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4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.4. Coleta de dados

De modo geral, pesquisas qualitativas exigem a realização de entrevistas. Nesse caso, a seleção de quais foram os entrevistados foi criteriosa, uma vez que essa seleção interfere diretamente na qualidade das informações. E é a partir dessas informações que é possível construir a análise e chegar à compreensão de forma mais ampla do problema delineado (DUARTE, 2002).

Além do levantamento do referencial teórico relacionado à recuperação florestal e aos acordos multilaterais ambientais, foram analisados casos de sucesso de recuperação e seus instrumentos de políticas ambientais, incluídos os pagamentos por serviços ambientais. Em seguida, tendo por base modelos de governança ambiental, a metodologia inclui o levantamento de dados primários a partir de um roteiro de entrevistas semiestruturado, pautado em duas dimensões:

1. o papel dos instrumentos de políticas ambientais para a recuperação florestal e o que é viável implementar;

4.4.1. Realização das entrevistas e das visitas

As entrevistas foram realizadas com agentes do governo, de organizações da sociedade civil e da academia. Espera-se com a pesquisa contribuir para a discussão de um modelo para que o Brasil possa cumprir seu objetivo de redução de GEE, por meio das medidas indicativas estabelecidas, nos próximos treze anos. Para tanto, foram realizadas seis entrevistas, seguindo o roteiro semiestruturado (apresentado no Anexo), com os principais agentes selecionados. Os entrevistados foram identificados por estarem diretamente relacionados ao tema da recuperação florestal e das mudanças do clima. Sendo assim, segue a lista dos entrevistados:

a) Entrevistado 1 (Ministério do Meio Ambiente).

b) Carlos Alberto Scaramuzza: biólogo e doutor em ecologia pela USP com 31 anos de experiência profissional em conservação e uso sustentável da biodiversidade e políticas públicas, desenvolvendo assessoria técnica, pesquisa científica e gerência de projetos. Entre as principais posições ocupadas destaca-se o período como pesquisador na Embrapa e os nove anos no WWF-Brasil, onde implementou e coordenou o Laboratório de Ecologia da Paisagem e foi o superintendente de conservação dos programas regionais e temáticos. De maio de 2013 a dezembro de 2017, trabalhou na Secretaria de Biodiversidade e Florestas e na Secretaria de Biodiversidade do MMA, primeiro como diretor do Departamento de Conversação de Biodiversidade e a partir de julho de 2015 como responsável pelo novo Departamento de Conservação de Ecossistemas.

c) Miguel Calmon (WRI e Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura): é diretor do Programa de Florestas do WRI Brasil. Suas experiências anteriores incluem, dentre outras atuações, a gerência sênior do Programa Global de Florestas e Clima da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) e diversas passagens pela The Nature Conservancy (TNC), dentre elas, como coordenador do monitoramento de projetos de sequestro de carbono na floresta atlântica, diretor do programa de Conservação da Floresta Atlântica e de Florestas e Clima para a América Latina, assessor de Estratégias de Conservação e gerente da Unidade de Segurança Alimentar na América Latina. Foi também coordenador do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. É doutor em ciências do solo pela Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA), mestre em engenharia de irrigação pela

Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, e engenheiro agrônomo pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

d) Pedro Brancalion (Esalq/USP): professor de silvicultura de espécies nativas do Departamento de Ciências Florestais da Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), onde coordena o Laboratório de Silvicultura Tropical (Lastrop). Possui graduação em engenharia agronômica e doutorado em ciências pela Esalq/USP. Suas pesquisas e projetos de extensão visam desenvolver conhecimento e tecnologia para manejar e restaurar florestas nativas tropicais de forma economicamente viável e com inclusão social, tendo em vista a coexistência equilibrada dessas florestas com a agricultura e pecuária em paisagens modificadas pelo homem. Seus trabalhos científicos têm sido diretamente aplicados no Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, bem como no desenvolvimento de políticas públicas em nível estadual e federal. Adicionalmente, tem investigado aspectos ecológicos da regeneração de florestas tropicais nativas e em restauração, com foco em ecofisiologia de sementes, visando o entendimento das complexas estratégias adaptativas de espécies arbóreas e das implicações da degradação ambiental na perpetuação dessas espécies.

e) Entrevistado 3 (Ministério do Meio Ambiente).

f) Izabella Teixeira (ONU): possui bacharelado em ciências biológicas pela Universidade de Brasília (1983), licenciatura em ciências biológicas pela Universidade de Brasília (1988), especialização em elaboração, análise e gerenciamento de projetos pela Escola Brasileira de Administração Pública do Distrito Federal (1989), mestrado em planejamento energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998) e doutorado em planejamento energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008). Atua principalmente nos seguintes temas: avaliação ambiental estratégica, políticas públicas, temas globais e governança, política e cooperação internacional, governança climática global, eficiência no uso de recursos naturais, economia circular, planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável. Ministra de Estado do Meio Ambiente no Brasil (2010-2016) e chefe da delegação do Brasil na COP21 nas negociações do Acordo de Paris.

Tal roteiro contemplou questões sobre a recuperação florestal e/ou reflorestamento para a identificação e melhor compreensão das leis, decretos e instrumentos de políticas ambientais dos principais agentes e instituições envolvidos no desafio da recuperação florestal. Esse roteiro teve por finalidade auxiliar no delineamento do modelo e dos processos de governança consistentes para essa recuperação e/ou reflorestamento.

Além das entrevistas, como citado anteriormente, Godoy (1995) sustenta que na pesquisa qualitativa existe a necessidade do contato direto do pesquisador com o ambiente pesquisado; portanto, ocorreram visitas informais, para a ambientação aos locais, nas instituições listadas abaixo, as quais foram selecionadas por estarem diretamente vinculadas ao tema da pesquisa, para tal visita exploratória, para maior familiaridade com o assunto e o processo de recuperação e/ou reflorestamento:

a) Coalizão Agricultura, Florestas e Meio Ambiente; b) Instituto Brasileiro das Árvores (IBÁ);

c) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA);

d) Instituto Arapyaú de Educação e Desenvolvimento Sustentável; e) Museu da Amazônia (Musa).