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O conjunto de dados, do período analisado, obteve-se através de três fontes secundárias: base de dados fornecida pelo Professor Dr. Sílvio Parodi Oliveira Camilo, dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), base Economática® e da BM&FBovespa.

A base de dados do Professor Dr. Camilo foi gentilmente cedida por intermédio do orientador deste trabalho, Professor Dr. Walmir Gonçalves Xavier. Essa base de dados obtida encontrava-se em formato Excel e dispunha dados econômico-financeiros e de conexões políticas das empresas separados em três anos, sendo eles: 1999, 2003 e 2007. As informações das conexões disponíveis eram as do background político, o interlock dos conselhos e das doações de campanhas aos candidatos em valores correntes e efetuadas por empresas e executivos nos pleitos majoritários nos âmbitos estadual e federal de 1998, 2002 e 2006.

Cabe destacar que, na base, conta-se com duas abas de informação: a primeira, dispõe as empresas sem o patrimônio líquido negativo; já a segunda, conta com a informação suprimida da primeira. Desse modo, utilizou-se a segunda aba dessa planilha, a qual apresenta uma amostra de 250 empresas, considerando as três datas supracitadas. Essa aba possui 548 linhas, que contemplam as empresas; além disso, a base possui 98 colunas em que constam informações econômico-financeiras e as respectivas conexões das empresas. No apêndice C deste trabalho, encontra-se a relação completa das empresas da base do Professor Dr. Camilo, bem como os anos nos quais as empresas dispõem de informação.

Ainda com relação a essa base, coletaram-se dela os valores das doações para as campanhas eleitorais dos pleitos de 1998, 2002 e 2006 que, na base, correspondem às informações relacionadas a 1999, 2003 e 2007, respectivamente. Cabe destacar que a base, além das informações do montante das doações, está segregada em candidatos vencedores e perdedores para os cargos de deputado estadual e federal, governador, senador e presidente.

Como o propósito temporal do presente estudo é abranger o período de 1998 a 2015, e a base continha informações das doações de campanha apenas até o pleito de 2006, recorreu- se à coleta das doações dos pleitos de 2010 e 2014, no site do TSE, em que foram capturadas as doações de campanha, bem como informações dos candidatos vencedores e perdedores dos pleitos eleitorais supracitados.

Ao dirigir-se ao site do TSE para coletar essas informações faltantes, seguiu-se o seguinte roteiro:Eleições > Estatísticas eleitorais > Repositório de dados eleitorais > Prestação de contas e, nessa última opção, selecionou-se o ano de 2010. Em seguida, selecionou-se a opção “arquivo de forma compactada” (formato Zip) e fez-se o download do mesmo. Ao

descompactar os arquivos, encontraram-se três pastas nomeadas como: partidos, candidatos e comitês. Em cada uma dessas, havia arquivos em formato TXT, os quais, de fato, continham as informações das doações. Ao todo, encontravam-se 28 arquivos relacionados às receitas dos candidatos e 28 arquivos relacionados às despesas dos candidatos. O número de arquivos está relacionado à segregação por estados, sendo 26 estados mais o distrito federal. Um dos arquivos está relacionado especificamente ao cargo presidencial.

Os arquivos relacionados às despesas foram deletados, pois não faziam parte do propósito desta pesquisa. Com o intuito de facilitar a leitura dos dados, optou-se em transformar os arquivos das receitas que estavam em TXT para o Excel. Com a conversão dos arquivos, também se agruparam os dados, que até então estavam segregados por estados. Com isso, as informações ficaram disponíveis em apenas um arquivo, entretanto mantendo-se a segregação das doações a candidatos, comitês e partidos em cada aba do Excel.

A aba alusiva às doações a candidatos resultou em uma tabela no Excel com 426.623 linhas e 12 colunas. As informações contidas nas linhas tratavam de cada doação registrada no pleito de 2010 para os candidatos. Já as colunas traziam informações relativas à Unidade Federativa, partido, cargo, candidato e seu CPF, nome e CNPJ do doador, valor monetário doado, personalidade jurídica do doador, fonte, espécie da doação (cheque, transferência etc.) e descrição da receita.

O arquivo alusivo às doações a partidos resultou em uma tabela no Excel com 16.027 linhas e 10 colunas. A exemplo dos candidatos, as linhas continham informações relativas à cada doação registrada no pleito de 2010 para os partidos. Já as colunas traziam informações relativas à Unidade Federativa, diretório (nacional ou distrital), partido, nome e CNPJ do doador, valor monetário doado, personalidade jurídica do doador, fonte, espécie da doação (cheque, transferência etc.) e descrição da receita.

