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Coleta de dados decorrentes da aplicação do instrumento de consciência

Para a aplicação do instrumento, a pesquisadora selecionou uma escola pública estadual de Ensino Fundamental localizada na cidade de Porto Alegre, em uma região de classe média da cidade. A escola é pequena e se destaca pela organização e disciplina exigida da administração escolar junto aos estudantes.

O primeiro contato com a escola ocorreu por meio de uma entrevista com a direção, momento em que foram explicitados os objetivos da pesquisa, bem como os procedimentos previstos para a coleta de dados junto aos alunos do 3º, 4º e 5º anos. Com o aceite da direção, um novo encontro foi marcado para explicitação da proposta aos professores das respectivas séries e também para apresentação dos termos de consentimento e de assentimento 52 direcionados aos responsáveis pelas crianças e aos alunos, respectivamente (Apêndice IV).

No primeiro encontro com os alunos das turmas, a pesquisadora explicitou a pesquisa e as razões que motivaram o desenvolvimento do estudo nos respectivos anos escolares. Também foram apresentados os benefícios do trabalho para os alunos, para a escola e para a educação de um modo geral. Em seguida, a pesquisadora explicitou os procedimentos para a participação da pesquisa, explicando aos alunos que era necessário a autorização de seus responsáveis, bem como a concordância dos próprios estudantes em participar, o que culminaria na assinatura dos termos de consentimento – assinados pelos responsáveis - e de assentimento – assinados pelos alunos. A pesquisadora deixou claro que a não participação na pesquisa não acarretaria em nenhum prejuízo ao desempenho escolar do aluno e que ele estava livre para o caso de não querer participar da pesquisa. Para os estudantes interessados em participar, a pesquisadora entregou os termos de assentimento, realizando, logo após a entrega, a leitura do documento junto aos alunos. Em seguida, a pesquisadora entregou e leu para os alunos o termo

52 Os termos entregues para assinatura foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

PUCRS, na ocasião da avaliação da pesquisa pelo próprio CEP. O número do processo resultante da aprovação da pesquisa pelo CEP é 55831916.2.0000.5336.

98 de consentimento, explicando que esse deveria ser entregue aos pais para que eles lessem e, se de acordo estivessem, assinassem, autorizando, assim, a participação dos alunos no estudo.

As crianças, em sua maioria, optaram pela participação, demonstrando entusiasmo, sentimento motivado certamente pela curiosidade. Após a entrega dos termos de consentimento, acompanhada pela supervisão da escola, deu- se início a coleta de dados nas turmas. Cabe ressaltar que a coleta ocorreu apenas com os alunos que aceitaram participar, culminando com a entrega dos dois termos assinados – os dos pais responsáveis e o dos alunos.

Para o desenvolvimento da pesquisa, quarenta (40) alunos responderam ao Instrumento de avaliação da consciência sintática de alunos de 3º, 4º e 5º anos do EF, os quais correspondem a três grupos (turmas): 12 alunos do 3º ano escolar; 13 alunos do 4º ano escolar; e 15 alunos do 5º ano escolar.

Para a aplicação do instrumento, um grupo de bolsistas de iniciação científica e de pós-graduação – alunos participantes do núcleo de pesquisa da professora orientadora deste estudo - foram treinados, recebendo orientações sobre os procedimentos de coleta de dados, conforme o manual de aplicação elaborado. O grupo se caracteriza por ser atuante em situações de coleta de dados, tendo sido a aplicação do instrumento conduzida pela presente pesquisadora. Constituída de quatro integrantes, a equipe se dividiu em duplas, nas quais um integrante realizava a aplicação das tarefas, enquanto o outro registrava por escrito as respostas orais do aluno. A seguir são descritos os processos e as instruções que orientaram o desenvolvimento da coleta de dados.

Considerando a extensão do instrumento elaborado, a aplicação ocorreu em dois momentos com cada participante. Cada momento corresponde à realização de duas tarefas: momento 1 - aplicação da tarefa de identificação no plano frasal e da tarefa de julgamento no plano frasal, respectivamente; momento 2 – aplicação da tarefa de correção no plano frasal e da tarefa de julgamento no plano textual. Os alunos responderam oralmente a cada uma das questões (US e CSU) dos dez (10) blocos que constituem cada tarefa. Cabe destacar que os momentos 1 e 2 foram realizados em dias diferentes, de modo a evitar que o cansaço dos alunos pudesse interferir nos dados. Assim,

99 os participantes realizaram, primeiramente, as tarefas de identificação e de julgamento e, em outro dia, realizaram as duas últimas tarefas – de correção e de julgamento no plano textual.

