gráficas”. (2008,p.4) De posse desse “corpus” a desconstrução é a segunda etapa que vai emergir as unidades de análise – Unitarização, que “são balizadas em função dos objetivos da pesquisa”. (TORRES et.al. 2008,p.4)

Moraes e Galiazzi (2006, p.118) contrinuem:

Estas unidades por si mesmas podem gerar outros conjuntos de unidades oriundas da interlocução empírica, da interlocução teórica e das interpretações feitas pelo pesquisador. Neste movimento de interpretação do significado atribuído pelo autor exercita-se a apropriação das palavras de outras vozes para compreender melhor o texto. Depois da realização desta unitarização, que precisa ser feita com intensidade e profundidade, passa-se a fazer a articulação de significados semelhantes em um processo denominado de categorização. Neste processo reúnem-se as unidades de significado semelhantes, podendo gerar vários níveis de categorias de análise.

Texto 1 Texto 2 Texto 3 Texto nº A B C D E F X B F A C D X METATEXTO “Corpus” Desconstrução

Unitarização Limite do caos

Reordenação

Categorização

Novas teses

Nesse sentido, os autores acima supracitados colocam que as categorias que emergem representam um conceito dentro de uma rede de conceitos que acabam expressando novas compreensões e reforçam que o pesquisador “[...] ao tecer sua rede precisa preocupar-se especialmente com os nós, ou seja, os núcleos ou centros das categorias”. (MORAES; GALIAZZI, 2006, p. 125)

A terceira etapa: Categorização “tende a estabelecer articulações entre as unidades de análise para a elaboração de uma nova ordenação, de forma a ampliar o entendimento sobre a investigação analítica dos fenômenos em questão”. (TORRES et.al,2008, p.4).

A última etapa: Comunicação consiste na construção dos textos descritivos e interpretativos a partir das categorias. As categorias podem ser definidas como: a priori, emergentes e mistas. Fernandes e Marques (2012, p.511) colocam que:

as “categorias “a priori” são categorias já existentes na literatura e que o pesquisador utiliza para enquadrar seus fragmentos; categorias emergentes são aquelas que surgem a partir da análise do “corpus”, isto é, o pesquisador não as conhece de antemão e sim as constrói a partir da análise dos dados recolhidos durante a pesquisa ou algum material já existente que se propõem analisar [...].Igualmente, há a possibilidade de categorias mistas em que se mesclam categorias “a priori” e emergentes.

Importante ressaltar que as informações coletadas foram descritas e interpretadas. Segundo Moraes (2003, p.192-193):

Toda leitura já é uma interpretação e que não existe uma leitura única e objetiva. Ainda que, seguidamente, dentro de determinados grupos, possam ocorrer interpretações semelhantes, um texto sempre possibilita múltiplas significações. Diferentes sentidos podem ser lidos em um mesmo texto.

Desse modo, primeiramente ocorreu à leitura e releitura do material coletado para posteriormente elencar as concordâncias e discordâncias entre as respostas e os sujeitos. Depois as respostas foram agrupadas em categorias e subcategorias de análise.

O esquema 2 apresenta como foram organizados os dados baseados na ATD, apresentando as categorias de análise que deram origem aos metatextos e comunicação dos resultados.

Esquema 2. Análise Textual Discursiva do estudo

Fonte: Autoria Própria

Análise Textual Discursiva C o rpus U ni ta ri za çã o C at eg o ri za çã o

Análise do questionário inicial, relatórios, registros nos diários de campo e fichas

avaliativas e gravações em aúdio

Formação Inicial e Continuada; Ensino de Ciências; Enfoque CTS e ACT. Categorias a priori: *Formação Inicial e profissional da carreira docente; *Experiências em formações na área de Ciências;

*Carga horária e dificuldades encontradas para o trabalho co o Ensino de Ciências; *Percepções dos professores acerca da abordagem CTS; Alfabetização Científica e Tecnológica: o que pensam os docentes?

Categorias Emergentes:

*Percepção dos docentes sobre a FC na área de Física;

*Percepção dos docentes sobre FC na área de Química;

*Percepção dos docentes sobre FC na área de Biologia;

*Percepção dos docentes sobre a FC para o Ensino de Ciências no enfoque CTS Subcategorias: Discussão do planejamento 1 Discussão do planejamento 2 Discussão do planejamento 3 Discussão do planejamento 4 Discussão do planejamento 5 Discussão do planejamento 6 *Percepção das professoras em formação sobre a prática pedagógica desenvolvi da durante a FC; *A avaliação da FC pelas professoras participantes; *Os pontos fortes e fragilidades da FC; *Dificuldades diagnosticadas durante a aplicação dos planejamentos; *Produto Educacional na área de Ciências com enfoque CTS: uma construção coletiva