Os arquivos alusivos às doações a comitês resultaram em uma tabela no Excel com 15.045 linhas e 10 colunas. Seguindo o exemplo dos candidatos e partidos, as linhas continham informações relativas a cada doação registrada no pleito de 2010 para os comitês. Já as colunas traziam informações relativas à Unidade Federativa, comitê (nacional ou distrital), partido, nome e CNPJ do doador, valor monetário doado, personalidade jurídica do doador, fonte, espécie da doação (cheque, transferência etc.) e descrição da receita.

Ainda no site do TSE, buscaram-se as doações referentes ao pleito de 2014. Para isso, seguiu-se o mesmo roteiro, sendo ele: Eleições > Estatísticas eleitorais > Repositório de dados eleitorais > Prestação de contas e, nessa última opção, selecionou-se o ano de 2014. Em seguida, selecionou-se a opção “arquivo de forma compactada” (formato Zip) e fez-se o download do

mesmo. Ao descompactar os arquivos, observou-se que não havia as pastas partidos, estando os arquivos todos juntos, entretanto o número de arquivo e a segregação coincidiam com as padronizações das informações do pleito de 2010. Desse modo, para os arquivos do pleito de 2014, utilizaram-se os mesmos procedimentos utilizados com arquivos do pleito de 2010.

Os arquivos alusivos às doações a candidatos resultaram em uma tabela no Excel com 427.410 linhas e 16 colunas. As informações contidas nas linhas tratavam de cada doação registrada no pleito de 2014 para os candidatos. Já as colunas traziam as informações relativas à Unidade Federativa, partido, cargo, candidato e seu CPF, nome e CNPJ do doador, nome do doador na receita federal, setor de atividade do doador, valor monetário doado, CNPJ e nome do doador originário, personalidade jurídica do doador, setor de atividade do doador originário, CNPJ e nome do doador originário na receita federal.

O arquivo alusivo aos partidos resultou em uma tabela no Excel com 11.993 linhas e 18 colunas. No mesmo modelo dos candidatos, as linhas continham informações relativas a cada doação para os partidos no pleito de 2014. Já as colunas traziam informações relativas à Unidade Federativa, diretório (Direção Estadual e Nacional), partido, nome e CNPJ do doador, nome do doador na receita federal, setor de atividade do doador, valor monetário doado, personalidade jurídica do doador, fonte, tipo do recurso (cheque, transferência, etc.), descrição da receita, CNPJ e nome do doador originário, personalidade jurídica do doador originário, setor de atividade do doador originário e nome do doador originário na receita federal.

Quanto ao arquivo alusivo aos comitês, esse resultou em uma tabela no Excel com 9.173 linhas e 17 colunas. Seguindo o padrão dos candidatos e partidos, as linhas continham informações relativas a cada doação registrada no pleito de 2014 para os comitês. Já as colunas traziam informações relativas à descrição do pleito, Unidade Federativa, partido, nome e CNPJ do doador, nome do doador na receita federal, setor de atividade do doador, valor monetário doado, personalidade jurídica do doador, fonte, tipo do recurso (cheque, transferência, etc.), descrição da receita, CNPJ e nome do doador originário, personalidade jurídica do doador originário, setor de atividade do doador originário e nome do doador originário na receita federal. Cabe destacar que, em 2014, os arquivos mostram informações relativas ao doador originário. Essa informação adicional identifica as doações alocadas pelo partido a um determinado candidato, entretanto foi doada originalmente por uma empresa ou pessoa. É importante enfatizar que essa informação não foi utilizada por não estar disponível nos demais pleitos. Dessa forma, em todos os casos utilizou-se a informação do campo “doador”.

Como o objetivo não era verificar apenas a ocorrência da doação, mas sim a sua pujança e para que cargo a doação foi direcionada, consideraram-se apenas as doações feitas

aos candidatos, pois as doações para essa categoria permitiram atender aos requisitos supracitados.

Dado o volume de dados, optou-se em utilizar o gerenciador de dados SQL Server, na versão 2008R2. Primeiramente, importou-se a base de dados do Professor Dr. Camilo, a qual já estava com os dados padronizados de 1998, 2002 e 2006. Em seguida, importaram-se os arquivos relativos aos pleitos de 2010 e 2014.

Com as informações já no banco de dados do SQL Server, começaram-se os primeiros testes. Observou-se a necessidade de normalizar os dados relativos aos pleitos de 2010 e 2014, uma vez que o nome do doador apresentava divergência mesmo em se tratando do mesmo doador. Cita-se, como exemplo, o caso da JBS que, no pleito de 2010, efetuou 139 doações a candidatos com o mesmo CNPJ. Entretanto, aparecem 10 nomenclaturas diferentes. Tal situação é evidenciada na Tabela 1:

Tabela 1 – Número de doações da JBS no pleito de 2010

EMPRESA CNPJ NÚMERO DE DOAÇÕES

J. B. S. S.A 2916265000160 1 J. B. S. S/A 2916265000160 2 JBS LTDA 2916265000160 1 JBS S.A 2916265000160 6 JBS S/A 2916265000160 110 JBS S/A 2916265000160 1 JBS AS 2916265000160 14 JBS SAI 2916265000160 1 JBS SOCIEDADE ANÔNIMA 2916265000160 1 JBS/AS 2916265000160 2 Total de doações 139

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Diante disso, efetuou-se, no banco de dados, a normalização das informações através da extração dos caracteres especiais, bem como acentos, pontos, espaços em branco no início e no fim do nome e, também, foram desconsideradas letras maiúsculas e minúsculas. Com isso, na busca consideraram-se, apenas, as letras de cada nome.

