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ILUMINAMENTO GERAL PARA OS NÍVEIS DE DESEMPENHO LU

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.2 COLETA DE NÍVEIS DE SATISFAÇÃO DE USUÁRIOS E DE DADOS TÉCNICOS

Para a coleta de dados que objetivaram descobrir os níveis de satisfação dos usuários e seu comportamento no interior das UH, foi predefinido um questionário, aplicado com a presença do pesquisador. Optou-se pela presença do pesquisador porque ela possibilita captar informações com praticamente qualquer tipo de respondentes – analfabetos, alfabetizados, crianças, adolescentes, adultos e idosos – o que não ocorre quando os questionários são enviados ou deixados com os participantes para que respondam sozinhos (REA; PARKER, 2002).

Como esta etapa da pesquisa se desenvolveu no segundo semestre de 2017, os moradores, salvo raras exceções, já estavam vivendo há, no mínimo, cinco anos em seus apartamentos22. Portanto, tempo suficiente para que já tenham um conjunto de impressões formadas sobre a iluminação natural das suas unidades habitacionais, pois já acompanharam as variações e vivenciaram a disponibilidade dessa fonte de luz durante todas as épocas do ano.

Nos questionários, as dimensões da percepção subjetiva dos usuários foram mensuradas, em sua maioria, por meio de escalas tipo Likert. Essa abordagem tem como objetivo quantificar a percepção coletada em escalas e permitir comparações entre quesitos, dimensões e indivíduos. Ainda, oferece “a possibilidade de estender as métricas da pesquisa para médias regionais ou de grupos, conforme a amostragem” (FREITAS; CAMARGO, 2014, p. 24). De acordo com essa formulação conceitual, foi adotada uma escala que vai de 1 a 5, sendo: escore 5 para quando a iluminação for considerada excelente, 4, para quando for considerada boa, 3, para quando for considerada regular, 2, para quando for considerada ruim e 1, para quando for considerada péssima (Figura 16).

22 Para realização da APO, Blumenschein et al. (2015) utilizaram como critério de escolha dos estudos de caso moradias com pelo menos dois anos de uso.

Figura 16 – Exemplo de formulação de questões.

Você acha a iluminação natural do seu apartamento:

(1) Péssima (2) Ruim (3) Regular (4) Boa (5) Excelente Fonte: Desenvolvido pela autora.

Antes de se colocar em prática a aplicação dos questionários, para verificar a eficiência do instrumento de coleta de dados, foi realizado um método preliminar chamado pré-teste, uma aplicação piloto entre os moradores dos blocos E e F (Figura 17) do próprio CRV. Foram escolhidos esses dois blocos por possuírem uma implantação, com relação à orientação solar, diferente dos demais que constituem o conjunto. Posteriormente, ambos ficaram fora da coleta e avaliação final, ou seja, seus moradores não participaram como respondentes da versão final dos questionários, e não foram realizadas análises técnicas dessas UH.

Figura 17 – Local de aplicação do pré-teste.

Fonte: Acervo de projetos da Prefeitura Municipal de Santa Maria. Desenvolvido pela autora.

Nesse pré-teste, foi adotado um número mínimo de quatro questionários, dois em cada prédio. A partir disso, identificou-se a necessidade de algumas alterações no questionário

preestabelecido, e foi possível realizar melhorias na metodologia empregada. Com a versão final do questionário (APÊNDICE D), foi realizada a aplicação entre os demais moradores das HIS em estudo, de acordo com o tratamento estatístico apresentado anteriormente para a determinação da amostra, que exigia um mínimo de 79 UH participantes. As aplicações foram feitas em três dias diferentes, com aproximadamente 30 questionários por dia, totalizando, por fim, uma abrangência de 89 UH, 10 acima do mínimo exigido.

A parte da pesquisa envolvendo seres humanos foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Santa Maria, e todos os respondentes tiveram que assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), concordando em participar do estudo, nos termos da pesquisa (APÊNDICE C). Os moradores, respondentes do questionário pré-teste, também assinaram o TCLE. A atuação dos participantes foi como colaboradores voluntários, e a aplicação dos questionários ocorreu na UH de cada respondente.

Havia a possibilidade de ocorrer desconfortos ou riscos - cansaço, estresse e constrangimento - durante a aplicação dos questionários. Para evitar esse tipo de incômodo, ficou garantida aos respondentes a possibilidade de suspensão do exercício, de não aceitar participar ou de retirar a permissão a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo pela sua decisão. Ficou claro que os benefícios esperados com o estudo eram melhorias para o CRV e para seus moradores, bem como para futuros empreendimentos semelhantes.

Durante todo o período da pesquisa, os respondentes tinham a possibilidade de tirar qualquer dúvida ou pedir qualquer esclarecimento. Para isso, poderiam entrar em contato com algum dos pesquisadores responsáveis pelo estudo ou com o Comitê de Ética da UFSM. As informações desta pesquisa são confidenciais e podem ser divulgadas, apenas, em eventos ou publicações, sem a identificação dos respondentes, a não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo de cada um deles. Os questionários foram transcritos e todas as informações coletadas serão mantidas em arquivo físico e digital, sob guarda do pesquisador responsável, por um período de 5 anos após o término da pesquisa.

Os gastos necessários para a participação de cada voluntário foram assumidos pelos pesquisadores, sendo que ficou, também, garantida indenização em caso de danos comprovadamente decorrentes da participação na pesquisa.

Esse momento do estudo também foi aproveitado para registrar características do ambiente interno e detectar quais poderiam vir a contribuir para a realização das avaliações técnicas, como por exemplo: a existência ou não de incidência de radiação direta ou sombreamento e identificação de aspectos físicos dos ambientes, dentre eles, cores, acabamentos, posicionamento de mobiliário. Para isso, utilizou-se de fichas técnicas

(APÊNDICE E) para sistematizar as informações, sendo que esses levantamentos foram realizados em todas as unidades visitadas, totalizando 89 fichas, bem acima do mínimo de 27 UH, conforme determinação da subamostra. Assim, o processo que compreendeu a coleta de dados a campo se deu conforme esquema representado na Figura 18.

Figura 18 – Esquema para aplicação de questionários e vistorias.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

A aplicação dos questionários e a coleta de dados através de fichas técnicas foram realizadas por uma equipe de quatro pessoas, composta pela pesquisadora e demais alunos integrantes do grupo de pesquisa, que foram previamente treinados para que fosse mantido o mesmo tratamento entre os usuários e na coleta de dados de cada UH vistoriada. A fim de otimizar o tempo de aplicação, a equipe dividiu-se em duas duplas, onde uma pessoa era responsável pelo levantamento das informações técnicas e a outra pela aplicação do questionário com o usuário. Isso fez com que as coletas em cada UH fossem concluídas num intervalo de no máximo 10 minutos.