Anteriormente à realização da coleta de dados, a equipe recebeu as instruções necessárias para a condução da aplicação, as quais constituem o manual, sendo descritas também neste tópico.

Para a condução da tarefa de identificação no plano frasal, o aplicador apresenta a frase ao aluno e faz a leitura. A frase é mostrada em uma cartela para a criança durante todo o processo de desenvolvimento do respectivo bloco. Depois que o aluno responde à primeira pergunta, o aplicador faz novo questionamento: “Como é que tu sabes?”. A instrução da tarefa é: “Eu vou te mostrar uma frase e vou ler ela pra ti. Depois eu vou te fazer duas perguntas e tu vais responder. Se quiseres, podes ler a frase novamente antes de me

responder.”. O mesmo procedimento ocorre até a conclusão do último bloco,

sendo a leitura da instrução formal realizada ao aluno apenas no início da tarefa.

Na tarefa de julgamento no plano frasal, o aplicador apresenta e faz a leitura do contexto sintático de referência e das duas frases para julgamento. Depois faz a primeira pergunta ao aluno: “Qual é a frase que diz o que eu

falei?”. Após a resposta, o aplicador realiza a segunda pergunta: “Como tu

sabes que essa é a frase?”. A instrução da tarefa é: “Eu vou te mostrar uma

frase e vou ler ela pra ti. Depois eu vou te mostrar e ler mais duas frases. Tu tens que escolher qual delas diz o que acontece na primeira frase que eu li e

me explicar por quê.”.

Essas tarefas constituem o primeiro momento da aplicação. As tarefas de correção no plano frasal e de julgamento no plano textual fazem parte do segundo momento de aplicação, o qual é realizado em um outro dia. As duas tarefas que contemplam a segunda etapa de aplicação do instrumento são descritas a seguir.

Em relação à aplicação da tarefa de correção no plano frasal, essa é dividida em duas etapas. Inicialmente, o aplicador faz a leitura do contexto referência e de uma frase (a frase a ser ajustada). Em seguida, diz ao aluno que tem alguma coisa na segunda frase que não está combinando com a

100 primeira e faz a pergunta: “O que não combina com a frase que eu falei?”. Logo, faz a segunda pergunta: “Por que não combina?”. A instrução da primeira parte é: Instrução A – “Eu vou ler duas frases para ti. A segunda frase não está combinando com a primeira. Tu tens que me dizer o que não combina e por que não combina.”.

Para a realização da segunda etapa, o aplicador anuncia ao aluno que ele precisa arrumar (ajustar) a segunda frase de modo que ela apresente o mesmo sentido da primeira. Na segunda parte, a instrução é: Instrução B: “Agora, como é que tem que ficar a frase para que ela fique com o mesmo sentido da primeira? Não dá para escrever igual como está escrito na primeira,

tem que arrumar na frase só aquilo que não está combinando.”.

Na tarefa de julgamento no plano textual, o aplicador apresenta o texto ao aluno e solicita, inicialmente, uma leitura silenciosa. Em seguida, o aplicador faz a leitura em voz alta, deixando o texto sempre ao alcance do aluno de modo que ele possa acompanhar a leitura. Logo após, o aplicador anuncia que vai ler duas frases e que o aluno deve escolher qual delas corresponde ao que acontece no texto lido. Nessa tarefa, a instrução é: “Lê o texto. Agora, eu vou ler o texto para ti e tu vais me acompanhando na leitura. Depois, eu vou ler

duas frases e tu vais escolher qual delas diz o que acontece no texto.”.

As orientações e instruções descritas acima constituem o manual do instrumento e foram utilizadas na aplicação da versão final do Instrumento de avaliação da consciência sintática de alunos de 3º, 4º e 5º anos do EF. A aplicação com base nesses procedimentos propostos deu condições para o êxito na coleta final dos dados.

A seção a seguir apresenta os critérios de avaliação estabelecidos para a correção das respostas dos alunos às questões de US e de CSU do instrumento.

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2.7 Critérios de correção das questões do instrumento de investigação da