Após o tratamento dos nomes e o cruzamento das informações no banco, exportaram-se essas para o Excel novamente. Nesse arquivo, conferiu-se o nome de cada empresa, verificando se, de fato, a empresa que constava no resultado correspondia à que se buscava, verificando-se que o modelo de busca utilizado funcionou.

Por intermédio do orientador dessa pesquisa Professor Dr. Wlamir Xavier, contou- se com a gentil colaboração do Professor Dr. Camilo para a coleta dos dados econômico- financeiros acerca das empresas de 1998 a 2015, na base Economática®. O relatório disponibilizado apresenta-se em formato Excel e apresenta 901 linhas, contendo os nomes das empresas; e 223 colunas com as informações econômicas das empresas de cada ano. Esse formato de linha e coluna precisou ser convertido, pois não era o mesmo que estava sendo utilizado nos demais relatórios. Então, as colunas foram convertidas em linhas. Após esse ajuste, essas informações foram importadas ao banco de dados para que fosse possível fazer o cruzamento entre as informações.

Já com as informações econômicas e de doações disponíveis no banco, efetuou-se o cruzamento dos dados, extraindo-se o relatório em formato Excel correspondente a cada empresa. O relatório contém, nas linhas, o nome de cada firma e, nas colunas, as informações econômicas e de doações.

Após essa etapa, efetuou-se a conferência das empresas com suas devidas informações as quais coincidiram. Desse modo, efetuou-se, no Excel, a correção monetária dos valores, sendo todos trazidos a valores de 2014. Também se verificaram e extraíram-se as linhas das empresas, as quais não tinham informações, a exemplo de uma firma que abriu capital após 2005, ou seja, excluíram-se as linhas correspondentes aos anos de 1998 a 2004. Esse modo, também, aplicou-se às empresas que fecharam capital, excluindo-se as linhas após a data de fechamento.

Já com os dados ajustados na planilha, as empresas de acordo com a reclassificação de setores da BM&FBovespa, calcularam-se o ROE, ROA, dívida total, alavancagem financeira, custo de capital, Market-to-book e, também, incluíram-se as informações de PIB e sua taxa de crescimento, o risco Brasil, a taxa Selic, o câmbio e o índice de liberdade econômica correspondente a cada ano. Em virtude da falta de informações em alguns campos do relatório da economática, acrescentou-se, nessas células, um ponto (.) para orientações nos demais procedimentos. Com isso, chegou-se a uma planilha com 3.390 linhas, contendo os nomes das empresas relacionadas com os anos; e 50 colunas, contendo as informações econômicas, de doações, classificação e índices utilizados.

Com a disposição dos dados em painel, é possível aplicar diversas estratégias de estimações para análise, pois apresentam vantagens em relação a outros métodos. Isso ocorre por haver múltiplas observações da mesma unidade, permitindo controlar certas características não observadas das firmas, facilitando as inferências causais (ALLISON, 2009).

Dado o tamanho da amostra, a obtenção da normalidade é dificultada. Entretanto, o fato de não se obtê-la em uma variável, não importa em desconsiderar o conjunto de dados da empresa (CAMILO; MARCON; BANDEIRA-DE-MELLO, 2012). Ainda levando em consideração o tamanho da amostra, o tratamento dos outliers limitou-se à verificação da veracidade dos dados em outras publicações e sites.

Para a avaliação dos modelos propostos, utilizou-se a ferramenta estatística

Stata/SE® na versão 13.0. Com o uso dessa ferramenta, empregou-se o coeficiente robustez,

para evitar problemas de heterocedasticidade, desse modo, verificando a habilidade de modelo estatístico desempenhar seu objetivo mesmo quando as suposições do método são parcialmente violadas (HAIR et al., 2009).

Também, valeu-se do método de efeitos fixos (fixed effects- FE) e efeitos aleatórios (random effects – RE). A ideia básica consiste em usar cada indivíduo como seu próprio controle. Com relação ao RE, a principal diferença com relação ao modelo FE é que, ao invés de tratar a constante _i como um conjunto de números fixos, assume-se que i é um conjunto de variáveis aleatórias. (ALLISON, 2009).

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